Prólogo
PRÓLOGO
|KATE|
Kate foi abandonada por completo, em um orfanato com apenas dois anos de idade. Ela foi desprezada por seus pais na porta do orfanato quando ainda era apenas um bebezinho indefeso. Ninguém sabia a identidade da mulher ou do homem que a deixaram aquele dia, na porta da instituição que cuida de crianças sem lar na vida. Então a pequena ruiva foi acolhida pelo orfanato do Estado, projetado pelo governo, e foi criada com muita dificuldade, pois lá era um lugar onde havia muita pobreza, e muitas crianças, muitas mesmos, mas poucos funcionários para cuidar de todas elas, como também poucos recursos para tratar de tantas crianças órfãs e carentes como ela.
Kate não era bem tratada na “casa” em que começou a crescer. O orfanato que nem poderia ser chamado de casa, pois lá havia muitos funcionários que maltratavam as crianças, onde eles eram bastante negligentes, e não estavam dispostos a dar comida direito a elas, pois também não tinha o suficiente para todos. Esses funcionários não davam os cuidados devidos as crianças, os quais precisavam, além disso, faltava muitas coisas no orfanato e o lugar estava quase caindo aos pedaços.
O diretor do lugar era uma pessoa corrupta, e os funcionários eram sempre mal educados, e recebiam um pouco de salário, uma mixaria, por isso, eles eram tão irritadíssimos e sem paciência com as crianças, e as maltratavam além dos limites. O local era um lugar terrível para se viver, sem esperanças, sem sonhos, sem recursos, não era um abrigo de verdade para crianças que precisavam de ajuda e que precisavam ser cuidadas.
A corrupção era muito grande naquele lugar, o diretor do orfanato desviava muitos recursos que deveriam ser destinados a instituição, e devido a esses desvios de recursos, o lugar estava quase caindo aos pedaços em cima das várias crianças e dos funcionários que trabalhavam ali. Ele desviava o dinheiro para sua própria conta, para benefício próprio, e prejudicava a todos que precisavam desses recursos no orfanato. Era uma vida muito triste e sem esperança para o futuro para qualquer um.
E Kate era apenas um bebezinho ruivo, magricelo e sem identidade ou sobrenome quando foi abandonada por seus pais ali naquele inferno. Kate, foi o nome que ela recebeu assim que chegou no orfanato, para ter algum tipo de identificação, pois não havia nada com ela, nenhum símbolo, nenhum sinal, nem ao menos um nome.... nem uma lembrança que pudesse identificar a pequena garotinha ruiva com sardas no rosto, no corpo todos, e de miúdos olhos castanhos. A pequena menina desamparada não tinha com quem contar na vida, ela só tinha a si própria, que foi simplesmente deixada ao ar livre da noite de um inverno triste, na porta de desconhecidos... na porta de um orfanato público. A garota nunca teve sorte na vida e também nunca foi amada por seus pais, que a deixaram sem nem piscar os olhos. Eles não tiveram o mínimo de sentimento para cuidar da garota e nem tentaram se lembrar que ela era fruto de um relacionamento entre eles, que tinha e carregava dentro de si o sangue nas veias... o mesmo sangue deles.
Mas eles não se importaram nem um pouco com este fato e a deixaram. A abandonaram para sempre sem nem mesmo olhar para trás, sem nem piscar... sem nenhum remorso, pena, dor na consciência, ou qualquer tipo de sentimento. Não houve nada de amor ou afeto por aquela criança indefesa, que foi colocada no mundo, sem nenhuma responsabilidade ou cuidado dos pais, parentes, familiares ou amigos. Ela não tinha nenhum conhecido com quem poderia contar. Então Kate simplesmente foi deixado no orfanato à mercê de pessoas desconhecidas, que agora teriam que cuidar da garota abandonada e desamparada por todos.
Seu azar era muito grande desde o princípio. Ela não tinha familiares, não tinha amigos, ninguém estava olhando por ela. Agora era somente as pessoas do Orfanato, aquelas pessoas desconhecidas que ela nunca viu na vida, assim como também eles também nunca haviam conhecido antes. Era eles que iriam cuidar dela pelo resto da sua vida, ou até que ela completasse a maioridade, ou se tivesse alguma sorte e recebesse alguma piedade divina, fosse adotada durante o tempo em que permanecesse ali, naquela instituição tão mal cuidada, tão maltratada, e com falta de tantos recursos, para cuidar de tantas crianças que estavam ali antes da chegada dela.
Kate não sabia, mas seu coração já doía desde pequeno, pois sofria com a rejeição, o desamparo, o desapego, a falta de amor das pessoas que deveriam ter primeiro lhe amado nessa vida. A menina, não teve sorte desde o seu primeiro momento na vida, pois havia sido rejeitada, não recebeu nenhum tipo de amor, afeto ou carinho... nem de sua mãe, nem seu pai, nem das outras pessoas, e quando chegou ao orfanato, isso tudo só piorou. Não melhorou em nada. E ela não teve nenhuma esperança de que aquilo seria melhor algum dia.
As pessoas lá no orfanato também não eram boas, assim como seus pais não eram. Kate iria sofrer, e aprender o que era sofrer de verdade, desde os seus primeiros anos de vida, por ter sido abandonada, rejeitada, e carente de amor. A garota sabia que seria uma pessoa com muita tragédia fadada em sua vida desde o seu nascimento. A pequena ruivinha, aprendeu o que é sentir um grande vazio dentro do peito desde cedo, sua carência e falta de autoestima na vida eram o seu maior problema, porque ela nunca tinha recebido amor. Então ela não sabia o que era isso, muito menos sabia o que era ser bem tratada, acolhida e o que seria no futuro como pessoa.
Kate tinha entrado nesse mundo, mesmo sem saber, para sofrer. Tudo o que havia escrito sobre sua história até aquele momento, e que sabia sobre si, era apenas a desesperança, o medo, o abandono, e um futuro incerto, pois não sabia o que iria acontecer dali para frente consigo. Desde a sua chegada no orfanato tudo havia sido ruim, e ainda iria piorar, com a com o passar dos dias e à medida que os anos fossem correndo pela frente. Enquanto fosse crescendo, ela aprenderia como a vida era difícil, dura e cruel para quem não tinha sorte em nada. Ela não tinha nem ao menos consciência de quem era no mundo, pois nem sabia quem era os seus próprios pais, só sabia tudo aquilo que as pessoas do Orfanato diziam a ela sobre quem ela era. Até mesmo o seu próprio nome Kate foi dado a ela no orfanato, pois nem nome seus pais lhe deram quando a deixaram para trás. Eles simplesmente a abandonaram ali no orfanato para ser largada a própria sorte, e se alguém tivesse a atenção e a preocupação de cuidar dela, dali em diante, que seria um golpe de sorte, porém eles achavam que aquilo não era mais problema deles, Kate deveria se virar dali para frente com o que a vida lhe oferecesse.