Capítulo 8
- Sim, estou com medo. Tenho medo de que você não consiga pegar a pessoa. Se não me engano, você ainda não o encontrou. - Nydia olhou para Cláudio com um olhar afiado e confiante. - A pessoa por trás dos bastidores definitivamente não permitirá que você o encontre. Mas mesmo que você o encontre, é provável que a prova não esteja a meu favor. - Nydia não esperou Cláudio falar e continuou. - Quando pulei no lago para salvar Rafael naquele dia, alguém agarrou minha perna e não me deixou sair do lugar. Eu me debati com força e, durante a luta, minha cabeça bateu em uma pedra.
- Você está dizendo tudo isso para se absolver? - O rosto de Cláudio ficou frio.
- Não, só estou lembrando que você não deve ignorar o fato de que alguém quer fazer mal ao Rafael por causa de seu preconceito contra mim. Se eu realmente quisesse prejudicar Rafael, não precisaria fazer tudo isso e quase pagar com minha vida!
Nydia terminou de falar e se virou, com as costas retas e sua figura esguia exalando teimosia.
Ela sabia que esse assunto estava definitivamente relacionado a Willette, porque Willette sabia que ela estava levando Rafael para sair naquele dia e até sugeriu isso.
Talvez Willette inicialmente quisesse apenas criar uma barreira entre ela e Rafael, mas quando ela também pulou na água, ela decidiu matá-la, mas isso também deu a chance a Nydia de renascer!
Cláudio ficou olhando para as costas de Nydia por um tempo, com a testa meio franzida. Ele descobriu que, desde que acordou do afogamento, Nydia estava diferente de antes, especialmente em termos de interação entre eles.
No passado, sempre que ela olhava para ele, seus olhos estavam cheios de repulsa e resistência, e ela até se recusava a se aproximar dele. Mas agora, seu olhar estava calmo, claro e sereno.
- Papai? - Rafael e Molly os ouviram conversando no quarto.
Rafael abriu a porta com cuidado e viu Cláudio parado na porta, imóvel.
Cláudio virou sua cadeira de rodas para ficar de frente para Rafael e depois entrou no quarto.
- Esse é o leite que ela trouxe para você? - Cláudio viu o leite sobre a mesa.
- Sim, mas Rafael não me deixa beber. Ele tem medo que a mamãe coloque veneno nele. - Disse Molly com uma voz leitosa.
Rafael não disse nada, apenas olhou para Cláudio.
- Se você não quer beber, então vá jogar fora. - Disse Cláudio. Pensando no veneno contido nos grãos de café, ele não conseguia acreditar em Nydia.
Molly olhou para Rafael despejando o leite e fez um leve beicinho:
- Então, não posso comer nada que a mamãe me der no futuro?
Cláudio ficou em silêncio e não respondeu à pergunta...
Depois de examinar seu próprio corpo e os corpos de seus dois filhos, nada de anormal foi encontrado. Seu corpo também estava bem, provavelmente porque ele não havia tomado uma dose grande o suficiente e não a tomava há muito tempo.
Pelo menos foi confirmado que Nydia não havia feito nada com as duas crianças, mas era melhor ser cauteloso.
- Vocês podem comer a comida que comemos juntos, mas não comam nada que seja dado a vocês separadamente. - Respondeu Cláudio.
Até que houvesse provas de que Nydia era inocente, era sempre melhor ter cuidado.
O corpo das crianças era mais vulnerável a problemas.
Molly mordeu o lábio e hesitou por um tempo antes de olhar para Cláudio com olhos redondos e dizer:
- Papai, a mamãe não é tão ruim assim.
Ao ver Molly assim, Cláudio de repente pensou: se Nydia queria usar as crianças, por que não usar a mais obediente Molly, afinal, ela tinha um relacionamento melhor com ela.
No hospital, o médico disse que Nydia tinha muitos hematomas, que deveriam ter sido causados pela contenção, então ela não estava mentindo?
- Está ficando tarde, vocês precisam ir para a cama.
Molly e Rafael foram para suas respectivas camas, mas ambos olharam para Cláudio.
- Papai, é hora da história. - Disse Molly.
Cláudio mostrou um raro sorriso gentil, pegou o livro de histórias e leu para eles em uma voz baixa e suave. As duas crianças gradualmente caíram em um estado de sonolência.
