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Capítulo 3: E lá vamos nós!

Me despeço do meu “noivo" o deixando fazendo algumas ligações depois do que falei e vou até o meu quarto.

Deixa eu logo te falar, você será nossa testemunha. Sei que posso estar sendo impulsiva por te pedir isso, mas por favor, seja minha testemunha.

Ah, quê isso, obrigada, muito obrigada!

Bem, como estou aqui com você que me acompanhou até agora, vou te pedir um pouco de privacidade está bem. Quero me trocar e fazer algo naquele vestido pra ficar mais leve. Não demoro.

Uma hora depois...

Desculpa se bati a porta na sua cara, mas precisava mesmo me apressar porque esse meu “noivo" não sei se você percebeu, mas ele é digamos um tanto nervosinho.

O que foi que está me olhando assim. Ah você gostou?

Vou dar uma voltinha pra você. Por isso demorei. Arranquei algumas camadas de pano e diminui o comprimento. Acho que ficou bem melhor. Não estou do jeito que estava antes, mas pelo menos não pareço a noiva cadáver com os cabelos desarrumados e a maquiagem toda borrada pelo suor daquela corrida que mais parecia uma maratona da São Silvestre kkkkk. Não sou formada em maquiagem e cabelereira, mas até que mandei bem e quebrei um galho.

- Vai demorar muito ainda querida noiva? – Trent fala em um tom de sarcasmo.

Argh, mas ele me dá nos nervos. Que homem insolente meu Deus, não sei se vou suportar durante dois anos esse homem. Mas, vamos lá.

- Já vou!

Ai não me olha assim tá. Eu sei que não deveria ter gritado, mas ele me dá realmente nos nervos.

Nossa, só agora que estou caminhando até eles que vejo meu noivo de costas e que visão do paraíso é essa meu Deus, o homem com uma bunda que pela misericórdia divina, me dá vontade de dar uma bela apalpada, mas acho melhor não fazer.  Vai que ele pensa que eu quero outras coisas e aí já viu. Seria mais uma da lista desse pervertido.

Eu entro na sala e todos me notam menos ele, que continua de costas. Acho que não se deu conta ainda de que estou aqui, mas quer saber, não tô nem aí.

Xiii, os homens têm o que nessa sala. Um cutuca o outro e o que estava de costas pra mim, vendo os homens se cutucarem e cochicharem quando vira, parece estar congelado com a boca aberta fazendo um O, será que caiu? Acho que não. Mas, eu como uma boa pessoa que sou, já sei o que fazer.

- Boa tarde!

Juntos, todos respondem parecendo um coral com exceção do meu noivo que está petrificado ainda com sua bela e suculenta boca aberta, não sei não, mas estou começando a ficar preocupada com isso, será que é derrame? Ulf, vou tentar ver se ele volta a terra.

- Ei, fecha a boca senão entra mosca.

Passo sorrindo por ele, pois vejo de relance, ele ficar desconcertado e todos que até então olhavam para mim parecendo que eu era alguma atração de circo, olham para ele e um cochicha com o outro por ver que o cara pálida, está bem estranho. Todos me acompanham, quando sinalizo a eles para me seguirem. Me senti uma celebridade agora kkkkk.

- Bom, já que estão todos aqui, podemos começar. – Falo e olho para todos ao meu redor que logo se acomodam na pequena mesa que há na saleta de jantar.

Me sento em frente a ele e posso sentir a quilômetros de distância uma certa tensão da parte dele. Ele me olha parecendo um predador. Conheço bem esse olhar de leão querendo devorar sua carne. Mas essa carne aqui meu bem, não vai chegar nem a triscar.

- Bom, eu me chamo Jonathan Mitte e sou o tabelião. Podemos começar senhorita Bilbord.

- Perfeito! Primeiro, nossos advogados juntamente com a testemunha aqui presentem, irão primeiro redigir o contrato, ao qual eu e meu futuro esposo, vamos assinar e passamos ao senhor.

- Tudo bem.

