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Amor a primeira Vista?

Jin desceu da moto olhando cada rosto com atenção. Queria encontrar Adrian e o cercar até fazer a pergunta corretamente. Não iria chegar e dizer que viu os olhos deles amarelos e que queria entender o porquê daquilo e contar também que os dele ficam dessa forma por alguns minutos quando seu corpo esquenta como se estivesse febril. Oh. Ódio.

— Bela moto. – Duas garotas passaram pelo moreno o encarando dos pés a cabeça.

Jin riu falsamente tirando o capacete e seguiu pelo gramado até a entrada da escola. Os corredores estavam lotados de pessoas e pelo visto, Adrian não era o único garoto ruivo naquele lugar. Encontrou alguns rostos quase que conhecidos, os mesmos que viu na noite passada enquanto era derrubado ou molhado por uma rajada de água gelada.

Droga.

Continuou a olhar para os rostos procurando por Adrian quando em meio todas aquelas garotas e os meninos que passavam por si. Jin enxergou ao longe uma garota, e com certeza não era uma das comuns. O Iakisamoto ajeitou a alça da bolsa quando a menina simplesmente jogou o cabelo longo e róseo ou ruivo, mas parecido com rosa para trás de suas costas com um sorriso largo e tão inocente enquanto desfilava pelos corredores ao lado de algumas garotas. Jin por um momento achou eu estivesse somente ele e ela naquele corredor e sua visão ficou mais ilusória quando seus olhos se encontraram.

Ele deu um passo para trás sem acreditar que os olhos esverdeados estavam em sua direção e não somente os olhos, como o sorriso veio para si. E como se já não estivesse tão intrigado com a garota de olhos bonitos, suas pernas começaram a caminhar pelo corredor desfilando em seu rumo. Ele desviou o olhar para todo lado, mas nada conseguiu o prender senão ela.

A sensação de estar hipnotizado e preso num canto como se tivessem passado cola no chão o pegou de surpresa, além de tudo, o sorriso dela era incrivelmente pelo como se aquecesse seu coração, alguma coisa dentro de si mudou, ele soube na mesma hora que o perfume doce chegou a suas narinas o levando a outro mundo. Céus, que garota era aquela?

— Olá? – Sua voz melodiosa penetrou a mente de Jin e tudo que ele conseguiu fazer foi fita-la de cima a garota bonita e diferente usando o uniforme das líderes de torcida era tão baixinha que chegava a ser engraçado. Ele riu bobo coçando sua cabeça até a boca carnuda dela abria e fechava com um sorriso lindo… lindo demais. — Eu sou Aurora.

— Sou Jin, Jin Iakisamoto – disse quando finalmente conseguiu acordar — e você tem olhos bonitos – Aurora sorriu abaixando a cabeça — quer dizer, sua boca… seu… você? – Parou de falar quando ela o encarou sorrindo — deixa pra lá.

— Eu sou Aurora, e já que você não completou nenhuma dessas frases eu vou falar – ela jogou novamente os longos cabelos rosados para trás fazendo Jin entortar o pescoço para o lado analisando seus movimentos bonitos. Era tão lindinha… — Eu sou do comitê de boas vindas e vim receber você… Eba! – bateu palminhas toda animada e Jin só conseguia ficar parado encarando seu rosto angelical. Era como um anjo? — Tenho que te apresentar a escola.

— Obrigado. – Respondeu e viu Aurora lhe dar as costas para começar a andar, ele a seguiu.

— Aqui como você já percebeu, é o corredor. Na secretaria vão lhe dar o número do armário que você vai usar. E não precisa ficar tímido com todos esses olhares, não é porque você está com o cabelo bagunçado ou a roupa do lado errado – parou de andar e Jin parou ao seu lado também, ambos se encararam — não temos um aluno novo a mais de três anos. E todo mundo quer te conhecer e nem é porque você é bonito.

— Você acha que eu sou bonito? – Aurora abriu a boca para falar e fechou novamente, corou e abaixou a cabeça — é porque você também é muito bonita, era o que eu ia dizer antes de não conseguir completar nenhuma frase… - Aurora voltou a encará-lo — não tenho interesse em ser popular.

— Hm, isso é… bom eu acho. E no que você tem interesse? No jornal da escola? Ou só em garotas? Em motos? Vi que chegou em uma e na escola temos aulas de mecânica, você vai gostar. Mas se preferir pode entrar para o nosso time de líder de torcida, animar é nossa paixão. – Aurora levantou um dos braços, uma pose que fazia parte da sua coreografia, Jin riu. — Mas se também não quiser entrar para nenhuma dessas coisas, tem o time da escola, todo mundo prefere o time do lacrosse.

Lacrosse.

Adrian.

— Ah é isso. – disse rápido ao lembrar-se do que realmente foi fazer na escola — Eu tenho interesse em entrar no time, ou fazer testes, não ligo, desde que eu possa falar com o capitão.

— O capitão? – Aurora perguntou estranhando aquilo. Porque Jin queria falar com seu irmão? — Nosso capitão de chama Adrian Romero, que… por acaso, é meu irmão.

