Capítulo Dois
Parte 1...
Igor já tinha olhado as fotos da tal garota escolhida pelo advogado várias vezes. Era bonita, mas não como as mulheres que estava acostumado a andar. Porém tinha beleza e charme.
Ela tinha respondido aos formulários e passara nos testes médicos. De acordo com o que seu advogado lhe dissera era bem decidida e entendera exatamente o que era a proposta e como seria realizado o acordo. Não pareceu ter nenhuma restrição.
Era atraente, educada e sabia se portar bem, como era pedido por ele mesmo. Tinha que ser alguém que seus avós considerassem ideal para um casamento e para ser mãe de seu bisneto.
Uma coisa que ele não lhe falou foi sobre a personalidade da garota. Disse que ela parecia ser bem ativa, esperta e capaz de fingir muito bem. Só não queria se envolver com outra maluca fútil.
Pediu um encontro antes do pretendido casamento para resolver se ela valeria a pena o investimento. Apesar dela ter passado na entrevista com o advogado e ter feito os exames médicos e realmente não ter nenhuma doença, ele ainda queria avaliar pessoalmente, apesar de que seu advogado já fizera um depósito em nome dela.
Caso ele achasse que não, cancelaria o acordo e se livraria dela logo. A questão financeira era fácil de resolver. Ela só teria que lhe devolver o valor pago pelo advogado. Estava tudo assinado, então ela sabia bem onde estava se metendo e só faltava agora ele também avaliar isso.
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— Meu Deus, você está linda! – Alana andou em volta da irmã — Ficou ótimo em você o vestido.
— Hum... Não sei - ela puxou o vestido azul apertado para baixo.
— Vai estragar, Aline – ela reclamou.
— Não posso usar suas roupas, são muito extravagantes e não combinam comigo. É tudo muito colado, muito curto. Credo!
— Mas você vai ter que usar se vai se passar por mim.
— Serei eu mesma. Você usou meus dados – protestou — E eu nem saberia ser você, Alana.
— Aline, você não sabe se vestir na moda, parece uma hippie louca. Não pode se apresentar assim. O que o cara vai dizer se vir a mulher que ele contratou entrando como uma maluca nessas roupas que você usa.
— Não me visto mal. Sou mais simples que você.
— Até demais, né!– revirou os olhos — Mãe, vem me ajudar aqui, por favor! Fala a verdade sobre o vestido.
Anabel entrou no quarto e ficou surpresa.
— Filha você está linda!
— Viu só? Eu tenho razão.
— Ficou muito bem em você, Aline. Deveria usar mais roupas desse estilo. Você é linda – deu uma gargalhada de leve — Vocês duas são lindas e maravilhosas – abraçou as duas.
— Só que fica melhor em mim – Alana disse balançando o corpo.
— As duas ficam bem – Anabel afirmou — Vou comer alguma coisa, vocês não querem?
— Não. Temos que resolver umas coisas aqui.
A mãe saiu do quarto e as duas continuaram a escolher roupas. Alana foi falando sobre as perguntas feitas pelo advogado e como ela as respondera. O celular dela tocou.
— É ele... Quer dizer, o advogado dele.
— Atenda logo – Aline fechou a porta para que a mãe não ouvisse.
Alana falou com o advogado e marcou o encontro.
— Daqui a pouco o motorista dele vem me buscar... E você vai no meu lugar. Olha lá o que vai falar e fazer, pelo amor de Deus. Tem que fingir bem.
— Ai... Acho que não consigo... - balançou as mãos sentindo um frio na barriga — É melhor inventar algo...
— Consegue sim, não vai dar pra trás agora - falou baixo entre dentes.
Alana inventou uma mentira para a mãe sobre a saída dela e ficou olhando lá de cima quando o carro parou e a mandou descer rápido.
Aline estava muito nervosa quando o motorista chegou, mas lembrou de que ele não a conhecia, assim como o italiano. Ele só a vira nas fotos que Alana entregou ao advogado. Respirou fundo e se apresentou.
Após a apresentação educada o motorista de nome Danilo, a levou ao encontro com Igor Anton. O trajeto foi feito em silêncio e ela repassou na memória os conselhos e dicas da irmã.
Suas mãos tremiam e ela estava ansiosa demais. Era a primeira vez que cometia uma loucura na vida. Sempre tinha feito tudo certo e esse tipo de coisa era para Alana que tinha mais coragem e menos juízo.
Pena não terem tido mais tempo para conversar. Estava com medo de esquecer algo. O local era um restaurante muito conceituado que ficava no térreo do hotel.
Já passara em frente algumas vezes, mas nunca entrou por saber se caro demais. Acompanhou Danilo pelo local e deu graças a Deus por estar usando um dos vestidos de Alana, mesmo se sentindo desconfortável. Todo mundo ali estava bem vestido.
E o cabelo estava bonito, brilhante. Enquanto Alana falava escovava seu cabelo com força e depois fez uma maquiagem como se fosse ela para o encontro. Também treinou um pouco como andar parecido com a irmã.
Entrou em outro espaço reservado. Nem sabia que tinha isso no restaurante. Seu coração disparou ao ver um homem sentado sozinho em um pequeno sofá. Ele parecia sério e sua presença era marcante.
Engoliu em seco. Era agora, não dava para desistir. Seu coração começou a bater tão forte que ficou com medo que pulasse pela boca.
Igor levantou o rosto. Ficou surpreso com a bela mulher que acabara de entrar. Magra, mas com curvas que se mostravam embaixo do vestido colado. Parecia muito mais bonita do que nas fotos e mais charmosa também.
Sentiu que ela estava um pouco travada, talvez por ser o primeiro encontro deles. Era muito atraente o modo como andava e ao se aproximar viu melhor seus traços. Os olhos eram brilhantes de um marrom âmbar, o cabelo ruivo estava menor do que nas fotos, mas muito bonito, solto até os ombros.
A boca era bicuda em um batom rosa claro, a cintura delineava o quadril e acentuava as curvas. Os seios pequenos pareciam firmes. Muito mais bonita pessoalmente. De imediato sentiu o corpo ficar alerta. Parecia que seu advogado realmente tinha feito uma boa escolha.
Aline ficou impressionada com o homem à sua frente. Ele ficou de pé quando a viu e deveria ter com certeza mais de um e oitenta de altura. Seu pai tinha o mesmo porte.
Era muito bonito. Alana não lhe falara que ele tinha tanta presença assim. O cabelo escuro, rosto de linhas quadradas, pele morena, nariz reto e uma boca grande de lábios bem feitos. Deu até calor. E ela ficou sem jeito de se aproximar, mas suas pernas conseguiram seguir.
O homem era muito másculo. O olhar dele era forte e a despiu só em uma passada. Sentiu-se tímida diante desse olhar. Que homem era esse. Alana deveria ter preparado seu espírito para isso.
— Você então é Aline?
“Meu Deus, que voz”. Ela se arrepiou.
— S-sim.
— Sente-se aqui comigo um pouco – pegou a mão dela e a puxou para o sofá — Igor Anton. Quer beber algo?
— Hã... Um suco está bem.