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Essas promessas de cortar o coração soam tão familiares.... Lembro-me de todas as vezes que Meg disse a mesma coisa.
É a primeira vez que vejo alguém falar assim com um de seus irmãos e ainda respirar.
- É claro", diz Anton, indiferente. - Anton diz com indiferença, ignorando completamente as ameaças dela. - Você precisa dele agora? Eu gostaria de lhe ensinar algumas regras... -
- Sim, mas não a mate. Me deixe em paz com minha parceira. - Olho para Meg, que ainda está olhando para o modo como Anton está segurando o braço de Violet. - Temos muito o que conversar. -
Elisa
- Quem era aquele homem? - pergunto assim que as portas do elevador se fecham.
Observei silenciosamente o homem arrastar Violet, como se ela não pesasse nada. Ele era tão intimidador... a maneira como ele a olhava como se fosse um pedaço de carne me fez lembrar muito do meu tempo na resistência.
- Acho que os apresentei há alguns instantes. - Ace fala com muita calma para alguém que deixou um homem daquele tamanho arrastar uma mulher com aquela violência.
- Não quero que ela se machuque.... - Não consigo acreditar quando as palavras saem de minha boca. - Eu só... não quero que ela se machuque. -
Minha voz se perde ao processar o que acabei de dizer. Se estou com raiva por vê-la perto do meu parceiro? Sim. Eu engulo as coisas que ela diz? Não.
Mas e se for verdade? E se ela fez tudo o que disse e me libertou desse cativeiro? Estou jogando-a aos leões...
Neutralizadores. O que é pior.
É horrível se sentir impotente. Uma coisa é perder uma luta porque você é mais fraco e outra é ser privado de seus poderes.
É injusto.
Quando olho para Ace, não vejo a mesma preocupação em seu rosto. Sua frieza ao lidar com a situação me deixa um pouco... apreensivo.
- O que está fazendo aqui? - Sua pergunta não tem o mesmo tom que ele usou antes para falar com o homem.
Seu olhar se suaviza enquanto ela espera por uma resposta.
Ensaiei cada palavra que eu ia dizer antes de chegar aqui. Em minha cabeça, o discurso parecia muito bom, mas toda essa situação acabou me atrapalhando.
- Eu ia me desculpar. - Vou falar agora mesmo.
- Onde você está indo? No passado? - Seus olhos gelados acabam me deixando nervoso.
Jesus! Onde está a garota que queria queimá-lo vivo? Sinceramente, Elisa.
Se você percebe meu nervosismo, não o demonstra.
- Eu estava... até ver você sozinha aqui com a Violet. - Optei por dizer a verdade, já que exijo o mesmo deles.
Posso parecer uma adolescente ciumenta, mas não estou em posição de me importar com o que ele pensa de mim. Se vamos trabalhar com a verdade, que seja uma via de mão dupla.
Nenhum sinal de seu sarcasmo habitual. Era o que eu esperava, as provocações e sua maneira de me menosprezar, como ele fazia antes. Mas não foi isso que entendi. Nenhum comentário ácido... algo tão raro quando se trata de Ace.
- Na verdade, nem sei por que achei que seria uma boa ideia. - Viro-me para a porta, mas seus dedos ágeis me mantêm no lugar. Meus olhos caem em seu punho e depois sobem até que eu possa olhar para ele. - Você tentou matar o Shade. - Eu o acuso.
- E você colocou fogo em mim! - Ele lhe devolve a mesma coisa. - Não somos pessoas normais, não há nada de novo nisso. -
- Não podemos viver assim. - Estou sendo óbvio, mas alguém tem que admitir isso.
Não podemos arriscar a vida das pessoas dessa forma.
- Eu sei disso. - É doloroso ouvir o desânimo na voz de Ace. - Foi por isso que decidi ir embora... -
- Sim... - Perdi a conta de quanto tempo ficamos olhando um para o outro.
