Capítulo 9
Saio imediatamente da cama acreditando que minha hora chegou devido à minha curiosidade estúpida, quando fico paralisado ao ver o que tem embaixo da cômoda embaixo da cama.
Eu me agacho no chão e tiro nossas fotos, fico surpreso ao ver que estão perfeitamente preservadas.
Sorrio ao ver todos os desenhos que fiz dele quando ele era criança. Não achei que ele teria ficado com todos, até porque eu não era realmente um artista.
Dou risada quando vejo uma foto de nós dois com a boca coberta de Nutella e colheres para cima, lembro que estávamos tentando fazer uns brownies e eles acabaram queimados.
Folheio todas as fotos, uma por uma, aproveitando o tempo todo para observá-las em detalhes, até encontrá-las como uma caixa de lata fechada.
Eu imediatamente franzo a testa, o que terá dentro?
Fico imóvel por um momento para refletir sobre o que fazer, sobre querer violar completamente a sua privacidade, mas a curiosidade supera a consciência.
Ele força um pouco a caixa e finalmente consegue abri-la, fico sem palavras.
Coloco a mão no rosto com o coração batendo descontroladamente, enquanto uma lágrima escorre furtivamente pela minha bochecha.
— O que diabos eu sei, o importante é poder... — Giorgio desliga o telefone assim que abre a porta e me vê no chão com nossas fotos ao meu redor e a fita cassete nas mãos.
Ele desliga imediatamente e, jogando o celular na cama, sibila, colocando as mãos na cintura com raiva: "Que diabos você está fazendo aqui?" -
"Eu... eu, eu não... eu juro que não..." Gaguejo com dificuldade, baixando meu olhar manchado de lágrimas para minhas cartas.
— Você leu... estão todos aqui — gemo, pegando-os na mão.
Giorgio cerra a mandíbula e, exalando pelo nariz nervoso, percebo as veias salientes em seu pescoço.
Ele não sabe se deve me estrangular ou me esfaquear na hora.
—Eu nunca os li. —ele cospe arrogantemente.
— Mas eles estão aqui, estão abertos e... —
— É só papel usado — ele tira todas as cartas das minhas mãos e as arranca diante dos meus olhos.
- Você verá? - chuva de papel em mim.
Se ele tivesse me esfaqueado, eu teria sofrido menos.
—E agora sai do meu quarto. —ele diz, apontando para a porta.
—Eu disse fora! —ele exclama mais alto, me fazendo pular.
Levanto-me entre todos os papéis no chão e com as mãos trêmulas de nervosismo sussurro - Por que você está me tratando assim? Tínhamos decidido seguir em frente, tentar ser Gigio e... —
— Você não deveria ter entrado no meu quarto e vasculhado minhas coisas. - Giorgio sibila, me parando.
- Não sei. Eu não deveria ter feito isso. Eu enxugo minhas lágrimas.
—E o que diabos você está fazendo aqui de pijama? Você fugiu de casa? -
- Absolutamente não. Não... a tia Viviana não te contou? -
- Diz-me que? -
— Ficarei aqui até mamãe e papai voltarem da viagem de negócios —
Giorgio arregala os olhos. Não, ninguém lhe contou. Não tinha ideia.
- Quanto tempo? Você parte amanhã? - ele pergunta horrorizado, parece totalmente enojado com a ideia de dividir sua casa comigo.
Antigamente eu teria dado cambalhotas de felicidade.
- Uma semana e meia -
— Droga, mãe! - ele grita, saindo correndo da sala.
—E o que você estava esperando para me contar? —Ouço ele gritar do outro lado do corredor.
Saio do quarto dele e observo enquanto ele marcha furioso em minha direção e, parando na minha frente, sibila - Volte para o quarto e veja em que encrenca você vai se meter. -
- Perdoe não aconteça novamente. Eu não... - Não consigo terminar a frase antes que Giorgio feche a porta na minha cara.
Cerro os punhos e solto um suspiro, entrando no meu quarto.
Enrolo-me na cama debaixo das cobertas e, recuperando o desenho de Giorgio, levo-o até o peito. Na altura do coração que agora está dilacerado.
O ponto de vista de GIORGIO:
— Ca che chi co cu —
— Não, não é 'isso' e sim 'ce' — repito pela milésima vez.
- Mas porque! Não faz sentido, então 'ca' deveria ser pronunciado 'cia'! —Exclama Sharon, muito irritada com seu livro de leitura.
