CAPÍTULO 06
Manhattan – Distrito de New York
MIA
Nunca em toda a minha vida havia sentindo tanto medo. Quando aquele homem avançou em minha direção, eu pensei que seria o meu fim e foi muito maior que a dor que senti pelo golpe desferido que fez o sangue jorrar entre meus lábios. Foi o pânico que me envolveu por completo.
Meu coração estava acelerado, meus lábios tremiam. Olhei aterrorizada quando ele arrancou minhas roupas. Lágrimas e gritos se fizeram presente, eu pedia desesperadamente para ele parar, mas o demônio me ignorou e sua boca logo alcançou os meus seios.
Sempre fui uma sonhadora. Pensei que algum dia eu teria o carinho dos meus pais e que quando chegasse a hora encontraria o homem com quem teria uma família e nossos filhos iriam crescer cercados de tudo aquilo que nunca tive "AMOR". Contudo, naquele momento o meu desespero era tão grande, pois sabia que ele não iria só violar o meu corpo, mas sim os meus sonhos que jamais se tornariam realidade.
Eu mais parecia uma ratinha debaixo daquele predador monstruoso. Então ele parou do nada me deixando perdida com sua atitude. Assim que ele se afastou, dois pares de olhos sombrios que pareciam sem alma se voltaram em minha direção, não desviei o olhar nenhum minuto daquele ser capaz de fazer tremores percorrerem cada centímetro do meu corpo, só através do jeito como estava me olhando. Seu olhar ficou preso no meu corpo desnudo como se ele estivesse memorizando cada detalhe e quando ouvi novamente sua voz, minha respiração falhou, porém, após proferir suas palavras ameaçadoras, caminhou em direção à porta, enquanto as lágrimas escorriam pela minha face, espancada.
O meu corpo ficou imóvel em cima da cama e acabei perdendo a noção de tudo ao meu redor. Segundos que logo foram substituídos por minutos e minutos que pareceram uma eternidade, quando enfim consegui me levantar além da dor no meu rosto a minha mandíbula emitiu um som assim que abri a boca. Passos lentos foram dados em direção ao banheiro e temendo que aquele monstro pudesse voltar, liguei o chuveiro e deixei que a água morna caísse sobre a minha pele, assim que terminei fui em busca de toalha. De banho já tomado e com o tecido enrolado em volta do meu corpo, deixei o enorme cômodo que por sinal era muito luxuoso e bem maior que o quarto onde dormi a minha vida toda.
Assim que entrei no ambiente havia roupas limpas em cima da cama, aumentei o ritmo dos meus passos, com os objetos em mãos voltei para o banheiro e tratei de fechar a porta com a chave. Quando já estava arrumada ao retornar para o quarto a mulher que tinha visto mais cedo, aquela que não mentiu em dizer que eu iria ficar de frente com o meu pior pesadelo. Aquele que embora fosse o homem mais lindo que já tinha visto na minha vida, duvidava que ele realmente tivesse um coração, surgiu em minha frente.
— Vamos! Não sei o que você fez, mas o chefe mandou que a colocasse em um quarto separada das outras.
Ela se moveu em direção à porta eu não hesitei em segui-la, pois eu darei um jeito para fugir desse lugar. No corredor dava para ouvir claramente qual era a melodia que estava tocando, de dentro do quarto que eu estava escutava apenas ruídos. Ela continuou andando e fiquei imóvel decidindo qual direção me levaria para fora daquele inferno, no entanto, ela nem precisou se mover um centímetro para descobrir o que eu estava planejando, somente falou e continuou a se mover.
— Não adianta nem tentar fazer o que está pensando, se não for com a permissão dele, daqui você só sairá morta.
Engoli em seco ao ouvir suas palavras, mas a única coisa que me resta e a esperança e não importa o que eu tenha que fazer eu não ficarei aqui. Assim como ela, continuei o trajeto e depois de algumas passadas ela parou e abriu uma porta e ao contrário daquele quarto gigantesco de minutos atrás com várias beliches, agora era um ambiente no tamanho normal e tinha uma cama de casal e uma mesa de cabeceira ao lado. Olhei para cima da cama e havia uma bandeja com comida.
Meus pensamentos foram interrompidos pelo som da voz da senhora.
— Entre!
Eu não tinha alternativa mesmo. No momento que passei pela porta e dei alguns passos, me virei assim que a ouvi ser fechada. Trancada feito um animal. Deixei as lamentações de lado assim que meu estômago começou a se manifestar e segui até a cama. Em menos de vinte e quatro horas a minha vida se transformou em um vendaval, porém, estava com muita fome e assim que me acomodei comecei a comer.
Depois que terminei fui até o banheiro e encontrei uma escova de dentes e creme dental, ambos lacrados, mas um só pensamento se fazia presente em minha cabeça e por mais que tentasse não conseguia entender o motivo de tanto ódio que vi naquelas órbitas diabólicas.
No dia seguinte...
Se afaste de mim. Não! Nãoooo...
Acordei em um sobressalto, o corpo banhado em suor e assim que levantei a cabeça, meus olhos arregalados fixaram na imagem do homem que estava me observando. Estremeci de repente, com frio e todos os pelos do meu corpo estavam em pé.
Agindo por puro instinto me levantei em um pulo. O silêncio era ensurdecedor em torno de mim eu só fiquei olhando para os seus gestos, ele colocou as mãos no bolso e em seguida sua voz demoníaca ressoou no espaço.
— Se arrume que vamos sair dentro de meia hora.
Antes que eu pensasse e dizer algo ele voltou a falar.
— Use a roupa que está sobre o móvel e assim que eu voltar, quero encontrar você arrumada.
Quando ele sumiu do meu campo de visão, tratei de obedecer a sua ordem. Corri para o banheiro e fiquei assustada quando olhei meu reflexo no espelho. Tinha uma mancha roxa enorme próximo a minha boca.
Instantes depois já estava caminhando com ele pelo corredor e a cada passo que eu dava meus pensamentos corriam em minha mente, com isso o meu desespero aumentava pela expectativa do que poderá acontecer. Depois de alguns passos, chegamos ao que parecia ser uma garagem. Havia três carros pretos e um deles estava com as portas abertas. O ambiente à nossa volta estava cercado por vários homens vestidos de preto e bem armados.
— Entra logo no carro — ele ordenou.
Senti um nó preso em minha garganta, a minha vontade era ficar parada no mesmo lugar, mas ao levantar a cabeça e ver aqueles olhos cravados em mim, entrei de imediato no veículo. Durante o percurso me mantive bem afastada dele, o silêncio se fez presente. Quando o automóvel parou a porta foi destravada, antes de deixar o veículo ele disse:
— Vamos! — Assim que sai do carro, ele começou andar em direção a um elevador e comecei a segui-lo. Já dentro da pequena caixa de metal, ele levou o dedo em direção a um dos botões e o elevador começou a se mover. Quando chegamos ao andar desejado por ele, a porta foi aberta, um calafrio atravessou a minha espinha.
Desorientada, era assim que eu estava diante daquele ambiente e fiquei ainda mais quando uma mulher vestida toda de branco e dois homens empurrando uma maca surgiram à nossa frente. Quando a voz da mulher que parecia ser uma médica reverberou no espaço. Todos os meus órgãos começaram a funcionar freneticamente e recuei, porém, senti algo perfurar a minha pele.
— Tudo já está pronto, mas como já havia informado. O ligamento cirúrgico das tubas uterinas quando no seu êxito total, jamais poderá ser revertido.