Capítulo Cinco
Isabella Constantine
A luz do sol da manhã entra em meu quarto através das cortinas transparentes nas janelas, não dormi a noite inteira, passei toda a madrugada girando na cama sem achar uma posição ideal. Os acontecimentos no escritório de Aleksander Petrov, me atormentam desde que voltei para casa. Depois de desmaiar nos braços do Petrov, acordei na minha cama, com uma outra roupa e uma Giana totalmente satisfeita. As marcas que Aleksander deixou em mim, foram tantas que, o meu pai pensou que eu tivesse sido espancada ou coisa parecida. Tive que explicar ao senhor Roberto Constantine, que não foi nada, só foi excesso de carinho do meu noivo, não sabia nem onde enfiar a cara de tão envergonhada que fiquei, eu tive que explicar ao meu pai que, não fui espancada, só fui beijada igual uma ninfomaníaca pelo meu noivo.
A casa está cheia de pessoas, correndo de um lado para o outro, estão todos tentando organizar o casamento da melhor forma, quem em sã consciência faz um casamento em dois dias, ainda mais sendo um casamento tão importante como o casamento das máfias Russa e italiana. Seria um dia tão perfeito para um casamento, se não fosse o meu. Eu vou realmente me casar com ele, com o diabo, mesmo depois de me fazer chegar ao ápice em seu escritório, eu não consigo me imaginar tendo um relacionamento saudável com Aleksander, ele ainda é apaixonado por minha irmã Fiorella. O dia está quente hoje, pode até estar quente do lado de fora da casa, mas dentro de mim, uma tempestade de gelo sangrenta está
furiosa, minhas entranhas gritam por liberação, minhas lágrimas clamam por liberdade, mas não posso me deixar vencer, não posso chorar agora, eu preciso ser forte.
— Você está tão linda, nem parece você, parece uma princesa — Cássia exclama da porta e corre para o meu quarto.
A equipe de maquiagem está no meu quarto, desde a manhã de hoje. Primeiro eu fui ao spar cuidar da minha pele, segundo as mulheres mais velhas da máfia, eu tinha que estar com a pele sedosa para o meu futuro marido. Depois do spar, a equipe do salão, fez o meu penteado, um penteado tão elaborado que precisei de todo o autocontrole existente no mundo para não reclamar. Agora, a equipe de maquiagem, está pintando o meu rosto, igual a uma tela em branco.
O maquiador profissional, me força a ir para frente, coloca a ponta do delineador no canto do meu olho e puxa uma linha longa e fina na minha pálpebra. São tantos procedimentos, que já perdi as contas de quantas vezes o maquiador, passou o pincel em mim.
— Eu vou chorar — Cássia faz drama, se abana como se realmente fosse chorar.
Sorrio revirando os olhos, o sacrifício que estou fazendo, não é por Fiorella, preciso colocar isso em mente, se eu tivesse me recusado, provavelmente teríamos outra guerra, e Cássia ficaria mal outra vez, o sacrifício que estou fazendo, é pelo bem da minha irmã, minha irmã de verdade, a única que me ama, Cássia. Ela parece tão animada com esse casamento, para alguém que sempre odiou casamentos, Cássia está bem animada com a coisa toda, tento compartilhar da mesma alegria que ela, não quero deixar ela triste com o meu mau humor, não quero contar a onda dela com as minhas frustrações, eu quero que ela curta o casamento como ninguém, quero que ela esqueça que isso é um casamento arranjado, eu quero que ela sonhe com um futuro melhor e com um possível casamento melhor para ela.
Talvez eu devesse ter fugido. Eles teriam me encontrado eventualmente, mas teria valido a pena, os cinco minutos de liberdade depois, valeria muito a pena. Mas só a ideia de fugir e deixar Cássia, parece extremamente errada.
— Gostaria que Fiorella estivesse aqui, para vê-la, ela ficou brava quando papai proibiu a entrada dela — Cássia informa super feliz da vida.
— Que bom que o papai, a proibiu de entrar, nem sei o que faria — comento calmamente quando o maquiador libera o meu rosto.
