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Thiago NARRANDO
Eu estaciono o carro na frente do jatinho e meu pai desce junto comigo, o piloto começa a tirar as minhas malas e subir para o compartimento de mala do jatinho, eu entrego as chaves para o meu pai.
— Tenha paciência com sua mãe, você sabe como ela é. – Meu pai fala.
— Mamãe morre de medo que um de nós fracasse ou faça algo de errado e saia nas revistas.
— É por isso que ela passa tanto a mão na cabeça do seu irmão e eu sou totalmente contra isso – ele fala.
— Gabriel parece que está bem papai, com seus restauran-tes.
— Algo aconteceu quando ele esteve fora, a viagem repentina dele para o Brasil e depois vai saber de onde sua mãe trouxe ele.
— O importante é que agora ele está em casa com a gente. Qualquer coisa me avise e cuide bem do meu carro.
— Boa sorte meu filho, eu tenho orgulho de você – ele bate no meu ombro e a gente se abraça.
Enquanto o jatinho decola, eu vou pensando na minha família, não seria fácil ficar longe deles, eu sempre fui um homem muito da minha família, com poucos amigos e somente os verdadeiros, eu não achava legal me envolver com pessoas apenas por interesse ou por um momento, eu seguia todos os princípios que meu pai me ensinou. Sempre pensei lá na frente, no meu futuro e é isso que eu penso quando me esforço muito para que as minhas empresas cresçam, o fato de ser um Bragança ajuda muito, mas nunca aceitei que as coisas viesse fáceis, eu sempre trabalhei, estudei e me esforcei para que desse certo.
Depois de conseguir conquistar os Estados Unidos e alguns outros clientes de fora, eu queria a França e para isso, eu ficaria alguns meses ou até anos morando em Paris, até a empresa ser consolidada e ter uma equipe formada dentro dela, uma equipe que trabalhe com os mesmos princípios que o meu.
— Grande Thiago – Frederico fala assim que nos encon-tramos na frente da empresa – Como foi a viagem? Achei que iria para o seu apartamento descansar.
— Meu apartamento não está pronto ainda, vou para um hotel. Antes queria passar para ver como está as coi-sas por aqui.
— Arrumei todos que me pediu para trabalhar.
— Faltava um, você conseguiu?
— Bom, essa é especial – eu o encaro – não sei se você vai concordar com a minha ideia, mas ela é a melhor aluna de Marketing da faculdade, a melhor que já te-ve.
— E o que faz ela tão especial? – eu pergunto.
— Ela é Brasileira, ela é mãe solteira e é esforçada, ela sabe que precisa se esforçar para conseguir o que quer, ela tem sonhos grandes e corre atrás para reali-zar, eu posso te dizer isso porque ela já está a mais de dois anos na faculdade, acompanho a vida dela de perto. Você vai gostar dela.
— Como ela se chama?
— Serena – eu olho para ele – O nome dela é Serena.
— Espero que você esteja certo, se ela quer crescer, tenho certeza de que aqui é o lugar dela.
— Você vai conhecer ela mais tarde. Você vai gostar dela.
— Da forma que está falando, eu tenho certeza que sim. – Eu olho para ele.
Entramos dentro da empresa e ele vai me mostrando cada canto dela, todos os espaços que foi criado da forma que eu tinha imaginado, tudo parecia um sonho, porque o meu objetivo não foi criar uma empresa que todos trabalhe roboticamente e sim que trabalhem como uma família e era isso que eu tinha construído aqui também. Depois de conhecer alguns colabores que já estão aqui, eu fico na minha sala resolvendo mais coisas.
— Eu preciso ir para Faculdade – Frederico fala – está caindo uma chuva forte lá fora, você não quer uma carona? Com esse tempo é difícil pegar Uber ou táxi.
— Já vão trazer o meu carro, não tem como ficar sem carro em Paris – eu falo.
— Ah, perfeito.
— Selena chega que horas?
— Ela deve vir amanhã, porque ela ainda tinha que pedir demissão do serviço dela, ela acabou de me avisar.
— Perfeito. Então, eu a conheço amanhã.
— Qualquer coisa você me liga. Estou à disposição.
— Obrigado Frederico, você me ajudou muito – ele assente com a cabeça.
Eu termino de fazer as coisas que eu tinha para fazer e bate a canseira da viagem, eu recebo a notificação que o meu carro já está na garagem e arrumo as minhas coisas e desço. Admiro o carro que tinha comprado para ficar aqui e abro um sorriso, eu entro dentro do carro e começo a dirigir, era bem diferente dirigir na França e fico meio perdido com as ruas, sem querer passo na frente de um carro que me joga para o canto e eu acabo passando rápido em cima de uma poça de água e molhando uma mulher com uma criança no colo, ela para embaixo de uma cobertura que tinha na rua e eu paro o carro.
— Senhorita, me desculpe! Eu tentei desviar, mas é que – ela me encara com raiva.
— Desculpa? Você fez de proposito, tinha toda a rua para andar e você pega e me molha? Vocês Franceses acha que pode fazer o que quiser e a hora que quiser.
— Eu não – ela me interrompe.
— Volte para o seu carro e volte andar molhando todos na rua como você fez comigo.
— Mamãe – A menina fala para ela.
— Vamos meu amor – ela fala pegando a menina no colo.
— Por favor, posso dar uma carona para vocês. Está muita chuva – ela pega o guarda-chuva e me encara.
— Eu não preciso da sua carona, carona de um mal-educado. Deveria se importar com os outros a sua volta.
— Eu me importo, eu não vi vocês, eu não fiz de proposi-to, você deveria ficar mais calma você tem uma criança junto de você.
— Está dizendo o que com isso? Você realmente acha que eu não estou calma?
— Não está – eu falo e ela me encara.
— Eu não vou ficar aqui escutando um metido que nem você me chamar de nervosa.
— A senhorita está nervosa – eu repito e ela me encara. – Por favor, eu posso dar uma carona para vocês, é a minha forma de se desculpar.
— Volta para sua bolha, espero que o seu carro fure o pneu nessa chuva e você tenha que trocar.
Eu a chamo, mas a mesma nem me escuta ou volta a falar comigo, eu entro dentro do carro e dou a volta procuran-do-a com a criança para dar carona, mas vejo que elas entram em um ônibus, eu passo a mal pela cabeça e vou em direção ao hotel. Já cheguei arrumando confusão em Paris.