Prólogo
Meses antes.
A vésperas de Natal combinei com Jana de irmos ao shopping, o Rio estava movimentado, as ruas cheias de pedestres em busca dos preparativos para ceia, mas esse ano tive a brilhante ideia de comprar uma árvore de natal maior, pois queria proporcionar para minha filha Daisy, uma nova experiência, enfeitar nossa casa com mais luzes e colocar os presentes embaixo da árvore. Ivan não gostou muito da ideia, disse que são coisas supérfluas, gasto desnecessário para um dia que passará tão rápido, mas tenho certeza que nossa filha irá amar a surpresa.
Claro que não discordo com o fato de ser um gasto a mais, mas não considero desnecessário e supérfluo como Ivan diz. Sempre amei a época de natal e desde pequena sonhava em ter uma árvore grande como via nos filmes da sessão da tarde que assistia deitada no tapete da sala da minha vó, então para mim o natal é um dos melhores feriados do ano por isso quero que Daisy tenha essa mesma sensação de amor, paz e prosperidade, mas para Ivan tudo isso é irrelevante e para ser sincera não sei até quando irei aguentar sua arrogância, nosso casamento já não é mais o mesmo tem alguns meses e as brigas têm se tornado frequentes.
Ivan sempre foi um homem amoroso, carinhoso e gentil, gostava de sair e passear, levar nossa filha em um pequeno ressorte a alguns quilômetros do Rio, uma fazenda aconchegante, com um pequeno riacho e muitos animais, além das piscinas de águas termais e da comida feita típica sem agrotóxicos e conservantes que deixa tudo mais saboroso. Daisy sempre se encanta com os cavalos, ela parece ter um imã para os animais de grande porte e Ivan sempre amou compartilhar esses momentos conosco, mas nos últimos meses as coisas estão bem diferentes, sua mudança brusca de humor e comportamento as vezes me assusta e sinceramente não sei ao certo o que devo fazer quanto a isso, mas sinto falta do homem que ele já foi, pois ultimamente as coisas estão indo de mal a pior e talvez esse seja o maior motivo de querer tornar nosso natal ainda mais especial, mostrar para Ivan a família linda que ele tem e tentar apimentar um pouco mais nossa relação com os novos conjuntos de lingeries que comprei para usar com ele.
— Terra chamando Hana. –Jana estala os dedos em frente aos meus olhos e saio do meu torpor.
— O que foi? — Pergunto aturdida.
— Aquela. — Jana aponta para uma grande árvore no fundo da loja e meu coração se aquece ao observa-la. — Eu acho que é perfeita.
Sim essa árvore com certeza é a certa e caberia com perfeição ao lado do sofá da sala.
— Daisy vai amar. — Vibro em felicidade e Jana acompanha minha empolgação.
Jana é linda, com seus cabelos Chanel matizados em tons de branco e um corpo malhado nos lugares certos. Desde de pequena sempre foi muito magra, mas aprendeu a valorizar seu corpo e suas curvas conforme crescíamos. Hoje é uma mulher que chama a atenção por onde passa e seus doces olhos amendoados sempre refletem seus mais puros sentimentos. Minha amiga de infância hoje mora nos Estados Unidos e vem visitar seus pais nas férias de dezembro. Não teria companhia melhor para ajudar na escolha da árvore, sem contar que aproveitamos para colocar as novidades em dia e um ano separadas rende muita conversa pessoalmente.
Aproveitamos as compras no shopping o máximo que podíamos, compramos tudo que uma boa árvore de natal precisa e tenho certeza que Daisy se encantará com os pequenos enfeites de papai noel, além das luzes coloridas para enfeitar a árvore e deixa-la ainda mais bela, os olhos da minha menina irão brilhar de alegria e ansiedade ao nós ajudar a montar tudo.
Mesmo ansiosa para chegar em casa e começar os preparativos junto a Daisy e Jana que garantiu ajudar assim que passasse na casa dos seus pais para deixar o bolo que compramos na confeitaria “Brummond”, resolvo fazer uma surpresa para Ivan na tentativa de reconciliar a briga que tivemos ontem à noite. Deixo Jana em sua casa sigo para a livraria que vem se destacando entre os comércios da cidade, a Mr. Book ainda é pequena, mas vem se destacando entre as outras por ter um espaço aconchegante e silencioso para os leitores usufruírem por tempo ilimitado dentro da livraria. Faço questão de ajeitar meus cabelos, passar um batom suave nos lábios e retocar a maquiagem, queria estar apresentável, até mesmo abusei no salto alto está tarde como apelo, pois sei que Ivan adora.
