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Capítulo 05

ROSAMUND

Desde que Alfa Kurt me resgatou do Shadow Moon Pack, o lugar onde eu nasci e onde eu mais fui maltratada, eu era extremamente grata a ele.

No momento em que nos conhecemos, eu não consegui sentir nada além de medo. E se ele só quisesse me fazer mal? Porém, percebi que ele não queria isso. Ou ainda não tinha demonstrado. Eu já ouvi falar de alguns Alfas que gostam de manter ômegas como escravas sexuais e eu preferia morrer a passar por isso. Ele era lindo, mas eu não me submeteria a esse tipo de coisa.

Sim, apesar de tudo, eu tinha sonhos de encontrar o meu companheiro predestinado. Eu tinha esperanças de que ele me encontraria e cuidaria de mim. No entanto, como isso poderia acontecer se eu ainda não tinha um lobo?

Talvez por eu ter sido rebaixada a ômega ou pelos maus tratos (já ouvi falar que pode acontecer de más condições impedirem o lobisomem de ter um lobo e ser apenas um humano), eu não tinha lobo. Eu já estava com 18 anos. Até os 20, no máximo, eu teria um lobo, se tudo desse certo. E eu queria me manter casta até lá. Eu queria me guardar para o meu companheiro.

Deixe-me contar como eu fui rebaixada a ômega e porque todos no Shadow Moon Pack me odiavam tanto: o meu pai era o antigo Beta. E ele desempenhava o papel dele maravilhosamente bem. Porém, houve um ataque de rogues e o meu pai acabou por me salvar e não à Luna. Eu estava próxima ao local do ataque, brincando. Eu era uma criança.

Bom, como ele falhou com a missão dele, ele foi morto pelo próprio Alfa Idris. E como castigo por ter estado no lugar errado, na hora errada, eu fui rebaixada a ômega e, também, a saco de pancadas.

Ninguém nunca me ajudava, não importa o quanto eu chorasse e pedisse. Nem de outros bandos, quando visitavam. Ninguém, até mesmo o Alfa Kurt. Ele já havia visitado e eu nunca o vi nem virar o rosto para perceber a minha presença.

Eu estava no hospital, me recuperando. Todos eram tão bons comigo! E o Alfa Kurt... Bom, ele visitava sempre. O cheiro dele… Era divino! Uma mistura de almíscar com chocolate. Sim! E chocolate amargo, o meu favorito. Eu não comia chocolate há muitos anos, mas sempre amei o amargo e ainda conseguia lembrar do gosto.

Agora, o Alfa Kurt veio me falar sobre eu me juntar às atividades do bando como um deles, no entanto, eu já estava decidida a ir embora. Assim que eu dei a notícia, ele ficou ali parado me olhando com aqueles olhos azul-esverdeados lindos. O cabelo dele era preto como a noite sem estrelas. A pele bronzeada. Ele era cheio de músculos. Eu juro que nunca olhei para os machos daquele jeito, mas o Alfa Kurt… Ele era de dar água na boca.

— Mas… Por quê? — Ele perguntou, dando um passo em minha direção. Ele fez sombra sobre mim sem precisar estar muito próximo. Aquele macho devia ter mais de 2 metros de altura!

— Alfa Kurt, eu sou muito grata por tudo, mas… Eu não posso. Eu não quero mais viver entre os lobos.

Eu já tinha vivido o suficiente para saber que lobisomens eram tudo o que eu não queria perto de mim.

Ele se aproximou mais ainda e pegou a minha mão. Eu senti algo estranho, como uma faísca, uma quentura. E eu acho que ele também sentiu, pela forma como ele moveu a mão, mas no fim, ele não soltou a minha.

— Rosamund, por favor… Eu entendo que você não quer ficar. No entanto, você está fraca, ainda não vai conseguir se virar sozinha.

— Eu me virei até aqui. Bom, quase… — Eu havia sobrevivido bastante, apesar de tudo.

— Eu sei — Ele disse — Mas você precisa ficar mais forte. Mesmo que não me aceite como o seu Alfa, você pode permanecer aqui e se fortalecer, antes de… De ir embora.

Ele falou como se tivesse engasgado com alguma coisa. Não havia motivo para ele querer que eu ficasse além de querer me ajudar, certo? Eu não tinha qualquer uso. Ainda mais para um macho como ele.

Eu ouvi rumores sobre o Alfa Kurt do Shadow Moon Pack. O Alfa mais tirano e sem coração. Aparentemente, ele foi enganado pela companheira dele e, por isso, ele havia se tornado uma criatura tão desalmada. Ele matava quem se metesse no caminho dele. Disseram que ele matou a companheira dele com as próprias mãos, sem nem estar na forma de lobo. E que ele comeu as entranhas dela. Eu não acreditava nisso, ainda mais olhando-o de perto. Ele era grandão, tinha um olhar sério, mas não parecia cruel.

— Eu vou pensar a respeito, Alfa Kurt — Eu disse, desviando o olhar do dele. Era difícil olhar para o rosto dele. Não por conta da cicatriz, que ia da têmpora até o queixo, e descia pela gola da camisa. Mas por conta da forma como eu me sentia na presença dele.

— Eu mesmo vou treinar você, se ficar — Eu olhei para o rosto dele, incrédula. O próprio… O próprio Alfa me treinaria?

— Nossa! Ah… Muito obrigada, Alfa — E olhei para baixo, envergonhada. Eu estava tendo dificuldades em me concentrar. Além de lindo, o cheiro dele me fazia sentir umas coisas estranhas!

— Não há o que agradecer — Ele colocou a mão debaixo do meu queixo e me fez olhar para ele — Será que eu posso te chamar de Rosa?

Eu concordei. Sinceramente, naquele momento, com ele me olhando tão profundamente, eu acho que diria “sim” para o que ele quisesse. E isso era perigoso.

Ele parecia querer dizer algo a mais, porém, ele não o fez. Ele me encarou por alguns instantes, até que sorriu fracamente e se afastou, saindo do jardim sem dizer mais nada.

Eu entrei no quarto e me deixei cair na cama. O que aconteceu comigo? Eu fiquei completamente idiota! A presença dele me deixou assim, provavelmente porque ele é um Alfa. Mas eu nunca fiquei assim com o Alfa Idris. Eu tinha medo dele, apenas isso.

Naquela noite, eu tive sonhos com ele, o macho que tinha o cheiro mais delicioso de todos. Aquele foi o meu primeiro sonho erótico.

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