4- Lian
Ela morreu. Não morreu? — Perguntou a princesa sentada em frente a sua grande janela. — Papai disse que estava feito, e que agora, ninguém me machucariam.
— Tudo que eu me lembro é que deveria proteger alguém, e tudo que me lembro desse alguém era de seu bom coração. — A entidade se aproxima da criança. — Esse coração está em você, então é você que vou proteger.
1
Alguns meses depois o rei estava convocando todos de seu reino, seu castelo seria o palco de um grande comunicado. Estavam todos inquietos, a ansiedade do povo e da criança sentada ao trono era enorme.
Finalmente os tambores tocaram e o rei rodeado por sua coroa e jóias se levantou. Suas vestes dignas de luxúria de colocarão azul vívido e ouro, reluzia a luz do sol que queimava sobre sua coroa de ouro glacial e pérolas de sangue.
Ele tinha um comunicado e olhava para a cortina de seda branca como se seu maior tesouro estivesse ali.
Olhando diretamente para os olhos de sua filha, o rei tomou iniciativa e começou seu comunicado. Parecia já preparado, mas também cansado, segurou suas mãos sobre as costas e aumentou seu tom de voz para que todos pudessem ouvir.
— Kumiko! — Anunciou fazendo com que a figura por trás das cortinas de seda saísse. Era jovem, pele pálida, vestes longas e claras, as flores brotavam de suas vestes deixando aparente um lindo kimono florido de rosas. Se curvando diante ao rei, ela sorrir quando é auxiliada pelo mesmo. — Reverenciem a nova rainha!
No mesmo instante o povo e todos os servos se curvaram diante ao novo casal, estavam impressionados com a revelação, mas mais ainda pela beleza da jovem moça. Estava pouco tímida diante a tantos olhares, seus lábios delicadamente avermelhados estavam completamente serrados.
2
Os dias foram se passando, a nova rainha ainda conhecia seu mais novo castelo, e tentava a confiança dos servos e até mesmo de Liam. Ela observava de longe o rei brincar com sua pequena, não ousava se aproximar, ainda não tinha a confiança da mesma, era tão fechada diante a ela, porém Kumiko tinha um pedido para a criança.
Levantando suas vestes para que pudesse caminhar até ambos, Kumiko revela seu melhor sorriso e pede autorização para seu rei.
— Podemos conversar? De princesa para princesa? — Liam olha ligeiramente na direção de seu pai que assente de colocando de pé e tomando uma curta distância. — Sabe que passarei muito tempo aqui, não sabe? — Kumiko passa sua mão sobre os cabelos compridos da criança e acariciou sua bochecha.
— Uhum. — sussurrou.
— E também sabe que vou me casar com seu papai. Então eu gostaria que tocasse para mim, para nós.
— Papai…
— É claro que ela vai! — Afirmou segurando as mãos da pequena que o olhava baixo.
— Se não quiser tudo bem, eu entendo, ainda é uma criança e não é tão experiente com o público, mas eu prometo! Prometo que tudo sairá bem. — Kumiko leva uma de suas mãos sobre a do rei e sua filha.
— Liam é boa no que faz, e esse pode ser um bom momento para mostrar aos outros. — disse olhando para sua futura rainha. — Ela é tudo o que tenho, e me orgulha a todo momento. — Pegando sobre a cintura de sua filha, ele a roda sobre o grande jardim.
Após colocá-la sobre a grama, Kumiko a estende a mão e a criança receosa precisa de um pequeno empurrão. Liam caminhava quieta e calmamente em direção a sua sala de instrumentos, aquele lugar era um dos seus favoritos, se não o único. Era impressionante o fato de uma criança de apenas cinco anos saber tocar não um, mas vários instrumentos sem que precisasse de profissionais. Ninguém entrava naquela enorme sala sem a autorização da criança, nem mesmo o próprio rei.
Após serem recebidas pelos guardas, a criança retirou de seu pescoço um colar, havia nele uma pequena flauta, nada além disso. Por um momento Kumiko franziu o cenho, não havia fechadura naquela porta enorme, talvez uma fechadura secreta? Aguardando pela criança ela observa a mesma sopra através da pequena flauta de seu colar. Eram três simples notas, pelo menos para a criança, já que era a única que poderia tocar aquele instrumento tão pequenino.
Como em um simples piscar de olhos, a porta se abriu dando passagem as duas jovens a frente.
A criança corre alegre pelo imenso guardo de instrumentos, enquanto Kumiko parece surpresa. Sobre as paredes banhadas a ouro e delicadeza, havia prateleiras e mais prateleiras de ouro branco que continha sobre si vários instrumentos muito bem conservados. Enquanto Kumiko caminhava com cuidado sobre o quarto repleto de instrumentos, ela escolhia com bastante zelo um único objeto, parecia saber exatamente o que queria, mas a figura da senhorita Liam a faz perder o foco.
— Que tal algo maior? — Pergunta com um sorriso.
— Mas eu gosto da flauta.
— Vamos escolher algo maior! — Afirmou pegando o instrumento da mão da pequena e o colocando sobre seu lugar na parede. Caminhavam com atenção entre os apetrechos diversos. Havia de todas as formas e tamanhos. — Que tal Erhu? — Um instrumento bem conhecido sobre o reino, era leve ligado a duas cordas feitas de crina de cavalo que eram seguradas por um cordão amarrado sobre o braço do instrumento e uma pequena caixa de ressonância feita de pele de píton, tocada a partir de um arco derivado de bambu e rabo de cavalo.
— Hm… Pipa? — Perguntou após correr em direção ao instrumento. Também era leve, tinha o formato de uma pera e possuia quatro cordas feitas de seda.
— Não, é muito grande para você. Não se destacaria com um objeto enorme na sua frente. — E mais uma vez elas tornaram a caminhar pelo quarto a procura de algo novo.
— Tem certeza que não prefere flauta?
— Aham… não! — Afirmou quase que imediatamente tirando sua visão da grande coleção a suas costas. — Guzheng! — Segurou a mão da criança e as guiou até o objeto. Construído por uma caixa de madeira que proporciona um som especial, contendo algumas cordas curvadas assentes em pontes móveis que correm até o longo do comprimento do instrumento. — É perfeito! Imagine você na frente de todos aqueles convidados… ficará airosa enquanto toca algo suave no Guzheng.
— Mas eu ainda não sei tocá-lo bem.
— Não seja modesta. Tenho certeza que se sairá bem! — Articulou levando suas mãos sobre as vestes claras e seguindo até a porta, mas não sem antes olhar bem a parede de flautas e conduzir um sorriso a Liam.