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Capítulo 4

O dia seguinte foi uma confusão para Aria. Ela se levantou mais cedo, se assegurando de que estava bem vestida dessa vez e que não passaria nenhuma vergonha caso o seu chefe ainda estivesse em casa.

Aria desceu as escadas e ligou para a irmã.

"Eu sei, Cass. Mas, o senhor Mancini disse que não haverá problema. Não se preocupe, tudo bem? Logo estarei aí para te ajudar a preparar tudo."

"Sua irmã está preocupada?"

Aria deu um pulo ao ouvir a voz de Giovanni. O homem era mesmo, muito sorrateiro.

"Bom dia, senhor." Ela disse, nervosa. "Sim, ela está um pouco preocupada em ser um incômodo."

"Ela não será. Eu prometo e eu cumpro com a minha palavra." Giovanni disse, se aproximando dela, a fitando com seus olhos frios e a fazendo estremecer.

"Papai. Você está em casa." Laura gritou, correndo até ele.

Giovanni deu um sorriso. Nem mesmo ele poderia resistir a tanta fofura.

"Bom dia, querida" Ele disse a abraçando.

Aria sorriu com a cena. Será que ela estava errada sobre ele?

A curiosidade a fez olhar para Lorenzo, que não parecia ter a mesma impressão dela. Talvez ela estivesse se precipitando ao confiar em Giovanni.

"O senhor vai tomar o café da manhã conosco, senhor Mancini?" Aria perguntou, na tentativa dele não negar em frente às crianças.

"Claro." Ele sorriu, mas, ela sabia que Giovanni desejava escapar.

"Quero falar com você depois, Lorenzo." Giovanni encarou o filho, seriamente.

"Claro, senhor." Lorenzo concordou.

O café da manhã foi silencioso, Aria pensou em dizer algo, mas, ela sabia que só poderia piorar as coisas.

Os três Mancini pareciam de tudo, menos uma família.

"Senhorita Ricci." Giovanni chamou a atenção dela. "Essa é Alissa. Ela te ajudará com a mudança."

"Prazer, senhorita. Obrigada pela ajuda. " Aria cumprimentou.

"O prazer é meu, senhorita Ricci."

"Eu vou junto. Deixa eu ir, por favor, Aria." Laura pediu.

Aria sorriu.

"Claro. Se o senhor Mancini permitir."

Giovanni ficou surpreso com a provocação dela.

"Pode ir. Aria vai cuidar bem de você, Laura. Seja boazinha, certo?"

"Sim, papai." A menina respondeu, animada.

"Você vai conosco, Lorenzo?" Aria perguntou.

O jovem negou.

"Vou esperar vocês aqui."

Quando elas saíram, ficaram apenas ele e o pai.

Lorenzo o olhou com raiva. Como assim, ele resolveu de repente tomar café da manhã com eles?

"O que está planejando, pai? Por que resolveu nos presentear com a sua presença de repente?"

Giovanni o ignorou e perguntou:

"O que descobriu sobre a senhorita Ricci? Sei que você vasculha a vida de todas as babás, procurando pontos fracos nelas." Olhou para o filho com um olhar frio.

"Não há nada sobre ela. Apenas um acidente que sofreu na infância e levou à morte dos pais."

Giovanni teria que pesquisar mais a fundo. Porém, por enquanto, a mulher parecia não oferecer mais um risco.

"Certo. Se prepare para ajudar na mudança da senhorita Ricci e da sua irmã. Não seja mal-educado."

Lorenzo quis responder que o mal-educado era o pai. Porém, ao abrir a boca, o chefe já havia saído há muito tempo.

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"Uhuu." Laura gritou de alegria enquanto o vento fazia seus cabelos voarem pela janela do carro.

"Cuidado, senhorita." Aria disse.

"Deixe ela, aqui é seguro." Disse Alissa, as observando com seus olhos verdes.

A motorista observou que havia um movimento estanho atrás delas, com certeza alguém observando a filha do senhor Mancini. Porém, Alessia não era qualquer uma. Em poucos segundos, ela já havia despistado e tomado um atalho para a casa dos Ricci.

A casa de Aria era simples, apenas um apartamento no centro da cidade. De longe, se comparava à mansão do seu chefe.

Aria pegou Laura pela mão e a levou pelos corredores do prédio até dar de cara com a porta do seu apartamento aberto.

"Você chegou, Ari. Eu arrumei como pude. Só não posso prometer que está tudo no local certo." - Cassandra riu.

Laura notou como ambas eram parecidas.

"Temos uma visita hoje, Cass. Essa é Laura, a filha do meu chefe."

Cass sorriu e cumprimentou Laura.

"Olá, mocinha, prazer. Me chamo Cassandra e você? Pode me chamar de Cass, é mais fácil."

"Prazer, me chamo Laura. Por que você usa óculos escuros dentro de casa, Cass?" Laura perguntou curiosa.

"Ah. Eu não posso enxergar e por isso meus olhos são sensíveis, e preciso dos óculos por causa disso."

"E como você sabe a aparência das pessoas?" A menina perguntou de forma inocente.

"Elas podem descrever para mim ou eu toco o rosto delas."

"Certo, eu sou bonita."

Cass e Aria riram.

"E a cor dos seus cabelos e olhos? Conte para a Cass te imaginar." Pediu Aria.

