Capítulo Cinco Continua
Parte 3...
Igor a observava enquanto dormia.
Com certeza estava cansada da viagem e de tudo mais o que aconteceu porque seu sono era pesado. Ela nem acordou quando ele a puxou para os braços e a apertou de encontro ao peito.
Disse que estava com fome, mas quase não tocou na comida que ele pediu no hotel e parecia ainda muito pensativa. Correu o dedo pelas curvas de seu corpo e alisou a barriga lisa, pensando que em breve ela estaria grande e inchada com um bebê seu.
Talvez naquele momento enquanto ela dormia a mágica da criação já acontecia. Suspirou e passou os dedos no cabelo. Queria um filho, a ideia inicial e principal era essa, mas agora queria poder desfrutar mais da companhia dela, em especial na cama.
Sexo sempre era bom, mas com ela tinha sido diferente, especial. Estava mesmo precisando de uma coisa diferente para distrair um pouco a cabeça.
Começou a sentir sono e apagou a luz do abajur lateral. Se ajeitou e passou a perna por cima dela em uma atitude possessiva e adormeceu abraçado a ela. Era algo que não fazia há muito tempo, desde que seu casamento com Katiana mixou.
Quando acordou, Aline tentou se mexer e entendeu que estava presa nos braços dele. Ficou olhando o rosto de traços fortes e correu o dedo pela linha da boca grande. Igor acordou e ficaram se olhando calados por um tempo até que o desejo tomou conta dela e sem pensar duas vezes, ergueu o rosto para um beijo.
Fizeram amor com muito mais calma dessa vez e mais demorado. Aline só sentiu um leve desconforto inicial e logo estava agindo como se ele fosse mesmo seu marido e não um “sócio” em um acordo financeiro.
Dessa vez ela ficou por cima dele e explorou seu corpo sem pudor. Até mesmo para ela foi uma surpresa o modo como se sentiu solta. Não pensou que pudesse ficar à vontade após sua primeira vez com um estranho.
Eles tomaram o café na varanda e Igor lhe falou mais sobre os avós que o haviam criado e em como ele era capaz de tudo para fazê-los felizes, até mesmo contratar uma esposa.
Seu modo de falar sobre eles era calmo e carinhoso e Aline percebeu o quanto isso era verdade. Ele realmente tinha um enorme apreço por seus velhinhos, como se referiu ao casal.
O carro com motorista chegou e a conversa acabou. Ela até estava gostando muito de ficar ali com ele. Igor usou o celular e o notebook quase todo o percurso e só parou quando estavam almoçando em um pequeno restaurante muito acolhedor.
— Você sempre trabalha assim?
— Me acostumei. Comecei cedo e tive que batalhar muito para chegar onde estou - mexeu o ombro — É natural que hoje eu seja viciado em trabalho.
A conversa seguiu pelo lado do trabalho e Aline achou bom, assim não teria que falar dela. Ganhava algumas horas a mais. Cada minuto que ela empurrava para a frente a ajudava. Continuaram o percurso até chegarem ao pequeno lugar onde os avós dele moravam.
— Que lindo! – ela olhava a paisagem encantada com o lugar — Parece uma tela colorida.
Igor sorriu e se sentiu bem com o comentário. Realmente o lugar era pequeno, mas tinha uma beleza única. Ele também já olhara dessa maneira para a paisagem local.
— Poucas pessoas percebem isso.
— São cegas, então?
Aline sempre foi muito observadora de paisagens locais e gostava muito de natureza. Cada vez que visita um lugar novo olhava tudo em volta para guardar na lembrança.
Ele sorriu e beijou sua mão. Quando chegaram em frente à casa, sua avó estava no jardim mexendo nas plantas. Ele foi até ela e a ajudou a levantar.
— Venha – ele chamou Aline e a apresentou.
A avó conseguia entender um pouco do que Aline falava, mas ele as ajudou traduzindo algumas palavras para que pudessem falar melhor. Entraram em casa e o avô estava lendo o jornal local. Repetiu o mesmo com ele e depois os dois saíram deixando as duas conversando na cozinha.
Aline ficou tocada com a atenção da senhora para com ela.
Era muito carinhosa no modo de agir e sempre sorria. Curiosa com certeza, mas gentil no modo de perguntar sobre ela. Pensou que se fosse conviver com eles durante um ano teria que aprender logo o italiano para se comunicar melhor.
Muitas coisas ela conseguia entender, mas algumas palavras travavam o assunto e por vezes era engraçado.
Igor retornou e a avisou que ficariam para dormir por causa da hora, o que ela achou bom. Ajudou Helena a preparar o jantar e a arrumar a mesa. Sentiu saudade de casa enquanto ajudava. A mãe sempre fazia isso com ela. Eram muito unidas também e ter que sair dessa forma a deixava um pouco sentida.
— Tudo bem? – Igor se aproximou e esfregou suas costas.
— Sim – balançou a cabeça suspirando — Só me lembrei da minha mãe.
— Você é mais emocional do que pensei – virou-a — Meus avós gostaram de você. Eles estão até animados. Acho que conseguiu passar uma boa impressão.
— Que bom. Eu também gostei deles – foi sincera — Quando consegui entender o que diziam, é claro - torceu a boca.
Ele riu da observação bem-humorada. Aline era leve, transparente. Mas ele não estava de todo certo sobre ela. Sabia que tinha algo mais escondido e que ela queria revelar, sentia isso, mas deixaria que ficasse mais à vontade para confiar nele e falar. Se teriam que conviver por um ano, seria bom que fosse pacífico e sem dramas.
Durante a noite foi engraçado fazer amor com ela, que tinha vergonha dos avós dele no quarto ao lado. Ela ficou preocupada que eles pudessem ouvir algo ou então estar imaginando os dois ali.
Parecia até que estavam fazendo algo errado. Aline o deixava confuso e ele estava gostando muito disso. Era mais divertido do que ele tinha achado que seria, ter uma esposa por um contrato.
Pelo menos ele teria um bom tempo de novidades e esse ano acabaria antes mesmo de começar.