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#Vinicius narrando
- Vinicius você proibiu os peões de ir se banhar no riacho? - Seu Lorival o braço direito da nossa família pergunta.
- Sim - Eu respondo seco
- E posso saber porque? - Ele pergunta interessado na resposta.
- Não - Respondo pensando na morena que encontrei lá.
-Tudo bem - Ele diz saindo.
Entro na minha caminhonete e Lorival entra no lugar do carona e vamos em direção a cidade, passo pelas terras dos Klaus e fico imaginando quando tudo isso será meu e pelo jeito não vai demorar muito, já que os boatos era que eles faliram.
- Você vai até o banco? - Lorival diz do meu lado.
- Vou, quero saber como está a situação dos Klaus - Respondo
- E você pretende fazer o que? - Ele pergunta com um tom de voz curioso.
- Uma proposta boa pelas terras - Eu falo para ele que parece pensar no que eu disse.
- Ouvi dizer que os dois filhos de José voltaram para cidade - Ele fala e eu o encaro curioso.
- Aqueles que moravam em São Paulo? - Pergunto para ele
- Sim, José não teve como manter eles lá - Ele fala com um ar debochado na voz - Se você oferecer uma casinha em qualquer canto e quitar as dívidas deles, eles vão aceitar. - Abro um sorriso porque era isso mesmo que eu queria escutar.
- São dois meninos? - Eu pergunto cuidando a estrada.
- Um casal - Ele diz - Bernardo e Betina - Eu encaro a estrada de chão na minha frente que estava cheio de buracos.
- Por acaso a menina é da pele branca e dos cabelos pretos? - Pergunto para ele que me olha na mesma hora - Acho que eu a vi se banhando no riacho há uns dias aí, foi sem querer eu juro - Abro um sorriso lembrando dela.
- Ah - Ele diz com uma cara surpresa - Agora entendi porque proibiu os peões de irem lá, a proibição tem nome . - Ele começa a rir.
- Quantos anos ela tem? - Eu pergunto para ele.
- Deve ser seus 15,17 anos - Ele responde é eu assinto com a cabeça.
- Uma bela moça - Eu digo lembrando de quando a vi, suas curvas, seu corpo.
- Vinícius - Ele diz em um tom ameaçador - Não sei o que você está pensando, mais - Eu o interrompo.
- Mais nada - Eu falo - Fica de olho, quero todas as informações deles. - Ele apenas assente com a cabeça.
Lorival tinha uma mania muito feia de querer se meter nas minhas decisões, mas estava disposto à se vingar pela morte da minha mãe a qualquer custo.
#Betina narrando
- Está indo para a cidade ? - Pergunto para Bernardo que me encara de cima à baixo.
- Sim estou - Ele diz com uma voz mais grossa.
- Poderia me levar junto? - Eu falo para ele - Por favor Bernardo - Eu digo me aproximando dele.
- Não sei se o pai vai gostar disso não - Ele responde ríspido.
- Mas vou estar com você, acho que não vai ter problema - Eu digo para ele - Por favor , estou com saudade de sair com meu irmão. - Abro um sorriso para ele.
- Entra vai - Ele fala fazendo sinal e eu entro toda feliz na caminhonete.
As estradas era de chão o que fazia a caminhonete balançar muito, mas logo chegamos na pequena cidade.
- Você vai aonde?- Eu pergunto para ele curiosa para saber oque ele veio fazer na cidade.
- No banco - Ele responde com um tom de voz preocupante.
-Fazer o que? - Eu pergunto curiosa novamente.
- Tentar uns empréstimos - Ele diz passando a mão pela cabeça - Se não, eu não sei oque será de nos Betina.
- As coisas está tão ruins assim? - Eu pergunto para ele preocupada.
- Você não precisa se preocupar com isso - Ele fala dando um leve sorrjso- Logo você vai voltar para São Paulo para terminar os seus estudos, eu prometo minha irmã - Ele dar um beijo na minha testa.
Entro com ele no banco, e logo vejo de longe o peão do riacho, ele sabe ser lindo de roupa e sem roupa, nossos olhares se encontram, e ele me comprimenta com uma balançada de chapéu, apenas abro um sorriso de leve para ele e logo mudo a minha atenção para Bernardo que encarava o peão.
- Porque está encarando aquele moço? - Pergunto para Bernardo que agora me olhava.
- Vinícius Matarazzo - Ele me responde me fazendo olhar para o peão que agora eu já sabia o nome.
- Senhor Bernardo Klaus - O que parecia ser o gerente comprimenta o meu irmão - Pode entrar vamos conversar lá dentro.
- Me espera aqui - Bernardo diz me olhando com o semblante sério.
- Vou lá na praça comprar um sorvete - Bernardo assente e vai para dentro da sala junto com o gerente.
