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Capítulo 5 - Príncipe Florian

— Alteza, você está bem? — perguntou Hos notando meu silêncio a caminho do castelo.

— Não, eu não estou bem! Depois de todos esses meses tentando esquecê-la para seguir em frente, descubro que ela está sofrendo e que nem sabe quem é por não aceitar como morreu. Como vou estar bem, Hos? Não sei o que fazer. Faltam apenas duas semanas para meu casamento com a princesa Tiane. Como vou me casar depois de saber disso tudo? Eu amo muito a Branca de Neve, não conseguiria viver sabendo do seu sofrimento. Hos, o que eu faço? — perguntei desesperado ao passarmos pelo portão do castelo e só de saber que o fantasma era a Branca, meu coração disparou.

No entanto, ela estava horripilante, às vezes aparecia como vulto branco, em outras mais escuro. Dava muito medo.

— Alteza, você já me disse muitas vezes que o vulto é assustador, mas que faz dias que não vê, se você voltar a vê-lo, terá que ser muito forte para tentar conversar com ela. Como a bruxa disse, ela precisa saber quem é. Então, meu amigo, vai ter que ser corajoso. — disse ao descermos da carruagem, mas só de pensar que se trava de um fantasma ficava apavorado. Como enfrentaria esse medo?

— Sei que tenho que ser corajoso, difícil vai ser controlar o medo. — falei cabisbaixo.

— Se você a ama como sempre disse, talvez esse amor te dê coragem, afinal, é de sua amada que estamos falando. — Acompanhou-me até o quarto.

— Você tem toda razão, talvez o amor me dê coragem. Hos, obrigado por me levar até a bruxa, vou tentar descansar um pouco. Depois de tudo que ouvi, preciso muito ficar sozinho. — Falei entrando em meu quarto.

— Claro Alteza, descanse. Vou cuidar dos cavalos. — disse indo embora, me deixando de pernas bambas e com um frio na barriga. Com uma sensação de que não estava sozinho.

Deitei-me na cama com a cabeça a mil. Nunca acreditei em fantasma e agora descubro que minha amada virou um. O que vou fazer? Tenho que me casar com Tiane, mas não posso deixar a Branca assim. Estou tão assustado, é tudo tão horrível para mim, jamais imaginei passar por um problema como esse. Pensei enquanto tentava descansar.

De repente, alguém bateu na porta me fazendo dar um pulo da cama, assustado, me aproximei para abri-la já imaginando o susto que eu levaria se não tivesse ninguém ali.

— Florian, sou eu, a Tiane, preciso falar com você. — Quando ouvi quem era fiquei aliviado e abri a porta.

— Pode entrar, do que precisa? — mostrei o sofá que tinha no quarto para ela.

— Florian, meus pais chegam amanhã, gostaria muito que estivesse aqui para recebê-los e também para levá-los para conhecer o reino. Além disso, temos um alfaiate para irmos, lembra?

— Fica tranquila, estarei aqui para receber seus pais. Também não me esqueci do alfaiate. — Quando terminei de falar, vi um vulto muito escuro parado na porta do quarto olhando para Tiane, quando imaginei que entraria levantei-me correndo da cama no mesmo momento em que o vulto entrou, puxei a Tiane pelo braço, dizendo a ela que estava com dor de barriga, falei que estava tudo combinado e a empurrei para fora do quarto.

Claro que ela ficou confusa e estranhou minha atitude, mas saiu dizendo que pediria para a cozinheira trazer um chã para cólica e finalmente foi embora.

Tranquei a porta correndo com o vulto parado no meio do quarto, eu estava apavorado, mas precisava resolver isso. Sem deixar que o medo me dominasse, toda vez que o vulto vinha para cima de mim, eu desviava.

— Branca, minha querida Branca, podemos conversar? — perguntei olhando fixo para o vulto, que ficou feito estátua me olhando. De repente, de preto ficou branco e parecia mais calmo. — Você é minha doce e amada Branca? — questionei me aproximando daquela luz que chegava a cegar meus olhos.

No entanto, ela não disse uma só palavra e devagarinho foi se afastando de mim.

— Não precisa fugir, jurei amor eterno por ti, nem um mal irei te fazer.

Realmente, o amor que sentia por ela me deu coragem, não estava com medo, pelo contrário, meu sonho ainda era me casar com ela. Mais uma vez ela não disse nada, apenas me olhava com atenção.

Sem medo, tentei chegar perto dela, dessa vez não recuou para trás, aproveitei que estava tão perto e tentei passar minha mão em seu rosto que mal eu conseguia ver por causa da luminosidade e nesse momento ela deu um grito de susto e desapareceu me deixando muito frustrado.

— Florian, posso entrar? Trouxe seu chá. — Disse Tiane, batendo na porta, me fazendo voltar para a realidade. — Meu Deus! Que carinha é essa? — perguntou assim que me viu. — Florian, você está chorando de dor? — limpou minhas lágrimas com o dedo. Eu nem tinha notado que estava chorando.

— Sim, estou com muita dor. — Menti, pois não sabia o que dizer a ela.

— Vou colocar seu chá na mesinha. — Virou-se para colocar a xicara sobre a mesa.

Nesse instante vi o vulto escuro atrás dela, e sem dar tempo de fazer algo, o vulto a empurrou por cima da mesa, que virou com o impacto, fazendo o chá derramar e cair em sua mão.

— Meu Deus, Tiane! Você está bem? Sou tão desastrado me enrosquei no pé da cama e acabei te empurrando sem querer. Venha, vou te ajudar. — Me desculpei na hora, afinal, ela iria pensar que fui eu que a empurrei.

— Eu estou bem, você precisa tomar mais cuidado, Florian. Uma hora vai acabar me machucando de verdade. — disse se ajeitando e esfregando a mão que estava vermelha.

— Você tem toda razão, me desculpe. Vou tomar mais cuidado, prometo. Vamos lavar essa mão. — A conduzi pelo quarto até estarmos no corredor de acesso ao banheiro.

Nunca imaginei que o vulto conseguiria empurrar alguém. Precisava resolver isso o mais rápido possível, antes que algo muito ruim pudesse acontecer, causando danos muito maiores.

Alguns dias se passaram e os preparativos para o casamento estavam a todo vapor. Tiane estava muito animada e seus pais também, afinal faltava apenas uma semana para o casamento.

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