Dá para ouvir o ponteiro do relógio antigo perto do corredor. O silêncio entre nós é tão absoluto. Eu tinha tanto a dizer... agora estou completamente perdido.
Será que quero que ele vá embora? Claro que não. Mas como aprenderei a lidar com seus momentos psicóticos? O que farei quando ele não gostar de algo e decidir simplesmente jogar seus óculos nas pessoas?
- Se você me deixar ir, eu vou. - sussurro, olhando para seus lábios.
- Sim... - Desta vez, é ele quem parece perdido no tempo.
Seus olhos parecem o oceano, infinitos e profundos. Sinto que aqui e agora posso encontrá-lo.
Encontrar seus medos, o que o faz sorrir, seus pensamentos mais sombrios, seus desejos...
Penso nas tempestades marítimas, em como o oceano escurece, mas ao mesmo tempo nos hipnotiza.
Ace é como o mar à noite. Sei que é perigoso, sei que não devo fazer isso, mas quero pular.
Neste momento, não consigo me lembrar de nenhuma das coisas ruins que ele fez desde que nos conhecemos. Nem mesmo a maneira como ele despreza o mundo ao seu redor.
Aqui, agora, ele é apenas um homem olhando para mim como se pudesse me comer com seus olhos. Mas há algo muito mais do que isso, seus olhos estão em mim com uma mistura de angústia e desejo.
São os olhos de um homem que está se torturando.
- Se você me deixar ir... - Antes que eu possa evitar, ele me cala com seus lábios.
O mundo inteiro desaparece no momento em que me perco em seus braços. Eu me agarro a Ace, como se dependesse dele para viver.
Eu quase o mato...
Só a ideia de perdê-lo assim me faz agarrar-me a ele com mais força. Quero me agarrar a ele, para que nunca mais me deixe.
Nossas línguas se encontram em uma dança frenética. Quanto mais eu sinto o sabor aveludado do vinho, mais eu quero beijá-lo.
Seus dedos deslizam pelas laterais do meu corpo, explorando cada curva, apertando a ponto de deixar marcas vermelhas em minha pele branca.
Meu corpo fica cada vez mais quente, o mesmo calor que senti das outras vezes, mas dessa vez eu estava esperando por isso.
- Eu quero tanto você, Meg. - Ace sussurra enquanto desliza a boca para o meu pescoço, onde morde um ponto sensível que me faz tremer. - O desejo que sinto por você... nunca haverá nada no mundo que se compare ao quanto eu desejo estar dentro de você. - Ele diz enquanto lambe os contornos de meus lábios.
- Prometa-me... - tento falar entre seus beijos ávidos. - Prometa-me que não ficará sozinho com outra mulher. Nunca mais. -
Não consigo lidar com isso. Desde que o conheci, tenho vivido com essa insegurança.
- Nunca mais. - Ele sussurra sem afastar nossos lábios.
- Estou falando sério, Ace. Não quero machucar ninguém... - Isso o faz se afastar.
- Você machucaria alguém se chegasse perto de mim? - Ele parece tão sério que chega a ser assustador.
Penso por alguns segundos e me lembro de como me sentia quando outras mulheres se aproximavam dele, como elas o tocavam, o desejavam?
- Sim, com certeza eu faria isso. - respondo, sem ter certeza de sua reação.
Por alguns segundos, tenho medo de que ele me afaste e me dispense. Garanto que ele não estaria completamente errado em evitar algo assim, mas ele deve entender o sentimento, já que se sente da mesma forma.
- Você fica tão sexy quando está com ciúmes, Red", ele sorri, fazendo-me suspirar de alívio.
- Esse apelido! - murmuro, e pressiono minhas unhas em seus braços.
Será que eles vão parar de me chamar assim?
Sem nenhuma sutileza, ele me empurra contra a estante que pensei em queimar. - Eu tenho imaginado transar com você contra essa estante desde que você entrou aqui. - Sua voz é cortada e rouca por causa do desejo reprimido.