07
Emma
Eu nem sabia o que pensar ou até mesmo o que falar, como poderia casar com alguém sem amor? Não é a vida toda, é um ano, mas um ano com uma pessoa que você nem se quer gosta já é uma eternidade. Minha resposta vai ser não. Não tem como eu aceitar uma proposta absurda dessa, dinheiro nenhum paga perder um ano da sua vida. Tantas mulheres mais qualificadas pra fazer esse papel, até mesmo sem precisar pagar ou fazer um contrato, mulheres que cairiam aos seus pés sem ele fazer nenhum esforço.
Assim que chego em casa, tomo um banho, coloco um pijama e como a pizza que tinha sobrado. Eu estava exausta, me sentei na cama e liguei a Televisão, coloquei algum filme aleatório. Minha mente parecia sobrecarregada, mesmo com o dia sendo supostamente calmo, parecia que tinha acontecido um milhão de coisas.
Ainda assistindo o filme, minha campainha toca.
Quem será que esta me incomodando uma hora dessa?
Penso comigo mesma.
— Camis? Oii -dei um abraço e ela retribui- A gente combinou alguma coisa?
— Que eu saiba não, porque? -virou e parou na minha frente.
— Tá fazendo o que aqui então? -perguntei curiosa. Normalmente ela avisa antes de vir.
— Porque? Péssima hora? -arqueou uma sobrancelha.
— Não, claro que não. Como foi o final de semana com sua sogra? -disse pegando seu braço e trazendo-a para o sofá.
— Ela está melhor, expliquei o porque o casamento não tinha dado certo e que já fazia um ano que estávamos separados. Ela ficou surpresa né -arregalou os olhos como se o que falasse fosse óbvio.
— Até eu ficaria
— Ver ela naquele estado partiu meu coração, eu a amo muito, é minha segunda mãe, entende!?
— Sim, claro que entendo. Sinto muito -ela sorriu mais animada.
— Ah, eu vim pra gente conversar, ver como você estava.. -ela parecia querer chegar em algum ponto.
— Eu estou bem! -afirmei
— Sabe, eu te procurei em todo lugar na hora do almoço e quando perguntei pra Carol onde você estava ela disse que viu você saindo com o sr. Miller.. Aconteceu alguma coisa?
— Aconteceu uma coisa estranha hoje.
— O que? -disse arqueando a sobrancelha.
Eu expliquei tudo o que ele tinha falado, toda nossa conversa. Ela ficou surpresa e arregalando os olhos.
— O que você acha disso tudo?
— Calma, é muita novidade.. Ele disse isso do nada?
— Uhum..
— E você já pensou?
— Pensei. A resposta é não. Não quero me casar desse jeito. Ele vai encontrar outra pessoa melhor pra isso.
— Em, acho que você deveria aceitar! -disse tranquilamente.
— O que? Não, tá doida?! -me espantei com sua opinião.
— Pensa comigo, ele é um pedaço de mal caminho, tem dinheiro, dizem que ele é legal, mas é autoritário. Só que pelo que você disse ele vai respeitar seu espaço e você o dele. E um detalhe importante: ele quer que vocês sejam amigos, não é uma ideia ruim.
— Ruim não, é horrível. -falei me afundando no sofá.
— E eu gostei da ideia de fazer Carlos sofrer. -falou se ajeitando no sofá.
— É isso que vocês não entenderam. Não tem o que ele sofrer. Se ele nem sequer gosta de mim desse jeito.
— É só um ano e com essa agitação na sua vida você pode pelo menos seguir em frente. Vai ser bom pra vocês dois Emma. Você deveria aceitar -ela disse com convicção.
— Olha..
— Um ano vai passar voando, Emma. -ela disse me interrompendo. O que você perde seguindo em frente?
Nada. Eu não perdia nada.
— Ok, eu vou aceitar.. O que pode dar errado né?! -fiquei pensando sobre a parte de seguir em frente, isso que me deu mais confiança.
— Vocês podem se apaixonar!
— Impossível. Não fazemos o tipo um do outro. Ele gosta de mulheres mais elegantentes e eu não gosto de caras cobiçados. -ri do meu deboche.
Ela gargalhou tão alto que me fez rir ainda mais.
— Tá rindo do que?
— Realmente ele é muito cobiçado.
— Então porque ele não escolhe outra pessoa?? Seria até mais fácil e ele receberia um sim tranquilamente..
— Acho que ele não quer alguém que queira se envolver com ele.. sabe, alguém que tenha esperanças ou expectativas..
— Pode ser, porque a última coisa que eu faria seria gostar dele.
— Bom, vamos assistir algum filme vai. Eu vou dormir aqui, tudo bem?
— Bom não tá não né, mas.. -falei rindo.
— Que bom que eu não me importo. -debochou.
— Eu já estava assistindo um filme, mas se quiser pode trocar. -caminhei para o quarto e ela me seguiu.
Fiz pipoca e assistimos "O céu da Meia-Noite" tinha acabado de ser lançado na Netflix. Camila que escolheu. Sem perceber acabamos pegando no sono. Eu acordei primeiro que ela, tomei banho, a acordei e enquanto ela tomava banho preparei um café e comemos umas bolacha que tinha lá em casa. Definitivamente preciso comprar coisas mais saudáveis.
Passar um tempo com Camila é ótimo, ela tem uma energia e uma presença que trás leveza.
— Ué, passaram a noite juntas é?! -Carol perguntou vendo a gente indo em direção a eles.
— Você sabe né, eu não perco tempo -Camis disse rindo.
— Safadas e nem me chamaram? Sabe que eu adoro coisas a três.. -disse fazendo uma carinha de triste
— Sem chances, meu negócio é mais em dois mesmo -continuei no mesmo tom.
— Eai, tudo bem? -Carlos falou entrando no pequeno grupinho que se formava.
— Tudo bem e você?
— Estou bem -e deu um sorriso.
Ficou um clima estranho e um silêncio constrangedor, talvez fosse coisa da minha cabeça..
— Vocês não sabem no que eu descobri, sabe a Kimberly? Está grávida. Ela vai ser mamãe -a loira disse animada.
É otimo quando ela me tira de cada saia justa.
— Finalmente. Eles estavam tentando ter um filho a muito tempo -Carlos sorriu.
— Fico feliz por eles. Por isso ela estava tão feliz ontem quando passei por ela. -disse Carol dando um leve sorriso.
— Deixa eu ir trabalhar, porque minhas contas não vão ser pagas sozinhas. Beijo! -acenei com a mão e fui para o elevador.
— Também vou -foi dito em uníssono.
— A gente se encontra no almoço? -Carol perguntou e todos assentiram.
Camila entrou junto comigo no elevador e me lançava olhares questionadores, mas eu peguei meu celular e fingi que não notei tudo aquilo, ela riu entendendo o que eu estava fazendo, mas voltou sua atenção a frente. O elevador era de vidro refletivo, as pessoas de dentro conseguem ver o que está acontecendo ao redor, mas quem está ao redor não consegue ver o que acontece no lado de dentro.
— Será que tiveram coisas acontecendo aqui dentro que não vimos? -perguntei e ela logo entendeu que eu estava falando do elevador.
— Com certeza! -afirmou como se soubesse de algo.
— Se você sabe de algo, precisa me contar. -disse curiosa.
— Eu não seu de nada, doida. -riu da minha curiosidade e o elevador abriu.
Semicerrei os olhos para ela que debochadamente deu tchau e saiu do meu campo de visão.