Capítulo 3
Desligo imediatamente o computador e o coloco de volta debaixo das cobertas a tempo de Rafael abrir a porta e me pegar no quarto.
- Ei! — Finjo que estou procurando alguma coisa na minha mochila.
—Sharon! Quanto tempo você está aqui? - Rafael pergunta, olhando em volta um pouco agitado, como se estivesse com medo de descobrir alguma coisa.
Pena que você já sabe.
— Estou aqui, tia Beni me disse que eu poderia deixar minha mochila no seu quarto —
- Claro. Com licença, vou me trocar e vamos aproveitar o bolo que a Rosita está fazendo —
—Há um pouco de doçura em todo o grego que nos espera— rio, recuperando o caderno e o manual de grego.
—Você está me esperando lá embaixo? -
- Sim, claro. Vá com calma – saio da sala sorrindo para ele e uma vez lá fora arregalo os olhos.
Mil perguntas começam a aparecer em minha mente e não há respostas que possam dar sentido a tudo.
Coço a cabeça ainda perplexa e desço as escadas, encontro Rosita ocupada fazendo um bolo - É de chocolate né? —pergunto, colocando os livros sobre o balcão.
— Nutella — ele pisca para mim.
Faço um sinal de alegria - Quanto tempo até ficar pronto? Já estou salivando -
— Meia hora, enquanto isso posso lhe oferecer uma xícara de chá? -
— Com prazer, já faz um tempo que não tomamos chá —
- Com leite? -
— Claro, como o verdadeiro inglês — dou-lhe um sorriso cúmplice, sentando-me no banquinho.
—Você sabe quando tia Bilel e tia Beni voltarão? — pergunto, pensando em mostrar a ele a foto que tirei da minha tia e conseguir algumas informações dela.
Naquela foto juntos eles pareciam muito cúmplices, estariam noivos?
— Acho que na hora do jantar, você quer ficar conosco? -
— Acho que não, tia Vivi está me esperando para jantar — Enfio a mão na mochila e tiro o celular e pergunto a Rosita — Posso te fazer uma pergunta? -
— Diga-me, pequena —
— Você o conhece... por acaso? — Mostro a foto que tirei daquele menino antes.
olhos e, colocando os óculos para ver melhor, diz: "Acho que não, mas o rosto parece familiar".
Gemo de frustração quando ela pergunta: Por que você está procurando por ele? -
— Uma busca, nas horas vagas gosto de ser detetive —
- O detetive? — ouvimos alguém dizer atrás de nós e imediatamente guardei o telefone.
- Do que você esta falando? Também gosto de investigar nas horas vagas”, diz Rafael, sentado ao meu lado.
— Sharon está procurando um menino, mostre a foto para ele. Talvez ele o conheça.
Estou suando frio, muito frio.
— Mas não, foi estúpido — tento mudar de assunto.
—Deixe-me ver, talvez eu realmente o conheça—
— Acho que não, ele não é da escola. Deixe-o em paz, não se preocupe – coloco meu celular de volta na mochila e saio do banquinho.
— Vou ao banheiro por um momento — Saio correndo da cozinha sem esperar resposta.
Subo as escadas olhando em volta e voltando para o quarto do Rafael, coloco o computador de volta debaixo das cobertas.
Como eu suspeitava, as fotos não estão mais lá.
Quem é esse homem? O fato de ele ser amigo da tia Beni tem alguma coisa a ver com o fato de ele estar aqui?
De repente, a porta do quarto se abre e, para meu horror, percebo que estou perdido.
Como vou explicar a ele que estava monitorando seu computador?
-Jorge! — exclamei, em parte aliviado e em parte espantado.
Ele imediatamente me olha de forma estranha e me pergunta – O que diabos você está fazendo no quarto dele? -
- Feche a porta! — soltei, saindo imediatamente do computador.
Arrisquei muito, é melhor fugir.
—Nada, o que você está fazendo aqui? — Deixo o computador debaixo das cobertas.
—Nada, por que você estava olhando o computador dele? -
Eu fecho meus olhos . Minhas coisas. Você terminou o interrogatório? -
Tento passar por ele e sair da sala, mas Giorgio agarra meu pulso e diz: O que você está fazendo, caranguejo? -
—Nada, eu não disse nada. Tenho que voltar lá embaixo; Tento em vão me libertar de seu aperto, ele não deixa.
