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Adriele narrando
A dois dias eu estou atordoada com essa viagem, eu encaro a minha mala aberta e não conseguia nem arrumar ela.
- Ainda não arrumou as malas? – Jamaique entra no meu quarto – em menos de 2h o motorista vem te buscar, esqueceu disso?
- Será que dar tempo de pedir demissão? – eu pergunto e ela começa a rir.
-Para de ficar insegura – ela fala.
- Você acha que eu devo contar para ele quem eu sou? – eu pergunto para ela – antes dele descobrir? ou ele deve saber e está fazendo isso tudo um teste. Meu Deus, eu não devo ir nessa viagem – eu ando de um lado para o outro.
- Calma – ela fala – você vai infartar antes do tempo – eu a encaro.
- Para você tudo é tranquilo – eu resmungo – não é você. – Ela me abraça.
- Relaxa – ela fala – se ele soubesse quem você é, ele já teria tem dito – eu a encaro – e não estaria ainda promovendo a busca implacável na empresa
- Você tem razão – eu respondo.
- Mas você deveria ter feito a leitura do contrato – ela diz rindo.
- Fui idiota eu sei – eu falo.
-Mas será apenas o final de semana – ela fala.
-Três dias – eu respondo – sexta, sábado, domingo e volto só na segunda – ela me olha – são três dias ao lado dele ?
-O que foi, está com medo de não resistir e beijar ele? – ela fala rindo – se joga Adriele, não será a primeira vez que você o beija.
- Você está louca – eu falo rindo – precisa se internar, está doente. Como vou beijar meu chef?
- Estou super bem – ela fala – você que está sofrendo de encantamento pelo chef e com medo de cair na tentação e – ela levanta o dedo – não adianta dizer que você não faz o tipo dele, dessa vez você não pode falar isso – eu arqueio a sobrancelha.
- Eu vivo um caso de amor e ódio com você – eu falo para ela – Sério, as vezes eu mais te odeio do que te amo – ela rir.
- Vamos arrumar essa mala – ela diz – colocar vários looks bem elegantes para deixar você bem gostosa.
-Juro, eu acho que eu só te odeio – eu falo para ela enquanto ela coloca umas roupas na mala.
(...)
O apartamento de Jamaique era em frente ao central parque, era um prédio que tinha 6 andares e um apartamento por andar, era um prédio tranquilo e familiar, não tinha bagunça ou nada do tipo, seu apartamento era no 2 andar e consegui escutar a buzina do carro lá embaixo.
- O motorista chegou – eu falo para ela.
-Boa viagem – ela diz.
-Obrigada – eu falo.
-Levou camisinha né? – ela pergunta rindo
-Tchau – eu falo para ela.
Jamaique pega muito no meu pé, mas ela me conhece muito bem para saber como eu era, ela sabe que jamais me envolveria com meu chef em algo sério, eu era super responsável e não gostava de misturar às coisas, mas o problema que já tinha sido misturada quando eu o beijei na aquela festa.
- Olá – Amarildo fala parado na frente do carro com seu terno preto – deixa que eu ajudo você com as malas – eu o encaro espantada e ele me olha – o que foi? Se assustou?
- É que eu achei que a gente só iria se encontrar no aeroporto – eu falo para ele.
- Dei folga para meu motorista – ele fala abrindo o porta-malas do carro e colocando a mala lá dentro, ele vem até a porta do carona e abre a porta do carro para que eu entre.
-Obrigada – eu falo sorrindo.
Ele era um homem muito educado e principalmente gentil, não sei se seria assim apenas no começo ou se continuaria dessa forma. Ele entra pela porta do motorista e liga o carro.
- Tenho certeza de que a nossa viagem será muito agradável – ele fala.
- E com bastante trabalho, separei alguns lugares para a gente visitar – eu falo para ele.
- ótimo – ele diz me olhando e sorrindo.
Adriele narrando
- Você já veio para Orlando? – ele pergunta.
-Nunca – eu falo – na verdade, apenas morei na Alemanha e agora em Nova York.
- Eu pensei em pedir para marcar o retorno para domingo, mas acredito que você gostaria de conhecer Orlando, Disney – ele fala – tudo pago pela empresa – eu o encaro.
-Obrigada – eu respondo.
