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06

Emma

Depois de hoje eu só queria chegar em casa e tomar um banho, estava chorando por dentro por ser segunda feira de novo. Depois do que houve com o sr. Miller, eu fiquei muito sem graça, eu realmente deveria prestar mais atenção. Não posso deixar coisas pessoais atrapalharem meu trabalho. Fui para casa, tomei um banho e dormi só acordei com o despertador no dia seguinte.

Eu não conversei com Carlos depois do que houve no final de semana, acho que ambos estávamos tentando ignorar o que aconteceu e de quebra ignorando um ao outro. Mas eu vou deixar como está, é tudo muito recente ainda, não sei se é o momento certo pra conversarmos. Precisávamos desse espaço e tempo.

— Emma? -disse sr. Miller se aproximando.

— Sr. Miller, em que posso ajudar? -eu disse com um sorriso terno.

— Tem um assunto que queria falar com você.

— Por acaso eu vou ser demitida? -eu estava realmente preocupada, vai que ele falou alguma coisa com o sr. Davis sobre o que houve ontem.

— O que? Não. Claro que não. Não se preocupe é outra coisa. Tem como a gente tomar um café aqui perto? Pode ser mais tarde -falou com um sorriso que eu não conseguia decifra-lo

— O que? -eu fiquei surpresa com isso

— Eu realmente preciso falar com você é um assunto importante!

— Ok -eu não sabia o que falar.- É pra eu ficar preocupada?

— Não não, é só sobre uma ajuda que preciso, que horas você sai pra almoçar?

— Ajuda? Eu definitivamente não estava entendendo nada.

— Onze e quarenta e cinco.. -falei breve.

— Ok. Tem um restaurante ótimo aqui do lado. Venho às onze e quarenta quarenta cinco.

Tudo estava muito estranho, nossas conversas se resumia a um simples "bom dia/boa tarde ou boa noite", "como vai?", "Vou te anunciar", "até mais" e como passou para "você está bem?" Ou "te espero pra almoçar"?

O tempo passou rápido e para minha surpresa quando foi exatamente a hora que wu sairia o sr. Miller apareceu dizendo que eu iria adorar o restaurante que ele escolheu. Quando saímos algumas pessoas ficaram olhando, eu estava muito constrangida, provavelmente estão se perguntando o que está acontecendo, até porque eu também estava. Ou até mesmo poderiam estar achando que eu estou me envolvendo com o sr. Miller o que não seria estranho para ele já que as vezes saia com algumas funcionárias. Ele me levou ao restaurante que tem ali ao lado da empresa e que eu sempre ia, coincidência? Talvez. Como é de esquina fomos apé.

— Chegamos! -ele disse abrindo a porta.

— Oi, sr. Parker. Como vai?

Sr. Parker era o dono do restaurante, ele tem sessenta e um anos. Eu adorava ele, sempre muito sorridente, simpático e gentil. Assim como sua esposa. Eles sempre pareciam muito felizes juntos. Nas nossas conversas eles diziam que tinha mais de trinta anos de casados. Se conheceram ainda jovem e foi uma loucura até realmente ficarem juntos. Eles diziam que se conheceram quando criança, mas ambas seguiram caminhos diferentes com suas famílias, até que finalmente o sr. Parker voltou a sua cidade natal para resolver algumas questões burocráticas e foi quando se encontraram de novo e daí nunca mais se separaram.

— Emma, como você está? -a sra. Parker sempre muito gentil veio me cumprimentar.

— Estou bem e vocês?

— Estamos bem. Vejo que trouxe um amigo -e deu um sorriso terno. Eu os apresentei ao sr. Miller. Mas na verdade eles já o conhecia.

Eu pedi um yakisoba e um suco de laranja. E vi que o sr. Miller pediu o mesmo que eu.

— Isso é bom né?! -eu disse comendo um pedaço de legume.

— Sim, eu sempre ouvia falar daqui e quando finalmente vim, entendi o porquê gostavam tanto desse lugar, mas eu só vim umas três vezes.

— Porque? -eu disse surpresa

— Ah, nunca era um bom momento.

— Entendi. Mas vamos ao que nos trouxe aqui. O que queria falar comigo?

— Eu fiquei preocupado com você.

— Preocupado comigo? -questionei desacreditada- Porque? -ai eu lembrei que ele me viu chorando, estalei a língua e continuei- Ah, sim. Está tudo bem sr. Miller, não se preocupe. Era só isso? -arqueei uma sobrancelha, parecia ter mais coisa.

