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Dante Montallegro

Ao entrar no carro que estava a nossa espera na pista, ele voltou a sua atenção para mim.

_ Karen, você pode me dizer o seu nome real?

_ Este é o meu nome real. A Mary deve ter enviado todos os meus documentos para você, incluindo todos os exames...

_ Sim, claro, ela enviou, mas foi tudo para a minha secretária. Os exames são sempre enviados para os clientes?

_ Isto faz parte da exigência da Mary, provar para todos os clientes que nos contratam a longo prazo, que somos saudáveis. E que usamos algum método anticoncepcional. Caso queiram...

_ Entendi, caso queiram transar sem camisinha. E do cliente é exigido mesmo. Então, suponho que a Mary te mostrou os meus exames.

A sua voz era calma enquanto ele direcionava o seu olhar para mim. O simples fato dele estar falando de sexo comigo já me deixava estranhamente nervosa.

_ Na verdade, ela mandou tudo para o meu e-mail. Eu não conferi seus exames, pois ela disse que você não queria sexo...

_ E eu não quero fazer sexo com você!

Ele respondeu friamente, uma ponta de orgulho ferido me fez esquentar por completo. Mas desta vez de raiva.

_ Eu também não quero fazer sexo com você.

_ Ótimo, estamos entendidos. _ ele respondeu sem alguma alteração.

O telefone dele tocou e nos tirou daquele clima pesado e desconfortável. Eu tentei não prestar atenção na sua conversa. Eu respirei fundo e me concentrei na paisagem de Portofino.

Meu telefone começou a tocar insistentemente. E eu não consegui desligar. Levantei o meu olhar para Dante e ele olhou meu celular com certo ar de reprovação. Enfim, consegui desligar a chamada.

Ele seguiu falando por alguns segundos e depois desligou. Ele pegou uma grande caixa que estava entre nós e me entregou.

_ Isto é para você. E seu telefone deve permanecer apenas no modo vibração. Atenda, apenas se for algo de urgência. Espero que não atenda os seus clientes enquanto estiver comigo.

As minhas mãos trêmulas abriram a caixa, enquanto o amargo descia na minha garganta. Eu já tinha sofrido algumas humilhações maiores durante o tempo que eu fazia aquele trabalho, mas algo nele me deixava extremamente sensível as suas acusações e julgamentos velados.

O que está acontecendo? Ele consegue me deixar sem jeito e extremamente irritada. Poucas horas juntos, e ele já estava me deixando desconfortável, mas do que qualquer outra pessoa já foi capaz. _Pensei.

Fiquei um tempo olhando o celular de última geração dentro da caixa. Provavelmente eu deveria devolver no final do contrato. Parecendo ler os meus pensamentos, ele falou.

_ Considere um presente meu. Por você ter aceitado o meu contrato.

_ Desculpe, Dante, eu não posso aceitar.

_ Não gosto de ser contrariado, Karen. Além do mais, não estamos quebrando nenhuma das regras por nós estabelecidas. E você, como minha noiva, não pode usar qualquer telefone barato na frente dos meus investidores e clientes.

Eu respirei fundo novamente e tentei me acalmar. Este homem me enlouqueceria em uma semana ao seu lado. Parecia impossível isto não acontecer.

_ Tudo bem, obrigada, Dante.

Ele apenas sorriu, convencido.

Quando eu terminei de transferir os meus dados para o telefone, o carro parou na frente do hotel "A Belmond." Antes que eu pudesse organizar as minhas coisas da bolsa para sair, ele já tinha saído e estava abrindo a porta para mim.

A sua mão segurou a minha e me guiou porta adentro. Fomos recepcionados e nos levaram para a Suíte Dolce Vita.

Eu tentava prestar atenção em tudo a minha volta, no estilo antigo, mas luxuoso do hotel cinco estrelas. Mas o toque da pele quente de Dante na minha mão estava me causando arrepios. Entre uma conversa dele com o recepcionista, percebi seu olhar percorrendo o meu corpo. Quando finalmente estávamos sozinhos, eu me via sem graça, um pouco perdida. Eu observava a cama King size coberta os Lençóis brancos, eu jamais tinha dormido em algo do gênero.

_ Gostou da nossa cama?

A sua proximidade me fez dar um passo para trás e seu olhar se estreitou enquanto ele sorria e me observava.

_ Eu...eu pensei que teria duas camas. A suíte é enorme, tem outros cômodos e não tem outra cama.

Ele se aproximou lentamente, mas desta vez não me afastei e nem desviei o meu olhar do seu.

_ Somos noivos, não podemos dormir separados, mesmo que dentro deste quarto seja somente nós dois. Mesmo assim, seria fácil descobrir que você estaria dormindo em outra cama...

_ Bom, eu vi que existe um grande sofá no cômodo ao lado, posso dormir ali.

_ Eu te disse que não passaremos dos beijos e em público...

Claro. No contrato, ele tinha deixado claro que eu deveria ser carinhosa e aceitar seus carinhos publicamente. E eu já temia por isto. Eu me lembrava de cada linha do contrato.

Meu coração parecia descontrolado quando ele se aproximava ainda mais. Ele alisou o meu rosto e seu olhar desceu para os meus lábios.

_ Deveríamos fazer o teste, temos que ser credíveis.

Ele se aproximava e eu me perdia em seu olhar. Seus lábios deslizaram lentamente em minha bochecha e ele sorriu, se afastando.

_ Respira, Karen. Você quase me convenceu que realmente estava ansiosa por um beijo meu.

Cretino provocador! _ Pensei comigo.

Eu apertei as minhas unhas na palma da mão e tentei disfarçar.

_ Temos que ser credíveis, palavras suas.

Ele sorriu amplamente.

_ Gosto disto!

_ Bom, eu vou arrumar as minhas coisas no armário, se você assim me permitir.

_ Eu tenho uma proposta melhor. Vou chamar a recepção e eles enviarão alguém para organizar tudo. Basta deixarmos as malas do lado que preferimos do closet. E descemos para o restaurante do hotel. Quero muito falar com você e obviamente te exibir, querida noiva.

_ Tudo bem, você é quem manda.

Os olhos deles se estreitam, e ele sorriu.

_ Palavras perigosas estas. Mas enfim, tomamos um banho e saímos daqui trinta minutos, tudo bem?

_ Tudo bem, perfeito para mim, eu vou separar o que preciso agora, enquanto você usa o banheiro.

_ Perfeito. Karen, eu quero te dizer, beba e coma o que quiser a qualquer momento. Se não encontrar no frigobar ou na pequena cozinha do quarto, ordene para que a recepção te satisfaça. Não quero que fique me esperando para pedir algo para você. Se sentir vontade de algo, apenas ordene. Você é a minha noiva, lembre-se disto. Quero você saciada e satisfeita. Entendido?

Ele realmente parecia ter optado por seguir me provocando. Mas eu não revidaria.

_ Sim, obrigada.

Ele sorriu e caminhou com a sua mala de mão para o grande banheiro. Quando ele fechou a porta, eu decidi sair para o terraço.

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