Ao chegar sou recepcionada por Amanda que cuida da limpeza, acho estranho ela estar no lugar da secretaria, mas resolvo não questionar, afinal, talvez Karina precisou ir ao banco fazer algum depósito.
— Senhora, posso ajuda-la? — Pergunta com um sorriso no rosto, mas visivelmente inquieta.
— Amanda, tudo bem? Karina precisou sair? — Questiono e ela aperta as mãos em um sinal de desconforto.
— Ela só me pediu para ficar no lugar dela por alguns minutos.
— Tudo bem, você saberia me dizer se Ivan está em reunião?
— Não senhora.
— Por favor me chame de Hana, isso faz com que eu me sinta tão velha. –Acabo rindo e ela concorda ruborizando.
— Me desculpe, Hana. — Ela olha para trás apreensiva e ergo a sobrancelha a observando.
— Aconteceu alguma coisa Amanda? Você parece meio assustada.
— Não é que o senhor está meio ocupado agora, talvez devesse voltar mais tarde. — Sorri sem graça.
— Ivan está no escritório? — Pergunto desconfiada.
— Sim senhora. — Ela desvia o olhar.
— Com quem Amanda? Me diga. — Sinto o nervosismo tomar meu corpo.
Já desconfiava que ele estivesse me traindo, mas bem embaixo do meu nariz era demais. O desgraçado não tem a decência de ir para o motel, está usando a livraria para seus shows.
— Pode deixar que eu mesmo tiro minhas próprias conclusões. — Afirmo caminhando para os fundos em direção ao escritório de Ivan. Os sons dos meus saltos ecoam pelo piso que imita madeira seguindo as batidas frenéticas e descompassadas do meu coração.
Ao meu aproximar escuto barulhos de gemidos exagerados o que faz meus olhos se enxerem de lágrimas. Já sabia da verdade, só não queria acreditar e agora a dor se espalha por meu peito e tremores de ódio e raiva tomam meu corpo. Apesar das nossas brigas e das minhas desconfianças queria acreditar com todo o meu ser que Ivan não teria coragem de me trair.
Os sons aumentam e a dor em meu peito também, as lágrimas já rolavam solta por meu rosto e sei que deveria ir embora, mas não antes de ver com meus próprios olhos e ter a absoluta certeza de que ele realmente estava fazendo aquilo, destruindo o nosso casamento, a nossa família por momentos e em um rompante de raiva abro a porta confirmando com meus próprios olhos o que os meus ouvidos já sabiam.
Ivan segurava Karina debruçada sobre a mesa de madeira enquanto movia o quadril com força penetrando-a por trás, os gemidos que ecoam de sua garganta me enojam e o prazer estampado em seus rostos me causa ânsia. O suor escorre do rosto de Ivan descendo por seu pescoço enquanto ele segura os cabelos de Karina com força, seus cabelos castanhos estão bagunçados e a pele de seu peito marcada com os dedos de Karina.
O ódio que sinto é tão grande que minhas mãos tremem. Ódio por todas as nossas brigas, por todas as vezes que desconfiei da sua fidelidade ao sentir cheiros de perfumes femininos em suas camisas e ele me chamar de louca, por todos as noites que ele me recusou quando o procurei.
— Hana? — Saio do meu torpor quando vejo Ivan procurando as calças e Karina tentar tampar sua nudez com a camisa preta com detalhes vermelhos que eu dei de presente no seu último aniversário.
O ódio que sentia era tanto que minha única vontade era avançar em Ivan e esbofeteá-lo até sentir minhas mãos doerem, entretanto contenho minha raiva fecho a porta e sigo em direção a saída a passos rápidos e decididos.
— Hana minha flor. — Ouço Ivan gritar e bato a porta de entrada com força o deixando lá dentro.
