Miguel
Dois meses se passam. Morgana está caminhando e entra em um bar, a porta se abre novamente após isso e ela pergunta:
— Por que está me seguindo?
— Como soube? Fui tão cuidadoso. — diz um rapaz Alto, loiro, de olhos castanhos.
— Responda minha pergunta. — diz Morgana se aproximando e o segurando pelo colarinho.
— Me chamo Miguel, sou filho do Roberto, aquele que você ajudou. — diz o rapaz.
— Não minta, eu conheci o filho deles, Miguel tem apenas 6 anos. — diz Morgana.
— Aquele é meu irmão Miguel Junior, depois que sai de casa, eles o chamaram assim quando nasceu. — diz o rapaz.
— Por que fizeram isso? — pergunta Morgana confusa.
— Eu não aceitei a vida de meu pai quando descobri o que ele fazia. — diz Miguel.
— Do que está falando? Os livros e rituais? — pergunta Morgana.
— Pior, muito pior. — diz Miguel.
Morgana o leva até a mesa do bar e serve um refrigerante para eles, então pergunta:
— O que seu pai está aprontando?
— Tudo começou quando um dia eu vi meu pai conversando sozinho na sala proibida, mas uma voz o respondia, eu era só uma criança, tinha 8 anos. — diz Miguel relembrando.
— Eu conheci o tal quarto. — diz Morgana.
— Não é aquele que você conheceu, meus pais se mudam sem parar, ele não quer ser descoberto, os livros que você levou, não é nem metade do que ele tem. — diz Miguel.
— Isso não tá me cheirando bem. — diz Morgana.
— Eu ouvi aquilo dizer que é o senhor das sombras e que está preso. — diz Miguel.
— Eles estão todos presos, querendo deixar o inferno, alguns até conseguem. — diz Morgana.
— Não, ele disse que o inferno o prendeu, que precisa de ajuda para deixar a prisão. — diz Miguel bebendo o refrigerante.
Morgana fica surpresa e diz acendendo um cigarro:
— Preciso falar com Gabriel.
— O anjo? — pergunta Miguel em tom de brincadeira.
— Quase isso, mas pior. — diz Morgana puxando o garoto para fora do bar após deixar o dinheiro na mesa.
Eles vão até à igreja e Morgana o manda ficar sentado no banco enquanto ela entra no confessionário, lá ela diz:
— Padre eu pequei.
— E qual foi o seu pecado? — pergunta Gabriel.
— Sentir ódio por me esconderem que tem a por… — Morgana respira fundo e diz — porcaria de um prisioneiro do inferno tentando fugir.
— Está falando do caso do livro que apreendeu? — pergunta Gabriel.
— Estou falando do relato do filho que eles nos esconderam, que veio até mim e disse que eles não são o que parecem, aliás, o pai dele está há anos testando a possessão como forma de libertar o senhor das sombras com o auxílio do próprio. — diz Morgana irritada pegando um cigarro.
— Não acenda essa porcaria dentro da minha igreja! — diz o padre.
Morgana o guarda e Gabriel diz:
— O senhor das sombras é só um conto das escrituras proibidas.
— Me mostra. — pede Morgana.
Eles saem do confessionário e Gabriel diz:
— Traga o garoto.
Eles seguem por um corredor e entram em uma sala cheia de padres, eles encaram os visitantes e um deles diz:
— Droga, quando ela aparece, temos problemas.
— Padre, não diga coisas feias. — diz Morgana sorrindo.
— Abram, precisamos consultar as escrituras. — diz Gabriel.
— E o rapaz? — pergunta um dos padres.
— Está comigo. — diz Morgana.
Eles abrem e enquanto descem uma escada, Gabriel pergunta:
— Qual sua idade rapaz?
— Tenho 22. — diz Miguel.
Ao chegar na sala secreta, Gabriel pega um livro muito grande na parede e coloca na mesa de pedra. Ao abrir o livro ele diz:
— Houve uma batalha que os homens não ouviram falar. Os anjos se uniram para derrubar um mal tão terrível, que nomeava a si mesmo como o senhor das sombras.
A página do livro mostra uma grande sombra com olhos vermelhos como sangue, quase cobrindo o sol e vários anjos lutando. Morgana então vê algo e pergunta:
— Por que tem anjos fugindo dele, nessa página aqui?
— Esse é um arcanjo, a sombra tentou usar seu sangue, pelo que parece, ele encontrou algo no sangue celestial. — diz Gabriel.
— Parece mais que queria matar. — diz Morgana encarando a imagem.
Eles terminam de olhar os livros e Morgana diz antes de sair:
— Arruma um quarto seguro para o garoto, preciso verificar algo.
— Sabe que só posso ajudar por uma noite não é? — pergunta Gabriel.
— É claro, como sempre. — diz Morgana saindo.
Morgana volta ao prédio onde ajudou Roberto, não há mais ninguém lá, as coisas sumiram e o lugar está como se há anos ninguém habitasse, ela anda por lá dizendo:
— Interessante, vamos ver o que você estava aprontando.
Ela usa um giz e desenha um círculo com algo no chão, então entra nele e recita algo em outra língua, o chão fica coberto por uma fumaça branca e uma mulher negra, com um belo black power, vestida com um casaco branco fechado e uma bota, aparece na lateral da sala perguntando:
— O que deseja agora?
— Bom te ver também. — diz Morgana acendendo um cigarro.
— Isso vai te matar. — diz a mulher.
— O que o senhor das sombras quer? — pergunta Morgana.