— Vocês não tem nada haver um com o outro – disse rápido voltando a encarar ela com tanta atenção, queria gravar seu rosto para nunca esquecer.

— Por que eu não sou originalmente ruiva? Gosto do rosa é minha cor preferida, e o meu pai também era ruivo. Minha mãe é loira. Eu tinha os cabelos do meu pai até um tempo atrás, mas o rosa, ele me ganhou.

— Não estou falando do cabelo – ele se aproximou mais e Aurora o encarou de volta, mais perto do que qualquer outro garoto chegou — estou falando de personalidade, você é fofa e engraçada, diferente do seu irmão que passou por cima de mim como um trator e me jogou um jato de água gelada e a gente nem se conhecia.

— Está atrás dele porque quer se vingar? – Sua expressão séria fez Jin ri, ela corou desviando o olhar.

— Eu vi algo ontem, acho que preciso da ajuda dele. – Aurora botou as mãos na cintura, queria poder perguntar sobre, mas…

— DESDE QUANDO você fica parada falando com estranhos? – Fabricio gritou a primeira parte entre os dois assustando-os de uma vez, cada um foi para um lado espantado pelo grito, além da voz grossa. – Aurora, estava te procurando.

— Não me diga – passou os dedos pelo ouvido o grito dele foi intenso… profundo demais para seus ouvidos bem afinados. — o que foi Fabricio?

— Nada, eu vi você parada falando com um desconhecido, achei que estivesse em perigo, porque se esse cara tiver se incomodando – ele foi pra cima de Jin o intimidando, no entanto, o moreno tufou o peito o encarando de volta — eu posso acabar com ele em menos de dois segundos.

— Você pode tentar, não garanto que vá conseguir – Jin provocou e Fabricio abriu a boca, impressionado. — Sai da frente, eu não sei onde é a minha sala, e ela vai me ajudar a encontrar – empurrou o loiro, mas o que ganhou em seu campo de visão foi Adrian de braços cruzados acabando com a imagem da garota linda dos seus sonhos atrás dele.

— Você sabe ler, não é? – Jin ficou calado — então vai lendo até achar seu nome em algum lugar – eles se encararam ferozmente e a tensão não foi vista apenas por Fabricio que parou ao lado de Yan do outro lado do corredor, se aquilo virasse uma briga, eles seriam os primeiros a sacar o celular. Todo aquele clima desarmou apenas quando Aurora deu as costas indo embora do corredor. Odiava confusão e ainda mais quando tinha plateia. Jin desviou o olhar para ver sua partida até não poder mais vê-la entre as pessoas. Como poderia encontra-la de novo? — Quando eu disse que seu nome pode estar em algum lugar, eu quis dizer uma sala de aula, e não na enfermaria – Os olhos negros voltaram para Adrian — que é onde você vai parar se ficar olhando assim pra minha irmã de novo.

— Quero falar com você. Algo sério, bem sério. Na verdade eu nem sei se vai acreditar, mas eu preciso falar contigo. – Adrian olhou dele para os amigos ao lado e voltou para o moreno.

— Não tenho tempo de falar com novatos, - ele riu junto dos amigos e Jin respirou fundo para não socar ninguém. — Tenho aula agora, depois tenho treino, a menos que queira fazer um teste para nosso time, você jogou bem ontem.

— Antes ou depois de comer lama? – Yan comentou chamando atenção de Jin. Os Betas riram.

— Antes. Porque depois eu passei por cima do seu amigo e eu posso fazer o mesmo com você se me irritar – Jin ameaçou, o olhar sério penetrante, brilhoso, Yan deu um passo para trás puxando Fabricio que foi sem contestar — Preciso falar com você, no jogo, no treino, no campo em qualquer lugar, só preciso falar contigo.

— Eu não sou gay.

— Nem eu. É por isso que eu vou atrás da garota de cabelo rosa, que eu esqueci o nome porque ela é tão linda e ficou sorrindo… - ele foi andando na mesma direção que Aurora sumiu deixando o ruivo parado, tremendo em ódio, e quando tentou ir atrás, Fabricio segurou um dos braços, e Yan o outro.

— Não vamos brigar no primeiro dia. O alpha disse que não quer confusão – Fabricio murmurou, mesmo que irritado — E eu não puxaria uma briga com aquele cara aqui dentro, deixa pra brigar no campo que tem espaço, e onde esconder as garras – Adrian se acalmou encarando o loiro que ficou pensativo de repente — aquele idiota que nunca se transformou tem um poder dentro de si, o poder de um alpha – Adrian revirou os olhos desviando a direção de seu corpo porque se continuasse a olhar para onde Jin tinha sumido, ele cometeria um homicídio.

— Mas essa não é uma noticia ótima – Yan foi sarcástico — eu vou atrás da Aurora. – Avisou.

— Com poder de alpha ou não, vamos acabar com ele no campo. – Virou para Fabricio que já tinha os olhos grudados em outros lugares — Fabricio? Fabricio?

— Ela tá beijando o Marcos? – Fabricio questionou sem acreditar no que estava vendo. Era a primeira vez que via Raíza depois da sua viagem depois de ter ido ao seu quarto, e ela estava nos braços de outro.

