Capítulo 1
- Ah, claro! Muito obrigado por esta oportunidade, Sra. Morgan, prometo que não vou decepcioná-la. – digo me curvando excessivamente para agradecer a loira que está na minha frente.
Finalmente consegui um estágio em um restaurante, depois de quatro anos na gastronomia chegou a minha vez de colocar em prática tudo o que aprendi.
— Bem, você não precisa me agradecer. – Ela sorriu gentilmente. —E você não precisa de tanta formalidade, pode me chamar de Felícia.
— Se você diz, está dito. – digo sorrindo e olhando ao redor do estabelecimento que já começa a lotar. - Por onde eu começo?
— Vou te levar até a cozinha, lá o Sr. Cooper vai te dizer o que fazer. – ele diz me guiando.
– Sr. Cooper? Quem é o dono de tudo isso? O cara com todos aqueles certificados e prêmios pendurados na recepção? – perguntei estupefato.
- Sim, é ele. Ele adora sujar as mãos. Vocês trabalharão juntos durante todo o período do seu estágio. – Abro um sorriso.
Daniel Cooper foi um dos melhores chefs de Atlanta. Nunca o vi, nem em foto nem nada, pois é um homem muito reservado. Mas eu o admirava muito!
- Isto é incrível! – sorrio animadamente.
Finalmente entramos na grande cozinha, eram aproximadamente oito funcionários, todos com uma função diferente e numa velocidade invejável. Incrível!
Caminhamos pela cozinha e paramos ao lado de um homem alto vestindo a típica roupa branca de chef. Eu estava distraído amassando massa.
- Sr. Cooper, senhorita. Ospino, o estagiário, já está aqui. – ele diz e eu sorrio. Ele se vira para olhar para nós e meu sorriso morre instantaneamente.
Ele olha para mim com uma sobrancelha arqueada e a sombra de um pequeno sorriso aparece em seus lábios.
Ele me conhecia.
- Santo céu! – exclamei.
Estou realmente muito ferrado!
horas antes
O despertador me acorda imediatamente. Meu cérebro, lento como uma porta, leva cerca de cinco minutos para finalmente acordar. Olho ao redor da sala até que meus olhos pousam no calendário pendurado na parede e meus olhos se arregalam.
Finalmente começo meu estágio hoje!
Levanto-me imediatamente e escorrego no chão liso de meias, saio do quarto em direção ao banheiro.
Maria Samanta Portilho Ospino.
Meu nome original é María, foi assim que veio de fábrica. Mas quando meus pais me adotaram, colocaram os outros três no meio. Esta é uma longa história minha, talvez no futuro eu decida contá-la.
Mas voltando ao meu perfil, tenho anos e sou deslumbrantemente linda. Desde pequena minha mãe me ensinou a ter autoestima elevada e muito amor próprio, então não se surpreenda se eu fizer elogios aleatórios sobre mim. Afinal, eu mereço o mundo, mas o mundo não me merece.
Às vezes eu falo muito, na verdade é o tempo todo. Vinte e quatro horas por dia, mas sou eu, o que fazer?
Voltando ao assunto principal, acabei de me formar em gastronomia. Recentemente consegui um emprego em um dos restaurantes que mais admiro em Atlanta. "Realeza alemã." Um dos maiores restaurantes da cidade, com um chef renomado e querido pela crítica. Daniel Cooper é o nome, sempre o admirei mas nunca tive a oportunidade de conhecê-lo. Na verdade ninguém o conhece direito porque o menino não gosta de aparecer na mídia, ele diz que faz comida porque adora e não pela fama. Preciso dizer que me apaixonei por ele mesmo sem vê-lo?
Depois de cerca de quinze minutos, saí do banho e fui para o meu armário para fazer o trabalho mais difícil logo depois do meu cabelo, porque se há algo mais difícil de arrumar do que meu cabelo, é a minha roupa do dia.
Ok, eu praticamente tenho um shopping em vez de um armário, mas não tenho culpa se sou do tipo compulsivo por roupas. Até tentei terapia de grupo mas não durou nem uma semana, mas digamos que nos últimos dois anos melhorei um pouco.
Depois de dar uma olhada no armário, decidi usar um terno preto simples. Nada melhor do que estar apresentável no primeiro dia de trabalho, certo?
Volto para o banheiro e olho meu reflexo no espelho. Meu cabelo estava de mau humor hoje. Meu cabelo é cacheado, o que eu adoro. É herdado dos meus pais biológicos. Sou brasileiro e fui adotado por pais americanos quando tinha três anos. Tenho pele negra, olhos castanhos claros e cabelos rebeldes. Aquela que às vezes faz o que eu digo e às vezes aquela que faz birra e decide ser apenas alguma coisa.
Hoje não foi diferente, por isso tive que amarrar num rabo de cavalo baixo.
Procuro minha bolsa em cima da mesa e calço meu tênis branco. Não me importa se combino ou não, nunca tive senso de moda.
Saio da sala cheirando muito bem a café, Gerluza é quem prepara.
Gerluza é minha babá desde que meus pais me adotaram, mas depois que me mudei ela insistiu em voltar. Ele diz que sou maluco e preciso de supervisão ou meu apartamento ficaria em ruínas. Se eu reclamei? Não.
Eu me esgueiro por trás dela e a abraço, fazendo-a pular de medo.
— Menina, se eu morrer, vou te mandar uma alma divina para vir te processar! – ele diz agora, me dando tapinhas ardentes no ombro.
—Gerluza, os tapas machucaram você. Vou denunciá-lo por agressão. – digo com um beicinho malicioso.