- Então vamos lá. Primeiro, eu quero fidelidade e lealdade. Independente de sermos casados apenas por contrato, deverá me respeitar e também o respeitarei. Não admito traições e caso aja, o casamento automaticamente será anulado.

Vejo meu adorado noivo revirar os olhos frustrado. Coitadinho. Farei da sua vida um inferno pequeno inimigo, não nasci para corna e nem alce para carregar chifres. Então, ele vai ter que se contentar.

- Em segundo lugar, só iremos ficar casados por dois anos. Não admito que me trate como uma inútil e portanto, trabalharei com o que amo e me formei.

- Terceiro lugar, só irei estar ao seu lado fazendo meu papel de esposa em eventos públicos, festas e viagens de negócios caso necessário. Não iremos morar juntos. Continuarei nesse apartamento e você fica no seu. Quero minha independência.

- Mas isso é um absurdo Luana! – Ele me olha como se fosse me matar.

Sinceramente, não me importo, mas quero ver até onde ele vai.

- Porque absurdo?

- Devemos sim morar debaixo do mesmo teto. Todos têm que pensar que somos casados. Já não basta você me deixar na seca por não poder dar minhas escapadas, já que não poderemos ter nenhum tipo de relacionamento e ainda ter que morar aqui e eu em outro lugar, isso não vai dar certo.

Ele até tem razão quanto a morarmos juntos, mas nem que a vaca tussa eu vou admitir isso a ele. O que me incomoda, é ele me olhar como se eu fosse um objeto pronto para ser manuseado. Credo, ele não sabe esperar eu pensar não?

- O que foi que tá me olhando?

- Te olhando como garota. Você tá aí toda vermelha só porque eu falei de morarmos juntos. Estava pensando em quê por acaso?

- Eu estou vermelha?

Eu olho para todos naquela mesa e todos parecem estar de complô contra mim só pode. Todos concordam com esses cabeções que eu estou vermelha.

Sinceramente, agora nem sei onde enfiar minha cara. O meu futuro marido me olha com um olhar tão lascivo que parece que estou nua na frente dele. Os outros me olham como se eu fosse uma louca.

“Foco Luana, foco".

- Tudo bem. Eu concordo que moramos juntos. – O safado me olha com um sorrisinho de canto de boca, mas isso vai acabar agora.

- Mas... – Kkkkk, sinceramente isso está sendo melhor que encomenda. Ele revira os olhos e me olha sério depois de dar uma bufada.

Acho que se esse olhar matasse, já estaria aqui esturricada.

- Como ia dizendo, mas, eu terei meu próprio quarto e você o seu.

O advogado dele cochicha algo em seu ouvido que não consigo escutar, deve ser algo bom porque o Trent me olha já com uma expressão mais suave.

- Tudo bem. De acordo. Mais alguma coisa querida futura esposa?

- Não. Quer dizer, sim.

- O que é agora?

- Não me chame de esposa e nem expresse nenhuma forma de carinho ou afeto que não seja em público. Ah, e não abusa.

- Como se você fosse boa coisa. – Ele me fala com uma cara debochada que acho que não vai ter mais casamento e se tiver, ele vai estar com o olho roxo.

Fuzilo-o com o olhar e disparo impaciente.

- Dá pra não ter que esculhambar também. Se eu não sou grande coisa pra você, pra alguém eu valho muito a pena.

Bingo! Atingi o ego enorme desse idiota. Ele me olha ferozmente que se eu não soubesse que isso tudo é uma farsa, acharia que ele está com ciúmes. Hilário isso mesmo.

- Bom, só espero não ser o corno da relação.

Mais é muito abusado mesmo né! Mas vou responder à altura.

- Esse papel eu deixo para você de traidor que se houver isso de eu ser corna, pode estar certo, que arranco o que tem de mais precioso dentro das calças e dou pros cachorros comerem isso se eles quiserem.

Vejo Trent mudar de cor. Ele está vermelho de raiva. Mais um ponto pra mim. Agora sim, ele vai me bater. Mas antes que ele se levante, o seu advogado segura o seu pulso impedindo e o mesmo fala novamente no seu ouvido. Porra, eu sou mega curiosa e queria mesmo saber o que tanto se falam.