O avião pousa depois de algumas horinhas de viagem, nem era tão longe assim, descemos e Amarildo faz questão de pegar a minha mala e carregar elas.
Chegamos no hotel e faço o Checkout, em quanto ele fala no celular com alguém e parecia até mesmo está discutindo.
-É um apartamento, com sala com frigobar e bar, uma pequena copa e duas suítes – a moça gentil fala – na copa tem o telefone e o cardápio disponível.
-Obrigada – eu falo para ela que me entrega dois cartões para abrir a porta do apartamento.
Ele se aproxima de mim desligando o celular.
- Problemas – ele fala meio nervoso.
- Espero que esteja tudo bem – eu respondo para ele.
- Já podemos subir? – ele pergunta.
-Já sim – eu respondo.
- Alguém vai levar as malas? – ele pergunta
- Sim – eu respondo.
-Ok – ele fala – Hoje vamos fazer a visita em uma empresa aqui perto.
- Qual seria? – eu pergunto para ele.
-Uma rede de lojas de sapatos – ele fala.
- Claro – eu respondo – Amasiai – ele assente. – Já vou planejar então a visita lá.
-ótimo – ele fala – sairemos em meia hora.
- Ok – eu falo.
Eu Tomo um banho rápido e coloco uma roupa, coloco uma calça jeans, uma blusa com um leve decote, arrumo meu cabelo prendendo-o pela metade e coloco uma rasteirinha, pego uma bolsa á onde está meu bloco de anotação e saio e encontro ele bebendo na sala.
- Vamos? – eu pergunto.
- Claro – ele diz me olhando de cima á baixo.
Confesso que não fazia ideia do que iria conversar com Amarildo, como a gente teria algum contato e já imagino que ficaria trancada em meu quarto nas horas vagas.
Eu não me vejo sentando e tendo um papo descontraído com ele.
Ele era meu chef.
Depois de algumas horas visitando a rede de sapatos e a fábrica que ficava na mesma região, e conversando com os gerentes e os funcionários e Amarildo dando algumas dicas para os funcionários da nossa empresa que fazia o serviço ali e estava ali naquele momento, a gente sai para ir em direção ao hotel.
- Você se lembra o nome da loja da aquela Vanessa? – ele pergunta.
- Da mulher das ligações do seu tio? – eu pergunto.
- Isso – ele fala.
-De cabeça não - eu falo – mas posso olhar pelo meu notebook através dos documentos.
- Você consegue essa informação? – ele pergunta.
- Sim – eu respondo.
- Estou curioso para saber quem ela era – ele diz – não é nada de mais, mas é que pensar que meu tio poderia ter uma amante é algo que me intriga um pouco.
- Eu entendo – eu respondo – se fosse comigo eu também ficaria intrigada – ele me olha.
Eu ando olhando para frente e pensando que talvez essa viagem não tivesse sido de trabalho e sim para ele ir até a loja dessa mulher e ter o motivo de trabalho apenas para vir até aqui.
- Você aceita jantar comigo? – ele pergunta e eu o encaro.
-Jantar – eu falo.
- A gente precisa jantar – ele fala- só se você pensou em fazer algo agora á noite que não possa ter minha companhia – eu o encaro.
- Claro, aceito jantar sim – eu sorrio para ele e ele assente com a cabeça.
Jantar? Tudo que eu queria era jantar com ele.
Amarildo narrando
Paola tinha me ligado hoje cedo meio que questionando a morte do meu tio Pierre, ela não estava no enterro e achei aquilo bem estranho.
Tentava ligar para ela, mas ela não me atende, além de ser minha ex-namorada, ela era uma pessoa que tinha virado a minha amiga e ela sempre desconfiou em todos os anos que ficamos casados que existia algo que eu protegia muito, ela sempre questionou isso e eu sempre neguei.
-Desculpa a demora – ela fala saindo do quarto e eu olho para Adriele e sorrio vendo-a usar uma saia que ia um pouco acima do joelho e uma blusa vermelha caída por cima da saia.
- Não tem problema – eu falo para ela – você está muito bonita – ela sorri fraco.
-Obrigada – Ela diz. – Vamos?
-Sim – eu respondo para ela e percebo novamente á sua tatuagem de leão em seu braço, uma tatuagem bonita e forte. – Bonita sua tatuagem – eu comento.
-Obrigada – ela agradece e entramos dentro do elevador. – Aqui está fazendo bastante calor – ela comenta.