O casamento será aqui em casa, na nossa estufa. Aleksander nem sequer queria um casamento tradicional, mas graças a minha sogra que conseguiu colocar um pouco de juízo na cabeça dele, o casamento terá um cerimônia tradicional só para os familiares mais chegados. Olhando para mim agora, de frente para esse espelho, nem me reconheço, eu pareço uma verdadeira mulher da máfia. Maquiada, bem vestida, pele bem sedosa e bochechas coradas, nem pareço a mesma Isabella de sempre.
— Minha filha, você está tão linda, você se parece tanto com a sua mãe — papai balbucia emocionado, ele está na porta do quarto, me observando.
Ele tem razão, eu estou realmente muito lindo, o meu vestido é no estilo sereia, ele destaca as minhas curvas nos lugares certos. As mangas são todas feitas de renda francesa, as costas são nuas. Eu me sinto a Anastácia de Cinquenta tons de cinza.
— Obrigada papai, que a mamãe não te ouça falar isso — brinco com ele e estendo minhas mãos para receber seu abraço.
— Minha filha querida, meu orgulho, me perdoe por todas as vezes que não estive aqui para defender você — papai sussura com lágrimas nos olhos — Todas as vezes que a Giana, descarregou suas frustrações em você meu amor, eu não fui um bom pai, me perdoa meu amor — Papai completa chorando e me aperta ainda mais em seus braços.
— Papai! Não fique assim, você foi o melhor pai do mundo para mim, obrigada por me amar — murmura sorrindo e olho para ele com admiração.
— Uhm! Vamos, antes que aquele louco invada esse quarto — meu pai tapa o meu rosto com o véu e me guia até a saída do quarto.
Descemos de mãos dadas, até a entrada da estufa e logo no tapete vermelho, encontro Aleksander Petrov me esperando. Meu pai solta meu braço e aperta a mão do meu futuro marido.
— Cuida dela Petrov — papai demanda apertando fort a mão de Aleksander. Ele nem sequer se abala com o pedido do meu pai, sorri sugestivamente.
— Não me peça para fazer algo, que nem você conseguiu idiota — murmura deselegante e desrespeitoso.
Ele não está no território dele, está no nosso território, mas mesmo assim tem a ousadia de falar de qualquer maneira, com o capo da máfia italiana.
Hoje ele está simplesmente magnífico, estonteante, impactante, está de tirar o fôlego. Ele cortou o mechas compridas de seus cabelos, fez um corte topete tradicional, tirou a máscara de ferro e está mostrando sua face, a face do diabo. Ele é realmente o diabo, ele é igual Lúcifer, lindo como ninguém, mas com um coração de pedra. Suas cicatrizes, não sobraram tantas, mas duas delas ficaram para recorda-lo que eu sou a inimiga. Seu rosto no lugar onde foi muito atingindo, para além das duas cicatrizes que parecem garras, ficou com um aspecto meio estranho, parece com o Dead pool.
— Oi querida, ansiosa para mais tarde? — Aleksander me tira dos meus devaneios, sussurrando em meu ouvido.
Seu hálito está com cheiro de whisky velho e caro. Será que a boca dele tem o mesmo sabor?
— Não encoste em mim, eu tenho nojo de você — me afasto de seu aperto desnecessário, o perfume de vinho e charuto cubano me está embriagando e eu não quero chegar bêbada dele, no altar.
— Oh! Nojo? — indaga prepotente — Não foi isso que eu vi no meu escritório, enquanto você gritava para eu fode-la com os meus dedos — sussura provocador em meu pescoço.
As pessoas na estufa olham para nós os dois como se fôssemos dois loucos, elas devem estar a pensar que ele está me ameaçando ou dando um aviso, nem imaginam que tipo de aviso ele está dando.
— Me deixe em paz, eu não sinto nada além de nojo por você, rato russo — murmuro para que só ele escute, tento me afastar dele, mas uma mão me mantém no lugar.
— Garanto que no final da cerimônia, te farei sentir muita coisa, mas nojo não é uma delas — ele faz a promessa, totalmente velada de luxúria e tensão sexual.
