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Capítulo 6 Sophia Becker

Peguei um táxi e fui direto para o trabalho. Sei que eu não estava vestida para trabalhar, mas não podia mais faltar, minha patroa, além de exigente, era muito chata e não sabia o que aconteceria se eu perdesse mais um dia no trabalho. Já havia faltado um dia na semana passada por ter passado mal.

A vontade de ir para casa era imensa. Meu estômago estava revirando, não estava me sentindo nada bem e a dor de cabeça estava insuportável. Com essa ressaca infernal, eu me lembraria de nunca mais beber.

O taxista parou em frente à Boutique, paguei a ele, desci do carro e entrei feito um furacão. Bia, minha melhor amiga, me vendo entrar, veio ao meu encontro.

— Sophia, meu Deus, onde você esteve? Ligamos no seu celular e só dava desligado ou fora de serviço. Acho melhor ligar para seus pais, estão muito preocupados com você, queriam até ligar para a polícia, mas eu não deixei. Léo me contou que saiu do clube acompanhada com um rapaz. Fiquei muito preocupada, você não costuma fazer isso. Com certeza perdeu não só o juízo, mas o bom senso, com a bebedeira! Onde já se viu sair assim com um estranho e ainda mais bêbada? Sorte sua que não era um maluco, ou um bandido. O que você estava pensando para sair assim, ou melhor, acho que você não estava pensando no momento.

— Bia, eu preciso ir ao banheiro, depois conversamos! — falei colocando a mão na boca e corri para o banheiro, no entanto, Bia foi atrás falando um monte na minha cabeça. Beber demais, só podia dar nisso.

— Está de ressaca não é, Sophia? Você nunca bebeu — comentava Bia da porta do banheiro, enquanto eu botava tudo para fora, até que não tinha mais nada no meu estomago.

— A Sophia chegou? — Escutei a voz da minha chefe, até me arrepiou os pelos do braço de nervoso. Se ela me encontrasse neste estado, acho que serei uma desempregada.

— Lá vem a jararaca, Sophia. Ela já perguntou por você várias vezes — avisou minha amiga falando baixinho.

— Nossa, estou ferrada, justo hoje que ela está aqui eu tinha que estar mal — resmunguei com a voz fraca de tanto passar mal. E com a maldita dor de cabeça, não dava para suportar, estava me matando.

— Sophia...

— Estou aqui D. Margo! — gritei saindo do banheiro e limpando a boca depois de tanto vomitar.

— Ah, você apareceu! Dois minutos no meu escritório, Sophia! — Estava mesmo ferrada. Só pela sua cara e o tom de voz parecia que iria me matar, tanta era a raiva porque atrasei.

— Vai lá, Sophia, boa sorte — disse Bia me dando um tapa de leve no ombro. Fui direto para o escritório da jararaca, bati na porta, e aquela voz irritante me mandou entrar. Entrei e fiquei ali olhando para sua cara que me olhava com os olhos soltando faísca.

— Sente-se, Sophia, o que tenho para falar é breve — explicou enquanto eu me sentava.

— Não me interessa o que aconteceu com você hoje, mas sei bem que não está doente, já que teve uma noite e tanto ontem, porém, se realmente fosse uma moça responsável, não chegaria aqui essa hora e nesses trajes. Então, não serve para trabalhar em nossa equipe, estou dispensando seus serviços. Passe no escritório da administração amanhã e leve sua carteira de trabalho para dar baixa e fazer o acerto pelos anos que trabalhou aqui. Vai só precisar assinar alguns papéis que ficarão prontos amanhã mesmo. Agora pode se retirar e tenha um ótimo dia! — disse a bruaca escrevendo em um caderno sem ao menos olhar para mim. “Assinar alguns papéis...” Parecia que já havia ouvido isso em algum lugar...

— Mas...

— Não tem “mas”, Sophia. Já está resolvido, você não trabalha mais aqui — explicou, me cortando sem deixar eu dar qualquer tipo de explicação do que aconteceu.

No entanto, o que eu poderia dizer a ela? Que dormi na casa de um estranho, e que ainda por cima, o rapaz alegava que estávamos casados? Acho que a jararaca me chamaria de louca. Então saí dali em silêncio e muito arrasada, não imaginava que a megera fosse tomar essa atitude. Que merda! Isso era tudo culpa daquele idiota que se dizia meu marido. Meu marido! Por Deus, em que confusão estava metida?

Sabia que também tinha um pouco de culpa nisso, bebi todas ontem à noite, mesmo sabendo que precisava trabalhar no dia seguinte. Agora estava pagando pelo meu excesso, além de não me lembrar de nada do que aconteceu. Tinha flashes de memória, lembrei que liguei para o Diego e depois disso comecei a beber, tentando afogar as mágoas, eu acho; depois fui dançar e tudo o mais é um borrão.

