Capítulo 6
Uma hora depois, o médico particular chegou à casa. Depois de coletar o sangue de Cláudio e armazená-lo, ele realizou alguns outros testes.
- Já que estou aqui, me deixe verificar sua lesão na perna. - Disse o médico.
- Não é necessário, não há nada para verificar, continua a mesma coisa. - O rosto de Cláudio se contraiu e uma pitada de hostilidade passou por seu corpo.
- Cláudio, seu estado atual não favorece a recuperação. - Suspirou o médico particular.
- Recuperação? Que tipo de recuperação posso esperar? - Bufou Cláudio.
- Você precisa acreditar em milagres!
- Você, um médico, está me falando de milagres? - Cláudio fez uma careta.
- Todos os médicos acreditam em milagres. O tratamento requer cooperação entre o médico e o paciente. - Disse o médico. Vendo que Cláudio não disse nada, o médico mudou de assunto. - Ah, a propósito, sua esposa também está ferida, né? Devo dar uma olhada nela enquanto estou aqui?
Cláudio levantou as sobrancelhas e sorriu.
- Você parece se importar com ela.
- Só estou pensando que, como ela é sua esposa, não quero que ela tenha nenhum efeito duradouro do ferimento. - Ele teve que explicar claramente. Todos sabiam que Nydia era um espinho no coração de Cláudio, impossível de remover ou ignorar.
Cláudio não respondeu e pediu ao mordomo que chamasse Nydia.
- Senhora, Sr. Cláudio gostaria que você fosse até a sala de estar. - O mordomo bateu na porta e ouviu uma voz grogue do lado de dentro.
Após cerca de dois minutos, Nydia entrou lentamente na sala de estar, esfregando os olhos com a mão direita. Ela estava usando uma camisola, provavelmente porque não estava acostumada com a luz da sala de estar.
- Qual é o problema? Por que você me chamou? - Sua voz ainda estava grogue.
No entanto, quando ela viu o homem ao lado de Cláudio, ficou atônita e sóbria. Não era apenas Cláudio, havia também um homem e o mordomo.
- Ah! - Ela soltou um grito baixo, cobrindo o peito com uma mão e o rosto com a outra. - Me deixe voltar e me trocar primeiro!
Ela saiu correndo.
O rosto de Cláudio ficou frio, o médico particular parecia envergonhado e o mordomo já havia se virado.
- Cláudio, sua esposa parece ter... Se tornado um pouco fofa! - O médico deu uma risadinha leve.
Cláudio não esperava que Nydia saísse em uma camisola, ainda grogue de sono. Ela sempre usava roupas de dormir conservadoras quando a via, quase sempre vestidos longos ou calças. E, a julgar por sua aparência, ela estava dormindo profundamente.
Cinco minutos depois, Nydia apareceu na frente de Cláudio, vestida de forma adequada. Seu rosto estava um pouco corado, demonstrando algum constrangimento.
- Sra. Pascall, vou verificar sua condição física e ver como está se recuperando. - Disse o médico.
- Ah, tudo bem.
Nydia conhecia ele, Vincent Wallaker, o médico pessoal de Cláudio. Por que ele veio? Para ver a lesão na perna de Cláudio?
Nydia cooperou com o exame físico de Vincent e também teve seu sangue coletado para testes.
- Como foi que sua mão se machucou? - Perguntou Vincent.
- Arranhada acidentalmente por cacos de porcelana. - Explicou Nydia, com simplicidade.
- Seu ferimento é um pouco profundo. Seria melhor costurá-lo.
- Tá bom, obrigada.
- Sou médico. É o que devo fazer.
Vincent costurou o ferimento de Nydia. Como havia apenas três pontos, ele não usou anestesia. Nydia cerrou os dentes e suportou a dor, com a testa coberta de suor, enquanto a outra mão agarrava firmemente um travesseiro no sofá. Seus lábios ficaram pálidos.
Mas o local que Cláudio havia mordido antes começou a sangrar de novo, manchando lentamente o lábio inferior de vermelho.
Cláudio não disse uma palavra durante todo o processo, apenas ficou olhando com intensidade para Nydia.
A Nydia daquele momento era muito incomum, o que deixava ele mais vigilante.
Depois de tomar algumas precauções com Nydia, Vincent se despediu e saiu. Cláudio saiu para se despedir dele.
- Cláudio, sua esposa não parece ser tão ruim quanto você diz. - Vincent até achou Nydia um pouco bonita.
- Não é da sua conta, não importa como ela seja. - Disse Cláudio.
- Você está me jogando fora depois de me usar? Ou está com ciúmes? - Vincent não parecia nem um pouco irritado, como se já estivesse acostumado com esse tipo de Cláudio há muito tempo.
