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Noiva?

Eu falei um pouco mais alto do que eu deveria, e ele seriamente me respondeu.

_ Sim. Eu e Vivian terminamos faz dois meses e ela estava viajando para outra parte do mundo, e eu também. Então a mentira que nós dois contaremos será plausível.

_ Tudo bem, você está pagando.

_ Ótimo, eu preciso que você apenas concorde com tudo o que eu disser e saiba evitar responder perguntas, eu as responderei.

_ Claro, você tem fotos da sua noiva?

_ Apenas as do site.

Ele sorriu de maneira provocante. Ele se referia às minhas fotos do site da Red Angel, fotos em que usava uma máscara veneziana nos olhos. Onde em 90% das fotos eu estava nua. Estranhamente, um calor me percorreu o corpo se concentrando em lugares indevidos. Mas eu decidi entrar no jogo.

_ Bom saber que você escolheu sua atual noiva se baseando naquelas fotos.

_ Na verdade, não foi pelas fotos, foi por sua descrição no perfil. E depois conversando com a Mary, ela me disse que você está na faculdade. E que, ao contrário das outras que ali estão, você busca um futuro fora de tudo isto.

Ele me deixou sem graça, mas fiz de tudo para não demonstrar o que ele me causou. Ele calmamente continuou falando.

_ Não me entenda mal, Karen. Eu gostei muito do que eu vi nas fotos. E confesso que eu pensei muito no que vi. Mas não sou o tipo de apenas sexo, não me leve a mal.

_ Tudo bem. Bom de ce certa forma, acho fofo o seu esforço para, de alguma forma reconquistar sua amada.

Ele apenas sorriu, mas não disse mais nada, e nas horas seguintes de voo ele não tocou mais no assunto do contrato ou sua relação. Falamos de tudo um pouco e encontramos muitas afinidades e o voo foi tranquilo.

Quando o avião pousou, ele se virou para mim e puxou uma caixa de dentro de sua pequena mala.

_ Precisamos contar bem esta mentira...

Ele abre a caixa e duas alianças brilharam diante dos meus olhos. Ele pegou o solitário e deslizou em meu dedo. Ele mesmo pegou a outra aliança e deslizou em seu dedo.

_ Parece que estamos noivos, querido.

Ele sorriu e me ajudou a levantar da poltrona.

_ Aqui começa nossa história, querida.

Ao entrar no carro que estava a nossa espera na pista, ele voltou a sua atenção para mim.

_ Karen, você pode me dizer o seu nome real?

_ Este é o meu nome real. A Mary deve ter enviado todos os meus documentos para você, incluindo todos os exames...

_ Sim, claro, ela enviou, mas foi tudo para a minha secretária. Os exames são sempre enviados para os clientes?

_ Isto faz parte da exigência da Mary, provar para todos os clientes que nos contratam a longo prazo, que somos saudáveis. E que usamos algum método anticoncepcional. Caso queiram...

_ Entendi, caso queiram transar sem camisinha. E do cliente é exigido mesmo. Então, suponho que a Mary te mostrou os meus exames.

A sua voz era calma enquanto ele direcionava o seu olhar para mim. O simples fato dele estar falando de sexo comigo já me deixava estranhamente nervosa.

_ Na verdade, ela mandou tudo para o meu e-mail. Eu não conferi seus exames, pois ela disse que você não queria sexo...

_ E eu não quero fazer sexo com você!

Ele respondeu friamente, uma ponta de orgulho ferido me fez esquentar por completo. Mas desta vez de raiva.

_ Eu também não quero fazer sexo com você.

_ Ótimo, estamos entendidos. _ ele respondeu sem alguma alteração.

O telefone dele tocou e nos tirou daquele clima pesado e desconfortável. Eu tentei não prestar atenção na sua conversa. Eu respirei fundo e me concentrei na paisagem de Portofino.

Meu telefone começou a tocar insistentemente. E eu não consegui desligar. Levantei o meu olhar para Dante e ele olhou meu celular com certo ar de reprovação. Enfim, consegui desligar a chamada.

Ele seguiu falando por alguns segundos e depois desligou. Ele pegou uma grande caixa que estava entre nós e me entregou.

_ Isto é para você. E seu telefone deve permanecer apenas no modo vibração. Atenda, apenas se for algo de urgência. Espero que não atenda os seus clientes enquanto estiver comigo.

As minhas mãos trêmulas abriram a caixa, enquanto o amargo descia na minha garganta. Eu já tinha sofrido algumas humilhações maiores durante o tempo que eu fazia aquele trabalho, mas algo nele me deixava extremamente sensível as suas acusações e julgamentos velados.