O ódio só aumenta ao ouvir aquele apelido que tinha tanto significado para mim, já que foi escolha dos meus pais por amar a cultura japonesa escolher um nome com esse significado. Sabendo disso, Ivan sempre me chamou de minha flor, confesso que gostava do gesto de carinho e me sentia especial, mas agora o odeio com todas as minhas forças.
Mal vejo os pedestres que caminham e acabo trombando em alguns, as lágrimas embasavam minha visão e a dor que consumia cada cantinho do meu coração não colaboravam em nada. Continuo meu percurso sem rumo por mais tempo do que deveria e meu celular vibra incansavelmente dentro da bolsa que levava agarrada ao corpo como um porto seguro. Ignoro todas as chamadas e me sento em um banco de uma praça observando o nada e o tudo ao mesmo tempo. Minha mente parecia vazia e tão cheia, os sons dos carros, crianças correndo, casais rindo, dos pássaros voando, deveria ser tudo tão significativo e belo, mas era tão sem sentido naquele momento.
Estava me sentindo suja, trocada, feia e me perguntava o que Karina tinha que eu não tinha. O que Ivan via nela que não via em mim? Eu realmente queria saber, entender o que se passava na cabeça dele. Nos últimos meses me esforcei tanto, me arrumei, cuidei de mim, passei a frequentar salões de beleza todas as semanas, apenas para ser notada, mas de nada adiantou.
Meu telefone toca novamente e descido ver quem insistia em me ligar. Se fosse Ivan queria manda-lo para puta que o pariu com todas as forças que eu tinha, mas ao ver que era Jana atendendo sua ligação.
— Hana onde você está? Estou te esperando. — Diz animada.
— Acabei de pegar Ivan me traindo com Karina. — Desabafo e o silêncio do outro lado da linha não é nada reconfortante.
— Onde você está? Estou indo para sua casa agora. — Diz preocupada e as lágrimas tornam a descer.
— Não sei bem, caminhei até uma praça, mas vou pegar um táxi, Daisy está com Barbara, preciso voltar pela minha filha, mas não quero Ivan lá dentro. — Afirmo com raiva.
— Se acalme, vá para casa que chego lá em alguns minutos.
— Ok. — Digo cansada e essa não era bem minha vontade.
Se eu pudesse e não tivesse uma filha pequena esperando por mim em casa, pegaria o primeiro ônibus e iria para um lugar qualquer espairecer minha mente, deixar a raiva em meu peito se dissipar e só então retornaria para ir atrás dos meus diretos, mas não posso fazer isso. Não posso deixar minha filha nas mãos de um sem vergonha que só pensa nele mesmo.
Com esses pensamentos arrumo forças de onde não tenho para chamar um táxi, passo meu endereço para o homem que me observa com preocupação e nessa altura minha maquiagem já estava borrada, o rímel preto escorrido, além da vermelhidão em meus olhos, ignoro aqueles fatos e peço apenas para que ele siga em frente, mas ele insiste em puxar conversa.
— Dia difícil dona? — Questiona curioso me observando pelo retrovisor.
— Você não faz ideia. — Dou um meio sorriso cheio de sarcasmo, pois “difícil” era apelido para aquela situação caótica.
Com uma expressão de compaixão estampada em seus olhos o motorista segue em silencio o restante do caminho e aproveito para me encolher no banco do carro chorando mais um pouco das minhas frustrações. E lembranças dos bons momentos que tive com Ivan passam pela minha memória.
Como contaria para nossa filha que o pai era um cafajeste?
O pai que ela tanto venera, mas que ultimamente tem a ignorado, evitado suas brincadeiras e até mesmo se irritado quando na verdade nossa filha só queria um pouco de atenção.
Ivan não é mais o mesmo homem, não é o homem que conheci aos meus dezoito anos, não é o homem que me fez juras de amor e promessas de uma vida eterna a dois. Ele mudou e posso afirmar que não foi para melhor, muito pelo contrário, pois nossas noites de cinema, sábados no shopping e domingos em família se acabaram e depois de hoje realmente não teria mais volta. Eu não suportaria mais uma relação insonsa sem cor, vida ou sabor com Ivan, não suportaria as migalhas que ele oferecia sabendo que eu merecia muito mais do que os restos que ele queria jogar sobre nós.