- Está mesmo – eu falo – mas mais á noite esfria um pouco, ainda é cedo.
- Sim – ela responde. – Eu vi sobre a loja que você me pediu, ela fica alguns quilômetros daqui apenas, é perto a onde fica o estacionamento do parque da Disney.
- Você iria comigo amanhã lá? – eu pergunto, porque se ela fosse comigo, iria ser mais tranquilo e não levantaria suspeita.
- Claro – ela responde.
Chegamos em um restaurante que fica na frente do hotel, um restaurante bonito e bem aconchegante.
Fazemos o nosso pedido e eu peço um vinho para nós dois, Adriele me encara em silêncio e parecia me observar muito bem, seus olhos, seus olhos me faziam lembrar de alguém ou de algum momento.
- O restaurante é muito agradável – ela comenta quebrando o silêncio que existia entre nós.
-Sim, é meu preferido aqui – eu respondo.
- Você vem sempre? – ela pergunta puxando assunto.
-Fazia tempo – eu respondo – eu vinha mais quando era casado com a Paola, ela tem seus pais que moram aqui.
- Entendi – ela responde.
- Sua tatuagem tem significado? – eu pergunto e ela me olha.
- A de leão? – ela questiona.
- Sim – eu respondo – é que uma tatuagem forte e não seria feita apenas por fazer, eu a achei muito bonita.
-Ela tem sim um significado – ela responde – por diversas coisas que eu já passei na minha vida e baixei muito á cabeça para muitas situações humilhantes.
-Humilhantes? – ele pergunta.
- Sim – eu falo – eu já passei muito preconceito e confesso que por causa de todo esse preconceito, momentos constrangedores, eu não era uma pessoa muito fácil de lidar.
-Profissional ou pessoal? – ela me olha – o preconceito que você passou.
- Os dois – ela fala – eu trabalhei em um lugar no Brasil, em um condomínio, trabalhava na parte do gerenciamento, e lá – ela suspira – passei tanto preconceito e humilhação pelo meu chef e pelos moradores do condomínio.
- Eu sinto muito – eu respondo – agora eu entendo por que você é um pouco quieta, não dar muita conversa – ela me olha.
- Eu ainda acho que estou dando confiança de mais – ela diz.
-Mas você pode confiar em mim – eu falo e ela me olha.
-Não posso não – ela fala e eu arqueio a sobrancelha para você – desculpa – ela fala – mas é que confiança a gente pega com o tempo, espero que você não tenha se ofendido.
-Logico que não -eu falo para ela. – Mas espero conseguir a sua confiança no tempo que vamos trabalhar junto, porque espero que seja por muito tempo.
- Escutei dizer que você troca muito de secretaria – ela responde e eu sorrio.
- Sim, as últimas duas não pararam no emprego – eu respondo – mas não foi por minha culpa, acabou que uma os horários não batiam e a outra recebeu uma proposta melhor e acabou saindo.
- Entendi – ela fala – não queria ofender você.
-Jamais – eu respondo – você é Brasileira e achei incrível você está aqui.
- Sim, sou de São Paulo – ela responde.
- Você está sozinha aqui? – eu pergunto
-Moro com uma amiga – ela diz.
- Sua família? – ele pergunta.
- Tenho minha mãe, minha irmã meu sobrinho – ela fala – no Brasil.
- Você não sente falta deles? – eu pergunto.
-No atual momento não – ela diz – Principalmente minha mãe, ela gostava de controlar muito a minha vida e hoje eu vivo a melhor fase dela, cada dia eu aprendo mais a me amar e amar a minha própria companhia, eu estou feliz em ter chegado aonde eu cheguei sozinha, sem ninguém para dizer que me ajudou a chegar até aqui.
A nossa comida chega e eu á encaro.
- Você é admirável – eu falo para ela que fica vermelha de vergonha – não precisa ficar vergonha, estou falando á verdade. Em tão pouco tempo de convivência com você, eu já te admiro muito, imagina com o passar dos dias.
-Obrigada – ela fala – mas acredito que quem tem que agradecer á oportunidade sou eu, eu gosto muito de trabalhar na sua empresa, tenho um amor imenso pelo meu trabalho.
- Fico muito feliz em saber – eu falo servindo á sua taça e ela sorri.