Capítulo Dois
Essa semana teve uma reunião extraordinária com Artur e os sócios dele. Alguns funcionários estavam presentes também, mas logo saíram quando o assunto de interesse deles foi relatado.
Eu sempre me sento em uma cadeira no canto e tomo nota de tudo. É preciso sempre fazer uma ata de cada reunião, seja por qual assunto for.
Eu já estou acostumada com isso e eles também, tanto que até se esquecem que estou ali pertinho ouvindo tudo.
Até mesmo as sacanagens e putarias que deixam escapar de vez em quando. Mas eu me faço de surda e não comento nada, parece que nem ouvi.
Um dos sócios, Marcos, perguntou sobre o carnaval, o que eles iriam fazer. Cada um disse o destino que iria tomar.
_ Ah, eu vou me esbaldar - Artur respondeu.
_ Claro, como se a gente não soubesse disso - Marcos disse rindo _ Onde vai dessa vez?
_ Vou para Salvador - bateu a caneta na mesa fazendo cara de safado _ Mas antes eu tenho uma festinha pra me divertir - piscou o olho _ Na casa do George. Um baile de fantasias.
_ Ixi... Isso vai dar bom - um deles riu.
_ Eu vou descansar. Com filho pequeno recém-nascido em casa, não ponho a cara na rua - Marcos disse.
_ Quem mandou casar? - Artur diz.
Eu o olho. Cara de safado mesmo. Nunca foi casado e pelo jeito nem tem vontade. Adora a vida de solteirão, pegando todas.
Eu prendo a respiração. Imagine se fosse eu a sortuda que passaria o carnaval com ele?
_ Melinda, você já enviou minha resposta positiva ao George?
_ Já sim - afirmei.
_ Beleza - ele ri _ Eu vou cair pesado nessa festa antes do carnaval - gargalha _ Vai ser uma preparação para Salvador. Sabem que o George é chegado a uma sacanagem - ergue a sobrancelha.
_ Oh, e como sabemos - um deles ri _- E por acaso você vai ser o que nessa festinha?
Eu sei, fui eu quem encomendou a fantasia.
Artur me pediu uma fantasia de pirata, tipo um Jack Sparrow de Piratas do Caribe. Imagine só. Eu até consegui, mas fiquei pensando em ser raptada por esse pirata e que ele fizesse comigo o que quisesse.
Suspirei baixinho pra não chamar atenção.
_ Vou de pirata. Não é isso, Melinda? - ele me olha e eu confirmo com a cabeça _ Legal.
_ Já estou até vendo - Marcos disse rindo _ E vai sozinho na festa?
_ Até vou - ele disse se recostando _ Mas vocês sabem que eu nunca fico sozinho - riu malicioso.
Era um peste mesmo. Eu sabia que ele iria aproveitar para fazer novas conquistas e depois eu seria obrigada a ficar atendendo chamadas para ele.
Quando a reunião acabou eu voltei para minha sala completamente desanimada. Sabia que teria que suportar um carnaval sabendo que alguma mulher estaria fazendo com ele o que eu quero fazer.
Isso se fosse só uma. Artur não tinha frescuras com relação ás mulheres. Poderiam até vir acompanhadas de amigas que ele não reclamava.
Ele ficaria em cima de alguma delas, mordendo, lambendo, enfiando aquele pau perfeito que quase me fez babar por horas e eu chupando dedo em casa, quando queria chupar outra coisa.
Claro, nada me impedia de sair também e foder com algum gostosinho que encontrasse. Seria só uma transa para aliviar o tesão reprimido, mas não seria ele. E eu queria gozar era nos braços dele.
É certo. Vou ficar louca e precisar ser internada. Não vejo outro modo.
Minha obsessão pelo chefe passava do normal e eu sabia disso, mas queria uma chance.
Batendo os dedos na pasta em cima da mesa, vi os convites para a festa de George. Ele havia enviado alguns para serem entregues a Artur, assim ele poderia levar quem quisesse, mas ele disse que iria sozinho.
De repente uma ideia louca me ocorreu.
E se eu pegasse um daqueles convites e fosse nessa festa? Não seria tão errado, seria?
Eu não seria uma penetra, teria um convite a apresentar na portaria e me deixariam entrar de boa, sem problema nenhum.
Ninguém iria saber que eu era. A festa era á fantasia, então eu só tinha que alugar uma e me enfiar entre os convidados e pronto.