Depois de alguns minutos dentro do carro perdida em pensamentos, finalmente chego em casa, pago o motorista e entro desolada vendo minha pequena garotinha entretida na televisão ao lado de Bárbara sua babá.
Bárbara se levanta ao me ver e franze as sobrancelhas. Uma enxurrada de pensamentos me invade e quando vejo as lágrimas que haviam cessado tornam a escorrer novamente.
— Aconteceu algo senhora? — Ela pergunta preocupada. — Está passando mal?
Nego com a cabeça e ela continua a me observar caminhando em minha direção.
— Ivan apareceu por aqui? — Pergunto.
— Não. — Afirma e um sentimento de alivio e magoa me consome.
Alivio por saber que ele não tinha aparecido e eu não precisaria vê-lo e magoa pelo mesmo motivo, pois isso só mostra o quanto ele está desinteressado no que construímos e apesar de saber que nossa vida a dois estava uma grande porcaria para não falar outra coisa, que as brigas eram constantes e amor havia esfriado, eu lutei pelo nosso casamento, me arrumei todas as tardes, investi em nós dois, em conversas ignoradas, em tentativas de aproximação frustradas, em lingeries sensuais desprezadas, eu sei que tentei e acreditei que seria apenas uma fase ruim e passaria, mas a verdade é que ele já tinha outra.
— Está tudo bem, por favor fique com Daisy por mais um tempo e quando Jana chegar deixe ela entrar preciso resolver algumas coisas.
— Claro. — Ela me observa preocupada, mas não insiste no assunto o que eu agradeço, pois não estava com cabeça para explicar tudo o que estava acontecendo, nem com ânimo para ficar cutucando a ferida aberta ao contar para as pessoas, minha própria mente já me mata aos poucos com as imagens dos dois nus.
Sigo para nosso quarto abrindo a porta do guarda roupa com um ódio tão grande que uma das partes estala, mas não quebra. Sem um pingo de delicadeza junto todas as camisas de Ivan as jogando no chão, esvazio as gavetas e tudo que pertencia a ele fazendo um monte ao lado da cama, nesse meio tempo ouvi as risadas altas de Daisy e a voz de Jana que depois de conversar um pouco com Daisy sobe para me ajudar.
Ao chegar ela não pergunta nada apenas me ajuda a retirar as coisas do cafajeste do nosso quarto e jogar dentro de grandes sacos de lixo jogando pretos, mas nesse meio tempo aproveitei para contar o que vi e antes de amarrarmos os sacos e joga-los na varanda Janaina me consolou e ofereceu seu ombro para que eu me debulhasse em lágrimas e tristeza.
Apesar de Bárbara não saber o que estava acontecendo em detalhes ela não questionou minhas ações, apenas distraiu Daisy o máximo que consegui lhe dando o jantar e um banho para que eu terminasse minha limpeza jogando as roupas de Ivan porta a fora de uma única vez, mas chegou um momento em que minha filha começou a desconfiar da minha agitação e raiva. Ela parecia sentir que algo não estava bem não querendo sair do meu lado.
Jana conseguiu distrair Daisy por mais alguns minutos até que eu tomasse um banho e de bom coração minha amiga se ofereceu para passar aquela noite conosco. Pensei em recusar, mas sabia que precisaria de alguém quando a recaída dos acontecimentos de mais cedo batesse e se não fosse para me consolar que ao menos ela distraísse Daisy para que eu pudesse chorar todo o meu ódio e raiva.
Jana ficou no quarto de hospedes e eu me aconcheguei ao lado da minha filha, pois tinha nojo de deitar na mesma cama em que compartilhei com Ivan por tantos anos e cantarolando uma canção de ninar Daisy dormiu abraçada em meu corpo como um pequeno anjinho e só de ter minha filha ali, agarrada em meus braços um grande alivio se instalou em meu peito. Eu não precisava de Ivan em minha vida, precisava apenas da minha filha e de um trabalho para que pudesse me reerguer.
No meio da madrugada sons de batidas na porta da frente me faz acordar assustada. Daisy se agarrava ao meu corpo com medo e Jana aparece na porta com o celular na mão.
