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Capítulo 3

A noite Cíntia vê a apresentação dos funcionários ao redor da fogueira, e a vasta mesa cheia de guloseimas. A maioria dos alimentos, são feitos com matéria-prima tirada do cultivo das terras.

__ Moraria aqui se pudesse.

__ Eu também querida, lindo lugar. — Diz a mãe em tom sonhador.

__ Quem sabe um dia, RS. — Comenta o pai.

__ Esse lugar está sendo perfeito para descansar sua mente de seus traumas de infância querida.

__ Filha, pode ficar um pouco sozinha? — O pai pergunta.

__ Sim.

Os pais saem para andar um pouco.

__ Querida, preciso te contar uma coisa muito importante.

__ Sobre nossa filha?

__ Sim.

__ E o que é?

Eles andam devagar pela noite, vendo o céu estrelado.

__ Conversei com o psicólogo e nossa filha apresentou uma piora considerável em suas emoções, ele aumentará a dosagem da medicação.

__ Meu Deus! Marido isso não é nada bom.

__ É querida, eu sei. Mais é o jeito para ela melhorar.

__ Esses transtornos, os traumas da adolescência e a depressão profunda dela. Ah, marido, não sei mais o que faço para ela ser feliz.

__ Ela tem complexo de inferioridade também. Cheguei a pensar que ela perceberia que mudou muito nesses anos que se passaram, mais me enganei.

__ Sim, ela mudou, está mais bonita. Mais ela se vê como antes.

__ Por isso o médico quer aumentar a dose da medicação. A depressão dela parece que está piorando de novo.

A esposa aperta o braço do marido nervosa.

__ A última vez que a depressão dela piorou, ai não marido, não pode ser.

__ Vamos precisar passar mais tempo perto dela. A trarei mais vezes para cá, não vou permitir que ela tente tirar a vida novamente.

Estela chora ouvindo o marido.

__ Ela vai melhorar, tenha fé esposa.

Cíntia sorri com as palhaçadas do grupo de dança.

__ RS...

Por um instante, ela olha seu pulso. A marca do corte que fez nele para tentar tirar a própria vida está lá para sempre. Nunca se esquecerá, desse dia.

Olha para o grupo e volta a sorrir. Hoje seus dias são mais agradáveis, não sofre tanto “bullying” como antes. Esse seu erro foi aos 17 anos. Quando seu pai a viu...

*2012*

A mãe termina o jantar e chama o marido:

__ Bem? Chame a Cíntia para almoçar.

__ Estou indo. — Ele responde, indo atrás da filha.

O pai sobe as escadas e ao olhar o chão, estranha tanta água.

Vem do banheiro, muito estranho.

__ Essa menina esqueceu a torneira da banheira ligada.

Tenta abrir a porta do banheiro, está trancada por dentro. Tenta abrir novamente, agora sentindo que tem algo errado.

__ Cíntia? Filha? Abra a porta.

Ele tenta abrir forçando com o corpo.

__ Cíntia?

Agora está tentando arrombar a porta com o corpo e nada. Para e toma fôlego, a água muda de cor a seus pés, está vermelha.

__ Àh, Deus. Não! Cíntia!

Ele joga todo seu peso na porta de madeira, machuca o ombro, mais consegue arrombar, a porta bate na parede. Ele para por uns segundos vendo sua filha desacordada na banheira e o pulso sangrando.

__ Estela, chama a ambulância!

Seu rosto está pálido, não vai dar tempo de esperar a ambulância.

Pega o corpo da filha e desce as escadas apressado.

__ Aí meu Deus! — A mãe entra em desespero.

__ Pega a manta do sofá e cobre ela.

A levam de carro para o hospital.

*2018*

Uma semana depois, eles voltam para casa. Julieta a espera na academia na parte da manhã.

__ Olha eu aqui. — Cíntia sorri para a amiga.

__ Acreditei que, ia ter que te puxar pelos cabelos, RS.

__ Exagerada, RS.

__ Avisei para o instrutor tudo o que você precisa. Vamos ver com ele como começa seus treinos.

__ Garota, eu sou um caso perdido — fala Cíntia sem ânimo

__ É nada. Você já mudou muito e não percebe.

__ Ainda tenho tudo com inho e inha.

__ Não é tanto assim não. Vem, deixa de papo. Seu instrutor é um gato.

__ E que diferença faz?

__ Você precisa beijar mais garota.

__ Você sabe que só beijei uma vez na vida. E a decepção veio em seguida.

__ O Pedro era um canalha como os outros. Olha só aquela delícia de instrutor menina. Todinho nosso kkk...

__ RS, verdade. Um gatão, RS.

Durante o mês todo de janeiro, Cíntia faz academia com a amiga e se sente mais feliz e confiante.

Seu instrutor a paquera, ela nem acredita e conta para a Julieta. Sua amiga diz que ele é muito paquerado e que não a quer sofrendo novamente por um amor.

__ Talvez ele goste de mim, RS.

A tantos anos ela não se empolgava com alguém. Julieta fica feliz por ela gostar de alguém novamente.

__ E o rapaz do seu serviço?

__ Ele apareceu com a namorada no serviço.

__ Hum... procure ver se o instrutor gosta mesmo de você.

__ Ok, RS...

Em fevereiro, o instrutor a pede em namoro. Por enquanto o namoro não é tão sério quanto esperava, mais está muito feliz.

Abril chega e com ele fazem dois meses de namoro. Nesse tempo, Cíntia percebe uma mudança considerável, em sua forma física.

Durante a semana se olha no espelho do vestiário da academia.

__ Cada dia mais linda. — Diz Julieta.

__ Obrigada amiga. E cada dia mais apaixonada, RS.

__ Fico feliz que estejam firmes.

__ Ah! Eu também.

__ Já fizeram amor?

__ Já. Semana passada, ele é tão carinhoso.

A semana passa e o dia de ir ao psicólogo chega. O médico lhe dá os parabéns.

Reduz novamente sua medicação, dessa vez vai tomar apenas um comprimido por dia. Seu namoro fica melhor a cada dia.

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