Capítulo 5 Uma Mentira
"O amor não conhece virtude nem mérito; tudo ama, perdoa e tudo sofre, porque deve; nosso julgamento é inútil para o amor"
LV Sacher-Masoch
Com o tempo ela começou a notar que Miguel recebia ligações e não atendia, exceto quando ela se afastava ou estava em um quarto diferente daquele onde ele estava. Então, um dia ela ficou quieta quando o ouviu conversando com alguém e entrou. Ele estava nervoso e encerrou a ligação quando a viu na frente dele.
Você está escondendo algo de mim, Miguel?
Ele não queria machucá-la; não mentir para ele também. Eles já estavam juntos há seis meses e ela não poderia mais esconder isso.
–Karem, eu te amo como nunca pensei amar alguém. Você mudou minha vida completamente. Sem você, não sei o que faria.
-Por favor me diga a verdade. diga-me a sua verdade
Estou casada há sete anos. Eu nunca menti para Jackeline. Até que encontrei você. Por favor, não me deixe Karem – ele respondeu com a voz quebrada; ele a abraçou contra o peito.
Ela não sabia o que fazer. Seria possível que tudo o que a fazia feliz terminasse assim? Pela primeira vez, ele deveria ser egoísta e aproveitar sua história?
- Vai Miguel. Me deixa sozinha.
Ele olhou para ela pela primeira vez com raiva. Ela abriu a porta e ele saiu.
Não demorou um par de horas, quando ela recebeu mensagens dele. Em cada mensagem, ela sentia que seu coração estava desmoronando. Era a vida dele. Sim, foi. Mas como eu poderia compartilhar isso com outra pessoa? Sua mente se encheu de imagens perturbadoras. Imaginou-o beijando outra mulher, imaginou-o fazendo amor com ela como ela fizera com ele horas antes. Dor, decepção, raiva, dor, amor, raiva, amor. Tudo girava dentro de sua cabeça como uma roleta russa onde a bala é uma emoção diferente que é atirada nela.
Ele tomou alguns comprimidos para dormir. Ela não queria pensar, ou lembrar. Ela adormeceu rapidamente.
Quando acordou já era um pouco tarde. Ele olhou para o relógio. Ele ouviu uma batida na porta. Era ele. Não há coragem suficiente para superar o desejo do coração quando ele ama. Abra a porta. Ele entrou, beijou-a, sacudiu-a como sempre. Tudo desapareceu de sua mente e ele se deixou levar por seus instintos.
Quando ele olhou pela janela, havia parado de chover. Estou procurando seu telefone. Ativou seus dados. Todas as mensagens começaram a chegar. A maioria era da Virgínia ou de Luis, seu chefe. Verifique o seu mensageiro. Encontre uma mensagem de Diego:
–Bom domingo minha jornalista favorita. Acabei de ler sua coluna. Você é genial.
-Olá diego. Eu não fiz nada. É todo o seu crédito. Cada resposta foi ótima. Eu só fiz correções de estrutura.
–Digamos então que somos uma excelente dupla e equipa.
-Sim. Assim é.
- Algo está errado? Eu me sinto um pouco desanimado.
–Não sei os motivos, mas aos domingos me colocam em baixo astral, me sinto um tanto melancólica.
Você tem a síndrome de Vangoghiano.
-Que?
–Sim, Van Gogh costumava se sentir deprimido aos domingos e esses dias o faziam criar suas melhores pinturas. Às vezes fico um pouco ansioso e começo a pintar para me acalmar. Você deve fazer isso quando se sentir assim.
-Vou manter isso em mente. Normalmente durmo e evito pensar. Mas, bom, amanhã a rotina de novo. Trabalhe e não pense. Essa é a lei da vida.
Vou deixar você descansar então. Até amanhã mulher linda. Aqui está o mais fiel admirador de sua beleza.
Obrigado por suas tentativas de levantar meu ânimo. Até amanhã Diego. Descanse você também.
Ele pega o livro que guarda debaixo do travesseiro. Faça a leitura. Às vezes, ele fecha, lembra cada momento de seu passado. Ele reabre o livro; como se quisesse encerrar cada um daqueles pensamentos que a invadem e a agridem, deixando-a deprimida por horas.
