1
#Vinicius #Matarazzo
Entro pelo corredor da casa aonde dou de frente com o Porta retrato da minha mãe.
A 20 anos atrás houve um acidente aonde ela morreu, um acidente que eu tinha certeza que o José Klaus estava envolvido, e por isso hoje em dia se eu puder me vingar dele com as minhas próprias mãos eu faria. Largo o porta retrato da minha mãe de volta em cima da bancada, eu tinha dez anos quando ela morreu, e lembro muito bem da angústia que ela estava naquela semana, parecia que algo a incomodava, algo a perseguia.
Herdei os negócios da família, Meu pai Lucio e meu avô Benjamin passaram toda a plantação de cacau para mim, Já que nenhum dos meus outros dois irmãos Pedro e Gabriel quiseram seguir aqui no interior.
- Porque está secando essas árvores? - Pergunto para um dos peões.
- Não está chegando a água do riacho - Ele fala
- Mas como se estava chegando até outro dia? - Pergunto para ele
- Acredito que tenha dado alguma coisa no meio do caminho - Ele fala
- Eu vou verificar - Respondo
- Vai entrar nas terras deles? - Ele pergunta
- Vou - Falo subindo em cima da égua
As minhas terras eram coladas com as de Klaus, e isso trazia bastante problema para mim, Já que tanto o pai Ferdinando e o filho José adoram atazanar a minha vida.
Dizem as más linguas que os Klaus passavam por uma fase ruim, e logo logo teriam as suas fazendas hipotecadas pelo Banco. Antigamente as terras deles eram cheio de peões hoje em dia não se vê quase ninguém, e isso significa que as coisas estão ruins mesmo para o lado deles.
Amarro a égua em uma árvore, até aqui estava tudo bem resolvo me refrescar no riacho, já que uma parte do riacho estava nas minhas terras e a outra estava na terras deles.
Tiro a minha camiseta e a minha calça, e entro no riacho, logo avisto uma morena que estava apenas com as suas roupas íntimas se banhando ali, seus cabelos morenos, sua pele clara, seus olhos castanho, era de deixar qualquer peão na perdição. Nunca fui de me amarrar em ninguém, sempre fui peão largado do mundo, pegando todas as prendas que aparece na minha frente.
- A moça está perdida? - Pergunto um pouco alto e ela me olha meio assustada, nunca tinha visto ela por aqui, Eu acho.
#Betina #narrando
- De calça Betina? - Minha mãe pergunta - Vai trocar isso porque se o seu pai ver.
- Porque só os homens podem usar calça? - Eu falo bufando
Eu nasci em uma época muito atrasada, as mulheres são criadas para ficar dentro de casa, cuidando das suas família e se enchendo de filhos, o máximo que conseguimos é ser professoras, mas nem isso agora eu iria conseguir, já que a situação financeira da fazenda não estava boa e eu tive que voltar para cá.
Era muito triste ver como estava indo tudo, os peões já tinham sido dispensados pelo fato de não conseguir sustentar todos aqui, as plantações foram acabando ao longo dos anos, sobrando quase nada. Mas meu avô e meu pai eram tão orgulhosos que eles não venderiam jamais essas terras, até porque o único comprador digno de pagar o que elas valem seria a família Matarazzo, mas não sei se meu pai venderia as terras para eles.
Passo pela sala vendo o meu pai conversar com o meu avô.
- Precisamos achar um pretendente para Betina - Meu pai diz - Um fazendeiro rico, com o dote que vamos receber dela, conseguimos manter a fazenda.
- Existe alguns fazendeiros ricos na cidade, algum irá se interessar por ela - Meu avô diz
Saio rápido de dentro de casa, como eles podem querer me trocar por dinheiro? Agora eu virei mercadoria, querem me casar com qualquer fazendeiro velho só por causa do dinheiro. Mas isso não iria acontecer mesmo, não iria admitir de jeito nenhum. Eles não podem mandar na minha vida assim. Eu sonhava em encontrar um homem que me amasse, que eu fosse amar também, criar a minha família, ter uma dependência , ter nossos filhos, mas não um casamento forçado, isso não.
- A onde você vai? - Bernado meu irmão pergunta.
- Vou até o riacho - Respondo indo pegar o cavalo.
- Se cuida - Ele diz e eu assinto apenas ainda indignada com o que eu escutei ele falando.
Estava me banhando no riacho, como sempre fiz desde pequena.
- A moça está perdida? - Uma voz rouca vem do outro lado do riacho, olho meio assustado, vendo um peão sem camisa dentro do riacho, com um sorriso largo no rosto, e os olhos claros.
- Por favor se vire - Falo me afundando na água - Você deveria ter vergonha de entrar não é mesmo?- bufo assim que ele começa a rir
- A moça que entrou quase nua no riacho - Ele diz - Pode ficar tranquila que isso aí eu já vi em muitas outras - Ele diz apontando para o meu corpo.
- Será que você pode se virar? - Pergunto para ele e ele se vira sem falar nada, peão atrevido. - Obrigada - Digo assim que coloco o meu vestido.
- E a moça vai aonde? - Ele diz vindo em minha direção e saindo apenas com a sua roupa íntima de dentro do riacho, tampo os meus olhos . - Você mal chegou - Ele diz
- Atrevido - Digo me virando e saindo dali, escuto a sua risada baixa.
Que homem era esse? alto, bonito, musculoso e do sorriso maravilhoso. Ele era diferente de qualquer outro peão da aqui.