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Capítulo 2 Sophia Becker

— Você vai se casar hoje. Presta atenção no que estou falando.

— Tô... tô prestando.

— Tudo que tem que fazer é assinar um papel. entendeu?

— Assinar papel! Tendi. — A esta altura a minha mente já estava tão lenta quanto minha própria língua, mas tinha quase certeza que ele havia acabado de falar em casamento. Bom, acho que foi isso que me perguntou. Então percebi que o carro parou rapidamente e com o susto perguntei:

— Chegamos? Estou com sono — falei abraçando-o. — Você é muito bonito... — Continuei passando a mão em seu rosto, para ter certeza que ele era real.

— Você não esqueceu que tem que assinar um papel, esqueceu?

— Assinar papel! — repeti. Ele me ajudou a sair do carro e entramos no prédio enorme e sofisticado.

— Eu não moro aqui! — murmurei, me segurando nele para me manter em pé.

— Eu sei que não! Estamos aqui para você assinar um papel. Qual seu nome? — A voz dele era tranquila, mas tinha um som profundo. Tão autoritária... me tratou como criança. Ou minha mente cheia de álcool estava imaginando coisas.

— Meu nome?

— Sim, seu nome, princesa. Como se chama? — Ele me perguntou ficando impaciente enquanto me ajudava a andar, minhas pernas estavam moles e juntando o efeito do álcool e o sono que pairava sobre mim, logo eu desabaria.

— Sophia.

— Então, Sophia, mais uma vez, peço que preste atenção no que eu vou falar. É muito importante que você faça exatamente o que vou te pedir, tudo bem?

— Estou prestando! — Olhei no fundo de seus olhos, mas tudo que eu via era um borrão, porém não dava para negar, ele era um homem lindo. — Você é lindo.

— Para e me ouça, olhando para mim. — Ele respirou fundo, já impaciente com meus devaneios.

— Sim, senhor!

— Vamos entrar e você vai falar que é minha noiva.

— Noiva, não sou noiva não, eu estou solteira.

— Sophia, presta atenção, olha para mim. Por favor! — me pediu, em tom suplicante.

— Tô olhando... Nossa você é lindo! Acho que já disso isso...

— Sophia — chamou meu nome com um suspiro angustiado.

— Quê?!

— Vamos fingir que somos noivos, é uma brincadeira. — Ele abriu novamente aquele sorriso malicioso, e meu coração deu um pequeno pulo, fazendo com que minhas pernas ficassem ainda mais moles.

— Tendi, sou sua noiva.

— Isso, você é minha noiva.

— Sou sua noiva... de brincadeirinha.

— Sim, você é... — Entramos pela portaria e por algum motivo, eu estava me divertindo.

— Boa noite, senhor Mayer — cumprimentou o rapaz da portaria.

— Sou noiva dele — falei me aproximando do porteiro, que me olhou assustado e o rapaz me puxou pelo braço.

— Senhor, ela está bem?

— Sim, está. Só bebeu um pouco a mais. — Então ele se despediu do porteiro e entramos no elevador. Enquanto subíamos comecei a ficar enjoada, levei a mão à boca, para tentar conter a sensação nauseante.

— O que foi, Sophia? — Ele perguntou e notei um pouquinho de preocupação em sua voz.

— Não estou me sentido bem... — De repente o elevador parou e a porta abriu e saí o mais rápido que pude do elevador. — Tô melhor agora.

Ainda me ajudando a andar, chegamos à porta de um quarto. Ele bateu e em seguida a porta abriu. Mais que depressa falei:

— Sou noiva dele! — Agarrei o pescoço do rapaz.

— Nossa, por que demorou, senhor Mayer?

— Foi difícil encontrar uma garota que topasse.

— Do que vocês estão falando? — perguntei ainda pendurada no pescoço do rapaz, que tentava me tirar de cima dele.

— Nossa, senhor, que moça linda!

— Sophia... meu nome é Sophia.

— Vem, Sophia, vamos sentar um pouco.

— Não, está bom aqui, você é tão cheiroso — respondi ainda pendurada nele.

— César, eu só consegui trazê-la porque está totalmente bêbada.

— Não tô bêbada viuuu... — Nessa hora alguém bateu na porta.

— Senhor, eles chegaram!

— Vai abrir que vou colocá-la sentada. — Enquanto abria a porta, o rapaz me colocou na cadeira com muita dificuldade. Não queria soltar do seu pescoço, grudei nele como se fosse minha tábua de salvação.

— Sophia, se comporta agora, tenta fingir que está bem, e não esquece: você é minha noiva!

— Estou bem e sou sua noiva. — Dois senhores entraram no quarto, um deles carregava uma pequena maleta preta.

— Trouxe o documento?

— Sim, está aqui. — Eles ficaram ali conversando um pouco, porém, mesmo bêbada, pude ver o rapaz de olhos azuis dando dinheiro para um deles, e eu não fazia a menor ideia do motivo e menos ainda do que estava acontecendo.

Mesmo sobre o efeito do álcool, sabia que algo estava errado, mas tudo era uma névoa em minha mente, não conseguia focar minha atenção na situação, muito menos pensar nas consequências que tal atitude poderia resultar.

