CAPÍTULO TRÊS: Reencontro.
MARY COLLINS
_ Filha, já vamos pousar.- Da porta do quarto, minha mãe me alertou.
_ Já estou terminando, mãe.
Peguei o meu perfume, próximo lançamento do meu pai, espirrando nos pontos estratégicos. Fechei a minha mala e coloquei ela no mesmo lugar que estava antes, abrindo a porta do meu quarto e sentando no sofá em frente ao que os meus pais estavam, ganhando o sorriso e o olhar amoroso de meus pais.
_ Você está linda, meu amor.- Papai, como de costume, elogiou-me mais uma vez.
Ele tem sempre um elogio para mim ou para a minha mãe, sem nunca poupar os adjetivos. Na rotina do dia acabamos por não dar valor a nenhuma dessas coisas, mas quando chegam os dias negativos, temos total noção do quanto isso é realmente importante e motivacional. Nos meus piores dias, foram todas essas palavras de carinho que acabaram por me ajudar e ser um dos meus maiores incentivos.
_ A beleza dos meus pais ajudam muito nisso tudo.- Como uma perfeita bajuladora, não poupo elogios a nenhuma das pessoas que amo.
Que esse tanto de elogios me ajudam é fato, mas acabaram me ensinando também.
_ Coloca o cinto, meu amor.- Minha mãe me lembrou.
Concordei com a cabeça, utilizando da medida de segurança. Não levou muito tempo e percebemos que o avião tinha parado, confirmando que chegamos no nosso destino, nosso mais novo lar!
Não levou muito tempo, logo a comissária de bordo veio até nós e com o seu ar simpático, nos deu as boas novas de que estamos na cidade dos filmes e que essa nos recebeu com um clima bem ameno até. Bem, é melhor do que chegar aqui e se deparar com neve ou aquele calor forte.
Não demorou muito e a comissária de bordo abriu a porta, descendo as escadas. Assim que meus pais se levantaram, eu já estava na porta do jatinho. A primeira coisa que fiz foi colocar o meu óculos de sol, vendo o primeiro flash da câmera vir na minha direção. É claro que os paparazzis não iriam esperar na saída do aeroporto como pessoas normais, mas sim na saída do jatinho. Bem, fotos exclusivas são sempre as melhores, né.
_Senhorita Collins, como se sente com a mudança?- Um dos fotógrafos perguntou, virando o microfone na minha direção.
_ Confiante, sei que esse é o melhor a se fazer. Tanto eu, quanto a minha família, estamos ansiosos para viver essa nova aventura.- Respondi a sua pergunta, sendo o mais simpática possível.
É, eu realmente precisava me trocar. Odeio quando a minha mãe está certa, o que é quase sempre. Por sorte, acabei puxando isso dela, embora esteja aprendendo muita coisa ainda, considero-me bem madura para a minha idade. Acho que o modo que cresci, de certa forma, exigiu isso de mim.
_ Qual foi o motivo que ocasionou a mudança de vocês?- Um outro acabou por perguntar,
Respirei fundo, voltando minha atenção para o meu amado pai. Isso não é algo que esteja ao meu alcance, eu não sei a resposta e mesmo se soubesse, não poderia falar nada, afinal é um assunto que não me corresponde. Não sou eu quem devo responder, mas sim eles.
_ No momento, são assuntos particulares que não podemos expor. Na hora certa, vocês irão saber de todos os detalhes.- Meu pai respondeu, abraçando-me pela nuca.
_ Obrigada pela atenção.- Mamãe falou por fim, puxando-me pela mão em direção a área privativa do aeroporto.
_ E o assédio da imprensa continua mais vivo do que nunca.- Ironizei assim que saimos daquela sessão de tortura, deixando os meus ombros cairem em sinal de alivio.
