CAPÍTULO 5
CAPITULO 5
Realidade...
Maria Júlia acordou suada, e sentindo o coração apertado no peito. Era estranho ela sonhar de novo com aquela mesma cena, como se ela tivesse voltado ao mesmo sonho de antes, mas essa fosse a continuação dele, mas ela nem sabia como funcionava esse mundo de sonhos e pesadelos onde ela estava conhecendo, mas não estava gostando nada do que via neles.
E talvez por ter passado o dia vendo a Aurora, os sonhos deveriam ter se misturado com a realidade, pelo menos era isso que Maria Júlia achava que fosse.
Ela tentava esquecer e ficar acordada, pois tinha medo de dormir e voltar para o mesmo lugar, então tentou abrir bem os olhos, se mantendo acordada até que o marido voltasse, mas viu que já estava escuro e ele não havia voltado, provavelmente trabalhava demais o Felipe Lombardi, e ela de certo modo, tinha pena dele.
Infelizmente o remédio que tomou, não a permitiu continuar acordada, e Maria Júlia mais uma vez, voltou ao mundo dos sonhos, ouvindo nomes estranhos, como: Morcego, Gavião e MP.
— Maria Júlia! Maria Júlia!
Ela abriu os olhos e percebeu que foi apenas outro pesadelo, e era seu marido que a chamava, então ela se tranquilizou, principalmente ao sentir que podia mexer as pernas, e então abraçou Felipe Lombardi com força.
— Que bom que está aqui! Eu tive medo!
— Eu estou, está tudo bem! Não precisa ter medo, essa casa está muito segura, tenho seguranças por todos os lados. — Ele disse friamente sem retribuir quase nada do abraço que a moça estava buscando.
Maria Júlia não sabia se era impressão dela, ou o marido continuava frio, e parecendo nem se importar com o que dizia para ela, mas ficava tranquila, em saber que ele tinha voltado e ela teria companhia agora.
Versão Maria Júlia
Maria Júlia demorou muito para se acalmar desta vez. Sua cabeça estava dando muitas voltas, e estava muito perdida e confusa com tudo aquilo. E por mais que confiasse no marido, ainda achava que havia algo de errado naquela situação, mas não queria preocupar Felipe Lombardi, com aquilo.
Então ela decidiu guardar tudo para ela mesma, e acreditar que foram apenas pesadelos e alguns sonhos bobos.
Ele deitou do lado dela, mas parecia muito distante de lá. Felipe realmente era um homem muito misterioso, e ela gostaria de saber mais sobre ele, então quis aproveitar o tempo juntos e fazer algumas perguntas:
— Felipe, você tem família?
Ele a olhou sério e pensou um pouco, sobre até aonde poderia contar a ela, e então respondeu:
— Tenho! Mas... não somos muito próximos! Porquê?
— É que vi muitos alojamentos lá do outro lado, e não sabia o porquê...
— Olha, só! Não quero te ver, em hipótese alguma naquele lado, ok? Você tem casa! Te quero aqui! — Disse fazendo Maria Júlia ficar um pouco preocupada com aquilo.
— Mas, porquê? É perigoso? — Perguntou ela inocente.
— Muito! Mantemos pessoas ruins lá, que mataram, ou estupraram, roubaram... entendeu? Aqui não tem polícia, então aquele espaço serve para isso! — Falou parecendo bravo.
Maria Júlia, estranhou o rumo da conversa, e achou uma resposta um tanto bizarra, se o marido não era parte da polícia, como haveriam presos lá? Mas escolheu acatar o que o marido estava contando, e evitar brigas.
— E a sua família? Virá nos visitar? — Perguntou a moça em dúvida.
— Não sei! Meu irmão as vezes aparece, pois mora aqui perto, mas meu pai... não, acho que por enquanto, não! É um homem muito compromissado, e não tem tempo. — Ele explica para a moça.
— E qual o nome do seu irmão? — Perguntou ela.
— Marco Polo! Logo ele aparece por aí! Só não dê moral para ele, ok?
— Hum...
— Melhor você dormir pupila, precisa descansar! E vê se dorme bem, e não tem pesadelos hoje! — Disse e virou para o lado para dormir.
