Capítulo 2
CICATRIZES DE ESPERANÇA DE CORAÇÃO QUEBRADO 2
Capítulo 2: A Tentação do Desespero
Na manhã seguinte, Emma acordou com o mesmo peso no peito. A rotina diária lhe deixava um pouco de descanso, mas ela sabia que cada dia trazia uma nova provação a superar. Ela se levantou antes do amanhecer, como sempre, para preparar o café da manhã para as crianças antes de elas saírem para a escola. Vincent ainda estava dormindo e ela esperava que ele acordasse sem incidentes. Mas hoje, uma ansiedade surda se misturou ao cansaço. Ela tinha uma entrevista à tarde, uma rara chance de encontrar um emprego. Um trabalho que ela precisava desesperadamente.
Observando Mathis e Léa comerem seus cereais, ela tentou se concentrar no bem-estar deles. Eles eram tudo para ela. Apesar das tensões em casa, ela conseguiu mantê-los longe das discussões mais violentas. Mas quanto tempo ela poderia durar antes que tudo escapasse ao seu controle? Esse pensamento a assombrava.
"Mãe, você vem nos buscar depois da escola?" » perguntou Léa, erguendo os olhos brilhantes para ela.
Emma sorri suavemente, embora seu coração esteja pesado. “Não, hoje não, querido. Tenho uma reunião importante esta tarde. Mas vejo você logo depois. »
Léa assentiu, visivelmente decepcionada, mas sem insistir. Emma odiava aqueles momentos em que tinha que ficar longe dos filhos, mesmo por motivos válidos. Eles eram o seu conforto, a sua âncora no tumulto da sua vida.
Depois que as crianças foram embora, ela se viu sozinha no silêncio pesado da casa. Vincent havia se levantado, mas permaneceu no quarto. Ela o ouviu se arrumando, o som do chuveiro, objetos sendo movimentados pelo quarto. Ela respirou fundo, tentando acalmar a ansiedade que crescia dentro dela. Cada interação com Vincent era como pisar em ovos, e hoje ela não tinha forças para enfrentar outro confronto. Ela tinha que se concentrar na próxima entrevista.
Ela acaba sentada na sala, com o celular na mão, olhando para a tela sem realmente vê-la. A entrevista de hoje lhe foi recomendada por uma amiga, Sarah, que trabalhava em uma respeitável empresa da cidade. O cargo era o de auxiliar administrativo. Não era um emprego dos sonhos, mas foi um salva-vidas. Finalmente, um rendimento estável e a possibilidade de escapar à dependência financeira de Vincent. Se ela conseguisse esse emprego, talvez as coisas mudassem. Talvez ela pudesse imaginar um futuro onde não precisasse mais dele.
Mas Emma sabia que nada era simples. Vincent nunca a deixaria ir tão facilmente. Ele controlava tudo, principalmente o dinheiro. E foi aí que os problemas começaram. Como havia perdido o emprego, ele não suportava mais a ideia de que ela pudesse ser a única pessoa a sustentar a família. Isso o estava corroendo. Seu orgulho sofreu e ele fez Emma pagar o preço.
Ele entrou na sala sem avisar, tirando-a abruptamente de seus pensamentos.
“Então, você encontrou outro trabalho paralelo?” » ele perguntou sarcasticamente, como se já estivesse zombando dos esforços dela antes mesmo de saber o resultado.
Ela assentiu, evitando o olhar dele. “Tenho uma entrevista esta tarde. »
“Para que serve desta vez? Empregada doméstica? Garçonete? »
Emma sentiu a raiva crescendo dentro dela, mas ela imediatamente a suprimiu. Qualquer resposta dele corria o risco de iniciar uma nova discussão. "Auxiliar Administrativo. »
Vincent zombou. “Assistente administrativo… Você realmente acha que eles vão te levar? »
Ela permaneceu em silêncio, sabendo que responder só pioraria as coisas. Mas suas palavras já a machucaram. Ela sempre fez o melhor pela família, mas ele a desprezava por cada esforço que ela fazia.
Vincent aproximou-se, os olhos fixos nela com uma intensidade perturbadora. “Quer saber, Emma? Eu tenho uma ideia. Se você realmente deseja conseguir esse emprego, talvez devesse oferecer ao seu chefe algo mais... especial. As mulheres sabem como conseguir o que desejam quando trabalham. »
Emma olhou para ele, atordoada. Ele não estava falando sério, estava? Mas seu sorriso disse a ela que ele não estava brincando. Seu estômago se revirou de desgosto. Ela nunca teria acreditado que ele pudesse ir tão longe em seu desprezo.
“Você está doente, Vincent”, ela sussurrou, com a voz trêmula.
“Eu sou realista. »Ele encolheu os ombros, como se a conversa não o preocupasse realmente. “Se você realmente quer ganhar dinheiro, faça certo. »
Emma sentiu as lágrimas brotando, mas piscou para contê-las. Ela não lhe daria essa satisfação. Sem mais palavras, ela se levantou e saiu do quarto, refugiando-se no banheiro. Ela fechou a porta e caiu no chão de ladrilhos, lutando para não entrar em pânico. Esta sugestão indecente, esta forma como Vincent agora a olhava, como um objeto a ser explorado, foi destruindo-a pouco a pouco.
A entrevista da tarde já não era mais uma prioridade em sua mente. Ela só conseguia pensar em como se sentia presa, em como não tinha mais controle sobre sua própria vida.
À tarde, apesar de tudo, Emma apareceu para a entrevista. A empresa era respeitável, os escritórios eram impecáveis, mas algo na atmosfera a deixava nervosa. Ela agarrou as alças da bolsa, respirando fundo antes de entrar no escritório do CEO, Monsieur Leroux.
O homem, na casa dos cinquenta anos, cumprimentou-a com um sorriso educado. O início da entrevista correu bem. Ele pareceu impressionado com a experiência dela, mesmo que não fosse extensa, e Emma começou a relaxar, acreditando que talvez as coisas pudessem finalmente mudar.
Mas à medida que a entrevista chegava ao fim, Leroux mudou de tom. Seu olhar tornou-se mais insistente, quase predatório, e ele se inclinou ligeiramente em direção a ela.
“Você realmente precisa deste trabalho, não é, Emma?” ele perguntou, com um brilho em seus olhos que ela não gostou nem um pouco.
Ela assentiu desconfortavelmente. “Sim, eu preciso disso. »
Ele deixou que um longo silêncio se instalasse, como se estivesse pesando suas palavras. “Bem, acho que há algo que você poderia fazer para garantir seu lugar aqui. »
O coração de Emma parou por um momento. " O que você quer dizer ? »
“Digamos apenas que existem maneiras de acelerar o processo de contratação. Eu poderia lhe oferecer muito mais do que esta posição. »Ele puxou um talão de cheques e rapidamente rabiscou algo nele antes de deslizar o papel para ela. Emma leu a quantia e sentiu a respiração presa. 50.000 euros.
Ela permaneceu congelada, sem saber como reagir. “Eu... eu não entendo. »
Monsieur Leroux sorriu, mas foi um sorriso que não deixou dúvidas. “Uma noite, Emma. Apenas uma noite. E esse dinheiro é seu. »
O mundo parecia desabar ao seu redor. Ela recuou instintivamente, como se o ar da sala tivesse subitamente ficado mais rarefeito. Isso foi exatamente o que Vincent insinuou esta manhã, e agora era real, ali, na frente dela, essa proposta abjeta. Emma respirou fundo, o desgosto dominando-a.
“Não,” ela sussurrou, levantando-se rapidamente. “Não, eu não posso fazer isso. »