Aleksander e eu entramos no altar com a marcha nupcial tocando, o aperto dele em minhas costas me deixar incomodada. As pessoas na estufa ficam quietas assim que entramos na mesma. Elas nem sequer se atrevem a respirar, devem estar amedrontadas por causa de Aleksander. As duas máfias estão presentes, no entanto, o lugar em que devia estar cheio dos familiares de Aleksander, só estão cinco pessoas, o lado da minha família, até quem eu nunca vi na vida está.
— Caríssimos irmãos, estamos hoje reunidos para presenciar está união, entre duas almas, Isabella Constantine e Aleksander Petrov — o padre começa seu sermão e não consigo prestar atenção nas palavras dele, são tão absurdas que sinto vontade de rir.
União entre duas almas que se amam, em qual universo eu e Aleksander nos amamos? Ou o padre é muito inocente ou ele não pertence a máfia.
— Isabella Constantine, é de sua livre e espontânea vontade, unir-se a este homem? — o padre me tira dos meus devaneios.
Se eu disser não? O que pode acontecer? Será que Aleksander vai surtar? Procuro pelo olhar do meu pai ele transparecer tristeza, procuro pelo olhar da minha mãe e ele transparece nojo, procuro pelo olhar de Fiorella e ele transparece inveja. Opa! Temos algo novo aqui, por quê ela está com inveja? Será que se arrependeu assim que viu que, Aleksander não é um monstro?
— O padre falou com você Zayka¹ — Aleksander murmura apertando as minhas mãos, ele está extremamente irritado comigo, parece que não gostou da minha reacção.
— Perdão padre, estou muito emocionada, é claro que aceito me casar com ele — concordo forçando um sorriso, ele saiu mas falso que as milhas bolsas.
— Aleksander Petrov, é de sua livre e espontânea vontade unir-se a está mulher? — o padre questiona ao meu futuro marido.
— Sim — fala sem mais delongas.
— Sem mais delongas, com a graça que me foi concedida pelo criador, eu os consagro marido e mulher — o padre fala suas últimas palavras fazendo um sinal da cruz — Pode beijar a noiva — completa o padre.
Parece que as palavras do padre, acendem algumas chamas dentro de Aleksander, suas pupilas se dilatam, sem esperar, sou prensada contra o peito dele.
— Finalmente eu vou provar esses morangos — Aleksander murmura antes de me devorar.
Seus lábios entram em contato com os meus, e eu finalmente sinto o gosto de seus lábios. Ele tem gosto de charuto cubano e whisky irlandês. Seus lábios devoram os meus com gana, não me dando tempo de sequer raciocinar ou processar o que está acontecendo, sua língua desliza para o interior da minha boca e enrosca a minha. Nós não estamos nos beijando, ele está me devorando. Deslizo a minha mão até seu pescoço e me mantenho firme, estou fazendo todo o possível para não gemer na frente do padre, mas está impossível. As mãos de Aleksander deslizam até às minhas nádegas e ele as aperta com firmeza. É o nosso primeiro beijo e eu já estou molhada, que beijo é esse que me faz esquecer que estamos numa igreja? Que me faz esquecer que estamos num lugar lotado de pessoas conservadoras.
— Isso é só uma amostra do que está por vir Zayka — Aleksander sussura em meu ouvido e logo em seguida me deixa estática no altar.
As pessoas gritam, aplaudem e outros soltam assobios sugestivos.
— Irmã, o que foi aquele beijo no altar? — minha irmã Cássia comenta me puxando para entrar no salão de festas.
Ela assim como minhas primas, soltam sorrisos sugestivos em minha direção.
— O que é isso Cass, isso não é assunto da sua idade — minha tia Constância repreende e minha irmã sai de perto de mim rindo — Tenho que admitir que ela tem razão, o que foi aquilo menina! — minha tia fala surpresa olhando para mim, ela sorri sugestivamente para mim.
— Ai tia, pará estou envergonhada — falo tapando os meus olhos de tanta vergonha.
— Cuidado minha querida, depois daquele beijo, eu não acho que você vá sobreviver a noite de núpcias — murmura e arranca risadas das mulheres mais velhas.