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Encontro

CAPÍTULO 1

Louis Davis

(Nove meses, antes)

— Alô!

— Louis, onde você tá? A Edineide me contou que não tem dormido direito e nem está comendo! — a minha irmã Luana reclama.

— Droga, esqueci que a Edineide é linguaruda, puxa saco das mulheres! — reclamei.

— Meu Deus, a convivência com o Igor está te estragando, Louis! — suspirou na linha, e não me aguento com isso.

— Luana não estou no meu melhor dia, você sabe... eu não quis ser rude, adoro a Edineide e pode falar pra ela que deixo ela responder que também me adora, não é segredo pra ninguém que está ligando da minha casa... “Oi Edineide, sabe que te adoro, não sabe?“ — Ouvi o riso do outro lado da linha, e só a Edineide e a Luana tem esse dom.

— Se comporta Louis, sabe que te adotei não sabe? — respirou fundo. — Agora me fala onde está que já perdi o costume com os sustos que o Igor me dava, não quero morrer assim, e nem solteira, não!

— Fiquem tranquilas, eu estou ótimo! Acabei de entrar num trem, estou quase me sentando, quero chegar cedo para a minha exposição em Washington, a minha cabeça precisa parar de pensar um pouco, e vocês sabem o motivo. — Fui arrumar as minhas coisas e alguém tropeçou em mim. O meu celular deslizou e me apressei em segurar.

— Ai! — resmungou e fui rápido em apoiar a moça, que por muito pouco não foi para o chão. Ela ficou parada nos meus braços e me olhando parecendo assustada por alguns segundos. Ela era muito bonita, com uma pele bronzeada, cabelos negros e encaracolados, com os olhos escuros como a noite e os belos e longos cílios se moviam devagar escondendo parte do seu desapontamento.

Eu fiquei com as duas mãos em sua cintura, e o corpo dela bem perto do meu, sentindo o seu cheiro exótico que nunca senti antes, e me perdi nos pensamentos, não sei o que me deu, acho que foi o meu desejo em ter alguém assim pra mim, será que um dia eu teria uma chance dessas?

— Deveria tomar mais cuidado, ao invés de ficar no caminho, e derrubar as pessoas que estão tentando achar o seu lugar em paz! — ela parecia brava. — E vê se me solta, preciso encontrar o meu lugar... — foi me empurrando e saindo do meu braço, mudando completamente de comportamento, estava meio distraída com algo também.

— Eu sinto muito, eu não vi que fiquei no caminho, vou prestar mais atenção da próxima vez...

— Não se desculpe! Mas, que coisa, esse era o momento em que você se defenderia, e não concordaria comigo. — colocou a mão na cintura, e balançou a cabeça revirando os olhos.

— Hoje não estou num bom dia, acho que só preciso ficar sozinho... — a vi ficando incomodada com a minha atitude, se abaixou para pegar algo no chão, e então olhei para o celular na minha mão e lembrei que esqueci as duas na linha.

— Louis... Louis... — ouvi de longe, e voltei a colocar o celular no ouvido.

— Luana, me desculpem! Aconteceu um pequeno acidente aqui, mas já está tudo bem, vou desligar agora, e conversamos depois... eu te ligo tá? — fui me sentando assim que vi que a moça sumiu dali.

— Acidente? Eu conheço essa palavra muito bem...

— Nem começa irmãzinha... eu não tenho a sorte que você tem, sou um azarado completo!

— Ai, Louis... é melhor você descansar mesmo! A Edineide também está mandando, vê se consegue se acalmar... beijo!

— Beijo, Lu! — levantei parcialmente procurando pela moça e não a vi mais.

Encostei a cabeça no acento e fechei os olhos tentando pensar melhor nas coisas.

“Primeiro fiquei feliz quando conheci a Luana, pensei ter me apaixonado por ela, e depois descobri que era minha irmã. No fundo, eu sabia que o sentimento era diferente, tinha algo errado.“

“Apaguei tudo o que havia criado com ela quanto a expectativas, e tentei algo com a Malu, uma jovem simples e linda que conheci. O problema é que ela mora no Brasil e começou a ficar complicado demais para a gente se ver, e quando eu tomei uma iniciativa e a pedi em casamento, ganhei esse balde de água fria, com ela dizendo que não estava segura, e nem sabia direito de sentimentos... agora estou aqui, acho que estou solteiro outra vez, ela disse que não teríamos futuro juntos, então...“

Vou me concentrar na minha exposição, depois que comecei a expor os meus trabalhos de esculturas fiquei bem famoso, e agora também tenho uma galeria conceituada em Nova York, e ainda vou cuidar da galeria da minha irmã, pois ela está no final da gravidez e logo nascem os meus sobrinhos.

Quando cheguei na galeria que vi tudo fechado, liguei para o meu gerente e percebi que o evento é amanhã e confundi os dias.

— Caramba, como não observei esse detalhe?

— Tranquilo senhor Louis, tem um hotel aí em frente, é muito confortável. Aproveita um pouco da piscina e do jardim que é muito bonito, a sua namorada Malu, veio?

— Não, não veio... acho que nunca mais virá, mas pode deixar que vou me resolver...