Eu sabia qual era a fantasia de Artur, fui eu quem tinha encomendado, então não teria erro. Eu poderia escolher algo sexy que o atraísse.
Mordi o lábio já imaginando minha loucura e pensando se seria corajosa para isso.
Pensei em estar nua e arreganhada em cima dele, lambendo seu peito lisinho, usando apenas uma máscara no rosto.
Respirei fundo e puxei um pouco um dos convites para fora da pasta. Olhei em volta. Eu poderia fazer aquilo, por que não?
A festa seria na quinta-feira e na sexta Artur iria para Salvador. Teria muita gente. George era conhecido por suas festas de arromba e era uma pessoa de muitos amigos.
Eu estaria no meio deles sem que ninguém desconfiasse quem eu era.
Era a chance que eu esperava. Seria perfeito. Ninguém iria desconfiar e todos estariam distraídos e animados com a folia de carnaval.
Eu poderia me aproximar e seduzir Artur.
Não sabendo que eu era, ele transaria comigo, satisfazia minha loucura e eu continuava com meu emprego como sempre. Nada mudaria.
Senti um arrepio. Um medo de que desse tudo errado, eu fosse exposta na festa e jogada para fora como uma penetra indesejável.
Mas por outro lado, meu diabinho me dizia para tentar e acabar de vez com isso, com essa cisma por Artur. Transaria com ele, teria alguns orgasmos em cima dele, por baixo, de lado, onde desse pra ser e depois voltaria para casa saciada e pronto.
Se eu deixasse a chance passar ficaria o resto da minha vida com essa dúvida martelando minha cabeça e eu já não sou muito certa.
Era uma chance única. Duvido que outra como essa aparecesse. A dúvida me consumia, mas a vontade era grande.
Antes de desistir de vez eu puxei logo o convite da pasta e enfiei no bolso da saia. Minhas mãos tremiam de nervoso com medo que alguém passasse e visse o que eu estava fazendo.
Mas quer saber? Foda-se!
Levantei alisando a saia e fui até meu armário. Peguei a bolsa e ao me virar dei de cara com Artur parado atrás de mim.
_ Ai... - coloquei a mão no coração.
_ O que foi? - ele franziu o cenho _ Já vai embora? - olhou para minha bolsa.
_ Hã... Não, não... É que estou com um pouco de cólica - soltei no nervosismo _ Vou ao banheiro rapidinho e já volto.
_ Ah, certo - deu um risinho _ Entendi. Está naqueles dias.
_ É... Pois é - mexi no cabelo sem graça.
_ É por isso que anda tão estressada e meio avoada no trabalho?
Nossa, eu nem percebi isso.
_ Notei mesmo que você estava um pouco diferente, mas achei que fosse problema com namorado ou algo mais sério.
Eu sorri meio de lado. Ai, ai que eu tivesse um namorado. Assim eu não morreria de tesão por ele.
_ Volto já, tá.
Saí andando rápido e nem olhei para trás. Empurrei a porta do banheiro e me enfiei lá. Puxei o convite da saia e enfiei na bolsa.
“Ai, Jesus, obrigada meu Deus. Eu consegui”.
Estava nervosa e eufórica. Eu iria ao baile e ficaria com Artur. Só precisava organizar as ideias.
Se ele soubesse que eu tinha feito isso com certeza me mandaria embora. Mas ele não tinha visto quando peguei o convite.
Eu só tinha que fazer um plano para me aproximar dele e não deixar que ficasse com outra que não fosse eu. A gente ia transar, eu ia ficar bem e depois as coisas iriam continuar como antes, só que agora eu não estaria louca de tesão pois já teria experimentado.
O que mais poderia acontecer? Era a chance perfeita para mim.
Artur seria meu por algumas horas, eu iria provar seu gosto, ter prazer em seus braços e depois do carnaval era só continuar como a secretária e amiga.
Eu tinha que correr para achar uma fantasia. O povo fica louco quando se aproxima o carnaval e as lojas ficam cheias. É difícil encontrar uma fantasia que fique bem e ainda mais uma que caiba no meu plano.
Eu só tinha que me preparar bem, ficar bonita e sexy, usar o que eu sabia sobre ele e conquistá-lo por algum tempo.
Quando a festa acabasse ele teria me mostrado o que as outras tanto queriam dele. Eu poderia tirar a prova de que ele realmente era tudo o que parecia ser ou não.
Vai ver ele só tinha papas na língua como meu ex-marido e o sexo nem fosse assim tão bom?
Eu precisava provar e tirar a dúvida.
Só isso!