- Se cuide, não há necessidade de mandá-lo embora.
Vincent sorriu alegremente, ele estava muito familiarizado com Cláudio. A possessividade de Cláudio era muito forte, mas ele achava que se Cláudio se importasse com alguém, isso seria bom para sua recuperação.
Cláudio voltou para a sala de estar e descobriu que Nydia já tinha voltado para o quarto. Ele ficou olhando para a porta do quarto, pensativo.
Abriu a porta e apenas uma lâmpada de cabeceira estava acesa no quarto.
Nydia imediatamente se levantou da cama quando o viu, vestindo sua camisola.
- Tem mais alguma coisa? - Ela estava um pouco confusa. Eles não dormiam em quartos separados?
Cláudio apenas olhou para ela com um olhar sombrio. Ela estava usando uma camisola de alças e, quando se levantou, uma das alças escorregou de seu ombro, revelando um vislumbre de pele.
O filtro amarelo quente da lâmpada de cabeceira revestia sua pele com um tom quente, fazendo com que ela parecesse particularmente gentil, mas também inexplicavelmente sexy.
- Venha cá! - A voz de Cláudio estava um pouco rouca.
Ele estava sentado na cama, e Nydia se arrastou e se ajoelhou na frente dele. Ele estendeu a mão e pressionou a palma da mão contra a nuca de Nydia, de repente usando força, pressionando a cabeça dela contra sua perna.
Ela queria levantar a cabeça, mas a pressão no pescoço a impedia de fazê-lo, e seus olhos foram forçados a encontrar o olhar furioso dele.
Ele não deixava ninguém tocar em suas pernas, mas naquele momento estava pressionando ela contra a perna dele, em uma posição humilhante.
- O que há de errado? - Nydia se esforçou para falar, embora não conseguisse ver a expressão de Cláudio, podia sentir sua raiva e fúria reprimida porque estava olhando diretamente para ele. Seus narizes estavam quase se tocando.
- Nydia, você está tentando seduzir meu médico? - A voz dele era lenta, mas afiada, como uma faca envenenada cortando a carne dela.
- Não, não estou. - Ela se esforçou para se libertar, mas o aperto dele era forte demais e ela permaneceu na mesma posição.
- Você está vestida assim e diz que não está?
- Não foi minha intenção, não sabia que você tinha um convidado. - A voz de Nydia estava abafada, irritada e indefesa.
- Então você se vestiu assim para me ver? - Cláudio fez uma careta.
Ele finalmente a soltou e ela conseguiu olhar para ele. Suas bochechas estavam coradas por causa da luta e havia pequenas gotas de suor em sua testa e nariz.
- Sim! - Nydia respondeu, com a respiração acelerada, e a alça de ombro caída continuava sem ser ajustada.
O rosto de Cláudio ficou frio e ele parecia indiferente ao que ela disse, com uma ponta de zombaria nos olhos. A luz fraca deixava seu rosto meio iluminado e meio escuro, tornando impossível adivinhar seu humor.
- Me beije! - Disse Cláudio, de repente.
Nydia ficou atônita e não reagiu em um primeiro momento.
- O quê? Não quer? - Ele fez uma careta, com os olhos semicerrados e a mão pressionando o braço da cadeira de rodas, que tinha um botão que o ajudaria a se virar se fosse pressionado.
Quando seu dedo estava prestes a apertar o botão, Nydia agarrou sua mão. Ela se inclinou para frente, se apoiando com a outra mão no ombro dele, e o beijou nos lábios.
Essas ações aconteceram em um instante e, quando Cláudio reagiu, sentiu o toque suave e gentil em seus lábios.
Seus olhos se arregalaram ligeiramente, demonstrando choque, raiva, relutância e desejo.
Nydia fechou os olhos e o beijou, colocando seu peso sobre ele.
Cláudio fechou os olhos num instante, sentindo a doçura e o leve cheiro de sangue, mas, no momento seguinte, abriu os olhos de repente e empurrou Nydia para longe, fazendo ela cair na cama com um grito.
Quando ela se levantou, só conseguia ver as costas de Cláudio enquanto ele dirigia sua cadeira de rodas para fora do quarto.
Ela tocou seus lábios, ainda sentindo o calor e a sensação do beijo de Cláudio.
Por que ele a atendeu no início, mas depois a afastou de repente?
Ele ficou com raiva dela antes porque ela se vestiu de forma muito sexy na frente de outros homens, então ele ainda se importava com ela, o que significava que ainda havia uma chance de salvar o casamento deles!
A dor aguda na palma da mão forçou ela a sair e trocar o curativo.
Ao passar pelo banheiro de Cláudio, ela pôde ouvir o som de água corrente.