—É um caranguejo diferente—
Ela fecha o livro de leitura e, afastando-o, diz – Chega, cansei dessas piadas –
Eu rio - é gramática italiana -
— Gramática estúpida! Nunca mais estudarei isso. -
—Você quer falhar? — Provoco-o beliscando sua bochecha.
— Não. — Ele afasta minha mão, irritado.
— E então você tem que reabrir aquele livro de leitura e terminar de repetir —
—Como você conseguiu aprender todas essas coisas? -
“Com tapas”, digo a ela, fazendo-a rir.
—Você vai me dar um tapa também? -
— Não acho necessário, você é muito mais esperto que eu — acaricio sua bochecha branca.
“Mas não consigo nem repetir”, ele murmura, mordendo o lápis.
— Você vai conseguir, só tem que ter mais um pouco de paciência — tiro o lápis da boca dele para ele parar com esse hábito.
- Odeio esperar -
Pego um chocolate da cesta que está no meio da mesa e digo - Se você repetir tudo isso em meia hora, este será seu -
Sharon imediatamente lambe os lábios.
— Ca ce... — ele começa a pensar e finalmente diz — ci co cu! -
— Foi mais fácil do que esperava, venha pegar um chocolate —
Sharon corre até mim e fazendo ela sentar no meu colo eu pergunto a ela - Nem um agradecimento? -
Ele mastiga o chocolate e murmura de boca cheia — Obrigado —
—E uma bacia? -
Ele se aproxima e me dá um tapa na bochecha - Obrigado por não me dar um tapa -
Comecei a rir, segurando tudo com força.
PRESENTE:
-Jorge? Terra liga para Giorgio; Mamãe balança a mão na minha cara enquanto meu olhar se volta para Sharon, que abre a geladeira.
Olho para ela e olho para o meu cereal antes que Sharon pense que não consigo nem me concentrar em tomar café da manhã na presença dela.
— Querida, se quiser tem cereal de... — Ele está prestes a dizer mãe, mas pego a caixa de cereal e esvazio na minha tigela.
Mamãe imediatamente olha para mim e eu a ignoro, mastigando o mais rápido que posso.
- Bom Dia a todos! “Sharon, querida,” papai dá um tapinha em Sharon e eu levanto meus olhos para o teto.
O que é todo esse carinho matinal?
— Amor, você poderia comprar um novo pacote de cereal porque seu filho é rude e não sabe dividir? — Mamãe desabafa e continua me olhando furiosamente.
-Jorge? É esta a educação que lhe ensinamos? — Papai me repreende, recebendo de mim um olhar feio.
— Sharon, querida, estes são os melhores cereais do planeta. São todos seus: papai empurra o novo pacote de cereal para mais perto dela e eu balanço a cabeça, irritada.
— Obrigado cara, você é muito gentil comigo — Sharon murmura, me fazendo cerrar a mandíbula.
A lembrança do que ele fez ontem ainda me deixa com muita raiva. Ele não apenas mexeu nas minhas coisas, mas também me fez rasgar todas aquelas cartas que eu guardava e reler sempre que me sentia deprimida.
Inferno, eu nunca admitiria isso para ele.
Não depois de vê-la rir como uma idiota daquele idiota espanhol.
E eu, que fugi naquela noite só por ela, quão confuso posso ficar? Sharon nunca terá olhos para mim e sempre continuarei morrendo atrás dela.
—Que matérias você terá na escola hoje? — Mamãe pergunta e eu não respondo, até porque não sei o que dizer para ela.
Quase não carrego um caderno na mochila.
— Nas duas primeiras horas grego, filosofia, educação física e finalmente física — Sharon responde pontualmente, não teve dúvidas.
- Difícil... -
— Sim, hoje o grego vai interrogar —
- Mas sério? Giorgio, você estudou? -
Olho para mamãe e dou de ombros.
— Giorgio... você sabe que se você falhar de novo esse ano eu vou te matar? -
— Sim mãe, você já terminou? Eu gostaria de aproveitar a porra... - Papai cobre minha boca.
— Giorgio quis dizer que esta tarde ele irá trabalhar em suas tarefas pendentes. Sharon Gioia, você poderia ajudá-la? -
Que? Você não pode falar sobre isso.
— Claro que podemos estudar juntos Giorgio — Sharon diz sorrindo para mim, mas meu olhar percorre o leite que mancha seus lábios superiores.
Porra, porra. Pare de olhar para o idiota dela.
— Tenho que ir para academia esta tarde — respondo maliciosamente.
— Veja bem, não me custa nada ligar para Kemal e pedir para você cancelar sua assinatura — Mamãe me ameaça.