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02

Caíque

Foi um choque muito grande quando descobri que meu pai estava doente, aparentemente ele sabia que iria em breve, mas preferiu não contar nada.

Mas eu é quem deveria ter notado, ele estava mais cansado nos últimos meses, sempre falava sobre casamento, como queria ter netos e vê-los crescer, sempre brigávamos porque eu não quero tudo isso.

                      ~ Flash back ~

— Você precisa crescer e amadurecer Caíque, não pode levar a vida na brincadeira o tempo todo -meu pai disse em seu tom autoritário.

Estávamos na sala principal e eu estava sentado no sofá bufando com todo aquele assunto repetitivo.

— Você não entende que eu não quero tudo isso? Não quero casar, não quero ter filhos. Eu gosto da vida que levo. -afirmou sério para ver se ele entendia de uma vez por todas.

— Chega disso, essa vida vai acabar com você. Até quando vai pensar como um adolescente de 17 anos? -seu tom era uma mistura de desgosto e furia.

— Essas conversas que acabam comigo. Quando for o momento certo eu penso nisso, agora eu só quero aproveitar minha vida. Da pra me deixar em paz, por favor? -supliquei querendo acabar com esse assunto.

— Eu estou cansado de falar sempre a mesma coisa

— Então é só não falar. -dei um sorriso debochado.

— Venha, me ajude a chegar até o meu quarto, quero dormir um pouco. -ele parecia abatido.

— Pai, você está bem? Parece mais do que cansado. -disse pegando seu braço e o guiando até o quarto.

— Estou bem meu filho, é só a idade chegando. -assim que ele deitou, virou para o lado e pegou um remédio.

— O que é isso?

— É pra dor de cabeça. Vá! me deixe descansar. -ele disse dando um leve sorriso.

— Tudo bem, eu te amo pai. -dei um beijo em seu rosto e sai.

Mesmo que tínhamos esses assuntos desagradáveis, sempre voltávamos do início, onde nenhum ficava com raiva do outro. Éramos importantes demais um para o outro para ficar com raiva. Desde o falecimento da minha mãe aprendemos a nos apoiar um no outro, eu só tenho ele e você versa.

— Também te amo meu filho. -deu um sorriso gentil.

                    ~ Flash back off ~

Essa conversa sempre se repetia na minha mente. Talvez se eu prestasse mais atenção, entenderia o que estava acontecendo esse tempo todo debaixo do meu nariz. O fígado dele havia parado de funcionar, ele vinha se tratando, mas pelo que o médico me explicou ele havia descoberto tarde demais, causando uma insuficiência hepática.

Eu fiquei uns dias sem ir para a empresa, tudo me lembrava ele, mas eu não poderia me dar o luxo de ficar em luto por muito tempo, a empresa precisava de mim, de alguém na cadeira de comando que desse continuidade ao trabalho difícil do meu pai.

Logo depois veio outra surpresa, o advogado do meu pai leu o testamento e nele tinha a seguinte regra: eu teria que me casar até 3 meses depois do testamento ser lido e eu teria que me manter casado durante um ano com ela. Se não, uma parte da herança iria para caridade, outra parte para hospitais e escolas. A empresa que era por direito minha iria ser dividida entre os sócios. Eu queria ser o que meu pai foi, dar orgulho a ele onde quer que ele esteja. A empresa tinha um significado enorme e ele sempre fazia questão de deixar claro.

Como vou me casar se não gostava de ninguém? E não tinha ninguém em mente. Era uma questão difícil, desde o meu primeiro relacionamento não me envolvi mais com ninguém sentimentalmente falando. Eu nem lembrava de seus nomes no dia seguinte, não que eu saisse pegando geral, mas eu tinha minhas aventuras noturnas. Eu criei um certo bloqueio, mas não me importava com isso.

Fui falar com Gabriel. Gabriel Davis, é meu melhor amigo, nos conhecemos desde sempre. O pai dele é um dos sócios da empresa. É como se fôssemos irmãos.

— Você precisa procurar alguém logo -disse zombando de mim.

— Tenho 2 meses restantes e ainda não tenho ideia do que vou fazer. -me joguei na cadeira que ficava de frente da sua mesa.

— Já pensou em contratar alguém pra casar?

— Contratar? Como assim? -arequeei uma sobrancelha.

— Simples, você contrata alguém para ser sua esposa durante 1 ano.

— Um casamento falso?

— Isso, não precisa estar apaixonado pra se casar, seria somente de fachada.

— Mas quem seria? Quem aceitaria um casamento falso? E como vou convencer alguém de se casar comigo por 1 ano? Quem seria louca o suficiente pra aceitar isso?

— Achei que você se garatia -riu de seu próprio comentário.

— Na beleza sim, mas em um casamento falso? Difícil. -fiz uma pequena pausa- Você precisa me ajudar!

— Eu nem sei quem poderíamos chamar, acho que vai ser difícil achar alguém que aceitaria esse tipo de proposta.

— Droga, meu pai poderia não ter feito isso. Deveria ter deixado que com o tempo eu encontrasse alguém.

— É por isso que ele fez isso, ele sabia que você não iria encontrar alguém por bem, então vai encontrar alguém a força -debochou e riu da minha cara- O velho era esperto demais..

— Nem me fale -bufei irritado.

Continuamos conversando sobre o casamento falso e quais regras eu deveria colocar. Isso me pareceu uma boa ideia, eu não iria perder a herança, depois era só me separar e viver minha vida normal e nem um pouco privativa. Será só por um ano. Era tudo o que eu pensava pra me manter calmo.

Chegando em casa, tomei um banho e fiquei vendo um filme que recentemente tinha sido lançado.

Será que existe empresas desse ramo? Posso contratar alguém pela empresa, escolho uma que tenha uma ficha boa o suficiente e ela fingi um casamento comigo.. 

Eu estou indo de acompanhante de luxo para casamento de luxo? É isso mesmo?! 

Pensei em tudo isso enquanto passava o filme na televisão.

Eu me sinto em uma rua sem saída..

Dormi antes mesmo do filme terminar, eu estava tão cansado que não conseguia mais manter o olho aberto. Esses dias tem sido massante demais.

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