— Esta é sua noiva? — Nesta hora me levantei e, se não é o senhor olhos azuis para me amparar, cairia no chão. Aproximei-me do senhor que me olhava atentamente.

— Sou noiva dele! — Aproveitando a proximidade da quase queda, agarrei o pescoço do rapaz novamente.

— Essa é minha noiva, Sophia.

— Noiva dele — repeti rindo feito uma boba.

— Desculpe o jeito dela, Sophia é fraca para bebida, um drinque e o resultado é este!

— Tudo bem, vamos logo com isso.

— Seu Luiz, vamos sentar ali. — Sentamos em uma mesa.

— Então, Sophia, você assina aqui, por favor.

— Assinar?!

— Sim, Sophia — falou o rapaz dos olhos azuis sorrindo para mim, me mostrando onde eu tinha que assinar. Assinei meu nome repetindo em voz alta.

— Aqui, né? Assinar SOPHIA BECKER. Este é meu nome.

— Sim, amor esse é seu nome, mas a partir de hoje você assina: Sophia Becker Mayer, entendeu? — Ele havia me chamado de amor? Aí que fofo!

— Sim — respondi, adorando essa brincadeira, embora eu não estivesse entendendo que tipo de brincadeira era essa, já que só me lembrava dele falando e falando que eu tinha que assinar um papel.

Depois que assinei, ele também assinou e em seguida tirou uma caixinha com duas alianças do bolso e colocou uma das alianças no meu dedo e a outra no dedo dele, olhei sorrindo para o rapaz e o beijei. Ele não perdeu tempo e respondeu ao beijo, e logo em seguida paramos de nos beijar, pois, lembramos que tinha gente nos olhando, na verdade, ele lembrou. Em seguida, os senhores foram embora levando o papel que assinamos e deixaram uma cópia, para o rapaz de olhos azuis. De repente, tudo começou a girar e meu estomago revirar.

— Preciso ir ao banheiro... — O rapaz me ajudou ir até o banheiro e saiu fechando a porta. Botei tudo que tinha comido e bebido para fora, depois lavei minha boca e meu rosto. Quando saí, vi aquela cama enorme me convidando para deitar, meio tonta, tentei chegar até ela, mas o rapaz percebeu minha intenção e me ajudou a deitar. Mal encostei a cabeça no travesseiro e apaguei.

Na manhã seguinte, acordei com uma forte dor de cabeça, mal conseguia abrir os olhos, mas precisava ir ao banheiro, então quando os abri, e consegui reparar no lugar em que me encontrava, me assustei.

— Háááááá! — Tinha um homem nu deitado ao meu lado, e assim que eu gritei, ele se assustou também e acabou caindo da cama.

— O... o... o que aconteceu, Sophia? — Ele perguntou se levantando do chão. Eu estava só com uma camiseta, que acho que era dele.

— Quem é você? E o que está fazendo no meu quarto? E como sabe meu nome?

— Sophia, você não está no seu quarto. Está no meu apartamento.

— Mas você não me disse quem é?

— Sou Frederico Mayer, mas todos me chamam de Fred — disse colocando sua bermuda.

Levei um susto quando levantando a mão notei uma aliança no meu dedo.

— O que significa isso? — questiono mostrando a ele.

— Ah! Isso? Significa que estamos casados! — explicou me mostrando seu dedo que também estava com a uma aliança igual, enquanto exibia um sorriso malicioso que chegou a me dar um calafrio de medo.

— O quê?! — perguntei com imagens distorcidas e confusas da noite anterior invadindo minha mente.

— É isso mesmo, estamos casados — afirmou indo até uma mesa, onde pegou um papel e me entregou.

— Dê uma olhada. — Então olhei e vi minha assinatura e logo embaixo dizendo que Sophia Becker, agora era casada com Frederico Mayer, então passaria a assinar Sophia Becker Mayer. Bom, não era bem assim que estava escrito, mas era isso que queria dizer.

— Que brincadeira é essa? — questionei confusa e irritada. Mas antes que ele pudesse responder me levantei de onde estava e corri para o banheiro com meu celular, entrei e tranquei a porta, olhei no visor do aparelho e vi que tinha mais de cinco ligações perdidas que deveriam ser da minha família e da Bia. Achei minha roupa no banheiro, me troquei o mais rápido que pude e saí. Esse tal de Fred, que nunca havia visto na minha vida, andou em minha direção.

— Não se aproxima de mim, eu não te conheço e não tenho ideia de como vim parar aqui.

— Nós precisamos conversar, Sophia.

— Precisamos sim, mas agora eu preciso trabalhar. — Apesar da forte dor de cabeça que eu estava, precisava trabalhar. Olhei apreensiva para o celular e vi que já estava atrasada. Que loucura era essa? Esse rapaz deveria ser louco, me deu até medo.

— Eu te levo, Sophia.

— Não precisa, eu vou pegar um táxi — falei, saindo o mais rápido dali e a primeira coisa que eu fiz ao sair, foi tirar aliança do meu dedo.

Não sabia que brincadeira era essa, mas não estava gostando nada disso. Como poderia da noite para o dia estar casada? Apesar de ele ser lindo e maravilhoso, não queria ver esse rapaz nunca mais na minha vida, já que para mim, além de ser um completo desconhecido, não deveria bater bem das ideias.

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