No mesmo quarto
O seu olhar demorou um pouco mais onde os seus dedos estavam. Ele acompanhou o decote nas minhas costas e pelo sorriso em seus lábios, ele tinha percebido a reação que tinha me causado.
_ Vamos, estamos atrasados. _ Ele sussurrou.
_ Eu achei que queria apenas beber e conversar. Não pensei que teria um compromisso com hora marcada.
_ Faremos isto após o jantar. Pois têm um grande cliente que se juntará a nós. Ele me ligou alguns minutos atrás.
Eu senti um frio na barriga, fingir ser a noiva de um homem como ele não seria algo fácil.
Ele caminhou até a porta enquanto peguei a minha bolsa. Quando saímos para o corredor, ele posicionou a sua mão nas minhas costas e de maneira gentil, me manteve próxima a ele.
_ Tudo bem, Karen?
_ Eu estou um pouco nervosa. Na verdade, nunca fiz algo assim antes.
_ Fique calma, apenas seja carinhosa, fale o mínimo possível. Nos conhecemos em uma das minhas viagens. Nos encontramos algumas vezes e foi amor à primeira vista. Então, ficamos noivos em uma viagem para a Grécia.
_ Tudo bem, vou me lembrar disto, fique tranquilo.
_ Eu sei que você se sairá muito bem sendo minha noiva. _ Ele sorriu e piscou para mim.
Enquanto caminhávamos para o restaurante, eu fiquei pensando em como esta semana seria. Eu teria que fingir ser a sua noiva, teria que receber e dar todo o carinho para ele. Meu coração estava acelerado, mas com certeza isto era porque o jogo agora era para valer.
Entramos no restaurante do hotel. Dante, mantendo sua mão firme nas minhas costas, levemente apertando a minha cintura. E quando chegamos à mesa, um homem elegante se levantou e sorriu, estendendo a mão para Dante e olhando para mim.
_ Boa noite, senhor Dante. Peço desculpas por interromper a sua noite. _ Ele apertou a mão de Dante enquanto falava.
_ Senhor Gilbert, esta é a minha noiva, Karen.
_ Prazer em conhecê-la, senhorita Karen. _ Ele apertou a minha mão e sorriu.
_ Prazer, senhor Gilbert.
_ É um homem de sorte, Dante, sua noiva é lindíssima.
Ele disse para o Dante, enquanto se sentava.
_ Eu sei disso, tive sorte em encontrá-la.
Dante disse enquanto beijava os meus cabelos e afastava a cadeira para que eu me sentasse.
Assim que ele se sentou, ele gentilmente colocou uma mão na minha coxa. Não tinha pressão nenhuma naquele aperto. Mas a sua pele, em contato com a minha, me deixou um pouco confusa. O garçom se aproximou e, enquanto Gilbert fez seu pedido, Dante sussurrou para mim.
_ Você quer olhar o cardápio? Você fala italiano?
_ Eu falo um pouco, mas ficarei confortável se você escolher para mim.
Ele apenas sorriu e se virou para o garçom, expressando-se em um italiano perfeito. Ele escolheu risoto com funghi porcini e tagliata de carne. Ele escolheu o vinho e quando o garçom se afastou, ele começou a falar com o seu cliente sobre negócios. E eu apenas fiquei ali, olhando o ambiente à nossa volta e apreciando a vista para o mar. Mas depois de um tempo ali, percebi dois casais em uma mesa ao fundo. Uma das mulheres não parava de nos encarar.
Uma loira muito bem-vestida e maquiada. O meu instinto me alertou no mesmo momento que aquela mulher teria alguma relação com o Dante. Eu me aproximei de Dante e alisei seu rosto lentamente. Ele parou de falar com o seu cliente e se girou para me beijar o rosto. Enquanto eu sussurrei em seu ouvido.
_ A sua ex é loira?
_ Sim, como você sabe?
Eu pisquei para ele. Logo ele entendeu a situação. Alisou as minhas costas e me depositou um selinho nos lábios. Sem deixar de alisar as minhas costas, ele se virou para o seu cliente.
_ Peço perdão, minha noiva é uma distração inevitável.
