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Tribo da Terra

Morgana busca Miguel na igreja e os dois sobem um morro há duas horas da cidade, Miguel fica exausto e tropeça por todo lado, então ofegante diz.

— Por que temos que subir um morro enorme desse e de noite? Estou cansado, como você não está suando?

— Sua respiração está errada, por isso está cansando tão fácil, pare de reclamar, estamos chegando, então faça silêncio. — diz Morgana subindo tranquilamente.

— Você tem água aí? Estou com muita sede. — diz Miguel.

Morgana o pega pelo pescoço e pressiona contra uma pedra, Miguel fica assustado e quando vai dizer algo, ela cobre sua boca e diz:

— Silêncio, estão nos esperando

Miguel olha para frente e vê luzes na mata, Morgana então assovia de forma diferente e espera, um assovio similar ao dela é ouvido e ela diz:

— Vamos, elas nos deram permissão.

— Isso é legal. — diz Miguel indo com ela até lá.

Morgana vai até às bruxas, a líder se aproxima e diz:

— A tribo da terra cumprimenta a median, o que deseja?

— Soube que estão sendo ameaçadas, Melina… quer vocês a salvo. — diz Morgana.

— Melina… venham, não é seguro aqui fora. — diz a líder.

Miguel caminha observando os cabelos totalmente verdes da líder, as moças ao redor dela, tem apenas mechas verdes, suas roupas com detalhes da natureza, então pergunta:

— Por que fadas?

— Elas são bruxas brancas que fizeram pacto com os espíritos elementais, as bruxas da terra, cuidam e se alimentam da natureza, elas são conhecidas como fadas, escolheram os espíritos da floresta. — diz Morgana.

— A median teve algum tempo de treinamento conosco, ela ficou alguns anos entre as tribos. — diz a líder.

— Como se chama moça? — pergunta Miguel.

— Annelise. — diz a líder.

— Então, Annelise, Morgana pode ser considerada uma fada? — pergunta Miguel.

— Não…

Morgana se afasta quando ela vai responder, andando na frente, Annelise suspira e continua:

— Morgana é diferente de tudo que existe, uma humana que carrega o fardo de ser a Median de todos os mundos, amaldiçoada ao nascer com a marca dos mundos.

— A marca dos mundos? — pergunta Miguel.

— Uma marca na nuca, parece uma tatuagem, a lua no topo representa a luz na escuridão, a gota em chamas representa os elementos, a espada no centro, representa as batalhas que ela terá e as outras duas marcas, só a igreja pode dizer. — diz Annelise.

Eles entram em um buraco após uma pedra ser arrastada e descem para um tipo de caverna iluminada por tochas, lá Morgana tira o casaco e se ajoelha em frente a um tanque com água cristalina, dentro dele há duas carpas brilhando, Miguel as encara encantado e Morgana diz:

— Espíritos da água e da terra, estão juntos no tanque como simbolo da união das tribos.

— E as outras tribos? — pergunta Miguel.

— A tribo do fogo não é muito agradável, elas preferem se isolar. — diz Annelise.

— Embora seja a que Morgana mais conseguiu se adaptar. — diz uma índia se aproximando.

— Anhangá, não sabia que estaria por aqui. — diz Morgana se curvando.

— Espera, o Deus Anhangá? Pensei que fosse homem. — diz Miguel.

— Não acha que um Deus pode assumir a forma que deseja? — pergunta Anhangá sorrindo.

— Perdão, não quis ofender. — diz Miguel se curvando.

Anhangá ri e diz:

— Humano engraçado, está tudo bem, eu sou filha dele, uma mestiça.

— Ele engravidou uma índia que faleceu no parto, então ela foi criada mais como uma semi-deusa. — diz Morgana.

— Ela cuida das matas e nos abençoa. — diz Annelise entregando sua oferenda.

— Ouvi algumas coisas a seu respeito median. — diz Anhangá ficando séria.

— O que ouviu? — pergunta Morgana ofertando uma laranja.

— Não posso dizer muito, já conhece o procedimento, mas as sombras estão agitadas, eles sussurram seu nome e dizem que você tem algo que aquele monstro deseja. — diz Anhangá.

— Eu? Mas eram só livros, se o humano os leu, ele pode memorizar. — diz Morgana pensativa.

— Median, você é uma carcereira, não esqueça que assim como pode prender, também pode libertar. Você está no meio dos mundos, com um pé em cada, como os gatos. — diz Anhangá.

— Outro enigma? Sério? — pergunta Morgana.

