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Atraída pelas chamas da tentação

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Sra.Kaya
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Resumo

Mia Campebell é uma bela mulher marcada pela tragédia e sempre teme o pior. Só há um homem em quem confia: Leon Spinelli. Sexy, sagaz e atrevido, o bilionário a conhece como a palma da mão há anos. Mas Leon esconde um grande segredo: a terrível atração pela melhor amiga. Um plano ardiloso e uma viagem repentina... Tudo para conquistar a senhorita Campebell, o maior sonho de Leon, sob o calor das incandescentes chamas da paixão. Mia aceita a proposta do amigo para fugir de um escândalo que mancha sua reputação, sem ao menos desconfiar o que o safado está tramando as suas costas: possuir sua mente, coração e corpo.

amorpaixaoromancebilionário

1

Mia não o teria visto se não estivesse se escondendo dos paparazzi. Não que um vaso com uma árvore artificial fosse um grande esconderijo, pensou. Ela espiou pelos galhos da figueira- de-jardim para ver Leon Spinelli atravessar a rua movimentada diante do café onde estava abrigada. Ele não parecia ciente do fato de que a chuva caía e de que o cruzamento estava congestionado de carros e apinhado de pedestres. Era como se estivesse dentro de uma redoma. Estava alheio ao barulho do lado de fora. Ela o teria reconhecido em qualquer lugar. Ele tinha um ar régio, intocável, que o fazia

destacar-se na multidão. Até a maneira como se vestia o fazia sobressair-se – não que não houvesse outros homens tão bem-vestidos como ele ali, mas a maneira como ele usava um impecável terno cinza-escuro com uma camisa branca e uma gravata listrada de preto e prata o fazia parecer diferente, de algum modo. Mais civilizado. Mais digno. Ou talvez fosse pela maneira como vivia franzindo o cenho.

Já o vira sem ser de cenho franzido?, perguntou- se Mia. Seus irmãos gêmeos mais velhos, John e Jessie, haviam sido colegas de internato de Leon. Ele passara fins de semana ocasionais ou feriados escolares e até intervalos da universidade na casa da família Campebell, Camp, em Jeju. Sendo uma década mais jovem que ele, ela passara a maior parte da infância um pouco intimidada pela presença taciturna de Leon. Ele era o epítome do tipo forte, silencioso – um homem de poucas palavras e ainda menos expressões faciais. Ela não podia lhe decifrar a expressão na maior parte das vezes. Era difícil dizer se franzia o cenho por desaprovação, ou se simplesmente estava concentrado.

Ele entrou no café e Mia observou enquanto todas as mulheres do recinto se viraram para acompanhá-lo com o olhar. Sua descendência francesa e italiana lhe fora benéfica no campo da aparência. Era alto, com cabelo preto, pele bronzeada e olhos castanhos que eram três ou quatro tons mais escuros que os dela.

Mas, se Leon ficou ciente do impacto que provocara naquelas mulheres, não deu nenhum

sinal disso. Era uma das coisas que ela secretamente mais gostava nele. Ele não era vaidoso por

causa de sua aparência. Parecia alheio ao fato de que era incrivelmente bonito. Era como se lhe

fosse algo irrelevante – diferentemente do irmão dela, Jessie, que sabia que era considerado

bonito e explorava o fato ao máximo que podia.

Leon parou junto ao balcão e pediu um café preto para viagem à atendente corada e,

Leon parou junto ao balcão e pediu um café preto para viagem à atendente corada e,

então, aguardou educadamente de lado, pegando o celular para verificar suas mensagens ou e-

mails.

Mia estudou-lhe discretamente a figura atlética com músculos bem definidos em razão de

horas de exercícios. Tinha os ombros largos, as

costas fortes, os quadris estreitos, as nádegas

firmes e as pernas longas. Vira-o muitas vezes em Camp, uma figura solitária correndo

pelos campos da propriedade, ou nadando interminavelmente na piscina no verão.

Leon dedicava-se aos exercícios com tanta intensidade e concentração que ela se

perguntava se o fazia pelos benefícios à saúde ou por alguma razão que apenas ele sabia.

