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capítulo 7

Emma

Esta noite foi uma das piores que já tive. Também não vou exagerar, dizendo que foi a pior, pois a tal já está na minha cabeça há muito tempo.E comparar uma prisão a uma sala de computadores logo apósescutar tudo que eu não queria da boca de um homem que nem sabe quem sou, seria loucura.

O que aconteceu foi uma pequena invasão no sistema, que colocou em risco não só a segurança dos dados, mas também da confecção de dados que levamasinformações dos servidores aos monitores de segurança. Se uma coisa estiver fora do lugar ou comprometida, arrisca tudo que já fizemos.

O pane no sistema causado pelos invasores deu um prejuízo de alguns milhões, com os quais Ian terá que arcar.Portanto, mesmo não querendo apoiar toda sua arrogância, entendo o porquê do seu estresse.

Com tudo resolvido e com meu rosto parecendo o de um zumbi, volto para o carro e esperopelos meus dois chefes desesperados.

Meu corpo está entrando em pane também. Sem a quantidade de sono correto, meu cérebro não trabalha bem.Tive sorte por estar sob pressão e motivada, pois normalmente estaria dormindo em cima do teclado.

— Não sei como o meu pai conseguia trabalhar com isso, com tanto estresse. —Ele disse, do lado de fora do veículo.

Não está tão irritado quanto antes, mas não me importo tanto. Só quero chegar em casa e dormir.

— Graças a Deus resolvemos tudo.—Complementou.

— Vamos cuidar para que nada assim volte a acontecer!—Falou o meu superior.

—Isso não pode, mesmo, acontecer de novo. —Apesar de menos irritado, anda inquieto, com as mãos na cintura. E, em alguns momentos, massageia a têmpora, indicando que está com dor de cabeça. — O prejuízo não foi pouco e temos que melhorar a segurança.O sistema não pode parar, porquepode afastar os investidores e os clientes.

— Vamos resolver o problema, senhor.

Depois que eles entram no automóvel, dou graças a Deus outra vez.

Não faço ideia de como serão as coisasa partir daqui, só quero dormir agora.

Nem percebo quando estacionamos na pista das aeronaves.

A minha cabeça está dolorida, mas não por causada invasão à TEC Corporation, e sim por conta de Ian. De um lado, a minha mente diz que o que houve hojeserviu para me provar que ele é o oposto de mim e que às vezes me irritaria; por outro lado, a minha parte quase racional me diz que nada importa, pois só sou uma funcionária que, também,é a amiga anônima do chefe.Todavia,os doislados entram em acordo ao chegar à conclusão de que apesar de Ian ser meu amigo—somente meu amigo—, um sentimento estranho e perturbador cresce em mim.

Realmente, ele está chateado com tudo que ouviu.

Saio,vou direto para o avião,sento-me no mesmo lugar de antes e encosto a cabeça na janela. Sinto como se alguém estivesse me observando, e já sei quem é.Por essa razão, não ousoolhar de volta.

Nosso conflito nunca acabaráse eu nãopuser um fim nele. Já passei por uma situação assim e não deu certo.

Contudo, quando quer, Ian é insistente.Ele acharia estranho se, do nada,eu parasse de responder suas mensagens e ligações.

Já em Nova York, posso respirar fundo e esquecer tudo que aconteceu. Meu nível de sonolência está afetando os comandos do meu corpo e eu tento,infinitas vezes, continuar lutando.

— Emma! — Meu nome sendo dito pela boca sexy e voz grave de Ian, desperta-me para a realidade.

Viro-me e encontro seus olhos em mim, estudando minhas expressões e jeito. Seu cenho franzido denuncia os seus pensamentos:notou o quanto sou estranha.

— Devo pedir desculpa apropriadamente. —Estou surpresa. — Normalmente, fico furioso e perco a noção das coisas. E esse problema... Bem...Ele foi demais para mim. —Não digo uma palavra sequer, porém ainda estoupasma. — Você é uma ótima funcionária.Também, peço perdão por ter lhe tirado tão tarde de sua casa e a feito ir conosco para Los Angeles.E... — Estranhamente, ele para de falar, comose algo o assustasse.

Ele olha para alguma coisa em mim e só imagino possibilidades terríveis. Quando encara meu rosto, está impressionado e assustado, assim como eu.

— Emma, eu.... Eu não devia ter estourado tanto. Sou assim; todos sabem.E... Sei que sou odiado na empresa por conta da minha personalidade.

Estou começando a ficar preocupada, pois, de uma hora para a outra, Ian passou de chefe sonolento pedindo desculpa a uma funcionária, para o Ian assustado e maluco que conheço.

— Desculpe-me, Emma! Espero que o que ocorreu não tenha estragado o que pensa sobre mim. —Estende a mão para me cumprimentar.

Ainda confusa, olho-a, pensando se tocarei ou não nela. Nunca tinha ficado a poucos centímetros dele. Bem...Não depois do esbarrão.

Toda a insegurança aparece, junto com a sensação de nervosismo e ansiedade. Por impulso, retribuo o gesto, sentindo um calafrio estranho. Nosso leve cumprimentoé estranho e chama a minha atenção, assim como a dele, que encara nossas mãos unidas e me olha nos olhos com uma expressão de susto e confusão.

Não falei uma palavra sequer desde que fiquei em sua frente e não falarei agora.

Milton, por obra de Deus, aparece diante de nós, quebrando a magia que éfitar o azul dos olhos de Ian.

— Podemos ir agora? —Ele nos encara.

Eu decido acabar com a tortura de segurar sua mão eme afasto, sentindo o meu coração quase sair pela boca. É claro que elenão me reconheceria. Quando esbarrou em mim, só viu minhas costas; e eu não falei nada, para queele não pudesse reconhecer minha voz.Não quisdar bandeira, apesar de ter lhe olhadomuito às vezes.

Entro no carro, desejando que tudo acabe o quanto antes. Milton faz o mesmo, ficando entre nós dois. O caminho todo parece uma eternidade.

Meu sexto sentido e visão periférica me dizem que Ian está me observando.O que aumenta a minha desconfiança.

No meio do trajeto, chego à conclusão de que daqui a alguns quilômetros estaremos no edifício onde moro.E, mesmo tento total certeza de que meu chefe não me descobriu, não quero que saibameu endereço.É uma tolice, pois se ele soubesse quem sou, só bastaria verificar os meus registros na empresa para saber essa informação.

Quando, finalmente, estou no fim do meu trajeto, saio do veículo como se estivesse atrasada para alguma coisa,fecho a porta e atravesso a rua.

Antes de entrar no prédio, dou uma última olhada para ocarro, que ainda está parado onde desci.

Só rezo para que essa situação nunca mais aconteça.

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