Enquanto Cláudio colocava Rafael para dormir, ele ouviu Rafael sussurrar:
- Papai, a mamãe não me odeia, certo?
O coração de Cláudio tremeu e, ao ver as lágrimas nos olhos de Rafael, ele sentiu uma súbita dor no coração.
No dia seguinte.
Os ferimentos de Nydia haviam se curado quase completamente e ela decidiu visitar a casa de sua infância.
No entanto, ela não podia ir e vir da Mansão da família Pascall quando quisesse e precisava pedir permissão a Cláudio para sair. Nydia não pôde deixar de zombar de si mesma interiormente:
“Nydia, você é a prisioneira do confinamento da Sra. Pascall!”
- Quero visitar minha casa de infância, você pode enviar alguém para me acompanhar? - Perguntou ela a Cláudio.
Cláudio não podia recusar um pedido tão honesto de Nydia. Ele não podia mantê-la presa para sempre, então concordou.
Nydia, um motorista e um empregado foram para a casa de sua infância.
Olhando para a mansão, ela se lembrou de seus pais falecidos e dos tempos felizes e despreocupados, mas tudo isso desapareceu quando seus pais morreram. Desde então, ela tem vivido como hóspede.
A mansão deveria ter se perdido, mas de alguma forma foi preservada e nada em seu interior havia sido perturbado.
Ela entrou no escritório e tudo estava como quando ela saiu. Olhando para essas coisas atordoada, a poeira em cima era suficiente para indicar quanto tempo fazia que ninguém tinha entrado lá.
- Sra. Pascall, gostaria que eu limpasse tudo? - Perguntou o empregado.
- Não, vou apenas separar as coisas que preciso levar e pedir que você as leve para o carro. - Respondeu Nydia.
Eles juntaram as coisas que queriam levar. Depois de levar tudo para o carro, eles saíram e voltaram para o quarto de Nydia.
- Vocês podem cuidar de seus afazeres, eu posso cuidar do resto sozinha. Obrigada. - Disse Nydia. O motorista e o empregado ficaram surpresos porque Nydia sempre fora fria e desrespeitosa com eles no passado, e eles haviam tolerado seu comportamento apenas porque ela era Sra. Pascall. Agora, ela estava agradecendo a eles?
Eles trocaram um olhar e saíram da sala, se sentindo curiosos.
O motorista foi relatar todo o processo a Cláudio.
- Ela só levou algumas coisas e voltou? - Perguntou Cláudio.
- Sim, Sr. Cláudio.
- Que tipo de coisas?
- Livros e coisas do gênero, a senhora só arrumou algumas coisas no escritório.
Cláudio franziu a testa, achando que o comportamento de Nydia era estranho. Por que ela havia levado essas coisas da casa de sua infância?
Pelo que ele sabia, depois que os pais de Nydia sofreram um acidente, ela desapareceu por um ano e foi adotada pela família Malones. Ela quase nunca voltava, então esse comportamento era muito incomum.
...
Na antiga Mansão da família Wagner.
Nydia olhou para várias caixas de livros e anotações com um sorriso aliviado, feliz por tudo estar ali.
A maioria desses livros era de medicina e de culinária.
Ela teve um golpe de sorte quando era jovem e aprendeu habilidades médicas com um mestre. Ela até ajudou outras pessoas sob a orientação do mestre. Originalmente, ela queria estudar medicina na faculdade, mas Willette a convenceu a estudar design de moda.
Mais tarde, Willette soube que administrar um restaurante era lucrativo, então convenceu Nydia a se associar a ela e aprender a cozinhar. No entanto, Nydia cometeu um erro e um cliente ficou doente, fazendo com que o restaurante perdesse dinheiro. Ela acabou se retirando do restaurante e deixou que Willette o administrasse por completo. Atualmente, o restaurante está indo muito bem.
Em retrospecto, foi sua falta de defesa contra Willette que a colocou em apuros repetidas vezes.
Ela respirou fundo e arrumou os livros e as anotações de forma organizada.
Ao olhar para o calendário sobre a mesa, Nydia parou no dia 17 de abril. Era o 70º aniversário do avô de Willette, Sam Malone. Seus lábios se curvaram lentamente em um sorriso frio.
- Willette, vou declarar guerra a você nesse dia! Vou pegar de volta tudo o que você tirou de mim! - Murmurou Nydia.