Vou em direção a praça para comprar o sorvete.
- Eu vou querer um de chocolate - Falo para o sorveteiro - Quanto custa? - Digo sorrindo.
- 3 cruzeiros - Ele responde , coloco a mão na minha bolsa e vejo que esqueci de pegar dinheiro com Bernardo.
- Moço só espera um minuto que eu vou pegar o dinheiro com meu irmão? - Falo para o sorveteiro que assente.
- Pode deixar que eu pago - Escuto a voz dele atrás de mim, a sua voz rouca e ele estende o dinheiro. - Vou querer um também, pode ser o mesmo que a moça - Eu encaro Vinicius na minha frente e ele me encara sorrindo.
- Não precisa - Eu respondo - Eu vou buscar lá e já volto. - Eu viro para ir mas ele segura de leve meu braço.
- Você vai voltar até o banco para pegar 3 cruzeiros para não deixar eu te pagar um sorvete ? - Ele diz me olhando sério - Por favor aceite - Ele fala me entregando o sorvete. - Vou me sentir ofendido se você recusar - Ele abre um sorriso e eu sorrio de volta para ele.
- Obrigada - Falo meio sem graça para ele que sorria.
Eu nunca me envolvi com garoto nenhum, mesmo estando em São Paulo meu irmão sempre foi protetor de mais e estava em cima de mim o tempo inteiro. Mas sempre segui os ensinamentos de mamãe: que eu deveria me entregar ao homem que eu amasse.
- Será que posso sentar ao seu lado naquele banco? - Ele diz tirando a minha atenção do seu sorriso.
- Ah claro - respondo a ele que me guia até o banco e sentamos ali.
- Eu nunca te vi pela cidade - Ele fala me encarando já que era a única coisa que ele fazia .
- Eu voltei à pouco tempo para cá - Eu respondo e ele me olhava parecendo interessado no assunto.
- E porque voltou? - Ele pergunta curioso
- Alguns problemas familiares - Respondo a ele que assente com a cabeça. Não iria abrir o jogo para um Matarazzo e se meu irmão me pegar aqui com ele, Bernardo me mataria.
Depois de alguns minutos conversando escuto a voz de Bernardo atrás de mim.
- Betina - Escuto a voz de Bernardo - Porque está tomando sorvete com ele? - Vinicius se levanta e encara Bernardo.
- Eu esqueci de pegar o dinheiro e - Digo me levantando mas Vinícius me interrompe.
- Eu convidei ela para sentar e tomar o sorvete - Bernardo olha desconfiado para ele - Você deve ser Bernado filho do José ? - Vinicius pergunta para ele com um tom de voz mais debochado.
- Acho que você deve lembrar de mim - Bernardo fala para ele com o mesmo tom de voz.
- É claro que sim - Ele diz para Bernardo - Porque você não vem até a minha fazenda para uma conversa do seu interesse?
- Eu acho que não temos o que conversar - Bernardo diz encarando ele
- Eu não teria tanta certeza - Vinícius responde ele
- Vamos? - Digo pegando na mão de Bernardo - Obrigada pelo sorvete - Digo agradecendo o peão do sorriso bonito, sorrio para ele na mesma hora que ele abre um sorriso para mim.
- Agente se encontra por aí Betina - Ele diz e Bernardo o encara pela última vez
- Vamos por favor - Eu falo para meu irmão que me encara mas não diz nada e vamos em direção ao carro.
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#Vinicius narrando
Eu pedi que todas as vezes que Betina for vista indo até o riacho me avisasse já na mesma hora , eu queria saber todos os seus passos e está por perto dela sempre.
- Ela está no riacho - Lorival diz me olhando - Acabaram de ver ela passando pra lá. - Abro um sorriso assim que ele diz
- Ótimo eu vou lá - Falo para ele.
- O que você pretende fazer com ela Vinícius? - Ele diz me olhando
- Eu vou me vingar de todos eles - Eu Digo para ele que arregala os olhos - Eu vou vingar a minha mãe seu Lorival.
A única coisa que eu tinha em mente era isso, era vingar a minha mãe, nem que para isso eu tenha que usar Betina, ela era muito boba e iria cair no meu papo rapidinho.
- E as terras ? - Ele pergunta indo atrás de mim em quanto eu ia pegar o cavalo.
- Compre o banco se for possível - Digo para ele - Eu quero eles no fundo do poço, soterrados de dívida - Eu abro um sorriso - Vá atrás disso o quanto antes Lorival - Ele assente.
- Vou agilizar isso hoje mesmo - Ele diz e eu assinto subindo em cima do cavalo.