— Preciso ir, obrigada pelas oferendas. — diz Anhangá.

Quando ela está prestes a sair, Miguel a chama e diz entregando uma pequena flor:

— Não é muito, mas eu gostaria de fazer uma oferenda, dando algo que me faz lembrar de seu semblante.

Anhangá pega a flor de sua mão e o olha nos olhos sussurrando para ele:

— Não a deixe, ela precisa de você e sua vida depende dela.

Ela sorri e desaparece, Miguel fica parado pensativo e Morgana diz:

— Não se apaixone rapaz, ela já fez muitos homens se perderem, poucos sobreviveram para contar.

— Ela os matou?! — pergunta Miguel surpreso.

— Não, eles enlouqueceram, os que sobreviveram apenas contaram sua história e tiraram suas vidas. — diz Annelise.

Eles seguem ao centro da caverna, lá existe um caldeirão e Miguel diz:

— Agora parecem bruxas.

— São antídotos, nós descobrimos alguns para ajudar a raça humana, há anos trabalhamos nisso. — diz uma bruxa se aproximando.

— Antídoto? De quê? — pergunta Miguel curioso.

— Várias coisas, como para veneno de cobra, aranha… Muitos tiveram a mão das bruxas envolvidas. — diz Morgana pegando um frasco de algo com Annelise.

— Preciso alertá-la, ele sussurrou para nós, incomodou nosso sono e perturbou a paz nesse lugar, plantas morreram só pelo eco de sua voz. — diz Annelise.

— Por isso Anhangá veio. — diz Morgana.

— Sim, não vou mentir, estamos com medo, tememos por nossas vidas, mas é nosso dever manter o equilíbrio. — diz Annelise.

— Esse trabalho é meu… Vou deixar um selo na entrada, avisem as outras tribos. — diz Morgana saindo.

Ela vai até à entrada e começa a desenhar um selo com giz, Miguel fica inquieto e pergunta:

— Não viemos pedir ajuda?

— Como pedir ajuda a quem está em perigo? Viemos analisar os estragos, conseguir informações e ver se as entidades ainda estão nos corpos. — diz Morgana.

Quando Morgana termina, o selo brilha e desaparece, os dois vão para o apartamento de Morgana na cidade logo em seguida, quando chegam ela diz:

— Durma no outro quarto, tem uma cama lá.

— Morgana, me diz, quão sério é o que está acontecendo? Que chave é essa? Por que meus pais estão envolvidos nisso? — pergunta Miguel ficando ofegante.

Morgana vai até ele e o abraça dizendo:

— Preciso que se acalme, respire fundo e ouça o que vou te dizer.

— Ta bom. — diz Miguel se sentando e tentando conter a crise de pânico.

— Até agora o que sei é que preciso cuidar de você, é um informante valioso, o senhor das sombras não vai querer você vivo, os prisioneiros do inferno querem sair e isso significa destruição, caos, pior do que já está o mundo. — diz Morgana entregando um copo de água para ele.

— Então, todos os mundos estão ameaçados? — pergunta Miguel.

— Sim e como median é meu dever impedir que aconteça. — diz Morgana se sentando e acendendo um cigarro.

— Alguém já te disse que isso vai te matar? — pergunta Miguel após beber um gole.

— O tempo todo. — diz Morgana.

Miguel vai para o banheiro tomar um banho, Morgana permanece sentada no sofá com o cigarro aceso sem tragar, então ela cai no sono e Castiel aparece em sua frente, Morgana olha para o relógio parado e diz:

— Para me hipnotizar e induzir ao sono REM, deve ser importante.

— Sabe que só posso falar com você assim se não me chamar. — diz Castiel.

— O que houve? — pergunta Morgana preocupada.

— Miguel, o menino que está protegendo, preciso te mostrar algo. — diz Castiel.

Castiel volta o tempo e mostra a noite em que Miguel nasceu, seus pais estão em uma casa velha, a mãe deitada em um círculo, prestes a dar à luz, seu pai recita algo e quando dá meia-noite e a luz da lua se torna vermelha, o choro de uma criança pode ser ouvido, então Castiel pergunta:

— Sabe por que um parto é chamado de “dar à luz”?

— Por que bebes são considerados pequenos anjos… — diz Morgana pensativa.

— Meu pequeno Miguel. — diz a mãe pegando o bebe que está com o cordão umbilical brilhando.

— Anjo…

Antes de terminar Morgana desperta dizendo:

— Merda, é ele!

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