— Só não esquece da reunião que agendamos com o advogado amanhã as cinco da tarde! — falou o gerente.

— Qual o local?

— No café do hotel, senhor! Eu estarei presente para ajudá-lo a resolver, é do meu interesse continuar com o imóvel.

— Eu sei lá qual é a desse cliente, fica insistindo em comprar um imóvel que não está a venda, mas como eu já iria vir para a exposição, decidi atender, ele falou que tinha uma nova proposta...

— Fique esperto chefe, não confie, eles estão muito interessados na galeria também, às vezes tem outros interesses!

— Você está certo, vou tomar cuidado!

.

Ao desligar, percebi que não teria outro jeito, a não ser ficar no hotel. Fiquei com uma suíte principal, e pedi uma bebida forte.

Comecei a beber sozinho, mas estava chato. Então acabei com a garrafa e fui para o bar do hotel tomar outra.

Observei uma mulher de costas no balcão principal com uma bela cintura, e um cabelo cacheado lindo. Fui me aproximando devagar, e quando vi era a mesma que caiu nos meus braços no trem, mas agora ela estava chorando.

— Traz um copo, bom rapaz! A moça bonita está precisando mais do que eu... — exclamei, e ela me olhou e não respondeu, mas aceitou depressa a bebida e virou o copo.

— Obrigada.

— Dia ruim, também?

— Péssimo... além da minha família ter perdido muito dinheiro, eu também perdi o namorado, o engraçado é que foi logo depois que eu soube dos problemas... — colocou a mão na garrafa enquanto me olhava firme e ela mesma serviu outra dose. — Escuta, você não vai reclamar? Eu peguei a sua bebida, poxa!

— Tudo bem... você precisava mais do que eu...

— Meu Deus, você é bem mole, precisa ser mais autoritário, na verdade, eu estou louca para brigar com alguém, preciso extravasar hoje, estou com raiva, irritada!

— Então vamos brigar logo, estou precisando mudar um pouco...

— Vem comigo! — puxou o meu pulso e pegou a garrafa me puxando pra fora.

— Para onde? — questionei.

— Eu não quero saber porque quer extravasar, mas eu tenho a solução! — Fomos caminhando quase correndo para a recepção, e ela arrancou os dois saltos e jogou atrás de um vaso enorme de flores, andando agora descalça. — Arranca os sapatos, não vou rir se você estiver usando meias furadas! — zombou, e vi que parou de chorar.

— Não uso meias furadas...

Arranquei as meias e os sapatos, e ainda bem que não tenho esse costume de usar meias velhas.

Ela saiu na minha frente e foi correndo na Avenida principal, e então atravessou a rua, tendo acesso à praia, que há tanto tempo não venho.

— Vai ficar aí engolindo areia? — sorriu e levantou os braços.

Quando comecei a correr na sua direção, precisei me concentrar, pois ela ficou linda com aqueles cabelos voando mais devido ao vento, e então fechou os olhos. O vento parecia fazer bem a ela, tinha um sorriso lindo no seu rosto agora, o vestido se movia no seu corpo mostrando as suas curvas, e o batom vermelho que ela usava a deixava perfeita.

Ali fora ela não era a moça triste do bar, nem a estressada do trem... ela ia correndo pela areia e sentindo o vento que batia nela, e eu parecia hipnotizado indo atrás sem nem saber o que eu faria ali.

Ela foi tomando a bebida no bico da garrafa e eu a acompanhando.

— Vem, vamos pegar esse barco!

— De quem é esse barco? — questionei.

— De algum pescador bacana que nos emprestou! Agora vem logo, quero te mostrar algo! — eu acabei rindo da situação em que fui parar, eu não sei quem ria mais se era ela ou eu, e a bebida já tinha feito estragos nessa noite.

— Extravasar? E, se formos presos por roubar o barco?

— Extravasar... — sorriu ignorando o restante da pergunta e subimos no barco.

Tinha uma ilha bem perto, e nós descemos. Era bem bonita e tinha até uma casinha lá, e ela procurou uma chave que estava numa das árvores e abriu a porta.

— Essa é a sua casa? — estranhei ela ter me levado ali, e a minha cabeça estava uma bagunça.

— Mais ou menos, é da família... ou era..., mas eu vim aqui para fazer outra coisa! — quando vi, ela foi na beira da praia e começou a gritar.

— AHHHHHH, AHHHHHHH! — eu cheguei a rir dela, mas logo depois comecei a fazer o mesmo e a gritar com ela, sentindo que estava realmente sendo bom.

Ficamos feitos loucos gritando, até que começamos a rir, e ela esbarrou em mim outra vez. O seu olhar era diferente e fixou no meu, parei com qualquer coisa que eu estivesse fazendo para oberserva-la, inclusive respirar... e então ela me segurou e me beijou.

Eu não entendi o motivo que fez isso, mas o seu beijo era maravilhoso e eu é que não quis parar e perguntar pra ela. Me envolvi em seu corpo e a agarrei pela cintura a encaixando melhor no meu corpo.

— Quero fazer outra coisa para extravasar... — falou meio mole.

— Que coisa? — voltou a me beijar sem me dar tempo de pensar.

— Vem... — veio me puxando e me beijando... acho que entendi o que ela queria...

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