Qualquer que fosse o motivo, servia claramente para o seu benefício. Tinha o tipo de corpo que

acelerava os corações femininos. Ela não podia parar de olhar para ele, absorta pela perfeição

masculina de seu corpo, perguntando-se como pareceria delicioso entre os lençóis depois de uma

maratona de sexo. Ele teria uma namorada? Mia não ouvira muito sobre a vida amorosa

dele recentemente, mas soubera que seu pai morrera dois meses antes. Presumia que ele estivera

vivendo discretamente desde então.

A JOVEM atendente entregou-lhe seu café e, enquanto Leon se virou para sair, encontrou os

olhos de Mia através dos galhos da figueira- de-jardim. Ela viu o brilho do reconhecimento

no olhar, mas ele não sorriu para cumprimentá- la. Mas, afinal, ela não se lembrava de já tê-lo

visto sorrindo. Ou, ao menos, não para ela. O máximo que fizera fora torcer um pouco os lábios

numa expressão mais próxima da ironia do que

do divertimento.

– Mia? – perguntou ele.

Ela acenou de leve com a mão, tentando não atrair muita atenção para si mesma, para o caso

de haver alguém à espreita com um smartphone que a reconhecesse.

– Olá. – Ele foi até a mesa dela, disfarçada pela figueira-de-jardim. Ela teve de arquear o

pescoço para encontrar o olhar sisudo. Sempre se sentira pequena quando estava perto dele. Era

dois centímetros mais baixo do que o 1,90m dos irmãos dela, mas, por alguma razão, sempre

parecera mais alto.

– A mídia anda incomodando você? – perguntou ele, com o cenho franzido.

Evidentemente, Leon ouvira falar sobre o escândalo do pai dela, pensou Mia. Era o

assunto do momento em todo o mundo. Estava espalhado por todos os tabloides e pela internet.

Podia ficar mais embaraçoso? Havia alguém em Londres – ou no mundo inteiro – que não sabia

que seu pai havia tido um filha vinte e três anos antes? Como membros da elite do teatro, os pais

eram conhecidos por atrair atenção para si mesmos. Mas aquele escândalo do pai fora o maior e

mais mortificante até então. Sua mãe, Elisabetta Albertini, cancelara sua temporada na

Broadway e estava ameaçando pedir o divórcio. O pai, Richard Campebell, estava tentando

fazer a filha ser aceita no seio da família, mas sem sucesso. Ao que parecia, Katherine

Winwood

não fora conquistada por seu pai biológico e estava fazendo tudo que podia para evitá-lo e aos

meios-irmãos.

E isso estava bom para Mia. Bom demais, especialmente porque Kat era tão bonita que

todos estavam chamando Mia de “a irmã feia”.

– Apenas um pouco – respondeu Mia, com um sorriso forçado. – Mas é o bastante disso.

Lamento muito quanto a seu pai. Não soube que ele faleceu ou, do contrário, teria ido ao

funeral.

– Obrigado, mas foi um acontecimento particular.

– E então, como vão as coisas? Ouvi dizer que você fez um trabalho para John na Argentina.

Uma ótima notícia sobre o noivado dele, não acha? Conheci a noiva dele, Holly, ontem à noite.

É um amor. – Mia sempre achara difícil conversar com Leon. Ele não era do tipo que

jogava conversa fora. Quando estava perto dele, ela tinha a tendência a balbuciar ou preencher

qualquer silêncio com a primeira coisa que lhe ocorresse. Sabia que aquilo a fazia parecer um

tanto ansiosa, mas o que fazer?

– Sim, é uma ótima notícia.

– Foi uma grande surpresa, não foi? Eu nem sequer sabia que ele estava saindo com alguém.

Não posso acreditar que o meu irmão mais velho vai se casar. Mas Holly é perfeita para John.

Estou tão feliz por eles! Jasmine Connolly vai desenhar o vestido de casamento. Nós duas

seremos damas de honra, uma vez que Holly não tem irmãs, nem amigas próximas. Não sei por

que ela não tem uma porção de amigas, sendo uma pessoa tão adorável. Jaz pensa a mesma

coisa. Você se lembra de Jaz, não é? A filha do jardineiro que cresceu comigo em Camp?

Fomos para a escola juntas. Ela tem sua própria loja de artigos para noivas agora e...

– Posso pedir um favor?

Mia piscou. Um favor? Que tipo de favor? O que ele iria dizer? Cale-se? Pare de tagarelar

feito uma tola? Pare de corar como uma estudante desengonçada de doze anos?

