CAPÍTULO 1
15 anos depois...
Quer me ver dançar? —o André se remexeu um pouco e retirou uma das mulheres que tinham trazido para ele, enquanto observava uma morena deslumbrante praticamente nua na sua frente, oferecendo-lhe uma dança.
Assobio baixinho e conseguiu tirar a loira, que já tinha o seu pescoço cheio de batom.
—Claro, dança... —respondeu ele, sem um pingo de emoção, enquanto tomava um gole de licor para molhar os lábios.
A casa noturna estava lotada, pertencia a um de seus sócios e estava abrindo naquele dia, estava aí por causa de um negócio de um milhão de dólares que tinham fechado há algumas horas.
É claro que ele e os seus colegas estavam em uma área privada do clube, onde as mulheres eram o que não faltava, e para qualquer um que o conhecesse pelo menos um pouco, saberia que esses lugares eram o seu ponto fraco.
O homem se levantou ao pedido da morena, que começou a dançar colada ao seu corpo, pedindo que ele a tocasse.
Deu uma longa tragada no charuto e depois soltou a fumaça no corpo da mulher de quem estava gostando mais do que deveria. E, quando já estava suficientemente excitado, ele a virou de repente e pegando seu queixo, pressionou os lábios e a olhou intensamente.
—Quero uma noite com você... —A mulher sorriu mais do que satisfeita e assentiu.
—A casa paga querido... —André franziu a testa um pouco irritado e depois balançou a cabeça sem soltá-la.
—Quanto você custa? —A mulher piscou rapidamente sem entender. Seus chefes já lhe tinham pago para agradar exatamente a esse cliente, e ela não podia quebrar as regras estipuladas.
—Estou à sua disposição... vamos para o meu quarto e... —André a soltou de repente, depois fez sinal para que ela saísse—. Mas... —ela tentou remediar.
—Eu não quero nada de graça... e se você não quiser se vender, eu não me importo... além disso, eu nunca vou tocar na porra da sua cama.
A morena piscou, observando enquanto a outra companheira voltava para as pernas do milionário, e ele continuava a fumar seu charuto e bebericar seu uísque caro.
A morena saiu rapidamente para anunciar sua perda e, quando seu chefe olhou para o milionário com a Karla em cima dele, dando-lhe prazer, ele esperava que ela tivesse entendido a dica e fosse mais esperta do que a morena que tinham designado para ele.
—Eu vou aonde você quiser —comentou a Karla enquanto desabotoava a camisa dele para deixar um beijo intenso no seu peito.
—Você também é de graça? Diante da pergunta, ela negou.
—De jeito nenhum... Sou muito cara....
André sorriu, soltando novamente a fumaça da boca, e levantou-se imediatamente para ordenar ao seu motorista que os levasse à sua suíte, para onde levava suas amantes noturnas.
Não houve uma única palavra no caminho, e seu motorista particular, o Laurent, sabia perfeitamente qual era a dinâmica e qual rota tomar a essa hora para tornar a chegada mais rápida e muito mais secreta.
André tinha pedidos específicos e, acima de tudo, para resguardar sua segurança diante das câmeras que já estavam lhe tirando a paciência.
Ser um dos maiores milionários dos Estados Unidos era uma medalha em seu peito da qual ele se orgulhava, mas significava que sua vida estava exposta ao escárnio público. Isso, além do fato de que ele não merecia ser visto como um santo.
Laurent estacionou em uma vaga privada dentro do prédio e chamou seus guarda-costas para acompanhar o seu chefe.
André tinha a garota loira na sua cintura enquanto um de seus guarda-costas apertou o botão para subir, e quase a tinha deixado completamente nua antes de chegar na sua suíte privada, pra onde ele só ia quando pagava uma noite com uma prostituta.
Era seu lugar secreto, pois era impossível ir pra outra de suas casas ou apartamentos que os jornalistas já conheciam e poderiam segui-lo.
—Vamos ficar aqui... —disse o Connor, o seu chefe da segurança, enquanto o André apenas respondeu "Uhummm" e foi direto para o quarto...
Para os seguranças de André, e principalmente para o Connor, já era rotina começar a ouvir os gemidos das mulheres, os tapas exagerados e o quarto como se fosse ser destruído de prazer.
O Connor ergueu a sobrancelha, resignado com o fato de que aquela seria mais uma longa noite, e foi até o bar para se servir uma bebida e assistir um filme para abafar os sons.
***
—André... acorde... —o milionário abriu um pouco os olhos, e sua cabeça doeu na hora, porque o vidro opaco da janela foi ativado para se tornar transparente.