O que está acontecendo? Ele consegue me deixar sem jeito e extremamente irritada. Poucas horas juntos, e ele já estava me deixando desconfortável, mas do que qualquer outra pessoa já foi capaz. _Pensei.

Fiquei um tempo olhando o celular de última geração dentro da caixa. Provavelmente eu deveria devolver no final do contrato. Parecendo ler os meus pensamentos, ele falou.

_ Considere um presente meu. Por você ter aceitado o meu contrato.

_ Desculpe, Dante, eu não posso aceitar.

_ Não gosto de ser contrariado, Karen. Além do mais, não estamos quebrando nenhuma das regras por nós estabelecidas. E você, como minha noiva, não pode usar qualquer telefone barato na frente dos meus investidores e clientes.

Eu respirei fundo novamente e tentei me acalmar. Este homem me enlouqueceria em uma semana ao seu lado. Parecia impossível isto não acontecer.

_ Tudo bem, obrigada, Dante.

Ele apenas sorriu, convencido.

Quando eu terminei de transferir os meus dados para o telefone, o carro parou na frente do hotel "A Belmond." Antes que eu pudesse organizar as minhas coisas da bolsa para sair, ele já tinha saído e estava abrindo a porta para mim.

A sua mão segurou a minha e me guiou porta adentro. Fomos recepcionados e nos levaram para a Suíte Dolce Vita. 

Eu tentava prestar atenção em tudo a minha volta, no estilo antigo, mas luxuoso do hotel cinco estrelas. Mas o toque da pele quente de Dante na minha mão estava me causando arrepios. Entre uma conversa dele com o recepcionista, percebi seu olhar percorrendo o meu corpo. Quando finalmente estávamos sozinhos, eu me via sem graça, um pouco perdida. Eu observava a cama King size coberta os Lençóis brancos, eu jamais tinha dormido em algo do gênero.

_ Gostou da nossa cama?

A sua proximidade me fez dar um passo para trás e seu olhar se estreitou enquanto ele sorria e me observava.

_ Eu...eu pensei que teria duas camas. A suíte é enorme, tem outros cômodos e não tem outra cama.

Ele se aproximou lentamente, mas desta vez não me afastei e nem desviei o meu olhar do seu.

_ Somos noivos, não podemos dormir separados, mesmo que dentro deste quarto seja somente nós dois. Mesmo assim, seria fácil descobrir que você estaria dormindo em outra cama...

_ Bom, eu vi que existe um grande sofá no cômodo ao lado, posso dormir ali.

_ Eu te disse que não passaremos dos beijos e em público...

Claro. No contrato, ele tinha deixado claro que eu deveria ser carinhosa e aceitar seus carinhos publicamente. E eu já temia por isto. Eu me lembrava de cada linha do contrato.

Meu coração parecia descontrolado quando ele se aproximava ainda mais. Ele alisou o meu rosto e seu olhar desceu para os meus lábios.

_ Deveríamos fazer o teste, temos que ser credíveis.

Ele se aproximava e eu me perdia em seu olhar. Seus lábios deslizaram lentamente em minha bochecha e ele sorriu, se afastando.

_ Respira, Karen. Você quase me convenceu que realmente estava ansiosa por um beijo meu.

Cretino provocador! _ Pensei comigo. 

Eu apertei as minhas unhas na palma da mão e tentei disfarçar.

_ Temos que ser credíveis, palavras suas.

Ele sorriu amplamente.

_ Gosto disto!

_ Bom, eu vou arrumar as minhas coisas no armário, se você assim me permitir.

_ Eu tenho uma proposta melhor. Vou chamar a recepção e eles enviarão alguém para organizar tudo. Basta deixarmos as malas do lado que preferimos do closet. E descemos para o restaurante do hotel. Quero muito falar com você e obviamente te exibir, querida noiva.

_ Tudo bem, você é quem manda.

Os olhos deles se estreitam, e ele sorriu.

_ Palavras perigosas estas. Mas enfim, tomamos um banho e saímos daqui trinta minutos, tudo bem?

_ Tudo bem, perfeito para mim, eu vou separar o que preciso agora, enquanto você usa o banheiro.

_ Perfeito. Karen, eu quero te dizer, beba e coma o que quiser a qualquer momento. Se não encontrar no frigobar ou na pequena cozinha do quarto, ordene para que a recepção te satisfaça. Não quero que fique me esperando para pedir algo para você. Se sentir vontade de algo, apenas ordene. Você é a minha noiva, lembre-se disto. Quero você saciada e satisfeita. Entendido?

Ele realmente parecia ter optado por seguir me provocando. Mas eu não revidaria.

_ Sim, obrigada.

Ele sorriu e caminhou com a sua mala de mão para o grande banheiro. Quando ele fechou a porta, eu decidi sair para o terraço.

