Capítulo 6 - Dança Particular part. 2
Lauren Miller | Miami, Flórida, 23:55 A.M.
Lauren respirou fundo, conectando seu olhar ao dele, e se apoiou na barra, quando o som preencheu o silêncio absoluto do quarto. Era uma sala consideravelmente longa, e o que a fazia ser mais cara que os outros quartos particulares era o fato de haver uma enorme cama de casal nos fundos, para caso o evento da dança se tornasse algo mais prazeroso do que apenas uma coreografia. O que deixou a mente de Lauren em alerta. "Será que ele insistiria em sexo?", ela se perguntou.
Ela se suspendeu na barra, e girou como se estivesse flutuando, em movimentos leves e delicados. Ela escolheu uma coreografia mais calma, para combinar com o seu visual e o ritmo da música. Ela apertou o olhar, quando deslizou pela barra, sentindo calor. Ela notou que o ar condicionado estava ligado, mas parecia que não fazia diferença. Talvez fosse o nervosismo.
A música que tocava também era uma de suas favoritas, tão sensual quanto sútil. A letra também era bonita, e ela tentou acompanhar o sentindo da história que a música contava. "Nós fazemos as regras, nossa lua de mel" Lana cantou, e Lauren rebolou de costas para o homem, mas não deixando de lhe encarar por cima do ombro, como o mesmo mandou.
Ela estava sentindo sua mente turva novamente, parecia que só piorava com o passar do tempo. Maldita hora que resolveu virar taças de vinho. A bebida se misturava com os sintomas de nervosismo, a deixando sussetível a situação excitante, e logo o seu suor fez sua pele brilhar na luz.
Lauren se apoiou na barra, e deslizou sensualmente, com um pedaço do tecido cobrindo a visão entre suas pernas. O olhar do homem era tão denso quanto a gravidade que fazia seu corpo pesar, fazendo a moça sentir ainda mais calor. "Que homem intimidante", ela pensou. Ela julgou que ele era diferente dos outros, ele mal se mexia, apenas se ocupava de manter seu copo cheio.
Lauren se perguntou "se ele estivesse pegando fogo, mudaria sua expressão vazia?". Ela queria sacudí-lo, e perguntar o que havia de errado com ele. Ela estava dando o seu melhor na performance, e ele mantinha o mesmo olhar frio, irritando-a.
Assim que a música transitou para a próxima, que tinha uma pegada mais baladeira, chamada Streets de Doja Cat, Lauren pensou bem e decidiu provocar o maldito homem. Ela se esticou na barra, assim que as vibrações da música alimentaram suas intenções, era uma energia sensual.
Assim que se soltou da barra, foi até o meio do palco, onde mostrou ao cliente o motivo de ela ser uma das melhores dançarinas desta boate.
A garota rebolava como uma vadia, ao mesmo tempo que mantinha um olhar dócil direcionado ao empresário. Ela percebeu os dedos dele apertarem fortemente o copo que segurava, assim que ela desceu até o chão, rebolando sua cintura em sincronia com as batidas da música.
Lauren jogou os cabelos para trás, os fazendo cair como cascatas em suas costas, e pulou na barra, se suspendendo mais uma vez no alto. Sua pele brilhava pelo o suor, ela se sentia quente por vários fatores, como os esforços físicos, a insuficiência do ar condicionado, o poder do teor alcoólico em seu organismo e, por incrível que parecesse para ela, a excitação.
Se desafiar à dar a este homem qualquer expressão de prazer que fosse, apenas para satisfazer seu ego, estava sendo excitante. Estava dando tudo de si para satisfazê-lo, como Elo a exigiu. Mas, ao que parece, ela não era boa o suficiente para ele. O maldito agia como se nada do que ela fazia fosse bom. Ele não esboçava nada em sua bela e arrogante feição.