—Ele também te contou sobre o pai dele? -
Eu imediatamente franzo a testa, Giorgio sabe de alguma coisa?
—Sim — ajo como se soubesse.
—Então você também sabe disso? — Continuo com minha recitação.
— Primeiro ele me contou por que estava aqui —
Porquê ele está aqui? Droga, tenho que fingir que sei.
—Ele já tinha me contado sobre o pai dele, ele te contou o que me contou? -
— Ele me contou que foi assassinado e está aqui para descobrir quem fez isso —
Não quero abrir muito os olhos.
— Sim, ele também me disse a mesma coisa —
Giorgio inclina o rosto e os examina em silêncio - Você está mentindo -
— Poderia ser um dia? -
—Por que você estava olhando o computador dele então? — Giorgio insiste.
—Eu... eu queria ter certeza de que estava dizendo a verdade—
—E você encontrou alguma coisa? -
- Não -
—Sharon. — ele me olha severamente agora.
— Preciso descer mesmo agora, o Rafael está... — ele não me deixa terminar a frase antes de arrancar o celular das minhas mãos e sair correndo.
-Jorge! Eu grito, perseguindo-o pelo corredor.
-George Demir! Eu juro que vou te matar assim que te pegar! — Soltei correndo escada abaixo, é uma pena que o Giorgio pula feito uma onça escada acima e já desapareceu da minha vista.
Encontro ele na sala tentando desbloquear meu celular e quando ele me vê chegar corre para a piscina.
- Vem aqui! Jorge, droga! — Corro até a piscina e pulo em seus ombros, estendendo a mão para pegar meu celular.
- Dê-me esse! Você não pode fazer isso, dê para mim! -
- Ficar parado! Sharon, droga! — Giorgio grita ao perder o equilíbrio e cair na piscina e eu também.
Saio da água tossindo e vejo Rafael e Rosita nos olhando com curiosidade.
—Não era melhor tirar a roupa antes de entrar na piscina? - Rafael pergunta enquanto olho para Giorgio que me olha quase divertido.
Deus, eu daria um tapa nele.
Vejo meu celular flutuando na água e quando o recupero, imediatamente tento reanimá-lo.
- Não acende! – choramingo devastado.
Perdi aquelas fotos para sempre, depois do enorme risco que corri para obtê-las.
— Podemos tentar colocar o celular no arroz — Rosita tenta encontrar uma solução.
—Você está dizendo que vai funcionar? -
— Não custa nada tentar, vamos — ele me ajuda a sair da piscina e me enrola na toalha.
Imediatamente colocamos o celular em uma tigela cheia de arroz e subindo para o quarto da Zaira tomo um banho rápido.
“Deixei alguns trocados para você na cama”, Rosita grita comigo do lado de fora da porta.
- Obrigado! —Respondo saindo do chuveiro, pegando uma toalha para me cobrir.
— Eu precisava de um bom banho — Saio do banheiro enquanto seco o cabelo, ainda encharcado de água.
—Onde está Zaira? —pergunto a Rosita.
—O que diabos eu sei?
De repente levanto a cabeça e encontro Giorgio deitado com o peito nu na cama.
- Você está louco? Saia daqui, estou mudando! —exclamo, segurando a mão na miserável toalha que mal me cobre.
“Ainda não terminamos de conversar”, ele tem coragem de dizer.
— Desaparece, Giorgio. -
— Quer que eu conte ao Rafael que você olhou o computador dele? - me ameaça com um sorriso.
— Você realmente não faria isso — Olho na minha mochila para tirar o desodorante que felizmente carrego sempre comigo.
— Você sabe que eu faria isso sem nenhum problema, sinceramente — ele se apoia no cotovelo olhando para mim.
— Você quer sair daqui? Eu preciso da minha privacidade
— Privacidade negada, fale logo — ele sai da cama e se junta a mim.
—Agora você está exagerando Giorgio. Não foi o suficiente para você quebrar meu celular? — Lanço-lhe um olhar feio mesmo que ele esteja recuando.
—Aquele celular da Idade Média? Teria quebrado a qualquer momento; Ele continua avançando, ocupando cada vez mais espaço entre nós.
— Você não sente nenhum remorso pelo que fez. — Venho tocar a parede com as costas.