A luz forte atingiu seus olhos doloridos e, quando ele quis se mexer, pernas e braços estranhos estavam em cima dele.
—O que é isso? —ele se perguntou, sentando-se repentinamente e vendo que a mulher com quem entrara à noite, ainda estava dormindo ao seu lado—. Droga, Connor!
Seu segurança entrou e viu a Kamile parada com um vestido preto justo ao corpo, batendo o calcanhar no chão e com o iPad nas mãos.
A Kamile Duncan era o único ser humano que tinha permissão para entrar em qualquer lugar onde o André não o permitisse entrar a ninguém. Ela era sua assistente pessoal e sua conselheira em todos os assuntos relacionados à sua imagem comercial. E também uma amiga da faculdade onde o André tinha estudado no passado.
Eles se olharam por um tempo, mas o Connor sabia que a Kamile era uma pedante em pessoa quando ele estava presente.
—Ela não se levantava... e eu a sacudi várias vezes... —desculpou-se o Connor, que não chamava de "senhor" ao seu chefe, a pedido do André.
Para dizer a verdade, tanto a Kamile quanto o Connor, embora fossem seus funcionários, eram os únicos que tinham permissão para tratá-lo como iguais ou como amigos.
—Bem, tire-a daqui... Não acredito que você me deixou dormir com ela...
—Mas... você não dormiu... eu só parei de ouvi-lo há uma hora... —André lançou-lhe um olhar fulminante e, em seguida, o Connor levantou as mãos para obedecer a ordem e pegar a prostituta.
Ele levantou a mulher nua que se remexia em seus ombros e saiu da sala, deixando-o sozinho com a Kamile.
—Não quero notícias más… —No momento em que o André disse isso, a Kamile se aproximou da cama e lhe entregou o iPad.
"O empresário André Roussel, ele tem um novo covil."
Tinha uma foto dele saindo da boate e outra entrando nesse prédio secreto, que agora não era mais secreto.
—Que merd@! Essas pessoas não têm vida...
—Seu pai tem ligado a manhã toda... —a Kamile informou e levantou o rosto em sinal de desgosto.
—O quê? A que horas essa notícia saiu? E que horas deveria ser?
A Kamile respirou fundo e depois negou.
—Foi postado às cinco da manhã, e ali diz que você entrou neste prédio à uma da manhã. Então sim, eles fizeram seu trabalho bem rápido. Eles também acrescentaram que seu fetiche por casas noturnas está aumentando e que comprar prostitutas está se tornando sua obsessão... e, para completar, é uma hora da tarde...
—Idiota do Connor, como ele me deixou demorar tanto dessa vez...
—Connor é o menor de seus problemas, André... seu pai está furioso. Essas postagens eram apenas nos finais de semana, agora é o tempo todo.
O André se levantou nu, sem se importar com a presença da Kamile, mas ela também não se importou com a nudez dele, pois o perseguiu até a espaçosa sala de cuidados pessoais.
—Ontem fechei um negócio de milhões... Por que eles não colocam isso no noticiário?
—Porque são jornalistas e eles se alimentam de fofocas.
André entrou no chuveiro, enquanto Kamile cruzava os braços.
—O que eu digo ao seu pai?
—Diga que ligarei para ele em algumas horas?
—Bom... agora eu tenho a pior notícia do dia.
Dessa vez, o milionário fechou a torneira e enxugou o rosto molhado.
—Qual é o problema?
—O Sr. Aziz Akhannouch não vai viajar... ele me disse ontem que, se você decidir fazer o negócio, terá de ir pro Marrocos dentro de uma semana. Portanto, estou aguardando a sua confirmação, para negar ou confirmar a sua viagem, pois o Sr. Aziz está esperando uma resposta...
O André estava exasperado ao ponto de bater um soco na parede e arrancar os cabelos de raiva com o descumprimento do homem.
—Seu filho da put@...!
—Vou esperar você na sala e pensar no que vai fazer para marcar toda a sua agenda... não deixe seu pai esperando se não quiser mais um problema na sua vida...
O André colou o rosto na parede e fechando os olhos, soube que a prioridade era ir para o Marrocos a qualquer custo.
Não poderia perder a oportunidade de ingressar em um banco internacional, principalmente quando poderia esfregar isso na cara do pai, que tanto criticava seu modo de vida...
No entanto, ele faria esperar o filho da put@ do Aziz, ninguém cancelava os seus planos, e isso era uma das coisas que o fez perder a consciência...
Aliás o André é o tipo de homem que ama o dinheiro mais do que até mesmo sua própria família...