Ele sai da cama. Ele vai até a cozinha, abre a geladeira. Ele toma uma bebida e é servido sorvete de chocolate. O chocolate costuma ser seu melhor aliado nessa guerra de lembranças vívidas.
Ele se recosta no sofá, assume o controle, a tela é ligada. Algumas notícias que acrescentam angústia: o Afeganistão tomado pelos talibãs. A pandemia tem uma nova variante da Covid. A alta do dólar nos países da América do Sul. Fortes incêndios na América do Norte. Cada canal que passa parece ser atormentado por notícias terríveis. Pressione o botão principal. Ele vira as costas para o mundo e sua roupa preta. Lá ela permanece pensativa, ausente da realidade até que finalmente adormece.
O alarme soa, assustado acordado um pouco desorientado; outro domingo, acordando no sofá. Ela se espreguiça e sente como se um furacão a tivesse varrido pela cidade. Ele se levanta, vai ao banheiro, larga o roupão de seda. Ele liga o chuveiro, entra na banheira e sente como sua pele se arrepia ao entrar em contato com a água morna.
Ele faz um café instantâneo e o toma de um só gole. Ele volta para o quarto, se veste e sai para sua rotina.
"Bom dia," ele cumprimentou enquanto entrava em seu escritório.
–Bom relatório Karem–é ouvido no final do corredor.
Ela volta e sai para agradecer o comentário, mostrando seu like de sempre.
"Venha aqui um momento", diz seu chefe.
Ela coloca a bolsa e o laptop na mesa e segue para o escritório de Luis.
Sua entrevista é realmente maravilhosa. Você fez isso ou é uma retrospectiva inventada por sua engenhosidade?
“Ele é um amigo pintor que entrevistei no Facebook”, responde de forma espalhafatosa com a mão, cobrindo o canto da boca.
–Você vai ver que esse casulo de redes é uma porta aberta para tudo. Bem parabéns. Boa reportagem. Ele é famoso, seu amigo pintor?
–Você não vai acreditar em mim, mas eu não sei, exceto o nome dele Diego Martínez.
“Pesquise no Google”, Luis sugere.
Karem acena com a cabeça e volta para seu escritório.
Ele abre seu computador, e quando ele coloca o nome; O resultado de cerca de duzentas pessoas com esse nome a deixa perplexa e ela prefere consultar seu mensageiro.
–Bom dia (emoji de café)
Ele sorri e resolve responder:
-Bom Dia obrigada. Igualmente para você.
Digitando...
Espero que você esteja de melhor humor hoje. Não consigo imaginar seu rosto se não tiver aquele sorriso mágico e aquele olhar cativante.
–(emoji de sorriso)?
–Tenha um dia maravilhoso e proveitoso!
–Muito obrigado Diego, espero que esteja bem.
Ele suspira e fecha a página. Devido a alguma circunstância estranha, ele sente uma emoção que já sentiu. Aquela plenitude que você sente quando alguém gosta de você e te preenche.
As horas passam rapidamente. Quando ela olha para o relógio na parede, já é meio-dia e ela não viu Virgínia vir cumprimentá-la. Ele sai à sua procura para convidá-la para almoçar. Mas ainda não chegou. Ele olha para sua outra colega de classe, Carmen; Eles não são muito próximos, mas talvez você saiba por que Virginia não está lá.
–Carmen, Virgínia avisou se virá hoje?
–Sim, ele me mandou uma mensagem dizendo que não estava se sentindo bem. Possivelmente é o vírus que está dando.
-OK obrigado. Vou ligar para ela então.
Ele tira o celular do bolso de trás da calça jeans. O telefone toca, mas Virginia não atende. Ela tenta novamente, mas vai para o correio de voz. Ele decide deixar uma mensagem para ela:
"Velha senhora, onde você está?" Liga para mim. Eu quero saber se você está bem.
Ele retorna ao seu escritório. Você terá que se contentar com o sanduíche que preparou para o café da manhã. "Por que ele não me deixou saber o que parecia errado?" ele pensa em voz alta. Ela tira o sanduíche, ela prefere comer só isso no almoço do que almoçar sozinha. Ele está novamente absorto em seu trabalho.
