Capítulo Três
Parte 1...
Igor ainda não conseguira dormir. Não parava de pensar na garota que em breve seria sua esposa. Ela era muito sexy de um jeito que não era vulgar, apesar do vestido curto e colado. E apesar do vestido ser bonito, não parecia estar à vontade com ele.
Mas essas coisas de mulher era até difícil de entender, cada uma tinha sua mania e frescura particular. Quando era casado com Katiana viu várias vezes ela reclamar com drama sobre não ter roupa para sair, sendo que o closet estava lotado.
Estava com as fotos dela em suas mãos. Era a mesma pessoa que conhecera no restaurante... E ao mesmo tempo não era. Tinha algo que não estava de acordo nas fotos com a pessoa ao vivo.
Ela parecia ser mais delicada, seus gestos eram mais curtos, a fala mansa, rosto um pouco mais cheio. Talvez devesse ter pedido fotos tiradas na hora por seu advogado. Talvez assim ele tivesse uma ideia de como ela se sentia no momento em que assinou o acordo.
E o modo dela parecia em desacordo com o que lhe foi informado. Era como se fosse outra. Ao lado dele estava tímida, mas Orlando dissera que era bem solta e falante, que não tinha nenhuma dificuldade em aceitar a proposta e logo falou em valores. Achou que teria uma noite de sexo divertida e ao invés disso ela fugira tão logo possível. E não podia negar que ela o atraía e muito ou não estaria ali repassando o encontro na memória. Fazia tempo que não se pegava curioso sobre uma mulher.
Só não queria ficar na dúvida de quem seria mesmo ela. A falante que só queria dinheiro ou a tímida que parecia querer ajudar?
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— Aline, acorde - Alana puxou o lençol — Chegou uma mensagem no seu celular novo. Igor disse que vai pegar você para saírem daqui a pouco.
— Mas já? – ela abriu um olho e gemeu se espreguiçando. Quase não dormira. Ficou até tarde pensando no que fazer.
— Claro, né - fez um bico reprovando — Ele quer acertar tudo. Só falta um dia para o casamento de vocês. Levante!
Não foi de muita boa vontade que ela saiu da cama. Até queria esquecer que tinha esse “compromisso” e voltar ao normal. Só que depois de muito pensar sozinha em seu quarto, ela viu que não tinha outra alternativa por enquanto.
Elas não teriam como devolver o que a irmã havia gastado, a mãe ficaria ainda mais deprimida e ela ainda teria que enfrentar uma batalha na justiça que dificilmente iria conseguir vencer.
— Já separei a roupa para você ir.
— Nem vem com seus vestidos curtos novamente.
— Não confio no seu gosto hippie. É capaz de sair com um abacaxi na cabeça. Eu deveria ir no seu lugar e seria mais fácil.
— O que está acontecendo agora, Alana? – desconfiou.
—Ah, sei lá... - encolheu os ombros — Me deu inveja. Olha só o anel que ele te deu? Você vai ganhar um monte de coisas.
— Isso é ridículo. Se queria estar no meu lugar, porque usou meus dados? E não vai se casar? Que diabos você quer da vida finalmente?
—Ah, sabe que eu sempre gostei da atenção dos homens. Eu poderia ir e ver se ganho algo mais.
Aline ficou besta de ver o tamanho da ganância e do absurdo que Alana dizia. Ela realmente não se importava com mais nada, só com o que queria e pronto.
— Isso é tão ridículo, Alana – disse decepcionada.
Ela se trocou e se maquiou levemente. Não estava mesmo animada para ter outro encontro, mas teria que ir. A armação estava montada e não dava para voltar atrás agora.
Deixou o cabelo solto e ao invés de usar a roupa que ela separou, decidiu ir com uma sua mesmo. Assim que entrou no carro ele a olhou por inteiro, avaliando sua aparência.
— O que foi?
— Apenas observando sua roupa – estava muito diferente da noite anterior. O vestido branco levemente florido de azul e que ia até os joelhos a deixou muito bonita — Parece mais jovem. Eu gostei. Ficou mais delicada.
— Obrigada! – mexeu no cabelo. Ponto para ela.
— Você estava bonita ontem, mas prefiro assim.
Ela corou. A irmã vivia dizendo que ela se vestia esfarrapada, como uma hippie doida, que não tinha bom gosto. Ainda bem que ele achava isso porque não estava a fim de vestir as roupas da irmã o tempo todo, eram ousadas demais.
Gostava de decotes e roupas mais sexys, mas Alana exagerava. Ela só tinha roupas que mostravam e muito seu corpo.
— Como a minha intenção maior é apresentar uma boa esposa aos meus avós, prefiro que seja mais discreta e adequada. Esse tipo de roupa é muito melhor do que o vestido de ontem.
— Nossa, isso é um machismo ridículo. Desde quando a roupa faz uma boa esposa? Que frase mais velha - reclamou.
_ Não vou reclamar do modo de pensar de duas pessoas idosas e que são de outra época. Isso além de ser falta de respeito, seria uma burrice de minha parte – não gostou de ser chamado de machista — Enquanto você estiver casada comigo, na presença deles use roupas menos sexys. Não vai ser tão difícil assim.
Ele se mostrava bem arrogante e com certeza seria desse tipo que acha que manda em todos. Ainda bem que Alana disse que o contrato era de apenas um ano e que ele pouco estaria em casa com ela. Seria mais um enfeite do que esposa. Um ano dá para suportar.
— Para onde vamos? - mudou o assunto.
— Nós vamos sair e sermos vistos. Preciso que tirem fotos nossas para que comecem as fofocas sobre sermos um casal. Assim fica mais fácil meus avós acreditarem. Eles sempre leem tudo sobre mim. Você tem pais separados, não é? – ela confirmou — E irmãos?
E agora? Ela segurou a respiração. Será que deveria dizer que era gêmea? Achou melhor esconder.
— Tenho uma irmã, mas não mora aqui – com certeza Alana deve ter dito no questionário que tinha irmã, mas não gêmea.
— Mais alguém que eu deva saber?
— Não – franziu a testa.
— Vamos fazer compras. Logo estaremos nas revistas de fofocas e sites. As pessoas adoram fofocar sobre tudo.
Não era bem o que ela gostaria de fazer e menos ainda de estar no meio de fofocas, mas se era o jeito, assim seria.
Ele a levou à rua mais cara de todo o país, entraram e saíram de várias lojas e fizeram muitas compras. No começo ela ainda ficou olhando os preços, mas ele lhe disse baixinho que parasse de olhar os valores e apenas comprasse o que gostasse.
Até seus pés doíam. Entraram em vários ligares. O motorista dele carregou algumas sacolas por um tempo. E sempre tinha algum conhecido. Ele fazia questão de sorrir e sempre a tocava quando havia alguém por perto. Foi bom, mas estranho.
Era algo muito novo e diferente. Admitia que essa parte era muito boa. Comprar algo porque queria e podia era outro nível de vida. Mas ela estava mentindo ali.
Autora Ninha Cardoso.
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