Maria Júlia estranhava muito o jeito do marido, não que ela já tivesse tido um, ou se lembrasse algo a respeito dessas coisas, mas ele era frio demais, e nunca a beijava, nem segurou a sua mão, nem nada! Ele apenas a procurou sexualmente uma vez, e foi da mesma forma, um pouco frio, e isso era um pouco esquisito para ela.
Mesmo sem conhecer nada da vida, ela preferia que ele fosse diferente, talvez seja por não se lembrar dele, que ela não saiba os motivos pelos quais se casou com ele, pois ela deveria o amar muito, e isso é muito ruim, pois o marido deve estar sofrendo com isso.
Maria Júlia se preocupando com o marido, encostou o seu corpo bem próximo do dele, para que ele se sinta melhor, e talvez amado? Quem sabe? Ela não sabia ao certo, o que fazia para ajudar ambos a ficarem melhor, juntos.
Mas para a tristeza dela, Felipe Lombardi, se levantou depois disso, e saiu do quarto, sem explicações nenhuma.
E Maria Júlia, ficava cada vez mais preocupada e confusa com a situação em que vivia. Ficou acordada, e tinha medo de dormir, mas uma hora o sono a pegou, e ela entrou no outro mundo ao qual estava conhecendo... o mundo dos sonhos.
Sonho de Maria Júlia...
Maria Júlia estava na rua, e caminhava em direção a sorveteira da esquina. Ela estava muito ansiosa e queria muito ver o Miguel, o seu namorado.
Logo da esquina ela o avistou servindo a mesa, e sorriu ao ver que ele também a tinha visto, e se aproximou...
— Que saudade, minha linda! Eu queria tanto te ver! — Disse Miguel.
— Eu também estava! A minha mãe tem ficado com medo de me deixar sair sozinha, disse que andaram sumindo algumas garotas aqui do bairro, mas eu queria muito te ver! — Maria Júlia, respondeu.
Miguel a abraçou a erguendo pela cintura, e Maria Júlia se jogou nos braços dele se deixando envolver, e foi beijada por ele. Ela sentiu borboletas no estômago, e para ela ser beijada por ele era maravilhoso... Miguel a apertava em seus braços com carinho, segurava os seus cabelos, os acariciando para trás, para ele a garota era perfeita... doce, amorosa, simpática e linda! Miguel falava com si mesmo que se casaria com ela, era o objetivo de sua vida, embora sabia que ela era mais nova que ele, e ainda era cedo para isso.
Maria Júlia se sentiu amada, viva... dentro dela gritava um sentimento lindo, que esse sim, ela conhecia.
Eles pararam o beijo e ficaram sem graça com pessoas os olhando na rua, mas ambos queriam mais daquilo, e Maria Júlia queria muito ser beijada novamente por ele.
Ao se soltarem, a moça ficou assustada quando viu um cliente sentado na cadeira, e ao passar os olhos, aquele rosto parecia mais jovem, mas era Felipe Lombardi os observando, e ali ela ficou demasiadamente assustada, e então acordou suando.
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Aquilo tudo poderia ser apenas um sonho, mas desta vez, ela tinha certeza que não era! Ela ainda não beijou o marido, como ela saberia beijar tão bem no sonho? Ela tinha certeza que aquilo foi real, e precisava saber porque ela não estava no orfanato, como o marido explicou, e tinha uma família ali, se ele disse que ela não tinha?
Os fatos poderiam ter se misturado, e nem tudo poderia ser real, mas o beijo foi, e os sentimentos também, pois sentiu por outro rapaz, muito mais do que sentiu com o marido, e ela poderia ter conhecido o marido naquele dia, pois Felipe estava lá.
Ela precisava descobrir quem era Miguel, e porquê Felipe mentiu, pois mesmo depois de acordada, sentiu vontade de voltar a beijar aquele rapaz e isso era imoral, mas ela não conseguiria mandar no coração, e as coisas precisariam começar a mudar, ela queria se sentir mais livre e descobrir as coisas.
O problema é que para Felipe Lombardi, isso seria impossível! Ele jamais a deixaria cruzar a linha do portão para fora, ela era dele, e de mais ninguém! Ele já havia corrido riscos demais para conseguir o que tem hoje, e nada nem ninguém o faria perder, nem que isso significasse ter que contar a verdade, mas não era o que ele havia planejado, e enrolaria até aonde desse, e por enquanto aproveitaria que a moça era a esposa dele!