Confesso, eu odeio isso. Sei que muitas pessoas, espalhadas pelo mundo, dariam de tudo para ter essa minha vida. Para ser tão querida e requisitada assim pelos meios de comunicação. Bem, para essas pessoas todas, podem ficar com isso tudo por mim.
_ Não importa quantas vezes a gente passe por isso, nunca vamos nos acostumar.- Como uma forma de me apoiar, minha mãe concordou.
_ Bom, ao menos o de hoje já foi.- Meu pai.- Agora vamos logo, estou faminto e a comida da Silvia é sem igual.
Concordei com a cabeça, sentindo a fome só de imaginar. Silvia é a cozinheira do meu tio a muito tempo, podemos dizer que faz parte da família. As comidas dela são sem iguais, deliciosas em tantos tipos diferentes. Acredito que por ser brasileira, ela gosta muito de fazer as comidas que são típicas da sua terra. Eu sou apaixonada por todas elas!
Assim que o carro que meu pai comprou chegou, entramos e já saímos em direção ao nosso destino. Não demorou muito e a equipe de segurança já estava fazendo o seu trabalho, seguindo-nos por onde quer que a gente vai. Podemos mudar o nosso endereço, mas isso sempre vai fazer parte.
_ É, meu amado tio não mudou muita coisa.- Falei assim que paramos na entrada do enorme prédio, sendo ele luxuoso ao extremo.
Se tem uma coisa que me lembro em detalhes é isso, do quanto ele preza por conforto e luxos. Meu tio é um ótimo advogado, um dos melhores do mundo, o que acaba por tornar os seus serviços mais caros do que o normal, proporcionando a ele uma vida de alto padrão. Algumas ameaças também, você advogar para ricos é como se comprasse os seus inimigos ao mesmo tempo.
_ Algumas coisas não precisam mudar, querida.- Papai, em apoio ao seu irmão, falou.
_ Ansioso para reencontrar o meu tio, pai?- Olhei para os seus olhos através do espelho interno.
Depois do que aconteceu, eles não se viram muitas vezes. Meu pai sempre buscou manter contato, mas foi o meu tio que se fechou em seu próprio mundo, evitando que qualquer pessoa adentrasse as barreiras do seu coração. Até eu, que sempre fui sua sobrinha favorita, acabei sofrendo um pouco com isso. Em um dia eu tinha o melhor tio do mundo todo, no outro era como se ele também tivesse partido.
Saímos do carro, dando algumas instruções à equipe de segurança, indo direto para o elevador que nos levou para a cobertura. Quando as portas do elevador abriram e pude encarar o belíssimo hall de entrada que nos recebe, senti o meu coração disparar. Era como se fosse anos atrás, eu estivesse chegando para passar o final de semana.
_ William.- A voz de meu pai soou animada demais, saindo do elevador e indo até o seu irmão, o abraçando apertado.
Sai do elevador junto de minha mãe, com a atenção neles. Depois de poucos segundos, meu pai saiu do abraço com o seu irmão, permitindo que a atenção do meu querido tio se voltasse na gente. Primeiro ele olhou para a minha mãe, por pouquíssimo tempo, antes de focar o seu olhar apenas em mim.
Prendi a minha respiração, encarando bem o homem à minha frente. Eu me lembro de muita coisa da minha infância, mas confesso que a imagem dele foi saindo da minha mente aos poucos, permitindo que eu me esquecesse o quão belo é o meu amado tio. Seu corpo é forte, com toda certeza vive na academia. A barba por fazer, o rosto sério e sem esboçar nenhuma reação. Um olhar tão profundo, que poderia te prender nele por minutos, até mesmo por horas.
_ Tio.- De forma involuntária, caminhei até ele e sem pensar muito, o envolvi em um abraço apertado.
Sinto os seus músculos tensos, mas foco a minha atenção no delicioso cheiro másculo de seu perfume, misturada ao cheiro do sabonete, indicando que acabou de sair do banho. Céus, por que ele tem que ser tão cheiroso? Por que eu gostei tanto disso tudo?