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Dois meses depois...
__ Odeio estar grávida, odeio essa criança- digo sem conseguir me conter depois de ficar a manhã toda retirando até o que não tenho do meu estômago.
__ A criança não tem culpa dos efeitos colaterais- responde Alexandre me passando uma toalha que pego bruscamente.
__ Maldita hora que me comovi com suas palavras e aceitei ter essa criança, a maldita parece que sabe que não a quero e me castiga com esses enjoos- digo e Alexandre observa minha barriga que já está visível.
__ Só mais três meses e logo estarás livre de nós- diz e concordo sem o responder__ Deixei sua comida na sacada, porque precisas tomar um sol, estás pálida demais e tem algumas vitaminas que minha mãe recomendou para te deixar mais forte. Tia Cataleya, Harry e minha mãe estão insistindo em vir te ver.
__ Não, sabes muito bem qual foi o nosso acordo- digo e ele concorda saindo do quarto sem me responder.
Suspiro e encosto no balcão levando minha mão até meu ventre.
__ Esse seu pai é bem idiota, sempre calmo, nem para se alterar com as besteiras que eu digo ele serve. Será que ele já não liga para mim ao ponto de não se importar com as besteiras que eu digo?- falo sentindo ele mexer em meu ventre e sorrio.
Quando tento dar um passo sinto tudo girar e acabo caindo sem conseguir me segurar em algo, sinto dores pelo meu corpo me deixando assustada.
__ ALEXANDRE- grito seu nome sem conseguir me levantar e ele invade o banheiro segundos depois__ Tive uma tontura e acabei caindo, não consigo me levantar.
__ Tudo bem, não se esforce- diz vindo até mim e percebo que ele se encontra descamisado.
Observo seu peitoral nu e as diversas cicatrizes espalhadas por ele, são muitas. São tantas que chegam a me assustar.
Alexandre me pega em seu braços com calma e sem me conter toco uma das cicatrizes e ele me encara desviando o olhar em seguida.
__ O que aconteceu?- pergunto sem esconder minha curiosidade, enquanto ele caminha comigo para fora do banheiro.
__ Nada que já não tenha esquecido- responde e se cala indo me deitar na cama__ Preciso te examinar, para ver se está tudo bem com vocês.
__ Tudo bem- concordo sem tirar os olhos das suas cicatrizes.
Sempre que eu era machucada, a minha regeneração não deixava nem cicatrizes e como um lobo e bruxo que descobri que ele é a pouco tempo, sua regeneração é muito mais rápida que a minha e não teria deixado essas cicatrizes em seu corpo, há não ser que tenha acontecido antes de tia Alice o transformar.
Quando ele ainda era uma criança.
O que será que aconteceu?, quem fez isso e porquê?
Desperto dos meus pensamentos sentindo suas mãos tocarem meu ventre e seus olhos mudam se tornando mais escuros, ele diz algumas palavras e sinto a dor desaparecer por completo, mas suas mãos continuam lá, tocando minha pele me fazendo sentir coisas que não quero sentir e lembrar.
Lembrar do dia em que tive essas mãos pelo meu corpo, me tocando sem nenhum pudor, sem medo e me dando prazer da melhor forma possível e impossível, porque o prazer que ele me fez sentir, nunca ninguém me fez sentir igual.
Não sei se é pelo facto de ele ser meu companheiro ou não, ou talvez por ele ser realmente bom em dar prazer a uma mulher, o que sei é que daria tudo para sentir tudo que senti aquele dia de novo.
__ Vocês estão bem- diz continuando com suas mãos na minha barriga o sentindo mexer__ Não sabia que ela já mexia.
__ Começou a uma semana- digo e ele não responde__ Eu sei que devia ter te dito, mas não sou obrigada a contar cada novidade da gravidez.
__ Não quero brigar Vênus, acabaste de sofrer uma queda, vou te deixar a descansar- diz e retira suas mãos mas seguro uma delas chamando sua atenção.
