Resumo
Zen Iwata é um jovem CEO de 30 anos que se apaixonou pela prima brasileira do seu melhor amigo. Com a ajuda de uma capivara falante e uma entidade protetora, Zen quer conquistar o coração de Dandara.
1- Sonho
Zen
Sento no banco do parque e vejo as crianças brincando. Lembro de já ver Dandara brincar com elas. As ensinou canções e brincadeiras do Brasil.
Suspiro e fecho os olhos. O que eu estou fazendo da minha vida? Lembrar de Dandara Natsuki a todo instante é gostar de sofrer.
— Ficar se lamentando não adiantará nada — diz uma voz masculina. Abro os olhos vendo um jovem albino, ele é tão delicado que parece um boneco. Os seus longos cabelos e o seu quimono são brancos. Até mesmo seus olhos possuem essa cor.
— Quem é você? — Estreito os olhos.
— Sou Rutiel, muito prazer. — Ele sorri, senta-se ao meu lado e olha para as crianças. — Se quiser pode me chamar de Ruti, jovem Zen. E não fique com essa expressão feia para mim. Não tenho culpa se seus sentimentos são tão claros quanto a água.
— Como sabe o meu nome?
— Conheço todos que rodeiam a Dan. Você é Zen Iwata, diretor executivo da empresa Dream, amigo de Yuri Natsuki que é o primo da Dan.
— Dandara contou sobre mim?
— Não precisou. — Ele estende a mão e nela aparece como mágica a imagem da mulher que roubou meu coração.
Dandara Natsuki mora no Japão há um mês. Ela tem um formoso e longo cabelo cacheado cor de mel, sua pele é bronzeada, sua voz é é docemente sexy e o seu sorriso é o mais lindo que eu já vi. Ela gosta de usar vestidos longos, conversa com a sua capivara como se ela realmente a respondesse, manda em Yuri como se fosse mãe dele e adora jogos de console.
— C-como fez isso? É um holograma? — Procuro por algum aparelho que possa ter criado a imagem.
— Não. — Ele fecha a mão e a imagem some. — Vamos conversar seriamente, senhor Iwata. Amo a Dandara e existo por ela. Sou a sua entidade, ou seja, ela me cultua. Venho o observando e quero ajudá-lo a conquistar a minha filha. Dandara tem medo do amor, não sabe como é se apaixonar e nunca sentiu nada profundo por alguém. Quero mudar isso. Quero que a faça feliz como um dia ela já foi.
— Não estou gostando da brincadeira. — Levanto-me. — Com licença. — Dou as costas para ele, mas ao dar um passo para frente sinto todo o meu corpo paralisado. Nem ao menos consigo piscar.
— Eu não brinco quando o assunto é a minha adoradora — fala ao meu ouvido saindo de trás de mim e parando na minha frente. — Dan é uma mulher extraordinária. Consiga o seu coração e sua vida mudará para sempre. Machuque o seu coração e se afundará num poço de solidão. Confio que é o homem certo para ela, mas quem realmente precisa confiar nisso é Dandara. Vamos, dê-me o seu consentimento para ajudá-lo.
Sinto que o meu corpo pode se mover de novo e cerro os punhos. Isso só pode ser um sonho. Um sonho horrível que me dá esperanças de fazer Dandara feliz.
Ele estende a sua mão e diz:
— Se tocar na minha mão o ajudarei a conquistar essa mulher, mas antes deve saber que Dandara mentiu sobre o motivo de ter vindo ao Japão. Ela fez algo terrível, mas já a puni por isso. Não contarei o que ela fez, porque Dan que deve fazer isso. Também há outra coisa: se encontrar Masaki Natsuki, não diga a ela. O encontro dos dois seria terrível.
— Não me importo com o passado de Dandara. Eu quero fazer a mulher que conheci há um mês se apaixonar por mim. — Aperto a mão dele e uma luz em volta do seu corpo começa se estender por todo o parque cegando os meus olhos...
Abro os olhos e vejo o teto preto do quarto de Yuri. Pôsteres de animes estão colocados em cada canto da parede. Olho para mim, estou deitado na sua cama, sozinho. Minha cabeça lateja e os meus músculos doem.
Olho para a porta do quarto e vejo a capivara de Dandara me observando como se fosse um cão de guarda.
— O que eu estou fazendo aqui? — Coloco a mão na cabeça e me sento.
"Ridículo" uma voz jovem e masculina diz na minha cabeça. O que está acontecendo comigo?... A capivara corre até mim e pula na cama. Está pronta para me atacar. Meu coração se acelera. Eu não entendo o ódio desse cachorro endemoniado.
— Se afaste! — Pego o travesseiro e jogo nela. Ela desvia.
"Ruti não devia te ajudar. Muito menos eu. Eu deveria acabar com a sua vida aqui mesmo pelo bem da Dan" diz novamente a mesma voz.
Aperto os olhos. Eu estou ficando louco ou a capivara está falando comigo por telepatia? Ainda por cima falou o nome da entidade da Dandara.
— Yuri! — grito com toda a minha força.
Eu estou ficando louco. Preciso sair daqui e ir direto para um psiquiatra.
— Aconteceu algo? — Dandara abre a porta, corre até o meio do quarto e para ao olhar para a sua capivara. Estreita os olhos e coloca as mãos na cintura. — Luciel, o que eu disse sobre atormentar o Iwata?
A capivara vira o rosto para o lado. Luciel não tem expressão, mas seu gesto de virar a cabeça para o lado parece demonstrar que sabe muito bem que a dona está o repreendendo e isso é assustador.
"Não diga nada a ela sobre Ruti e eu. Em outro momento nós conversaremos. Por enquanto eu me retiro" de novo a voz me atormenta. A capivara desce da cama e sai do quarto.
Dandara vem até mim me olhando com as sobrancelhas baixas.
— Sinto muito pelo Luci. Como se sente?
— Cansado.
— Sinto muito por tudo. As meninas exageraram.
— Do que está falando?
— Não se lembra? — Ela aproxima mais o seu rosto do meu. Engulo em seco. Seus olhos castanhos são lindos... Dandara coloca a mão na minha testa. — Está um pouco quente. Vou cuidar de você, não se preocupe. Só descanse. — Ela dá as costas para mim e pego na sua mão antes que ela se vá. Ela se vira. — O que foi?
— Você... Eu... Eu... — Tento me declarar, mas a voz não sai. Suspiro. — Onde está Ruti? Quero dizer... Yuri.
— Rutiel? — Ela arqueia uma sobrancelha. — Como sabe o nome da minha divindade? Eu nunca o disse a ninguém.
Ninguém? Então o meu sonho com o albino e a voz da capivara telepata foram reais?