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Capítulo V

Ana

No dia seguinte tomamos café da manhã juntas. Elisa e eu estávamos mais próximas,

e ainda discutimos sobre a noite anterior e o problema com as meninas. Beto estava do outro lado do refeitório e conversava animado com os meninos que integravam a sua banda, e quando nos viu sentadas, caminhou em nossa direção.

-Meninas, os meninos da banda e eu decidimos tocar amanhã aqui no refeitório. Pedimos para a Sra. Clarice para incluir nossa apresentação na programação de amanhã. O que acham?

-Nossa, que incrível! Queria mesmo te ver tocar – disse Elisa, com grande entusiasmo.

-Que ótimo. Mas quem vai cantar? O Pedro não veio. – perguntei.

-A Elisa me disse ontem que gosta de cantar. Pensei que... – disse ele olhando para ela.

-Eu?! – ela respondeu surpresa. – Eu nunca cantei na frente das pessoas antes... Não vai dar.

-Ah Elisa, por favor, só podemos contar com você – ele segurou a mão dela, implorando.

-Tudo bem. Mas se eu ficar nervosa e for um desastre, não me culpem.

Beto assentiu.

-Desejo boa sorte para vocês. Espero que dê tudo certo. – falei.

-Elisa, vamos ensaiar hoje à tarde na sala de jogos.

-Tá bom, encontro vocês lá.

-Quer vir nos assistir Alice? Seria ótimo alguém para avaliar nosso desempenho.

Sorri por saber que ele estava preocupado comigo, achando que eu me sentiria excluída.

-Não, tudo bem. Vou passar a tarde com Ana hoje, combinamos de conversar - respondi.

Nesse momento notei um olhar assustado de Elisa para mim, como se analisando o que eu havia acabado de dizer. Será que ela odiava tanto a irmã a ponto de se chatear por eu estar conversando com ela? Pensei. Mas por quê? Por que elas eram tão distantes? E por que tinham esse comportamento estranho ao falar uma da outra? T odas essas indagações seriam resolvidas quando Ana me contasse a longa história que me prometera.

• • •

Quando saímos do refeitório após o café da manhã, fora anunciada a gincana no lago, uma corrida de caiaques, e todos os alunos eram incentivados a participar . Beto me chamou para conversar.

-Você e Elisa são amigas agora?

-Não sei se amigas seria a melhor definição. Estamos nos conhecendo. Por quê?

-Eu realmente gosto dela. E seria ótimo se você também gostasse. É a minha melhor amiga, não queria me envolver com alguém que você não gostasse.

Então ele já estava mesmo cogitando algo mais sério com ela, instintivamente tentei evitar pensar no assunto.

-Você tem a minha benção. – falei com um sorriso. – Ela é legal.

-Acho que irei com ela na corrida de caiaques, você se importa? Todo ano vamos juntos.

-Claro que não. Não tenho cinco anos.

-Tudo bem, então nos vemos lá.

Beto me abraçou e saiu depressa, procurando por Elisa. Fiquei observando-o sair , pensando em tudo que havia me dito. Os pensamentos não duraram muito tempo, me surpreendi com uma cena um tanto estranha, Elisa entregava para Ana um pequeno papel azul, e essa resmungava alguma coisa, furiosa, a cena foi desfeita quando Beto chegou convidando-a para ir ao lago se preparar para a corrida.

Fui ao encontro de Ana que estava em um dos bancos próximos ao lago, e ela escondeu o papel azul depressa quando notou que eu me aproximava.

-E aí, vai participar? - perguntei, ainda prestando atenção em seu rápido movimento ao colocar o papel no bolso.

-Ouvi dizer que não tenho escolha, não é?! - disse ela, sorrindo.

-É, praticamente isso. Eles insistem. – concordei.

-E você e a minha irmã? São amigas agora?

-Não diria amigas, mas gosto dela. Ela é legal.

-Não pensaria assim se fosse você.

Olhei aturdida para ela, e lembrei-me da história que prometera me contar.

-Combinamos que você me contaria a longa história hoje.

-Não é nada demais – respondeu cabisbaixa.

-Tem certeza?

-T enho – disse Ana, olhando para Elisa que estava ao lado do Beto, próxima ao lago. Seus olhos a observavam com notável desprezo.

-É uma loucura duas irmãs se odiarem dessa forma - falei tentando fazê-la contar alguma coisa.

-A Elisa é o ser humano mais desprezível e manipulador que já conheci. Mas por favor , não comente nada de nossas conversas com ela. Me prometa. - Ana pedia impaciente.

-Prometo. – respondi confusa.

Ana olhava agora para o horizonte, sua mente distante, vagando em um turbilhão de pensamentos, quando a interrompi.

-Quer participar da corrida comigo?

-É claro. – respondeu contente, tentando disfarçar seu último devaneio.

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