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Capítulo Um Continua

Parte 3...

Eu ajeito minha blusa creme, puxo a saia azul marinho e ajeito meu cabelo, voltando á realidade. Pego o controle remoto do ar-condicionado e aumento mais um pouco para gelar a sala e me fazer sair desse pensamento que me deixa quente.

Eu sei o que vai acontecer. Ele vai entrar no banheiro de sua sala e depois ensaboar aquele corpo perfeito devagar.

Engulo em seco. Eu me lembro bem. Eu já o vi tomando banho e quase tive um troço.

Não foi por querer, apenas aconteceu, mas eu não me arrependo de ter ficado olhando.

Foi uma quarta-feira de manhã. Eu tinha descido para pegar uns documentos no RH e não o vi chegar. Entrei na sala para deixar os papéis em sua mesa e então ouvi o som da ducha.

Fui sem fazer barulho até o banheiro para ver quem era, já que ele ainda não tinha chegado, era o que eu pensava. Mas, lá estava ele.

Eu parei e travei de imediato.

A luz do sol entrava pela janelinha logo acima do box e refletia em seu corpo. A água descia por suas costas largas e corria por sua bunda e coxas.

Quase babei, literalmente. Tive que engolir a saliva ou ia descer por meu queixo. Fiquei lá, parada como um dois de paus e olhando enquanto ele tomava banho.

Artur esfregava o cabelo e o xampu descia formando uma espuma branca que contrastava com sua pele morena bronzeada.

Então ele se virou e eu prendi a respiração. Por sorte estava de olhos fechados e não me viu, mas eu vi muito bem e vi tudinho.

Minha boca quase caiu do queixo quando vi o tamanho de seu “brinquedo”. Eu tinha razão. Era grande, generoso demais até, eu diria.

Respirando fundo eu dei alguns passos devagar para trás, sem fazer barulho, me virei e saí rápido antes que ele me visse ali.

Desci e passei rápido por uns colegas de trabalho e disse que tinha algo urgente para resolver.

Na verdade eu só queria acalmar o corpo e o coração longe dali. Eu não teria cara para olhar para ele logo depois do que eu vi.

Mordendo o dedo polegar, só retornei dez minutos depois tentando manter a cara cínica de que nada havia acontecido.

Imagina se eu ia deixar ele saber que eu tinha ficado excitada ao ponto de molhar a calcinha só de vê-lo tomando banho? De modo algum. Fiz cara de paisagem, sabe, tipo retardada que acha tudo bonito.

Pois é, fiquei assim e sem querer encará-lo mesmo e evitando falar muito pra que não percebesse o quanto eu estava afetada pela visão.

Estava com medo que percebesse que eu estava excitada e querendo muito trepar. Acho que bebi uns cinco litros de água nesse dia.

Na verdade eu sabia que estava ficando louca e fora de controle. E tudo por culpa dele.

Como eu não tinha casos com ninguém mais, acabei focando minha tara e desejo em cima de Artur, que nem me dava bola.

Meu desejo por ele só crescia e isso era uma tortura para mim. Nem sei quantas vezes eu tinha me masturbado pensando nele dentro de mim.

E para piorar, ele era super educado comigo, me tratava muito bem, mas eu era tipo uma amiga, daquelas que a gente se diverte e nada mais.

E olha meu desespero. Ele começou a me perguntar como eu estava, se minha vida tinha melhorado, se eu precisava de ajuda em algo. Essas coisas de amigo mesmo.

Talvez por ele ser amigo do Robson e eu entrei nessa onda também.

Aí ele acabava comigo quando começava a falar sobre os casos que tinha. Eu ficava respirando fundo e disfarçando com um sorriso idiota enquanto o ouvia contar sobre suas transas.

Claro que ele não dava nome aos bois, apenas fazia um apanhado, por assim dizer, de suas conquistas e eram muitas.

O cara comia todo mundo, menos eu.

Isso me levou a fazer uma merda. Acabei transando com um cara da academia, pensando nele. Foi para o carinha, mas pra mim foi até pior.