A vista para o mar era extremamente magnífica. Eu tinha que ligar para o Gabriel, peguei meu celular e disquei o número do colégio. Neste momento, agradeci por estar usando um chip Internacional.

Aguardei ansiosa enquanto o telefone tocava. Após ser atendida, transferiram a chamada para o quarto do Gabriel. E logo a voz doce e familiar me respondeu.

_Karen....

_ Oi, Gabriel, meu amor, que saudades.

_ Karen, que bom que você ligou, eu sei que você está viajando, mas estou com muita saudade.

Eu senti o meu coração apertar, imaginando o quanto era difícil para um garoto de dez anos ficar longe da sua única família. Perdemos o papai em acidente quando o Gabriel tinha apenas quatro anos. E já fazia dois anos que perdemos a mamãe para uma doença fatal. Foi aí que eu assumi todas as responsabilidades. E, no início, consegui manter a casa e nossos estudos. Mas as contas foram aumentando, me deixando desesperada ao ponto de assumir a vida obscura que eu levava.

Eu fiz poucos programas, mas desde o primeiro sempre desejei sair desta vida. Para o Gabriel eu dizia trabalhar como aeromoça de companhias particulares. E isto funcionava. Afinal eu tinha trabalhado com isto no passado.

Ao menos o contrato com Dante, me permitiria sair da Red Angel e eu poderia ir visitá-lo com mais frequência.

E depois conseguir manter ele em casa comigo, pagando alguém para ajudar a cuidar dele.

_ Sinto muito, querido, eu também estou morrendo de saudades, prometo que vou ligar mais vezes e logo estarei de volta.

_ Eu estou indo muito bem, minhas notas são boas. Eu quero muito te ver, Karen. Podemos fazer uma chamada de vídeo com o Skype qualquer dia desses?

_ Vamos nos organizar. Sim, estou muito orgulhosa de você. Isto que estamos vivendo é uma fase, se concentre nisto. Eu te amo muito, nunca se esqueça disto.

_ Eu também te amo, Karen.

Eu falei um pouco mais com o Gabriel. Minutos depois, eu desliguei o telefone e quando voltei para dentro, percebi que a porta estava entre aberta.

Eu tinha certeza de que a tinha deixado aberta antes de ir para o terraço. Eu caminhei lentamente, a porta do quarto estava aberta. Dante estava enrolado na toalha, jogado na cama, mexendo em seu celular.

E eu me peguei pensando se ele tinha ouvido toda a minha conversa.

Ele levantou seu olhar e me disse.

_ Você tem vinte minutos.

A sua voz era fria, e ele voltou novamente seu olhar para o celular. Eu tentei fingir que não estava babando no seu corpo perfeito. E muito menos que estava desconfiada que ele tenha ouvido minha conversa com o Gabriel.

_ Tudo bem, estarei pronta.

Eu corri contra o tempo, agarrei a minha mala de mão com as coisas que eu tinha deixado separado. Escolho o vestido e deixei em cima do sofá onde eu dormiria. Fui para o banheiro, tomei banho, fiz maquiagem e sai de lá vestindo o roupão do hotel.

Passando pelo quarto, tive uma visão do corpo definido de Dante dentro de uma calça social. Ele estava vestindo uma camisa, seu olhar encontrou o meu através do reflexo do espelho e ele revelou um sorriso em seus lábios provocantes.

Ele estava se achando. Convencido!  _Pensei.

Eu me fingi de desentendida e segui para o outro cômodo. Eu me vesti e me dei por satisfeita com o meu reflexo no espelho. Quando retornei para o quarto, ele estava terminando de virar uma taça de vinho. Ele me analisou calmamente, disse.

_ Venha até aqui.

Mesmo irritada com o seu tom, eu obedeci, pois eu tinha assinado o contrato.

Eu dei passos lentos, com meu coração acelerado, seus olhos estavam calmos, me olhando. Ele me analisava de cima abaixo. Ele não disse uma palavra, ele foi até a sua mala e voltou se aproximando de mim. Percebi que ele tinha algo nas mãos, mas não tive tempo de identificar o que era, pois ele tirou a minha atenção falando comigo.

_ Vire-se de costas.

Eu queria discutir, rebater. Mas manter um contato visual com ele era ainda mais difícil. Obedeci, me virando e percebi que eu estava na frente do espelho, onde antes trocamos olhares.

Ele se aproximou e seus dedos alisaram lentamente os meus cabelos, colocando-os de lado sobre o meu ombro. Só então vi o colar delicado em suas mãos deslizando para o meu pescoço. Ele alisou o lateral do meu pescoço enquanto fechava a peça. Seus dedos roçando na minha pele, me causaram um arrepio involuntário. Que a àquela altura, seria impossível disfarçar.

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