_ Bom, eu em seu lugar, também ficaria distraído. Eu entendo essa paixão quente que emana de vocês.
Dante apertou ligeiramente a minha cintura. E eu me movi automaticamente para mais perto dele, que sorriu satisfeito.
O garçom chegou com os nossos pedidos e, entre uma conversa e outra, Dante fazia questão de me tocar de alguma forma. Ou de me dar algum alimento na boca. Era tudo muito sutil, mas extremamente sensual, ao menos para mim. Ele fechou o contrato com o cliente e, quando o jantar terminou, ele segurou a minha mão e me levou para fora do restaurante.
No terraço com a vista maravilhosa do mar abaixo de nós, nos sentamos em uma mesa afastada de todos.
_ Você tem um olhar bem esperto. Sim, aquela era minha noiva, Vivian salvatori.
Ele alisou a minha mão sobre a mesa enquanto falava.
_ Ela estava olhando sem parar, pelo jeito, estava incomodada.
_ Eu tinha certeza de que ela ficaria incomodada em me ver com outra e ela ainda não sabe do noivado. Então eu tenho certeza de que ela vai enlouquecer e voltar para mim.
_ Desculpe-me, eu entendo pouco disto. Mas não seria mais fácil declarar o seu amor por ela?
Ele ficou sério e me olhou. Eu percebi que fui um pouco além do que eu estava sendo paga para fazer.
_ Perdoe-me, Dante, eu não deveria ter dito isto. Você sabe o que é melhor para vocês.
_ Tudo bem, mas é tudo um pouco mais complicado do que isto. Enfim, vamos mudar de assunto, me fale sobre você, se não for contra as suas regras.
Eu respirei aliviada por ter se quebrado o clima tenso que eu mesma criei com o meu comentário. Mas agora ele estava tentando entrar em um território delicado para mim. Mesmo assim decidi confiar.
_ Posso tentar responder algumas das suas perguntas, então que quer saber?
_ Algum namorado?
Uau! Eu não esperava aquela pergunta.
O garçom chegou com uma garrafa de prosecco que ele tinha pedido, nos serviu, e se afastou. Durante todo o tempo, os olhos de Dante jamais deixaram os meus.
_ Eu não tenho ninguém.
_ Interessante. Você estuda já fiquei sabendo. Bacharelado em administração, certo?
_ Sim.
Ele levantou a taça para mim e brindamos. Ele degustou sua bebida e quando terminou, quase me fez engasgar quando perguntou:
_ Por que se tornou acompanhante de luxo?
Um forte calor me subiu pelo corpo e tive a certeza de que minhas bochechas ficaram vermelhas. Eu não saía por aí gritando que eu era uma acompanhante de luxo. Mas durante o tempo em que eu tinha me tornado uma, eu jamais me senti tão nervosa na frente de um cliente, como me sentia na frente de Dante.
_ Eu não tive escolhas melhores, eu...
A minha voz tremeu e senti os meus olhos se encherem-se de lágrimas. Ele, percebendo a minha reação, segurou a minha mão na sua e com a outra, alisou o meu braço.
_ Desculpe-me, eu fui um idiota. Eu não deveria ter te perguntado nada.
Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, escutei uma voz atrás de nós.
_ Boa noite, Dante. Eu estou surpresa em ver você.
A mulher se aproximou e ficou ao meu lado. Eu busquei o olhar de Dante, que sorria para mim. Era a mesma mulher que nos observava dentro do restaurante.
_ Pois aqui estou eu. Vivian quer se sentar?
Ela me analisou de cima abaixo.
_ Não, obrigada, eu tenho que ir. O meu noivo está me esperando. Só quis dar um boa noite. Eu pensei que você enviaria o seu irmão para essas reuniões. Enfim, não me apresenta a sua amiga?
_ Claro. Esta é a Karen, minha noiva. Karen, esta é a Vivian, uma amiga.
Eu pude ver a raiva e decepção nos olhos daquela mulher. E eu interpretei o meu papel.
_ Olá, é um prazer conhecer uma amiga do meu Dante. _ Eu disse firmemente enquanto apertava a sua mão estendida para mim.