— Retiro o que eu disse, se está envolvida com ele, vai morrer bem antes da hora. — diz a mulher se aproximando do círculo.
— Me ajude a descobrir se tem vestígios dele aqui nesse apartamento, procuro por ecos de voz. — diz Morgana.
— Você aprendeu um círculo bem melhor, esse não te deixa perder anos de vida. — diz a mulher se sentando no chão.
— Você me disse que seria prudente aprender. — diz Morgana fazendo o mesmo.
Às duas unem as mãos abertas no limite do círculo, então a mulher diz:
— Cace.
Nesse momento uma fumaça sai da boca dela e seus olhos ficam totalmente brancos, às duas levantam as cabeças e Morgana abre os olhos e eles estão vermelhos na íris, a mulher percebe e volta dizendo:
— Você estava indo.
— Eu estou bem, aprendi a controlar. — diz Morgana.
— Isso é muito perigoso..., mas pode ser útil em um futuro próximo. — diz a mulher se levantando.
— Então encontrou? — pergunta Morgana se levantando enquanto coça os olhos.
— Sim, ele tentou sair aqui, mas outro entrou no receptáculo em seu lugar. — diz a mulher.
— Ele não conseguiu sair da prisão usando receptáculo então… isso nos dá algum tempo. — diz Morgana.
— Não muito. — diz a mulher.
— Castiel, quando é você que aparece alguém sempre morre, quem será? — pergunta Morgana.
— Alguém importante na igreja, dessa vez você pode salvá-lo se chegar a tempo. — diz Castiel sumindo.
— Merda, Gabriel. — diz Morgana correndo para fora do prédio.
Quando ela sai, está escuro. Morgana corre pelas ruas até encontrar um táxi e diz:
— Vá rápido para a igreja no centro, é uma emergência.
O homem obedece e quando estaciona, ela o dá uma nota e corre para fora dizendo:
— Fique com o troco.
Ela vê nuvens se movendo de forma estranha no céu, então entra e próximo aos dormitórios encontra Gabriel sendo enforcado por algo negro, ela usa uma corrente de ferro e o faz soltar o padre dizendo:
— Isso não é um demônio, água benta não vai espantar.
— Como soube? — pergunta Gabriel.
— Agora não, vá proteger o garoto. — diz Morgana fazendo faísca no chão com o ferro e recitando algo em gaélico.
A criatura então sai das sombras e se mostra dizendo na mesma língua:
— Conhece a língua dos druidas.
— O que fadas fazem trabalhando com demônios? Vocês são tão ruins quanto, mas não imagino o motivo. — diz Morgana.
— Ele está vindo, nós precisamos obedecer. — diz a criatura.
— Bruxas brancas não se envolvem com as sombras, então acho que acredito em partes. — diz Morgana.
— O grupo fada está ameaçado. — diz a criatura.
— O que o grupo da água diz? — pergunta Morgana.
— As sereias são espertas, se esconderam assim que ouviram. — diz a criatura.
— Preciso expulsar você, mas investigarei a situação de vocês, prometo — diz Morgana.
— Esperamos por você median. — diz a criatura ao levar um golpe do ferro que Morgana carrega.
— Median? — pergunta Miguel aparecendo.
— O que faz aqui? — pergunta Morgana o encarando.
— Soube que estava enfrentando algo e ouvi a criatura te chamar de Median. — diz Miguel curioso.
Gabriel chega cansado e se apoia nos joelhos para respirar, dizendo:
— Tentei segurar ele, mas não consegui.
— Tudo bem, sei que é teimoso. — diz Morgana.
— O que é median? — pergunta Miguel novamente.
— É a Morgana, ela foi escolhida para mediar a negociação de paz entre os mundos, as sombras ficam no seu canto e nós não as perseguimos, a não ser que saiam da linha. — diz Gabriel.
— Ela era uma bruxa da terra. — diz Morgana abaixada encarando o chão.
— Uma bruxa branca nos atacou? Mas isso é uma violação grave ao tratado. — diz Gabriel.
— Ela não teve escolha, parece que estão em perigo. — diz Morgana.
— O que faremos então? — pergunta Gabriel.
— Você cuidará de Miguel até que eu junte meu equipamento de novo, tem um feitiço no quarto dele, por isso ela não o encontrou. — diz Morgana se levantando.
— Só você mesmo para fazer rituais em solo sagrado. — diz Gabriel não tão surpreso.
— Sabe o que esperar de mim. — diz Morgana sorrindo.
— Obrigado por me ajudar. — diz Gabriel.
— Não precisa, eu vou levar o rapaz comigo quando juntar tudo, se ele ficar vocês ficarão em perigo. — diz Morgana.
— E para onde vão? — pergunta Gabriel.
— Floresta. — diz Morgana.
— Alguém me explica? — pergunta Miguel confuso.
— As bruxas têm grupos, nomeados como fadas, sereias, vulcão e Nevasca, elas trabalham os elementos, por isso seus nomes. — diz Morgana.
— E chamam elas de bruxas brancas porquê? = pergunta Miguel curioso.
— Porque elas não costumam machucar ninguém, normalmente são tranquilas e boas curandeiras, mas as outras bruxas… essas você não vai querer conhecer. — diz Morgana.
— As outras lideram cultos obscuros e outras coisas. — diz Gabriel.
— Entendi. — diz Miguel absorvendo as informações.
— Vá para seu quarto, arrume suas coisas e fique pronto, volto logo para te buscar. — diz Morgana indo para a saída.