CAPITULO 2
— Está tudo bem? – A mãe de Lis indagou temerosa ao ver a sua filha retornar cabisbaixa – O que o rei desejava?
Lis não tinha forças para mentir para a sua mãe e muito menos pretendia engana-los ao inventar alguma história sobre amor quando sentia apenas repulsa pela família real. Ela os desprezava e estava disposta a tudo para destruí-los.
— Aquele rei não é humano – Começou ao deixar que as lagrimas caíssem pelo seu rosto – Ele está me obrigando a casar com o filho dele, Michael. Ele disse que eu iria perder a chance de estudar na universidade e que iria acabar com a nossa fazenda. O que eu poderia fazer além de aceitar?- Perguntou retoricamente chorando nos braços de sua mãe.
— Querida, não se preocupe conosco. Faça o que desejar. Podemos viver em outro lugar – A bondade de sua mãe tornou tudo pior, pois por um segundo havia pensado nisso. Em se negar e simplesmente tentar outra universidade.
— Mamãe, me desculpe – Chorou novamente ao abraçar a sua mãe – Eu sou uma filha egoísta.
— Não é – Negou ao tocar em seu cabelo aliviada pelo seu marido não estar em casa. Ela pretendia esconder dele a verdade sobre tudo.
***
Não demorou muito para que a noticia sobre o noivado do príncipe sádico circundasse por todo o reino. Todos estavam felizes e ao mesmo tempo temerosos pela futura esposa do príncipe, pois a sua fama era de conhecimento geral. O príncipe Michael era conhecido por ser pior que um demônio.
Lis se mantinha presa em seu quarto, deitada na cama, imaginando uma forma de escapar de seu destino. Escapar do príncipe e do casamento.
— Filha – A sua mãe interrompeu seus pensamentos dolorosos ao abrir a porta, encontra a sua filha apática na cama – O mesmo senhor está aqui. O mesmo que a veio buscar – Explicou temerosa.
— Papai sabe sobre algo? – A sua mãe negou cabisbaixa. As duas temiam dizer algo e acabar se deparando com ele preso pelo rei – Não conte, inventarei alguma coisa tola sobre amor. – A mãe assentiu indefesa ao ver a sua família levantar da cama e seguir em direção a sala, onde Sebastian a esperava. – O que deseja? Espero que não tenha vindo me aprisionar – Disse numa tentativa dúbia de soar engraçada quando apenas demonstrou seu desespero.
— Peço desculpas, se o meu comportamento a fez se enganar de tal forma sobre minha índole, senhorita Mullher – Sebastian sorriu levemente diante da expressão desconfiada da jovem a sua frente – O rei, sua majestade, enviou-me para leva-la ao palácio. Se não preparou seus pertences posso espera-la o tempo necessário.
Lis praguejou em um sussurro ao se recordar do que o rei havia lhe dito. Ela deveria se mudar para o palácio com o único objetivo: para as pessoas acreditarem naquela tola historia sobre romance entre o príncipe e ela, uma plebeia desconhecida.
—Irei recusar – Lis falou ao passar a mão pelos cabelos – Não pretendo sair da minha casa, já estou forçada a entrar nessa insanidade. Não esperem que eu fique submissa e sem voz.
— Senhorita, o rei não gostará de saber sobre isso.
— Que ele vá para o inferno então – Decretou ao dar de ombros – Prefere tomar um chá ou dar a noticia ao rei?
Sebastian suspirou levemente.
— Um chá, por favor. Quanto mais tempo passar aqui, menos irei escutar dele – Confidenciou ao ver o largo sorriso na face de Lis.
***
— Está dizendo que ela se recusou? – O rei indagou aparentando calma ao olhar para Sebastian, o qual assentiu. – Ela realmente é louca. – Sorriu como se estivesse se divertindo. A anos que ele não conheceu alguém como Lis Muller. Uma pessoa disposta a enfrenta-lo de frente sem importar-se com suas ameaças ou sua posição. – Por mais divertido que seja, não tenho tempo para isso. Envie os guardas reais para a casa da jovem e mandem traze-la a força, se necessário.
Sebastian assentiu sem nada falar, pois em seu intimo divertia-se com a situação. Deu a ordem a guarda real e aguardou do lado de fora do palácio, paciente, não demorando para que eles retornassem com Lis debatendo-se.
— Isso é sequestro – Ela gritava a plenos pulmões – Eu vou destruir esse rei. Sou uma cidadã deste pais, como podem me sequestrar?
Nenhum guarda real ousou falar algo até soltá-la em frente a Sebastian, permaneceram ao seu lado como se aguardassem novas ordens.
— Como se atreve? – Lis gritou ultrajada ao olhar para Sebastian ignorando as suas próprias roupas. Um short curto de malha e uma blusa leve que usava para ficar em casa. – Isso é ridiculo. Como ousa fazer algo assim?
— Não tenho como dar ordem para eles ao meu bel prazer. Foi o próprio rei – A corrigiu. – Ele não ficou muito contente com a sua resposta. Continuará sendo rebelde?
— Vá para o inferno – Gritou frustrada ao olhar para o seu lado, onde os guardas pareciam ansiosos para evitar que retornasse para casa. – O que esperam?
— Que fique no palácio, é claro. Siga-me, Senhorita Muller que irei lhe mostrar seu quarto.
Lis poderia ter gritado e continuado parada no jardim do palácio, mas sabia que não iria vencer aquela batalha. Resignada, se viu seguindo Sebastian pelo palácio ignorando os olhares dos poucos empregados que a viam passar.
Eu vou acabar com eles.
Prometeu a si mesma antes de subir as escadas que davam acesso ao primeiro andar, seguiu Sebastian para o corredor esquerdo até vê-lo parar em frente a uma porta dupla.
— É aqui – Anunciou ao abrir a porta dando-lhe a visão do quarto. As paredes estavam pintadas em um tom lavanda, no centro do enorme quarto havia uma cama tamanho casal repleta de almofadas. Um closet podia ser visto do lado direito próximo a uma mesa com um notebook. Do lado esquerdo do quarto, havia uma porta que dava acesso ao banheiro. No chão, um tapete felpudo branco lhe dava uma sensação de conforto. – Este será o seu quarto até o momento em que for para a universidade. Espero que aprecie e qualquer coisa pode falar comigo que irei resolver qualquer pendencia ou necessidade que tenha.
— Claro – Murmurou ao rolar os olhos. Ela odiava ter que admitir, mas havia amado o quarto e estava animada para experimentar a cama.
— O quarto do príncipe Michael August é neste mesmo corredor.
— Como se eu quisesse saber.
— Irei deixa-la a sós e mandarei alguém buscar as suas coisas.
— Fala como se eu tivesse escolha.
— Não tem, ninguém tem quando o rei deseja algo – Disse sincero. – Acostume-se.
Jamais.
Lis pensou ao virar o rosto admirando a vista da janela do seu quarto. Do seu novo quarto.