Mas como não sou mosca para voar perto deles e ouvir, fico me corroendo por dentro em curiosidade pra saber o que eles realmente conversam.

Parece que esse advogado tem algum calmante no que fala, só pode. Vejo a cara do meu noivo se suavizar e aquele vermelho todo de raiva, começa a diminuir. Mas o olhar dele é o que me incomoda.

Vejo no olhar dele algo que não consigo decifrar. Mas quer saber, tô nem aí. Ele que se exploda por lá.

O tabelião assim que termina de escrever tudo o que acertamos, nos da para lermos e assim assinamos. Ele oficializa dando uma cópia para cada advogado e pronto, agora é casar com a criatura. Ô criatura meu Deus, espero ter forças para não cair em tentação com esse homem, porque como disse antes, não quero ser mais uma da lista que deve ser enoooooorme. Mas não vou ficar com isso na cabeça. Só quero mesmo me ver livre de tudo o que o meu pai programou.

Sabe né, eu mesmo às vezes não me entendo. Tenho que sempre ser do contra e procurar algum meio de ver esse senhor engomadinho irritado.

- Pessoal, mais uma coisa. O contrato de casamento tem que ser por um ano somente.

- Como é que é?

Eita que agora vou me encontrar com Jesus. Meu querido noivo e futuro marido quer fica viúvo antes da hora só pode. O seu olhar está em brasa, mas para me matar. Engulo em seco e sinto que a minha alma quer sair do corpo sem ao menos ele me tocar.

Ai senhor, ai senhor, me ajuda. Não deixa esse homem me matar. Eu sou muito nova ainda para morrer.

Ele se exaspera e passa a mão por aqueles cabelos sedosos que me hipnotizam. Mas não posso fazer nada, não agora.

- Coloquem então uma observação nessa droga de contrato. Mais alguma coisa Luana?

Apenas balanço minha cabeça negando com meus olhos que sinto que vão acabar caindo da sua cavidade de tão arregalados que estão.

Vejo o tabelião se retorcer na cadeira e a sua cara lançada a mim não é das melhores. Eu sei, mas vou fazer o que se quero me livrar de tudo isso o quanto antes.

- Mais uma coisa.

Todos me olham de um jeito que parece que serei posta na fogueira igual na época de inquisição que as bruxas morriam. Até você que está aqui como testemunha me olha assim? Não, eles tudo bem, mas você não!

Ei, não dê de ombros e nem faça essa cara para mim tá legal! Eu vou explicar, não é nada demais.

- O que é dessa vez Luana?! – Trent realmente aparenta estar cansado. Ele senta novamente na poltrona sentindo-se mal.

Não sei porque, mas sinto uma inquietude no meu peito. Mas basta só sacudir a minha cabeça e logo passa. É, logo passa.

Respiro fundo e falo que preciso.

- Já que será um casamento de fachada, porque precisamos de um casamento. Somente o civil seria o bastante não concorda comigo Trent?

Já vi que não foi uma boa ideia sobre isso. Trent balança a cabeça rindo e sei que ele está incrédulo com o que falei. Mas eu estou certa nesse ponto. Para que precisamos estar com alguém assim se casando nessas condições, se não há amor.

- Isso está fora de cogitação Luana. Não abro mão disso.

Cruzo os meus braços me sentindo derrotada. Bufo frustrada e apenas assinto sem animação.

- Tudo bem. Mas pode ser algo mais íntimo pelo menos? A maioria daquelas pessoas não conhecemos. São amigos e conhecidos das nossas famílias.

- Infelizmente Luana, será como deve ser.

- Ok, você venceu.

Apenas ergo as minhas mãos para o alto em rendição. Já vi que isso não tenho muito o que fazer a não ser seguir com isso.

- Bom, então vamos?

- Vamos.

Caminhamos todos até a saída do meu apartamento e voltamos para aquela mansão onde deixarei de ser senhorita Bilbord, para ser a senhora Hill, pelo menos só no papel.

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