Lauren apertou o olhar, e escorregou pela barra, prestes a terminar sua apresentação. Ela encaixou a barra entre suas pernas, permitindo o contato com sua intimidade, o que a fez sentir tesão inevitavelmente. Ela mal percebeu quando fechou os olhos, para apreciar a rápida sensação. Também não percebeu o homem quase quebrar o copo em sua mão, notando a ousadia da jovem que parecia querer lhe enlouquecer.
Lauren se encostou na barra, já de pé, terminando sua coreografia com uma profunda respiração. O homem se levantou, e levou seu copo abastecido consigo, quando caminhou para se aproximar do palco. Ele olhou a garota de cima à baixo outra vez, deixando a jovem desconcertada.
— Há quanto tempo você trabalha aqui? – Lauren franzio o cenho para ele, não entendendo sua intenção.
Ele era diferente dos outros com certeza. Todos os clientes, quando não conseguiam ir para a cama com ela, simplesmente saíam, ou pediam para mais um dança. Por que ele estava querendo puxar papo com ela? Ela não cairia na lábia dele, mesmo estando alcoolizada.
— Não mais que quatro meses. Por que o senhor pergunta? – ela se manteve onde estava. Encostada na barra, de frente para ele. Ele estava elegantemente tranquilo, bebericando seu uísque, com a outra mão no bolso da calça.
— Faz sentido, eu costumo frequentar aqui há mais tempo, e não lembrava de tê-la visto antes. – Ela assentiu. — Quantos anos você tem? – Ela julgou que a leve esticada de suas maçãs do rosto fossem a formação de um sorriso, mas não queria se iludir com esse pensamento.
Ele era um homem muito sério e arrogante, que a deixava cada vez mais intimidada a cada minuto.
— Não revelo informações sobre mim. – Ele respirou fundo com a resposta.
— Entendo – ele bebeu um pouco mais do líquido.
— Posso fazer mais alguma coisa por você? – ela engoliu em seco. Ele suspirou, acenando que 'sim'.
— Você aceitaria passar uma noite comigo? – ele perguntou, formalmente.
Ela não estava tão confiante que ele pediria isso, já que ele não demonstrava estar gostando de qualquer coisa que fizesse. Ela sentiu suas mãos escorregadias, pelo o nervosismo, e olhou seriamente para ele antes de responder.
— Eu sinto muito, mas eu não faço esse tipo de serviço... Só posso te oferecer outra dança. – Ele apertou o olhar para ela, a deixando ainda mais ansiosa.
— Eu pago o valor que quiser, é só dizer o seu preço. – Ela respirou fundo. Não era a primeira vez que ela lidava com esse tipo de coisa, não entendia o porquê de estar tão nervosa.
— Sinto muito – ela acenou negativo.
— Não tem nada que eu poderia...
— Eu não durmo com clientes. – Ela disse mais alto, cortando a fala dele, o que o fez olhá-la com repreensão.
— Não me interrompa quando estiver falando, não é nada educado. – Ela lhe deu um olhar ainda pior. "Que maldito arrogante, ele quer comprar uma noite comigo e quer me dar uma lição de moral?", ela pensou.
— Tem alguma outra coisa que eu poderia fazer por você? – ela perguntou, também escolhendo um tom mais arrogante.
— Gostaria que dançasse outra vez para mim – ela suspirou, assentindo. Ela se desencostou da barra, e quando ela ia lhe dar as costas para escolher uma música, ele voltou a falar. — Mas antes, eu tenho uma dúvida.
— Qual? – ela respirou fundo, entediada com a personalidade irritante dele.
— Poderia se aproximar? – ele pediu.
Ela olhou para ele dos pés à cabeça, como ele fazia com ela o tempo todo. Ele estava a um metro de distância do palco, ela poderia ir até a ponta, e foi.
— Poderia tirar esse vestido? Não me leve à mal, você está linda com ele, mas sem ele você é ainda melhor... – ele disse, passando a língua em seus lábios finos.