"Eu tenho cabelos loiros e olhos azuis. Eu também sou pequena perto de vocês e do Lenzo. Mas, um dia, vou crescer e ser mais alta que todos."

As mulheres riram e começaram a arrumar a mudança.

No carro, Alessia já havia confirmado que não havia mais nenhum perigo e ela não precisava puxar a arma.

Laura e Cassandra ficaram no carro enquanto Aria ia devolver as chaves para o senhor Biancinni.

"Pode tocar meu rosto, Cass. O que você acha?" Laura pediu.

Cassandra o fez, imaginando cada detalhe da aparência de Laura.

"Com certeza, alguém muito bonita, Laura."

Laura sorriu, entusiasmada e a abraçou.

"Obrigada. Você também é linda. Eu gosto de você."

Cassandra sorriu e afagou os cabelos da menina.

"Também gosto de você, Laura."

"E é difícil, não ver?" Laura perguntou com curiosidade infantil.

"Eu tenho os outros sentidos aguçados. Posso ouvir melhor, sentir melhor e também reconhecer cheiros."

"Ohhh." Laura a olhou com olhos brilhando.

"Você é uma super-heroína."

Cassandra e Elena riram. Era contagiante ter uma criança por perto.

Elena sorriu, fazia tempo que não via a senhorita tão feliz.

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"Obrigada por tudo, senhor Biancinni."

"Não há de que, Aria. Espero que tenha uma boa vida. Como está a sua relação com Giovanni?"

Aria suspirou, ela não queria se lembrar dos momentos e passar vergonha na frente do senhor Biancinni.

"Foi difícil no início. Porém, acho que as coisas estão se ajeitando."

Biancinni sorriu.

"Giovanni pode ser um pouco difícil. Mas, acho que você pode ajudá-lo."

"Não acho que tenho esse poder, senhor." Aria riu.

"Eu ainda acredito em você, Aria."

Aria saiu da loja, rindo. Como ela poderia lidar com alguém tão frio e teimoso como o senhor Mancini? Não havia chance.

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Ao chegar na casa dos Mancini, Aria respirou fundo. Agora seria uma nova vida.

"Vamos Laura. Fique aqui, Cass. É um lugar novo, logo venho te ajudar."

Lorenzo observou toda a agitação, com certeza elas deveriam ter chegado. Ele deveria confessar que era bom conhecer alguém que possuía os mesmos interesses que os dele.

O garoto se levantou e notou Aria e Laura entrando. Onde estava a irmã?

Ele viu alguém esperando no carro, mas, não pode se mover quando Laura chegou gritando:

"Lenzo. Uma super heroína vai morar com a gente."

Lorenzo riu.

"Uma heroína? Quero conhecer os poderes dela."

"Lorenzo, Cassandra não pode enxergar. Ela precisa de ajuda para conhecer esse lugar novo. Logo eu vou busca-lá, está bem?" Aria disse, pegando algumas coisas enquanto seguranças traziam outras.

"Não se preocupe. Eu posso ajudá-la." Lorenzo se ofereceu e correu até onde Cassandra estava.

A garota era bonita, tinha cabelos negros e longos e vestia uma camiseta azul de mangas longas e saia branca. Porém, quando ela abriu a boca, Lorenzo sentiu algo diferente de tudo que havia sentido antes.

"Olá? Quem está aí?"

Claro, ela não podia vê-lo e não o conhecia. Mas, todos que se aproximavam dele era por interesse. Sempre o bajulando e querendo algo em troca. Até com seus melhores amigos, era assim.

"Ah. Olá! Me chamo Lorenzo, eu sou filho do chefe da sua irmã. Você precisa de ajuda?"

"Ah." Ela sorriu e Lorenzo gostou de ver o sorriso dela.

"Prazer, senhor Mancini. Me chamo Cassandra."

"Por favor. Não me chame de senhor. Pode me chamar de Lorenzo."

"Certo, Lorenzo, prazer." Ela estendeu a mão.

"Prazer, Cassandra. É bom te conhecer." Ele apertou a mão dela.

O silêncio foi constrangedor por alguns minutos.

"Como posso te ajudar?" Ele perguntou envergonhado.

"Posso me apoiar em seu ombro?"

"Claro."

"Pode guiar a minha mão, por favor?"

Ele fez como lhe foi pedido e permitiu que ela se apoiasse em seu ombro. Cassandra pegou a bengala dela e a abriu, se deixando guiar por Lorenzo e pelo objeto.

"Chegamos." Lorenzo disse, a guiando até o sofá.

"Obrigada, Lorenzo. Você é muito gentil. Poderia ter esperado a minha irmã."

"Ah. Não é na-da." - Ele disse envergonhado. "É o mínimo que posso fazer."

Cassandra sorriu e Lorenzo se derreteu. Aquela menina tinha mesmo superpoderes.

Ele deixou a sala, envergonhado.

"Posso falar com você um minuto, Lorenzo?" - Aria pediu, ela já estava cansada da mudança.

Quando ele se aproximou, ela sussurrou:

"Obrigada por ajudar, Cass. Fico feliz que vocês estejam se aproximando." Ela sorriu. "Pode ajudar - lá no colégio amanhã? Ela tem a saúde frágil. Tenho medo de alguém fazer algo."

"Claro. Não se preocupe. Eu vou ajudá-la. Ninguém vai chegar perto dela se estiver comigo."

"Obrigada, querido." Aria disse aliviada. "Eu me preocupo muito com ela.”

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