Assim que chego no riacho já a vejo sentada em uma pedra lendo um livro que cálculo ser romance, o seu vestido estava levantado até o seu joelho por causa do calor, ela tinha um corpo perfeito, Ela era toda perfeita, tudo o que eu queria era ela na minha cama.
- Não sei porque mas achei que ia te encontrar aqui - Digo dando um susto nela mas logo ela abre um sorriso para mim e eu sorrio de volta. Eu precisava me vingar de algum jeito e seria usando a sua inocência.
- Está me seguindo? - Ela diz fechando o seu livro e colocando em cima das suas pernas. - Você nunca vinha até aqui e gora sempre que estou você aparece - Ela diz em um tom de voz calmo.
- Quem sabe? - Falo sentando ao seu lado, ela me olhava com um brilho nos olhos.
- Acredito que você seja bastante ocupado para ficar no riacho - Ela diz me olhando e eu abro um sorriso para ela.
- Talvez tenha uma bela moça por aqui que me interesse - Ela fica toda sem jeito. - Desculpa não queria te deixar constrangida. - Falo tentando amenizar a situação.
- É melhor eu ir - Ela diz se levantando mas seguro na sua mão.
- Fica mais um pouco? - Falo me levantando e ficando perto dela
- Não vai cair bem se alguém encontrar nós dois aqui sozinhos - Ela me responde mas eu ainda segurava o seu braço.
- Tenho certeza que ninguém vai aparecer por aqui - Eu falo passando a minha outra mão pelo seu rosto.
- Eu preciso ir - Ela diz um pouco nervosa, eu vou encostando a minha cabeça na sua e sinto a sua respiração pesada.
- Fica só mais um pouco? - Susurro quase encostando os meus lábios no dela, ela estava bem nervosa e dava para perceber que ela nunca tinha beijado ninguém. Selo nossos lábios em um beijo calmo
- Eu preciso ir - Ela diz se afastando de mim e juntando as suas coisas.
- Desculpa - Falo para ela que me olha por algum instante - Eu não deveria ter feito isso, mas eu não resisti.
- Tudo bem - Ela diz - Mas agora eu preciso ir - Ela fala saindo do meu campo de visão.
Abro um sorriso satisfeito com o que tinha acabado de acontecer, e já sentia essa bela morena nas minhas mãos.
Betina narrando
Arrumo o cavalo no estábulo e fico pensando no beijo que ele me deu, eu nunca tinha beijado ninguém, o seu sorriso não saia da minha cabeça desde o primeiro dia que o vi no riacho.
- Betina - Meu pai diz - Está tudo bem?
- Sim papai - Eu falo - Eu vou entrar. - Ele assente e eu entro para casa.
Já era noite e o clima estava bem tenso na mesa, meu pai, meu avô e meu irmão estavam com a cara mais emburrada do que cavalo chucro, minha mãe e minha avó estavam com uma aparência estranha.
- O que está acontecendo aqui? - Eu pergunto e atraio olhares de todos eles - Porque estão com essas caras?
- As coisas não estão fáceis - Meu irmão responde
-E cada dia está ficando mais complicada - Meu avô fala
- E não tem jeito de reverter a situação? - Eu pergunto para eles
- Tem - Meu pai diz - Mas não sei se você iria gostar dela - Engulo seco
- Como assim? - Eu pergunto para ele já imaginando a sua resposta.
- Precisamos casar você com alguém que dê suporte para as nossas terras - Arregalo os olhos para o meu pai
- Vocês querem casar ela com quem? - Minha mãe pergunta
- Ainda não achamos um pretendente - Meu pai responde e eu fico em silêncio, não poderia discutir com ele ali na mesa.
O jantar termina em silêncio, e eu não consigo comer mais nada, vou até a escadaria que dava para a casa e deixo algumas lágrimas descer, como eu iria casar com alguém que eu nem conhecia?
- Bernardo - Falo assim que ele ia descendo as escadas e ele para e me olha - O que o pai disse é sério?
- Betina estamos em uma situação difícil, e você vai precisar fazer a sua parte como a única filha mulher - Ele me responde - Prometo que não vou deixar você casar com qualquer um.
Eu ainda não estava acreditando nessa situação , no que estava acontecendo.
(..)
Dois dias se passaram desde que eu encontrei ele no riacho e ele me beijou, seu beijo não saia da minha cabeça. Passo a tarde no riacho mas ele não aparece, nem sinal dele, acabo voltando para casa desanimada, estava tão esperançosa que ele iria estar lá, que ele iria me encontrar.
- Anda Vladis - Digo para o cavalo que empaca no meio do caminho - Eu não acredito nisso - Digo bufando, e saindo de cima do cavalo, assim que saio ele sai em disparada - Droga - Dou um berro, caminhando iria demorar um século para chegar em casa, teria que ir pela estrada que era mais seguro.