— Quer me contar o porque você estava chorando? -ele vai mesmo insistir nesse assunto? Ele acha que a gente tem alguma intimidade para contar coisas pessoais?

— Toda funcionária que você vê chorando a leva pra comer alguma coisa e pergunta o motivo?

— Não, essa é a primeira vez -riu nasalado- não adianta mudar de assunto.

Eu ri, não sabia ao certo se queria contar.

— Confia em mim, eu só quero ajudar. É problemas financeiros? -ele falou esperançoso, o que foi totalmente estranho.

— Não.

— Tem algum cara envolvido?

— Você é bem curioso. -estava receosa em contar.

— Eu acertei? -assenti com a cabeça- eu sabia! O que houve? Brigaram? Terminaram?

— Não da pra terminar o que nunca começou -ele fez uma cara de confuso- Bom, eu gosto dele, mas ele não gosta de mim e deixou isso claro. Entendeu? -resumi

— Entendi. -ele fez uma cara pensativa

— O que está pensando?

— E que tal a gente se ajudar? Eu posso te ajudar com ele, as pessoas só valorizam depois que perde.

— Como assim?

— Você sabe que meu pai faleceu, certo?

— Sim, eu sinto muito pela sua perda

— Eu também. -ele fez um breve silêncio, seus olhos perderam vida- Mas ele deixou uma pegadinha no testamento. Eu só posso pegar a herança se me casar e me manter casado durante um ano com essa pessoa.. -me olhou esperançoso.

— E como eu.. -dei uma pausa pensativa- Não. Definitivamente não. -ele queria que eu me casasse com ele? Que ideia absurda é essa?

— Emma, pensa bem. O cara pode até se arrepender e um ano passa rápido também. Ele vai sofrer por te ver seguindo em frente. Confia em mim, eles sempre se arrependem -piscou confiante.

— Eu não vou me casar com você. Essa ideia é absurda.

— Eu sei que é, mas eu não tenho escolha a não ser fazer isso.

— Tem sim, se casar com alguém que você realmente ame.

— Mas é ai que está o ponto, eu não amo ninguém.

— E todas as mulheres com quem você sai?

— É somente sexo, Emma.

— Tudo bem, mas eu não quero me casar sem amar a pessoa e a gente nem se conhece..

— Podemos resolver a parte de se conhecer. Eu tenho dois meses pra me casar, o tempo está indo contra mim. Podemos sair juntos durante um mês. Conversamos, perguntamos coisas pessoais um para o outro. Vai dar tempo de saber pelo menos o básico. Podemos ser amigos. Eu vou respeitar seu espaço e suas vontades e você igualmente comigo. E eu vou pagar bem, vai receber uma quantia bem generosa.

— Olha, eu não sei. É muito estranho tudo isso e me pegou de surpresa.

— Eu entendo, não quero forçar nada. Para mim também foi uma surpresa e como não tenho interesse por ninguém, não me resta outra escolha a não ser um casamento falso.

— Posso pensar?

— Sim.. com certeza. Pode me dar a resposta quando?

— Já esta me apressando?

— Não é isso, é que se não a gente vai ter pouco tempo pra se conhecer.

— Amanhã eu te do uma resposta. Pode ser?

— Pode! Confesso que fiquei um pouco apreensivo com essa conversa. -falou aliviado.

— Imagina ouvir isso do nada -debochei.

— Eu imagino, te peguei de surpresa mesmo -ele riu

— Porque eu?

— Porque você é linda, inteligente, e discreta. -eu tenho certeza que corei naquele momento- Sempre quando conversamos, quando eu vou falar com o Gabriel, você nunca puxou assunto pessoal comigo, como outras pessoas já fizeram. E nunca deu em cima de mim, o que particulamente achei um absurdo..

— Narcisista. -revirei os olhos- Como sabe que sou inteligente?

— Gabriel me disse que é a melhor funcionaria que ele teve até hoje.

— Ele sabe? -falei confusa

— Ele deu essa ideia do casamento falso e ele deu a ideia de ser você.

— Ele vai achar que sou uma interesseira. O que ele vai dizer se eu aceitar?

— Gabriel é a pessoa mais tranquila e mente aberta que você vai conhecer.

— É verdade..

— Então, se ele deu a ideia de ser você, é porque te conhece bem

— Saquei..

Até que fazia sentido. Do jeito que a amizade deles parecem ser forte, Gabriel jamais o colocaria em uma cilada.

— Ah! E Emma não precisa me chamar de sr. Miller, pode me chamar de Caíque.

— Mas eu ainda não aceitei, então não vamos ser informais. -ele assentiu e voltou a comer.

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