– Claro.

Ele a fitou com os olhos castanho-escuros intensos, ainda de cenho franzido.

– Você faria um serviço para mim?

O coração dela deu um pulinho peculiar.

– Q-Que tipo de serviço?

Gaguejar era outra coisa que ela fazia vez ou outra quando estava perto dele. O que havia

naquele homem que a fazia se comportar como uma idiota? Era ridículo. Conhecia-o desde

pequena. Era como um irmão para ela… bem, mais ou menos. Mia sempre pensara nele

como o “Homem Ideal”. Não que ela se permitisse enveredar por tais pensamentos. Não

totalmente. Mas estavam lá, como penetras numa festa, ocasionalmente se movendo para a

frente para pegar um canapé ou um drinque antes de desaparecer no fundo de sua mente.

– Meu pai me deixou uma coleção de arte em seu testamento – explicou Leon. – Preciso

de alguém para catalogá-la antes de poder vendê-la. Além disso, há duas pinturas que talvez

precisem ser restauradas. Pagarei a você, é claro.

Mia achou estranho que ele só tivesse anunciado que o pai morrera depois do funeral.

Perguntou-se por que ele não contara aos seus irmãos, especialmente John, que era o mais sério

e estável dos gêmeos. John teria apoiado Leon, ido ao funeral com ele e ficado a seu lado se

tivesse precisado.

Imaginou Leon sozinho naquele funeral. Por que fora sozinho? Funerais já eram terríveis o

bastante. O adeus final era sempre doloroso, mas enfrentá-lo sozinho era inimaginável. Mesmo

que ele não tivesse sido próximo ao pai, ainda haveria dor pelo que perdera, sem mencionar a

horrível constatação de que agora era tarde demais para consertar as coisas.

Quando o namorado da adolescência dela, Mathew Redbank, morrera de leucemia, sua família e

a dele a tinham acolhido. Deram-lhe apoio. Confortaram-na. Até Leon fora ao funeral.

Lembrava-se de ter visto sua figura alta e silenciosa nos fundos da igreja. Tocara-a a fundo o fato

de ele ter comparecido, uma vez que mal conhecera Mathew.

Ela soubera pelos irmãos que Leon tinha uma história complicada. Não haviam lhe

contado muito, apenas que seus pais haviam se divorciado quando ele tinha oito anos de idade e

que a mãe o levara para a Inglaterra, onde fora colocado no internato com os irmãos gêmeos de

Mia depois que a mãe tornara a se casar e começara uma nova família. Fora uma criança

estudiosa, tendo um ótimo desempenho acadêmico e nos esportes. Havia empregado a ética de

trabalho árduo em sua carreira como advogado financeiro.

– Lamento muito pela sua perda.

– Obrigado.

– A sua mãe foi ao funeral?

– Não. Eles não se falavam desde o divórcio.

Mia se perguntou se o funeral do pai dele teria trazido lembranças dolorosas de seu relacionamento abalado com ele. Nenhum filho iria querer ser rejeitado pelo pai. Mas Vittorio Spinelli não quisera a custódia de seu filho depois do divórcio. Abrira mão de Leon quando ele ainda era pequeno e só o via em raras ocasiões, quando ia a Londres a negócios. Ela soubera através dos irmãos que, eventualmente, Leon parara de se encontrar com o pai porque Vittorio tinha a tendência de beber ao ponto de se tornar violento e desmaiar. Houvera até uma ocasião em que a polícia tivera de ser chamada devido a uma briga de bar que Vittorio começara. Não a surpreendia que Leon tivesse mantido distância. Com sua natureza quieta e reservada, não era o tipo de homem que atraía atenção desnecessária para si mesmo. Mas havia tanto mais que não sabia sobre ele! Sabia que era um advogado financeiro, e que era brilhante. Tinha sua própria firma de consultoria em Londres e viajava o mundo inteiro desvendando grandes fraudes nos setores corporativos e privados. Trabalhava com frequência com Jessie e sua empresa de análise de negócios, e recentemente ajudara John a expor as operações de drogas e lavagem de dinheiro do padrasto de Holly. Leon Spinelli era o homem ideal para desvendar segredos e, ainda assim, Mia sempre achara que ele também tinha alguns deles guardados.