O coração de Lauren deu um pulo violento no peito. O cliente estava dentro dos seus direitos, ela não poderia negar, a não ser que estivesse sendo abusada por ele, o que não era o caso da situação.
— Não pode tocar em mim... em nenhum momento – ela esclareceu a condição, e ele assentiu seriamente.
— Eu não toco em nenhuma mulher sem o consentimento da mesma.
Os olhos dele brilharam quando ela arrastou as alças finas do vestido, o fazendo cair como um guardanapo no chão, de tão leve que era. Ele deu um passo para frente, fazendo ela dar um para trás, e ele franzio o cenho.
— Não vou tocar em você, eu juro pela minha vida. – Ela suspirou, sentindo que ele estava sendo sincero, e voltou para frente.
E então ele arrastou aquele olhar faminto pelas curvas do corpo da senhorita Miller, a fazendo transpirar um pouco mais. A pele alva dela parecia encantá-lo, o olhar dele parecia capturar cada detalhe de sua pele, a deixando constrangida. Ele deu mais um passo para frente, deixando ela apreensiva e seus músculos tensos, ela sentia que estava preparada para correr a qualquer momento, caso ele tentasse algo violentamente contra ela.
Era obrigação dela ter meios e condutas de segurança para lidar com essas situações, já que seu trabalho era arriscado como qualquer outro.
O rosto dele ficou a um palmo de sua barriga, já que o palco não era tão alto. Ela prendeu a respiração, quando sentiu o ar quente que saía da boca entreaberta dele bater na sua pele, arrepiando ela por completo. Era isso que ele queria fazer com ela? Provocá-la? "Não vai funcionar comigo", ela decretou para si mesma, mantendo seu olhar firme.
— Seu cheiro é muito bom – ele disse baixo, com uma voz rouca sensual. Lauren se obrigou a respirar fundo. E então ele olhou para o rosto dela outra vez, e com a mesma expressão séria de antes, ele pediu: — Você poderia virar de costas?
Ela apertou o seu olhar contra o dele, como se estivessem se desafiando. Ela estava se sentindo uma 'submissa', e ela luta todas as noites para não ser. Ela jurou a si mesma que nunca se ajoelharia para nenhum homem por dinheiro enquanto trabalhasse como stripper, pois seria ela a ditar as regras, e não fazia parte dos seus planos virar uma prostituta.
Ele não havia conseguido o que queria, e por isso estava fazendo isso. Ela lhe encarou com ódio, e ele parecia ter sentido a emoção que ela transmitia, pois Lauren não acreditou quando ele, simplesmente, sorriu para ela.
— Por favor. – Ele completou, ainda sorrindo.
Lauren, não percebendo a expressão irônica se fazer em seu próprio rosto, se virou de costas, acatando o pedido dele. Ele encarou bem a bunda alva dela, como se estivesse decorando cada traço. Ele se aproximou com o rosto para perto, e ela sentiu a respiração dele bater em uma das suas nádegas, a fazendo se arrepiar mais uma vez.
— Pode levantar seus cabelos para o alto? – ele pediu, e ela o fez.
Ela segurava o cumprimento no alto, imitando um rabo de cavalo. Ele deu alguns passos para trás, como se quisesse ter uma visão mais ampla da pose exuberante que ela fazia. Ele realmente parecia encantado com ela.
— Olhe para mim – ele a chamou, concentrado na imagem dela.
Ela olhou para ele por cima do ombro, continuando na mesma posição. O olhar sério que aquelas esmeraldas brilhantes lhe direcionou o deixou bestificado. O homem parecia admirar uma obra de arte, e Lauren ficou sem entender a expressão que ele usava para lhe observar. E como um estalo, ele parece ter acordado do transe.
— Pode iniciar a próxima dança – ele disse, voltando para seu lugar. Lauren suspirou, se convencendo de ir escolher a música.