Eu sabia que não era o Artur e isso só aumentou meu tesão por ele.

Tentei de novo e foi outro fracasso. Até que a foda serviu para diminuir um pouco minha libido, mas era só o Artur entrar na sala para eu ficar louca.

Isso não era normal e eu precisava muito colocar minha cabeça de volta ao lugar.

Artur foi ficando tão presente em minha vida que quando eu vi, eu era sua amiga quase irmã e claro que nenhum homem normal vai ter tesão na irmã.

Por causa do Robson ele passou a confiar em mim e eu correspondi a essa confiança.

Quando ele viajava ou precisava de algo, sempre deixava as chaves da casa comigo para que eu tivesse acesso direto.

Não é sempre que você vê um chefe fazer isso e eu estava nesse nível de amizade com ele.

Eu dava comida para os animais dele. Um gato lindo e gordo, chamado Thanos, porque ele dizia que era tão metido quanto um deus e dois cachorros enormes da raça pitbull, Thor e Loki.

O homem tinha mania de grandeza. Até seus animais tinham nomes reais. Pode isso?

Eu sabia quem era a namorada da época, os presentes que tinha que comprar para ela, as mulheres que não deveria passar a chamada e até o aniversário de seus pais. Era esse o nível.

Só que isso estava acabando comigo. Eu não queria ser a secretária eficiente ou a amiga gente boa. Queria ser a dona de seu tesão e dominar seu corpo.

Tudo bem, eu sei que o emprego era ótimo para mim e tinha me ajudado a voltar ao eixo.

Eu tinha plano de saúde e odontológico, as férias eram remuneradas, eu podia sair antes porque ele sabia que meu serviço estava pronto e organizado.

Nunca o deixei na mão, então quando tive que me ausentar por dois dias para ajudar minha mãe ele não descontou meu pagamento e ainda quis me ajudar se precisasse de algo.

Quer dizer, eu estava entre a cruz e a espada, como se diz.

Como patrão ele era ótimo e eu não queria perder meu emprego porque sabia que não se envolvia com funcionárias.

Por outro lado eu era doida por ele e cada dia isso só piorava, deixando meu trabalho difícil. Eu realmente não estava sabendo lidar com essa vontade guardada dentro de mim, mas não sabia como me livrar dela tão pouco.

O problema é que eu começava a pensar em duas opções. Me conformar e viver só de imaginação ou então pedir demissão e aí sim dar em cima dele.

Mas cadê coragem?

Ontem ele passou por mim duas vezes e notei que ficou me olhando, mas evitei fazer o mesmo.

_ Tem algo de errado, Melinda?

Ergui o rosto. Ele estava parado em minha frente me encarando.

_ Não... Por que? - franzi a testa.

_ Bem, você me parece tensa há alguns dias. Sua mãe está bem?

_ Está sim - sorri de lado.

_ E você? Tudo normal?

_ Hum, hum...

_ Não parece - se inclinou sobre a mesa _ Eu notei que anda de cara fechada, calada...

_ É que...- eu nem notei que minha frustração estava tão na cara _ Nada demais, só um pouco de estresse - abanei a mão.

_ Bem, sabe que se precisar de mim, é só falar - dá um sorriso.

“Quero trepar com você”.

Sorri forçado com o pensamento. Mas é a verdade. Ele é meu estresse. A falta dele, no caso.

“Se você me comer eu relaxo na hora”.

Limpei a garganta. Estava começando a ficar vermelha, tenho certeza.

_ Obrigada, eu sei disso - sorri meio sem graça _ Não se preocupe.

“O que eu quero você não quer me dar”.

Ele sorri, belisca minha bochecha e sai, me deixando com cara de tonta. Deito minha cabeça na mesa e penso o quanto estou fodida, sem ter fodido.

Eu tenho que fazer algo logo ou vou acabar me metendo em uma confusão e isso é tudo o que eu não quero e não preciso.

Só não sei como fazer para apagar meu fogo quando vejo o Artur.

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