Eu vi um leve Sorriso se curvar nos lábios dele enquanto ele me abraçava. Logo após Vivian largar a minha mão.
_ Noiva?
_ Sim, eu a pedi em casamento na Grécia.
_ Foi tão lindo, amor, você foi muito doce, só de me lembrar fico arrepiada. _ Eu alisei o seu antebraço musculoso.
Vivian nos olhava com ódio mortal nos olhos, mas ostentava um sorriso frio nos lábios, tentando parecer calma.
_ Dante, romântico? Bom, tenho que desejar felicidades ao casal. Tenho que ir, mas desejo um boa noite para os pombinhos.
_ Obrigado. Nos vemos amanhã na reunião do almoço. Boa noite para você e o Jonas.
Eu sorri para ela e desejei um boa noite. Ela acenou e se afastou. Dante alisou o meu rosto e me fez olhar para ele.
_ Obrigado. E me desculpe por antes. Vou me fazer perdoar.
_ Está tudo bem.
_ Vamos para a cama?
Algo na maneira como ele fez a pergunta despertou algo em. Eu não consegui responder, apenas concordei com a cabeça. Voltamos em silêncio para o quarto, mas o seu toque nas minhas costas era o suficiente para me deixar desconcertada. Ao entrarmos no quarto, ele caminhou para o lado da cama.
_ Você se importa se eu tomar um banho e ir dormir?
_ Claro que não, Karen, fique à vontade.
Eu fui para o cômodo ao lado pegar as minhas coisas para um banho rápido e trocar de roupa. O meu estômago parecia dar voltas. Dante tirou a sua camisa e sapatos e se jogou na cama, ligando a TV e mexendo no celular.
Assim que removi toda a maquiagem, tomei um banho rápido, passei hidratante pelo meu corpo. Eu olhava relutante a lingerie em minhas mãos. Uma camisola minúscula de renda extremamente transparente. Deslizei a lingerie pelo meu corpo, todas as lingeries foram escolhidas por Mary. Eu sinceramente não entendia por que ela tinha escolhido algo assim para mim, sendo que ele já tinha deixado claro que não queria sexo.
Eu saí do quarto e peguei um edredom no armário do lado e quando fui pegar o travesseiro do lado dele, o seu olhar deixou a tela do celular e passou pelo meu corpo.
Eu estava acostumada a ficar nua na frente dos homens, mas desde quando este homem apareceu na minha vida, descobri que o seu olhar me fazia ficar com imensa vergonha.
_ Aonde você vai, Karen?
_ Eu vou dormir no sofá do cômodo ao lado.
_ Mas por quê? Eu disse que não vou te tocar. A cama é enorme. Você vai ficar dolorida de dormir naquele sofá.
_ Eu vou ficar bem. Dante, obrigada, eu vou aproveitar e estudar um pouco no meu notebook.
_ Tudo bem, se for por causa dos seus estudos, eu entendo, mas não se justifica. Você poderia estudar e vir para a cama mais tarde. Mas tudo bem, não quero te pressionar.
_ Obrigada.
Assim que eu comecei a sair, ele me chamou.
_ Karen, o banheiro tem porta adjacente para o cômodo que você está indo dormir. Já que ali antes tinha uma outra cama.
_ Obrigada.
Eu saí com isto na cabeça. Ele poderia ter deixado a outra maldita cama, afinal, se era para ser uma farsa eu poderia dormir na outra cama e arrumá-la antes do serviço de quarto chegar. Assim não teriam suspeitas.
E além do mais, o que eles poderiam pensar? Poderíamos ter transado e dormindo em camas separadas. A suíte era enorme, éramos noivos, nada de errado para imaginarem. E por qual motivo ele me deixou tomar banho e passar apenas de toalha dentro do quarto, sabendo da existência da porta adjacente? Ele queria me ver nua?
Eu afastei os pensamentos confusos da minha cabeça, abri meu notebook, me joguei sob o edredom e comecei a estudar. Adormeci escrevendo um trabalho. Acordei e percebi que meu notebook estava no chão. Eu tirei os meus fones de ouvido e me levantei para usar o banheiro.