— Então, o que a megera falou? — Bia estava com uma cara de nervosismo quando saí da sala da bruaca que deixou meu coração ainda mais apertado.

— Bia, a jararaca me colocou no olho da rua.

— O quê? — Ela estava completamente incrédula, quase tanto quanto eu.

— É isso mesmo que você entendeu, ela me despediu.

— Sophia, eu não imaginava que a chata fosse fazer isso, chegar a esse extremo!

— Dona Margo sempre foi uma megera e dela eu esperava tudo.

— Sophia, isso não é motivo para ser despedida e você nunca fez nada de errado para ela te tratar assim, não sei porque Dona Margo tomou essa atitude.

— Bia, não esquenta, eu tenho uma entrevista na ala médica do hospital Santa Cruz, quem sabe passo na entrevista? Já é daqui dois dias mesmo.

— Amiga, vai dar tudo certo na sua entrevista, eu ainda não consegui nem uma entrevista em nenhum hospital. Sou louca para sair daqui.

— Garota, você ainda está aqui? Já não falei que foi dispensada que é para ir amanhã ao escritório de administração. Não quero mais te ver aqui.

— Já estou indo embora, Dona Margo.

— Bia, volte para seu trabalho — disse a jararaca soltando faísca olhando fixamente para mim.

— Bia, vai lá! Depois conversamos.

— Vou lá, Sophia, se não é mais uma que vai perder o emprego — resmungou baixinho para mim e voltou para seu trabalho.

Saí da boutique e peguei um táxi, indo direto para meu apartamento. Quando cheguei, minha mãe e meu pai estavam aflitos me esperando.

— Filha, onde você se meteu? Quase ligamos para a polícia! Só não liguei porque Bia disse que você estava bem, mas fiquei assustada, você nunca fez isso.

— Mãe, eu estou bem, apenas passei a noite na casa de um amigo de faculdade, bebi um pouquinho a mais do que deveria, e o apartamento dele era mais perto, então dormi por lá e perdi a hora.

— Sophia, o que custava nos ligar para avisar? Ficamos preocupados. Você sabe quantas coisas ruins andam acontecendo por aí. Esse tipo de atitude não é certo, é muito perigoso sumir assim. Da próxima vez trate de nos ligar avisando onde está. Não faça mais isso — disse meu pai muito nervoso comigo.

— Desculpa, pai, o sono foi tanto que nem me lembrei de ligar... — Não podia contar que me meti em uma enrascada, quer dizer nem sei se isso era verdade. E se for uma brincadeira de mau gosto?

— Só peço que não faça mais isso, você entendeu? — questionou meu pai com olhar de desaprovação. Meu pai ficou realmente muito bravo. Era difícil vê-lo assim!

— Sophia, você chegou! — gritou Mila, vindo me abraçar. — Te esperei até tarde da noite para me contar como foi a festa.

— Ah, Mila... desculpe, linda, mas depois que eu tomar um banho, conto tudo.

— Tá, vou esperar. Quero saber tudo!

— Então, vou lá tomar um banho, depois fofocamos, Mila.

— Ok — disse Mila se jogando no sofá e ligando a TV. Eu fui direto para o banheiro em meu quarto.

Pelo cheiro que estava na casa, minha mãe já estava fazendo o almoço. Peguei minha roupa e fui tomar um banho. Ainda não iria contar nada para meus pais sobre ter perdido o emprego, não queria preocupá-los, só que eles não eram bobos e iriam achar estranho estar em casa a essa hora.

Mas tudo bem, inventaria alguma desculpa, já que eles iriam embora amanhã pela manhã, e quando conseguisse outro emprego, contaria para eles. Afinal, tudo que eu menos queria era preocupá-los.

Enquanto tomava meu banho, não conseguia parar de pensar na brincadeira daquele idiota. Nossa que raiva! Quem ele pensava que era para fazer uma brincadeira dessas? Saí do banho ainda pensando em como tal ideia poderia passar pela cabeça de alguém.

Quando procurava o meu chinelo, logo após me vestir, ouvi a campainha tocar, acho que foi Mila quem atendeu a porta, pois logo em seguida gritou:

— Sophia, você tem visita! — Quem seria àquela hora? Todo mundo sabia que eu não estava em casa naquele horário, ou pelo menos não deveria estar.

Meu Deus! Será que Bia também foi demitida? Antes que eu pudesse pensar nos motivos, ouvi uma voz de homem e não era a do meu pai, então deveria ser o Léo que havia ido ver como eu estava. Sem pressa, sequei meu cabelo e fiz um rabo de cavalo não muito alto, coloquei meus óculos, dos quais eu precisava usar frequentemente para evitar as dores de cabeça, mas me recusava a usar fora de casa.

Depois de pronta fui para sala, visto que a conversa animada vinha de lá. Cheguei à sala toda animada, porém, quando vi que não era o Léo que estava lá e sim aquele tal de Fred, antes que ele pudesse me ver, tentei me esconder.

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