Resumo
Vénus Vodmont Winchester, a ovelha negra da família. Depois de sair do seu inferno, Vénus achou que estaria livre para fazer tudo que sempre quis, mas as coisas não acontecem como ela esperava. Vénus descobre que está grávida do seu companheiro, a qual ela rejeitou e se negando a continuar com a gravidez o seu irmão a entrega ao seu companheiro, que é o actual Supremo. Vénus terá de viver com Alexandre, seu companheiro e pai do seu filho até que ela dê a luz ao seu filho. E será nessa convivência que eles irão realmente se conhecer e ela vai perceber que Alexandre não era nada do que ela imaginava. Mas será que Alexandre e sua filha serão o suficiente para Vénus realmente desistir de tudo.
Prólogo
Qual foi o maior sacrifício que já fizeste por alguém?
A minha vida foi feita de sacrifícios, me sacrifiquei tanto, que acabei normalizando isso. Mas não é algo que pode ser normalizado.
Porque um sacrifício, significa abdicar de algo para favorecer outros, dar e ser retirado. Fazer algo para um bem comum.
Eu abdiquei de muito coisa na minha vida, tanto que já não me importava em abdicar de outras. Mesmo sabendo que seria doloroso e vergonhoso, eu abdicava, eu me tornei uma perfeita submissa dos sacrifícios.
Mas que merda sou eu?, Uma Deusa?, Um ser perfeito para me sacrificar tanto pelos outros?
Quem eu quero ser?, Uma santa?, Um anjo que prefere se matar a machucar outros?
Não, eu não sou e nem quero ser nada do que citei.
Eu sou o ser mais imperfeito que existe, é como se todos os defeitos do mundo estivessem comigo e o que me faz se sacrificar tanto é por ser orgulhosa demais e achar que posso resolver tudo sozinha.
Santa é a última coisa que quero ser, até porque a maioria me chama de Onstri e nem me ofendo, a maior parte do tempo estou agindo como uma.
O bom é que eu sei aceitar a verdade, sei quando estou errando e fico pouco me fodendo pra isso.
É isso mesmo, eu não me importo de errar, eu erro mesmo. Mas também sei me redimir.
Mamãe costumava a dizer que eu era tão boa em destruir quanto em reconstruir.
E nem sempre o que eu destruo, me dá vontade de querer reconstruir.
Eu sou uma vaca sim, uma Onstri , uma puta mal amada, eu sou tudo isso e muito mais.
Antes eu lutava contra isso, não aceitava o facto de ser realmente aquilo que eles me tornaram, eles me fizeram ser assim e acho que passei gostar ou simplesmente minha mente ficou fodida demais e acabou aceitando essa Vénus construída para a destruição.
Mais voltando ao assunto inicial.
O maior sacrifício que já fiz por alguém.
Com certeza foi ter de abdicar de Alexandre.
Nós quase nunca cruzavamos um com o outro, eu somente sabia que ele era o melhor amigo do meu irmão e ele que eu era a irmã problemática do seu melhor amigo.
Mas nas poucas vezes que nos cruzamos eu sempre o encarava demais, gostava de o apreciar. Eu via um mistério nele, seus olhos nunca sorriam, ele podia ter um sorriso nos lábios mas não chegava a sua alma.
Eu ouvia outros falarem dele, de como ele é fechado e não dá atenção para muita coisa.
Mais ele me deu atenção quando nossos lobos rugiram o mesmo em nossas mentes.
Ele descobriu que eu era sua companheira, quando eu estava nua em uma cama pronta para dar para outra pessoa e Harry gritava comigo sobre meus atos.
Ele não se pronunciou, não disse nem uma palavra até estarmos no mesmo carro com Harry que estava me levando para algum lugar onde ele achava que eu podia melhorar. Alexandre me olhou pelo retrovisor e podia ver um pouco da sua preocupação nos seus olhos negros, então ele perguntou o inesperado, ele perguntou se eu estou bem.
Fiquei surpresa com a sua pergunta, não me lembrava da última vez que alguém havia perguntado isso, mas eu desviei o olhar e não o respondi.
Acho que me arrependo hoje de não ter o respondido, talvez seria o início de algo lindo e não trágico.
Eu o rejeitei quando percebi que ele não passava de um órfão que teve uma segunda chance ao fazer parte de uma família poderosa, ele não serviria para me tirar do meu inferno pessoal e eu não podia o arrastar para o meu. Por isso agi como uma vaca insensível e o rejeitei.
Eu aguentei muito, sofri demais por escolha, me fizeram ter uma personalidade que não era a minha e acabei de aproveitando disso para justificar certas atitudes. Tanto que rejeitar Alexandre foi uma decisão somente minha, como a de não pedir ajuda a minha família.
Fiz muita gente sofrer, principalmente minha família, minha mãe que morreu sem que eu pudesse me despedir dela e pedir desculpas.
Quando eles me libertaram, quando finalmente soltaram as correntes que me prendiam a eles, eu me senti feliz demais e queria correr até minha mãe e abraçar, pedir desculpas por tudo e contar tudo, exatamente tudo que aconteceu comigo.
Mas eles a mataram, como um aviso do que pode vir a acontecer se eu abrir minha boca, me tiraram a oportunidade de me redimir com a minha mãe e ainda por cima fizeram Heaven perder o bebê para atingir Klaus e me mandar uma mensagem bem clara.
Que eu não devia pedir ajuda de mais ninguém, eles me fizeram entender que mesmo me soltando eles estariam por perto, me vigiando, se certificando que eu não abra minha boca e acabe com eles.
Mas eles não me conhecem, parece que eles não conhecem a Vénus que eles próprios criaram.
Se alguém me bate, eu devolvo, não da mesma forma, eu devolvo dez vezes mais.
Eles acabaram com toda minha vida, mataram minha mãe e prejudicaram Klaus, o único que fez com que eu deixasse meu orgulho de lado, eu não vou esperar eles ferirem mais alguém da minha família.
Afinal tudo aconteceu porque eu estava protegendo eles, e agora eles estão desfazendo qualquer acordo que tinha entre nós.
Se eu fui capaz de sofrer tudo que sofri para proteger minha família, o que eles acham que sou capaz de fazer com aqueles que atacam eles?
Por muito tempo me deixei ser subjugada, rejeitei quem realmente sou para um bem maior, fui o que eles queriam por algum tempo. Mas o que eles não sabem é que sempre fui muito mais do que seus olhos conseguiam ver.
Eu sou uma confusão por dentro, uma confusa que não consigo arrumar e muito menos entender.
Mas a confusão vem do descontrole e o descontrole vem do caos.
E nesse momento da minha vida, eu me encontro em completo Caos.