—Vou ligar para a polícia. — Já discava o número enquanto entrava no quarto.
— Fique com Daisy. — Peço e ela concorda enquanto caminho até a sala que levava a porta de saída.
— Vai embora Ivan.
— Hana abra a porta e vamos conversar. — Sua voz arrastada pelo excesso de bebida me deixa ainda mais irritada.
— Não temos o que conversar agora Ivan, já o suficiente. Pegue suas coisas e vá embora e me deixe em paz.
— Você não pode fazer isso Hana. — Ele bate na porta me assustando.
— Você fez sua escolha, apenas pegue suas coisas e resolveremos isso com um advogado. –Afirmo e Ivan não parece muito contente com minha resposta então continua a bater na porta. — Pare de esmurrar a porta está assustando nossa filha.
— Você vai se arrepender Hana. Vai se arrepender de estar fazendo isso.
Ao chegar no quarto Daisy ressonava em silêncio nos braços de Jana que lhe contava sua história favorita da princesa Elsa e minha única reação é me deitar ao lado das duas abraçando-as com carinho.
Sei que não será fácil o caminho de agora em diante, mas não medirei esforços para dar o de melhor para minha filha. Lutarei pelos nossos direitos e futuro, seguirei em frente sem Ivan.
***
— Decreto a divisão dos bens. — A voz imponente do juiz ecoa pelo tribunal encerrando a briga que Ivan começou quando garantiu me tiraria tudo inclusive a casa em que estava morando com nossa filha, além de se recusar a dar pensão para Daisy durante os sete meses de separação.
A felicidade borbulha em meu peito ao ouvir as palavras do Juiz e saber que ganhei aquela causa, mas o olhar de fúria que Ivan me direciona percorre minha pele como calafrios. Ele não consegue esconder o ódio que ao me ver tomando metade de seus bens, não que fossem muitos, mas dava para comprar uma casa e seguir em frente com nossa filha.
Juan, meu advogado me abraça animado por termos ganho e vejo Ivan serrar os punhos irritado com a atual situação em que se encontra, mas o ignoro comemorando minha vitória.
— Demorou mais do que prevíamos, mas conseguimos acabar com tudo isso. — Ivan sorri apoiando a mão em meu ombro.
— Obrigada pela ajuda, obrigada por lutar por mim e pela minha filha. — Agradeço de coração, pois todos aquelas que achei que fossem amigos virou as costas no momento em que mais precisei e é exatamente nesses momentos que sinto saudades dos meus avôs e dos meus pais, pois sei que eles estariam comigo nessa fase difícil, mas infelizmente o que resta são apenas lembranças e saudades.
Claro que na lista de ingratos não posso incluir Jana, pois ela mesmo distante tentou ajudar de todas as formas possíveis, mas meus tios e primos que poderiam estar do meu lado nesse momento apenas viram as costas e ignoraram as dificuldades que eu e minha filha passamos nesses meses.
— Que isso Hana estou apenas fazendo o meu trabalho, além disso Ivan só cavou a própria cova não pagando a pensão de Daisy.
— Aguentei por tempo demais humilhações e chacotas por medo de não conseguir criar minha filha sozinha, mas tudo nessa vida tem um limite e pegar Ivan com a secretaria foi o meu. Sei que ele está com ódio por ter que dividir tudo, inclusive a livraria que estava crescendo, mas a culpa é totalmente dele e não minha. — Afirmo.
— Não fique pensando sobre essas coisas você pode comprar a casa agora e estou realmente feliz por isso.
— Sim, não ter que pagar aluguel já um ótimo começo, mas Daisy sente muito a falta do pai e isso me entristece sabe? Vê-la pedindo por ele, mas Ivan tem ignorado todas as minhas ligações para pelo menos ver a filha. — Falo com pesar e Juan solta o ar com força apertando meu ombro em conforto.
— Não vamos pensar sobre isso vamos apenas comemorar sua vitória por enquanto.
Concordo sorrindo e assim como Juan disse comprarei uma boa casa em um bairro familiar que não apresentasse riscos para mim filha, não sobraria muito do dinheiro depois desse investimento, mas nos manteria bem por alguns meses até que finalmente conseguisse um emprego para suprir as nossas necessidades.