— Parece que conquistar ela vai ser mais difícil do que você achou – Adrian bateu nos ombros dele e seguiu seu caminho.

— Merda.

-

-

Nós não escolhermos amar uma pessoa. O que sentimos é incontrolável. Ou aceitamos o fato de que o coração é que manda na mente, e não o contrario. Se um dia, você pôde fazer as escolhas do seu coração, escolha se apaixonar perdidamente por uma pessoa que seja como você, doce, gentil, linda e… sobrenatural.

Aos doze anos Fabricio não sabia mais como respirar se não fosse perto de sua amada Raíza Fernandes, a garota mais doce que já conheceu. Ele nunca foi um dos mais populares da escola pelo fato de que seu pai era nada mais nada menos que Roberto Miros, o delegado da pequena cidade do Norte. E mesmo assim, Fabricio achava tempo, disposição e loucos para embarcarem em perigos junto dele trazendo uma grande fama ao seu nome. Uma fama que os pais de Raíza, uma família pacata, religiosa que seguia costumes diferentes começando pelo romance, e o casamento entre os membros da família, odiaram.

Raíza sempre foi apaixonada pelo projeto de adolescente encrenqueiro, e quando pode confessar seus sentimentos e teve seu amor correspondido, foi como caminhar sobre as águas. Mas nesse mesmo tempo, ela teve o seu grande desenvolvimento com seu elo sobrenatural. Uma loba valiosa com poderes que nenhum outro clã poderia herdar. Sua visão era a melhor de todas, com um poder imensurável e incontrolável. Fabricio não sabia lidar com esse mundo, mas não demorou a entrar nele de cabeça deixando de lado sua paixão para treinar e se tornar um guerreiro, um companheiro de guerra, mas nunca perdendo seu lado humano, e nem a garota dos seus sonhos.

Ser aceito por aquela família, lhe custou muitas coisas, seu alpha fez de tudo para torna-lo uma pessoa melhor, seu verdadeiro eu, e foi com isso que conseguiu pedi-la em namoro em frente aos seus pais, dessa forma foi aceito e poderia sair com ela para onde desejasse, prometeu casar-se com ela para finalmente poder tê-la em seus braços. Mas como poderiam esperar até o casamento se os hormônios do presente quase os fizeram enlouquecer? Todas as suas primeiras vezes foi um com o outro, e nada nesse mundo poderia tirar isso.

Nem o fato de que o ciúme de Fabricio era extremamente sufocante, e com a seriedade do namoro/noivado, veio às brigas, seus gritos, seus surtos, o termino, e sua vida toda desandou desde então. Ele não sabia como respirar sem ela, e vê-la nos braços de outro, doía mais que a mordida de cem alphas por seu corpo.

— Ela estava beijando o Marcos? – perguntou novamente fazendo Adrian revirar os olhos na direção do loiro que assistia o nada sentado na sala de aula — Você entende a gravidade disso? Ela estava beijando o Marcos, que é um bruxo. Um bruxo!

— Porque você não presta atenção na aula? – Adrian estreitou os olhos para o amigo que mesmo tentando prestar atenção numa aula que nem tinha começado, tudo que ele conseguia ver era ela e Marcos no meio do corredor aos beijos como se fossem muito íntimos. — Temos um trabalho a fazer depois do almoço, então você não me vem com problemas do coração pra resolver agora.

— Você está falando isso por que não era a Lívia com a língua daquele bruxo na garganta – Adrian ficou sério — eu não estou nem aí se a Raíza passou o verão transado com um monte de vagabundo pra tentar me esquecer, nada justifica ela beijar o bruxo.

— A Raíza não passou o verão todo beijando um monte de vagabundo, ela passou comigo. Ela não é esse tipo de pessoa – Fabricio o olhou pela primeira vez — eu só quis ajudar.

— Você é um babaca! – Adrian assentiu e desviou o olhar para a outra mesa onde Aurora estudava tranquilamente. Com aquele uniforme de líder de torcida e o cabelo amarrado em chuquinhas uma de cada lado da cabeça ela parecia inofensiva, o tipo de garota… Que Jin Iakisamoto sentaria do lado — o que acha que ele é?

Adrian continuou a olhar para a mesa da irmã, ela mal parecia enxergar Jin ao seu lado, mas tinha algo em seu sorriso, naquelas mãos que mexiam de um lado para o outro escrevendo, os olhos brilhando alternando entre o quadro e o caderno. Tudo nela era estranho, e ficava ainda pior do lado daquele lobo amador.

— Um grande filho da puta, pode apostar – respondeu fazendo Fabricio rir — porque ele se aproximou dela? Por que quer ficar perto dela? Eu juro que se aquele cara tentar alguma coisa com a Aurora, eu vou mata-lo.

— Aurora não gostaria de ver seu pretendente a namorado todo rasgado – Adrian o encarou na mesma hora, seus olhos mudando de cor e Fabricio riu fazendo a mesma coisa — quer brigar agora?

— Vai se ferrar. – se empurraram brutalmente e voltaram a prestar atenção no quadro, ou ao menos tentaram.

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