__ Não vais me contar o que aconteceu?- pergunto olhando suas cicatrizes e ele retira sua mão da minha se levantando.
__ Não, o tempo de demostrares interesse pela minha vida passou faz tempo- diz e caminha até a porta__ Não esqueça de comer, nossa filha precisa se alimentar.
__ Filha?- pergunto e ele concorda.
__ É uma menina- diz e sai do quarto fechando a porta.
Uma menina, logo o que eu não queria. Uma menina sensível para sofrer mas mãos de homens abusadores e tóxicos. A porra de uma menina.
Pego meu telefone vendo diversas ligações de vários membros da família, quem ligou mais foi Harry e avô Maxon, não sei como mais Harry é mais parecido com avô Maxon do que os próprios filhos e não só na aparência.
Decido retornar primeiro a ligação de avô Maxon, não falei com ele desde o enterro de mamãe e não sei bem do que ele quer falar.
Avô Maxon parou de falar comigo depois de terem matado seus guardas que ele havia mandado pela centésima vez para me seguirem, eu pedi que ele parasse de mandar me seguirem, mas ele não ouvia. Sempre dizia que se eu não falo, iria descobrir de outra forma e ele quase descobriu, mais assim que eles perceberam mataram todos os guardas para que ninguém contasse e me fizeram assistir cada decapitação, como aviso do que aconteceria caso eu abrisse minha boca.
Avô Maxon me confrontou pela última vez e eu não falei nada, isso o deixou puto demais e foi embora depois de me dar um ultimato.
__ Se não queres contar não conte Vênus, mais não irei mais tentar ajudar alguém que não quer ser ajudada, quando realmente quiseres a minha ajuda sabes onde me encontrar.
Essa foi a última conversa decente que tivemos, porque depois disso eu me afastei ainda mais.
Por isso estranho sua ligação, avô Maxon não me ligaria depois daquilo, o que será que aconteceu?.
Ligo para ele que atende segundos depois.
__ Vi suas ligações vovô- digo e ouço uma respiração.
__ Felizmente não é o seu vovô, digamos que ele perdeu o telefone- diz e minha alma gela ao ouvir sua voz__ O que você achou sua loba de merda que podes sumir desse jeito e não ter consequências?
__ Eu não falei nada- digo imediatamente e ele gargalha.
__ É claro que não e não vais se atrever a falar, nesse momento estou olhando sua sobrinha passear sozinha pelo jardim, ela me parece bem ingênua Vênus, me lembra a ti anos atrás, ela seria uma boa peça para ocupar seu lugar- diz e aperto o telefone sentindo a fúria crescer dentro de mim.
__ Se você fizer isso o Harry te mata e eu ajudo ele- digo e ele ri da minha raiva, ri na minha cara.
__ Eu a mataria antes mesmo de pensares em abrir a boca, mas vamos deixar ela de lado por enquanto. Tenho vários alvos ao meu redor Vênus, uns bem fáceis de atingir como a Heaven que ainda sofre pela perda do bebê.
__ O que você quer?- pergunto fechando os olhos com raiva.
__ Somente sua boca bem fechada, porque te lembro que teu sangue é o que tenho demais, não me custaria fazer o mesmo que fiz a Heaven e te fazer perder essa coisa que cresce em seu ventre.
__ Podes fazer o que quiser, nunca quis ter essa criança. Só estou tendo porque fui obrigada- digo mentindo na cara dura e esperando que ele acredite.
__Por isso mesmo que não fiz nada, parir essa criança é um castigo para ti e isso me deixa feliz demais- diz me deixando aliviada__ Ficarei de olho em você.
__ Porquê não continuas chorando a morte de seu amado e me deixe em paz- digo e desligo na cara dele.
Passo minhas mãos pelo meu ventre e sorrio sentindo ela se mexer, uma menina.
Que merda...